Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

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24 de novembro de 2007

Hoje mamãe veio comigo ao dentista porque é a última consulta. Também hoje ele vai deixar os meus dentes mais brancos, não espero uma mudança drástica, apenas um pouco mais claros. Qualquer branco já é melhor do que os dentes manchados de amarelo. Eu sei como é ruim, passei a minha vida inteira com os dentes manchados.

Minha mãe humana ainda me perguntava ironicamente se doía. Não, os dentes não doíam apesar de esteticamente feios, então eu não devia reclamar, mas... ela não me compreendia. Eu me sentia triste ao ver todas as pessoas sorrindo com seus dentes brancos, de vários tons, mas eu sabia que não podia fazer o mesmo e sorrir sem ter medo de que rissem de mim pela cor de meus dentes. Minha própria mãe não me entendia e nem é tão caro assim por duas lentes apenas.

Ao pensar nisso fico observando o sorriso que Esme mantém no rosto quase todo o tempo:

— O que foi filha? – ela me pergunta não incomodada por eu estar olhando para ela, mas preocupada que eu queira dizer algo.

— Você é muito bonita, mãe.

Esme ouve o elogio com naturalidade, pois ela já deve ter ouvido muitas vezes. Ela sabe que é linda. Mas EU acho ela bonita não porque  os outros me disseram, mas porque eu vejo. Ela é tão linda por fora e por dentro, uma beleza que irradia da sua alma. Sim, eu acredito que ela tem alma. Tanto ela quanto Carlisle são tão bondosos que devem ter uma alma sim.

— Obrigada querida, mas sei que não era só por isso que você me contemplava.

‘Só por isso’ como se fosse algo simples, não é não. Mas eu entendo o que ela quis dizer e respondo:

— Não; é verdade. Mas você é mesmo muito bonita mãe, isso é fato. É muito difícil desviar o olhar de você. Você e muito cativante.

Mamãe dá a entender que ficaria ruborizada se pudesse; eu não queria fazer isso com ela e me sinto mal por causa disso.

— Você estava olhando para minha boca, não é? – ela me pergunta não me recriminando apenas para confirmar se eu estava mesmo. Esme olha ao redor e percebe que a recepcionista está distraída no telefone.

— Não vou negar – digo abaixando minha cabeça um pouco, constrangida.

— Eu estava pensando... sei que meus dentes não vão ficar assim tão brancos, mas qualquer branco já é melhor do que esse amarelado, assim parece que sou um lobisomem.

Esme ri levemente da alusão aos monstros que se transformam sob a lua cheia eu vou ser um ser sobrenatural, mas não um lobo, nunca quis e não quero ser um cachorro:

— Meus dentes nem sempre foram assim, querida.

— Mas aposto que não eram tão feios como os meus. E depois quando eu me tornar vampira— sussurro a palavra, mas mesmo assim olho em volta para me certificar de que a secretária não nos ouviu.- meus dentes irão ficar ainda mais claros.

— Sim, querida. Os dentes de  Carlisle também não eram os mais claros. Ele cuidava bem, claro, mas no século XVII não havia os produtos de higiene dental que existem hoje.

Sarcasmo: ‘legal’ tenho dentes do século dezessete! Mas eu não vivo em 1600 e sim no século XXI.

Esme interpreta a minha frustração comigo mesma como decepção:

— Lamento desapontá-la querida, mas nós não temos presas como nos filmes os vampiros têm.

— Tudo bem mãe, eu já estou bem contente com as minhas ‘presas’, são bem grandes - sorrio para ela colocando meus dedos mostrando meus caninos.

— O dentista vem ai, filha - Ela me diz inclinando a cabeça gesticulando em direção à porta.

De fato ele não demora a aparecer e me chama para ir ao seu consultório:

— Vamos lá Caroline?

Eu me levanto e caminho na sua direção:

— Até daqui a pouco, mãe – me despeço lançando-lhe um beijo no ar.

— Sua filha será uma outra pessoa depois do procedimento, Sra. Cullen.

 Não totalmente, eu continuarei a ser quem eu era para ser caso meus dentes não tivessem sido estragados por sabe se lá qual motivo. Culpa da minha mãe. Ela que deveria ter pagado o ‘conserto’. Ela que fez o estrago, nada mais justo do que me devolver o sorriso que tirou de mim. Mas Esme e Carlisle farão isso porque querem me ver feliz ao lado deles, sem nenhum traço do passado.

É inevitável me lembrar da transformação em vampira que eu quero passar ano que vem. Antes de completar dezessete anos. Para sempre ter dezesseis anos vai ser muito bom. é meu sonho!

— Sim -mamãe responde ao dentista, não querendo ser indelicada, mas para demonstrar que compreende ao que ele se refere:minha auto-estima, é claro que a auto-estima melhora se a auto-imagem também melhora. Por ter os dentes amarelados eu tenho esse complexo de inferioridade, uma timidez enorme, mas isso vai mudar com o novo sorriso.

Esme sabe que essa mudança na minha personalidade começou há alguns meses quando decidi aceitar a proposta do colégio e mesmo relutante e com muitas reservas fui procurá-la. De lá para cá sou outra pessoa, não exatamente outra, mas algumas formas de pensar mudaram. Não sou mais a mesma garota que era ano passado, nem serei mais a mesma ano que vem.

Muitas coisas aconteceram nesse ano que passou, muitas escolhas que provocaram uma mudança drástica e irreversível na minha vida, mas nenhuma delas eu me arrependo. Jamais vou me arrepender. Eu agora estou feliz e tenho uma vida maravilhosa como sempre quis e nunca vou me cansar disso.

E tantas outras mudanças vão acontecer no próximo ano, inclusive a grande mudança decisiva que será minha transformação em vampira. Não me sinto perdendo muita coisa trocando este corpo frágil e quente por uma estátua fria, forte e em muitos aspectos melhor. O melhor de tudo é trocar a mortalidade pela praticamente imortalidade. Não ter mais medo de morrer, não tem preço. Sei que terei de beber sangue para sobreviver, mas vou me esforçar para só atacar animais, não quero ser uma vampira do mal.

Quero ser como Esme, ela é minha musa inspiradora, meu espelho, minha professora, minha mãe em todos os sentidos e ainda mais depois que me transformar com seu veneno. Ela será minha criadora, verdadeiramente minha mãe, além do laço afetivo que nos une, haverá o laço de sangue ou de veneno, mais exatamente. Laço de sangue porque o sangue animal que consumimos nos manterá unidas.

Entro na sala e me sento na cadeira, levanto as pernas e me reclino para trás até me deitar enquanto ele coloca as luvas de borracha. Carlisle também deve usar essas luvas quando está no trabalho, se bem que ele tem as mãos e o corpo sempre limpos e livres de qualquer tipo de sujeira ou contaminação. Ele não precisaria, mas é claro que tem de usar luvas para não levantar suspeita. Ele tem de se portar como um humano comum já que quer se passar por um.

— Está pronta, Caroline? – pergunta o dentista colocando a máscara.

Abro minha boca bastante, o mais que eu consigo para que ele possa trabalhar.

— Não precisa abrir tanto, querida. Hoje vou arrumar apenas seus dentes da frente.

Fecho um pouco a boca deixando de fazer tanta força. Minha mandíbula já estava ficando dolorida e eu não suportaria mais muito tempo.

É inevitável pensar no papai principalmente porque o dentista parece um pouco com ele. Bem pouco mesmo, só a cor dos cabelos e provavelmente a cor dos olhos azuis como os olhos de papai eram quando ele era humano –a única coisa que eu vejo com ele usando a máscara, papai deve ficar bem parecido quando está trabalhando; se ele fosse humano.-, mas claro que Carlisle é muito mais bonito e jamais um humano poderia ser tão lindo. Além disso o dentista parece ter pouco mais de quarenta anos enquanto Carlisle tem 23 para sempre. (Na verdade esse ano ele completou 367! Caramba! Isso é fantástico.)

Não pude evitar imaginar a cena em que papai transformou mamãe quando o dentista teve que fazer uma obturação semana passada e teve que me dar anestesia. Ele segurou meu queixo para que eu não me mexesse enquanto me dava a injeção. Eu lembrei dos dentes de Carlisle perfurando a pele do pescoço de Esme e por um instante eu me senti como ela deve ter se sentido.

— Agora vou colocar um ácido nos seus dentes para colar as plaquetas. Por favor, não feche.

Ele nem precisava ter explicado porque, vou fazer exatamente o que ele falou. Não vou fechar a boca por nada desse mundo. Não sou maluca de encostar meu lábios nisso, o único tipo de veneno que eu estou disposta a ingerir é só o da minha mãe vampira.

   ...XXX...

 

Quase uma hora depois o dentista me chama avisando que está pronto. Ele colou e depois lixou meus dentes, não foi confortável, mas também não doeu.

— Quer ver como ficou? – ele me diz estendendo-me um pequeno espelho.

— Sim – digo ansiosa para ver como está.

Seguro o espelho em frente ao meu rosto e lentamente abaixo até a frente da minha boca. Fico tão contente! Quanta diferença apenas com duas lentes! Somente meus dentes grandes eram amarelados.

O dentista abre a estante para que eu possa me levantar da cadeira.

— Vamos lá mostrar para sua mãe como ficou – ele abre a porta da sala para que eu saia.

...XXX...

 

— Querida! – Esme diz assim que me vê. É claro que ela sentiu minha presença muito antes, por causa de meu cheiro característico.

— Mamãe! – a cumprimento com um amplo sorriso

— Você está mais linda do que sempre foi, meu anjo! – ela diz notando o brilho nos meus olhos por causa do novo sorriso.

Eu não posso disfarçar, não tenho que disfarçar o quanto eu estou contente. Não preciso me conter com ela, nem agora, ela respeita minhas emoções, nem quando eu for imortal, porque ela faz parte do segredo e não precisarei me esconder dela.

— Oh, mamãe! -  vou até ela e a abraço mesmo estando em público, não me envergonho. - Obrigada!

Esme agradece o dentista e a recepcionista, nos despedimos vamos para casa, porque ela já pagou as consultas enquanto eu estava lá dentro.

...XXX...

 

Saímos do prédio para pegar o carro que mamãe estacionou do outro lado da rua. Lá chegando, dois rapazes se aproximam de nós e um deles comenta:

— Uau, que avião dirigindo uma máquina dessas!

Esme agradece o elogio:

— Obrigada – ela abre a porta do passageiro para mim. – Vem, filha.

Entro nervosa por causa dos homens, mas não tanto porque eu sei que se eles fossem impertinentes Esme poderia lidar com eles. Ela só parece, mas não é tão frágil.

— Posso tirar uma foto do carro? – pergunta o outro rapaz para mamãe.

— Claro! – ela parece ingênua, mas sei que sabia o que estava acontecendo. Era apenas para os enganar que ela agia assim.

— Eu tirei essa foto antes... – ele chega perto dela e mostra o celular. Eu fico arrepiada no carro vendo a cena.

Ele não vai tentar nada agora, vai? Não sei, talvez os rapazes pressentiram que não deveriam mexer com Esme e nos deixaram em paz.

(Na verdade ela lançou um olhar de alerta. Que eles não seriam idiotas e ignorar.)

Ainda bem que hoje eu vim com ela, nem quero pensar se eu estivesse sozinha. Os homens não respeitam mais nem a luz do dia e atacam as mulheres a qualquer hora. É tão injusto que a natureza tenha nos feito mais fracas!

— Você está bem, querida? – pergunta Esme entrando no carro depois que os homens foram embora. Ela percebe minha expressão de pânico no rosto.

— Sim, mamãe. Você percebeu que eles iriam nos atacar?

— Sim, eu percebi. Mas ainda bem que eu estava aqui hoje e pude evitar que eles atacassem você. Dois homens e uma menina, não seria nada bom... Mas eles perceberam algo que não sabem como explicar, que não deviam mexer comigo.

— Obrigada por me proteger, mãe.

— De nada, sweetie. Sempre irei te proteger.

...XXX...

 

Chegando em casa Esme conta o incidente para o marido. Carlisle fica horrorizado que existam homens tão vis. Não merecem nem sequer ser chamados de homens. Eu concordo com papai, não são homens, só vêem as mulheres como objetos sexuais para a própria satisfação. Se não fosse por mamãe a essa hora eu não seria mais virgem ou nem sequer estaria viva.

Essa não foi também a primeira vez que encontrei um homem tarado, foi a primeira vez que quase aconteceu, mas por sorte –meu anjo da guarda estava comigo, Esme é meu anjo protetor- não aconteceu o pior. Uma vez há alguns anos um pervertido se exibiu para mim. Ele só se exibiu, ainda bem que não veio me agarrar a força. Eu vi e fiquei tão assustada que sai correndo.

Ou eu poderia ter engravidado do estuprador, não sou boba, eu sei que sou virgem, mas já posso ser mãe. Fazer um aborto eu não faria se tivesse engravidado, por mais que fosse duma maneira dessas. O primeiro filho da mamãe também foi fruto de uma violência que o ex-marido dela cometeu contra ela.

Eu imagino tudo que Esme deve ter pensado ao ver aqueles homens e perceber o que eles queriam. O automóvel era só uma desculpa. Eles pensaram que mamãe fosse uma vítima frágil e indefesa, mas se enganaram, ela não é o que parece. Ao menos com quem não merece. Ela e Carlisle são muito mais humanos do que muitas pessoas. Infelizmente eu já conheci muitas faces da maldade humana, a sua face mais negra e sei o que digo.

Por isso, meus pais podem ser vampiros, mas o importante é que não agem como animais que vivem apenas para se alimentar de sangue humano como os vampiros não vegetarianos. Eles são civilizados e respeitam a vida humana, nos vêem como potenciais amigos não como potencial fonte de alimento.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

eu também tive essa felicidade, mas ao contrário da personagem tive que esperar até 2016 para ter os dentes mais brancos.
essa senção também tive, me senti talvez como Esme se sentiu ao ser mordida por Carlisle.



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