Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 18
Capítulo 17




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21 de Setembro de 2007

Estava ocorrendo tudo maravilhosamente bem essa semana. Melhor do que eu havia sonhado, se eu havia sonhado um dia. Jamais imaginei que a vida pudesse ser tão boa. Bem, eu sabia sim que podia ser assim, mas era uma coisa tão inacessível para mim, tão distante que eu não ousava esperar muito que pudesse se tornar realidade um dia.

No entanto o sonho acabou na sexta-feira. Ao menos naquele momento foi isso que eu imaginei.

Era um dia normal como foram todos daquela semana. Esme vinha ao meu quarto me chamar para levantar todos os dias. Eu não precisava me preocupar em colocar o despertador, pois ela não dorme e podia me acordar na hora que precisava.

Naquele dia porém, eu não acordei com ela me chamando, mas acordei antes de ela me chamar, não sei exatamente porque. Logo eu me dei conta do desconforto ao sentir a umidade característica no meio das minhas pernas. Dei um salto da cama e logo me coloquei de pé e corri ao banheiro tomar banho.

O relógio do quarto marcava 6:30 da manhã, logo seria hora de eu levantar mesmo então não faz mal que eu tenha acordado um pouco antes. Eu penso e acho bom que Esme não tenha ido me chamar porque se ela percebesse que eu estava menstruada... Vixe! Nem quero imaginar!

Sei, ou acho que sei, que já é difícil para ela viver comigo sendo eu uma humana e agora sangrando vai ser muito mais, deve ser mil vezes pior. Eu não queria fazer isso. Sempre odiei passar por isso e agora eu odeio ainda mais porque fará Esme e Carlisle sofrerem. Eles não mereciam, eles tem sido tão bons comigo. Eles se esforçam tanto e isso é tão louvável da parte deles. Eu não deveria ser tão ingrata! Assim que eu retribuo tudo que eles fazem por mim? Eles me tratam tão bem, e é assim que eu retribuo? ... Sou uma desgraçada mesmo.

Na verdade eu nem tinha pensado nisso antes, quando vem essa maldição é tão imprevisível e irregular que não dá para saber. Se eu soubesse quando viria eu não sei o que eu iria fazer.

Graças a Deus que eu acordei antes de Esme me chamar (na época eu pensava que não, mas ela já havia sentido o cheiro muito antes de eu sentir desconforto e por isso ela saiu e foi à farmácia 24h) Se eu pudesse ficaria uma semana trancada aqui no banheiro até acabar essa droga... Mas eu não posso, eu tenho que ir para a escola...

Nesse instante, alguém bate na porta do banheiro e eu tenho um pequeno sobressalto por causa do inesperado e por eu estar tão absorta em meus próprios pensamentos.

E agora, quem será? Só pode ser Esme ou Carlisle, qualquer um dos dois eu estou morta. Melhor já ir me despedindo. Adeus mundo cruel, ao menos você me deu um vislumbre da vida que eu sempre sonhei.

— Quem é? – dou um suspiro e depois fecho os olhos para não ver a minha morte iminente.

— Sou eu filha – responde Esme. Se é ela, então Carlisle deve chegar logo. – Posso entrar?

— Sim – sussurro, não posso negar. De qualquer forma ela já deve ter sentido o cheiro e eu estarei morta a qualquer hora. Não adianta adiar o inevitável

Ouço a porta se abrindo e ela entrando com passos silenciosos que não posso saber onde ela está com os olhos fechados como estou.

Eu não sei se foi água ou sangue, mas alguma gota de algum líquido escorreu pela minha perna. Meu coração acelerou, por conta disso.

Isso só pode ser um pesadelo!! Porque isso está acontecendo comigo meu Deus? Porque? O que eu fiz para merecer? Será que porque eu briguei com minha mãe?? Não foi exatamente uma briga e Deus conhece meus motivos melhor do que ninguém. Isso não me dá razão para ter feito o que fiz? Acho que a resposta pelo visto é negativa e Deus já está me punindo por ter feito o que não devia.

Eu sempre tive medo de que acontecesse isso comigo nesses dias e de todas as vezes que poderia ter ocorrido no último ano desde que começou, foi acontecer justo agora quando é ainda mais grave. Estou definitivamente morta. Aperto ainda mais os olhos pensando “Seja rápida Esme. por favor não me faça sofrer, não quero sentir dor.”

Outra voz no fundo da minha mente contestava: ‘Você não queria ser vampira? Não queria que Esme a transformasse? Ora, para ser vampira você tem que morrer, e se for agora pode ser. Estou pronta.’

— Você está bem, filha? – pergunta Esme mais preocupada do que eu pensava que estaria faminta. Sedenta, na verdade. Eu ouvi falar da tentação que o sangue humano causa nos vampiros ainda mais estando assim exposto. E sendo ela e não Carlisle, ele teria resistência ao cheiro, mas Esme não. Por isso estou tão nervosa.

Ela fala tão perto de mim que abro os olhos lentamente para vê-la, ainda receosa de que a qualquer momento ela possa desferir o golpe fatal:

— Eu... não estou morta? – pergunto surpresa e admirada. Embora é óbvio que se eu estou perguntando não estou morta. Ou será que fui e o céu é exatamente igual a terra? Morri tão rápido assim que nem senti? Eu sabia que ela podia me matar num piscar de olhos mas não imaginei que nem fosse perceber quando eu tinha morrido.

— Claro que você está viva, filha. Eu jamais faria isso com você! Como pode pensar isso de mim? Não sou uma recém-criada, já consigo me controlar.

— Mas você disse que é tão tentador para vocês o cheiro de sangue que eu pensei... Droga! Me desculpe por ter desconfiado de você, mamãe. Espero que possa me perdoar.

— Claro que sim. Acho que em seu lugar eu também teria medo. Mas não tem motivo para você ter medo de mim. – ela adivinhou meu pensamento, isso nem é tão espetacular porque é mais do que evidente que eu estou apavorada. Eu estou com muito medo, nunca senti tanto medo dela. Do que ela realmente é, na verdade. Por mais que se encubra e ela viva de maneira pacata como humana, ainda assim ela é essencialmente uma vampira.

O fato de ela ser uma vampira não atrapalhava muito nosso relacionamento se não fosse por esse pequeno porém. Grande problema, que faz ela sofrer por estar perto de mim e me faz sentir mal por fazer ela passar por isso. Não gosto nada disso. Sou uma idiota. Me desprezo. Eu não merecia alguém tão boa quanto a Esme. Vampira ou não, ela parece mais um anjo descido do céu que eu não deveria maltratar assim.

Parte de mim está mesmo profundamente indignada, exasperada, por eu ter medo mesmo tendo uma razão para isso, e outra parte está realmente apavorada. Diante dessa confusão de emoções, no final das contas eu me sinto aterrorizada.

— Não precisa ter medo de mim, querida. Mas se você prefere eu posso me afastar e ficar o mais longe possível de você nesses dias. Vou tentar ficar o mais longe possível de você...

É perceptível a dor na voz dela, mas ela sabe que também não é tão seguro como seria se ela fosse apenas uma mulher humana. Por mais que ela se esforce ela sabe que pode cair em tentação e prefere me manter em segurança mesmo que signifique ter de ficar longe de mim por alguns dias.

— Não Esme, não precisa. Fique – digo mais tranquila agora que ela aparentemente está controlada. Se ela está bem, comigo também está. Seus olhos dourados intensos mostram que ela acabou de ir caçar. – Se você se sente bem tudo bem, não quero magoá-la.

— Magoar-me? Seu maior medo é o que eu posso sentir? Carol, definitivamente você é uma preciosidade. Um anjo de bondade na minha vida... – ela hesita ao dizer a palavra ‘vida’, mas ela está viva sim, eu acho. – ...que eu não merecia. Enquanto a vasta maioria da população mundial não iria sequer pensar no que sentimos, pois dizem que não temos alma, você não apenas pensa no que sentiríamos mas também se importa conosco! Mais importante do que o que eu iria sentir é a sua segurança, meu amor - Esme quase toca meu queijo, mas na hora se contém.

— Esme você é tão adorável por pensar nisso. Você cuida de mim como uma mãe de verdade.

— Eu me sinto assim, como sua mãe de verdade. Já contei que eu perdi um filho?

— Sim, mãe – sempre fico comovida ao lembrar dessa história. - Sinto muito, você  sabe disso.

— Sim, eu sei. Nunca consegui superar meu instinto materno apesar de quanto tempo passou. Nem acho que vou esquecer um dia.

— Ao que parece esse instinto é mais forte do que o instinto de vampiro – não sei por quanto tempo, se é confiável, mas não vamos abusar demais e correr um perigo desnecessário. Sou grata, mas não vamos arriscar e forçar o elástico. Sei que o tempo pode fazer ficar mais forte, mas tudo ao seu devido tempo. Vamos dar tempo ao tempo e ser pacientes.

Vou agir como se não estivesse com medo dela, mas na verdade só vou ficar mais tranquila no decorrer dos dias e só ‘completamente’ quando acabar. Sei que sempre terá um pouco de tentação pelo cheiro de meu sangue devido ao fato de eu ser humana. Mas, por enquanto. Isso é outro motivo para meus pais me transformarem logo em vampira.

— Eu jamais faria algo para machucá-la, filha. Eu já sabia que isso iria acontecer, por isso fui caçar.

— Agora? Aonde? – sei que é uma pergunta estúpida porque ela poderia ter ido até a Amazônia correndo se quisesse e voltaria mais rápido do que qualquer foguete.

— Não, não agora. Agora eu fui até a farmácia... Você não leu o bilhete que eu deixei sobre a cômoda ao lado da cama?

— Não. – respondo constrangida pelo que não fiz e deveria ter feito. – Levantei tão depressa que nem reparei em nada.

Abaixo a minha cabeça constrangida. Minhas mãos tremem e me dou conta de meu anel de cruz no dedo. Será que foi isso que a impediu de me atacar?

— Tudo bem filha, não tem importância – ela diz percebendo como eu estou por não ter feito algo que era esperado. – No bilhete eu apenas escrevi que voltaria antes de você acordar. Mas não aconteceu como previsto, obviamente, porque você já despertou.

— Desculpe, mãe – peço desculpas por ter acordado mais cedo.

— Não precisa se desculpar por isso, filha. Todos os dias que você acorda depois de ter adormecido no meu colo é uma vitória, sua e minha. Nós duas sabemos porque.

— Sim, eu agradeço a Deus por ter lhe dado forças.

— E eu agradeço por você estar viva ainda. Você é uma graça, querida - novamente Esme tem impulso de acariciar-me, mas se detém.

Fico corada com o elogio e desvio o assunto para disfarçar:

— Eu também não sei porque eu acordei. Foi do nada que me deu vontade de levantar.

— Seu corpo sentiu que algo estava ‘errado’.

— Pode ser.

Ela mostra uma sacola para mim:

— Fui até a farmácia buscar absorventes para você – eu fico tão ruborizada mais uma vez que sinto minhas bochechas pegando fogo de tão quentes.

— Obrigada Esme – eu já estava pensando que só tinha um ou dois absorventes na minha mochila da escola e iria ter de buscar na minha antiga casa, depois da aula.

— Não precisa me agradecer sweetie. Eu me lembro quando eu mesma passava por isso – levando em conta que ela teve um filho logo antes de ser transformada em vampira por papai ela deve ter passado a última vez por isso por volta de 1920.

— Você ainda se lembra? – antes que eu pudesse segurar minha língua o comentário escapou. É claro que ela lembra, ela já disse que com o tempo as memórias humanas voltam a ficar nítidas as em que você mais pensa ficam gravadas na memoria infalível de vampiro.

— Claro que eu me lembro, filha. Faz mais de 85 anos, foi um ano antes de eu ser transformada, pois eu tive eu filho pouco antes de morrer, me matar na verdade, você sabe porque – Esme diz adivinhando meus pensamentos mais uma vez. Será que ela tem um dom ou ela é muito observadora? Ou será que sou eu que sou muito fácil de interpretar, meus pensamentos estão escritos na minha testa para quem sabe decifrar? – mas eu entendo o que você está passando, querida.

— Obrigada, mãe.

— Não tem de quê.

— Você disse que já sabia, mas como se as primeiras vezes é tão irregular que nem eu sei quando vem e por isso tenho que andar sempre prevenida com um absorvente na mochila?

— Bem, filha... – ela diz hesitante pensando bem nas palavras que vai me dizer. – Eu já sabia por causa do cheiro. Não que você cheire mal, não é isso. Quero dizer que senti o cheiro dos hormônios do seu corpo.

— Uau! – digo mais fascinada do que constrangida por ter a minha intimidade assim tão exposta, ao menos para ela. Ela sabe o que se passa no meu corpo enquanto eu não. É um pouco desconfortável, digamos. Esquisito. – Dá para sentir o cheiro disso?

— Sim. Dá para sentir o cheiro de todas as substâncias e aromas expelidos pelas pessoas. E é perceptível, ao menos para nós quando alguma dessas substâncias aumenta sua concentração no corpo humano. Acho que é por isso também que Carlisle é tão bom médico...

Ela cita o nome de papai casualmente e eu me lembro que daqui a pouco também terei de enfrentar o encontro com ele. Ao menos com ele vai ser mais fácil penso,  porque ele é medico e tem de lidar com muito mais sangue do que apenas uma menina tendo suas 'menses'. No hospital há dezenas ou centenas de pessoas sangrando ao mesmo tempo. Ao pensar nisso fico ainda mais admirada com a capacidade dele. Realmente é espetacular que ele possa ser um médico. Ele é incrível. Inacreditável. Admirável. Fabuloso. Fascinante. Maravilhoso. Estupendo e todos os adjetivos que há nesse sentido.

... XXX...


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