Além de mim escrita por Lara Queen


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA! Voltei com mais um novo capítulo, depois de um Hiatus bastante demorado, não é?

Eu recebi dois presentes maravilhosos durante o mês de abril, e eu comemorei muito quando vi as recomendações que a Adrianette e a Ari Priscila me enviaram. Nossa, fiquei toda boba e bastante determinada a postar um novo capítulo para agradecer - além de outros fatores.
Eu só demorei mesmo por causa da minha famosa insegurança e por achar que o capítulo não está bom, mesmo que eu tenha revisado umas diversas vezes. Então desculpa pela minha demora, ok?
Espero que aproveitem o capítulo e boa leitura :)



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Capítulo 12

 

Não.

Ele não.

Por que ele?

Meus joelhos começaram a tremer e acabei dando um passo cambaleante para trás. Foi como se tivesse acabado de levar um murro. Doeu; e muito. Mas nada doía mais do que a ferida que voltava a se abrir em meu peito. Uma ferida que estava esquecida, totalmente cicatrizada.

E o rasgo foi brutal.

Doía tanto que quase não conseguia respirar. Todas as minhas mágoas voltavam com força, me esmagando, me destruindo. Dessa vez não teria mais jeito para me curar. Meu rosto estava quente e úmido, e depois de longos e terríveis segundos, percebi que não conseguia ver mais nada. Tudo estava embaçado, tanto pelas lágrimas quanto pela tontura e enjoo que sentia.

— Bugaboo, o que foi?

Minha voz não saía. Não conseguia reagir. Meus músculos estavam travados pelo choque. Sem mexer os lábios, num sussurro quase inaudível, uma única palavra saiu de minha boca.

— Adrien?

— Minha Lady...

Meu apelido sendo pronunciado por aquela pessoa era tão estranho e surreal. Ele me olhava sem entender o que estava acontecendo. Ao ver minha reação, seu rosto murchou. Obviamente não era algo que ele esperava.

— O fato de eu ser Chat Noir é tão ruim assim? Quer dizer que você me conhece? – Exaltou-se.

Coloquei as mãos na cabeça, agoniada. Não queria acreditar... Não queria aceitar que ele era o Chat Noir. Eu amava a mesma pessoa durante todo esse tempo, fazendo-me concluir que todas as minhas tentativas de esquecer o Adrien foram em vão. Eu estava perdida, destinada ao sofrimento. Era isso, estava condenada a amá-lo de todas as formas. 

E ele amava a Ladybug. Marinette foi rejeitada por causa da Ladybug.

— Por que, Adrien? Por que você? – Perguntei de forma incompreensível, devido os soluços que faziam o meu corpo convulsionar.

— Você me odeia. – Provavelmente era para ser uma pergunta, mas acabou saindo como uma afirmação. Seus olhos estavam opacos e perdidos sobre mim.

Deu alguns passos na minha direção com lágrimas nos olhos, segurando meus ombros para que eu olhasse diretamente para ele. Eu queria me afastar, ficar o mais longe possível dele, mas estava sem forças para relutar.

— Ladybug...

Sem que eu dissesse nada, aliás, contra a minha vontade, um brilho vermelho nos envolveu. Tikki havia desfeito a transformação, caindo diante de nós.

“Quando nos unimos como Ladybug, posso sentir suas emoções com clareza.”

Talvez ela não tenha suportado toda a minha negatividade. A mesma parecia estar exausta.

— Não acredito... – Pude ouvi-lo dizer enquanto me soltava, incrédulo.

Ajoelhei-me, pegando minha kwami e abraçando-a junto ao meu coração. Queria pedir desculpas por tê-la contaminado com minha tristeza. Em seguida, com as mãos tremendo, coloquei-a dentro de minha bolsinha que sempre carregava para que a mesma pudesse descansar um pouco.

Então... As máscaras haviam finalmente caído.

— Eu me apaixonei pelas suas duas metades, e você só amou uma parte de mim. – Disse com a voz entrecortada. Lágrimas pesadas escorriam pela minha bochecha, pingando no chão.

Ele não disse nada. Saber a verdade deve ter sido decepcionante a ponto de deixá-lo sem palavras. Ficava olhando para mim com os olhos vidrados e assustados.

— Não sou nada mais do que apenas uma amiga e isso você deixou bem claro. A Ladybug? Uma máscara, uma mentira? Ela você ama.

— Marinette... – Ele disse em um sussurro desacreditado.

Eu fiquei ali, agachada e chorando como uma idiota. Até que o senti aproximar-se de mim, abaixando-se e ficando na minha altura. Olhei para ele e notei seus olhos vermelhos e pequenas lágrimas formarem-se pelos cantos e escorrendo pela sua bochecha. Segurou meus ombros para que eu olhasse diretamente e somente para ele.

— Sei que não há desculpas suficientes para compensar tudo o que te fiz passar, mas eu imploro... não me odeie. Eu amo você... Independente de quem você seja, Ladybug ou Marinette, nada disso importa.

— O problema é que para mim importa. Não sou forte, corajosa ou otimista sem a Ladybug. Você se apaixonou por uma mentira.

— Claro que não. Você é a Ladybug, a minha joaninha. Ela é um complemento de sua personalidade. Graças a você ela existe. Parece ser a única que não consegue enxergar o tanto de qualidade que tens.

— Não, Adrien! Eu não sou a Ladybug! Eu sou um nada, um fracasso! – Tampei os ouvidos como uma garotinha birrenta e teimosa.

— Marinette, pare com isso! – Ele segurou minhas mãos, tentando tirá-las de meus ouvidos para que pudesse escutá-lo. Ele me puxava com força esforçando-se para não me machucar, mas eu o empurrei para me soltar.

Ele ficou olhando para mim, os olhos arregalados e surpresos. Estava ofegante pelo susto, enquanto eu soluçava perdendo totalmente o controle. O resto de sanidade que me restara aos poucos ia se esvaindo.

— Não foi real, Adrien. Ela é uma máscara na qual eu posso me esconder e fingir ser o que não sou. Ela me dá coragem para dizer e fazer coisas que como Marinette eu não teria.Foi tudo uma farsa... – Sentei-me no chão, abraçando os joelhos e escondendo o meu rosto, completamente envergonhada e arrasada demais para encará-lo.

Adrien mantinha um choro baixo. Ainda sentia sua presença próxima de mim. Não conseguia culpa-lo ou odiá-lo por tudo o que aconteceu. O destino nos uniu da maneira mais inesperada, e fez com que eu o amasse por inteiro, conhecendo seus dois lados. Não importava quem ele fosse – Adrien ou Chat Noir –, a intensidade era a mesma. Eu o amava incondicionalmente, e esse era o meu maior problema.

Ele não disse nada por um longo período. Os únicos sons presentes eram das nossas fungadas, o movimento das ruas e o assobio do vento gélido que nos cercava. Com a voz embargada, ele se pronunciou em um murmúrio.

— Você surgiu em minha vida no momento em que eu mais precisava. Antes eu era fraco, solitário e infeliz. Condenado a ser o garoto perfeito, preso nas regras impostas pelo meu pai e em luto pelo desaparecimento e possível morte de minha mãe. Eu não tinha nada além do Chat Noir. Então você, como Ladybug, veio como uma luz, iluminando cada pedaço de meu ser. – Fez uma pausa para fechar os olhos com força e controlar mais lágrimas que desciam por sua bochecha. – Toda a sua coragem, personalidade forte e carisma foram o suficiente para eu me apaixonar. Eu consigo enxergar isso em você, Marinette. Mesmo sem saber toda a verdade, você tem uma grande importância para mim. Eu lutei muito para que esse amor fosse recíproco, então, por favor, não diga que não foi real. 

Eu queria acreditar nele com todo o coração, mas uma voz em meu subconsciente dizia-me que não deveria confiar. Ele é mentiroso! Só diz isso porque prefere a Ladybug! Estava com medo e assustada demais para entender o que aquilo significava.

Dessa vez, mirei meus olhos nos seus, sentindo um peso muito grande em meu coração.

Tudo o que ele dizia era uma ilusão.

Eu não era nada daquilo que ele esperava. Afinal, quem poderia imaginar que logo eu, um desastre em forma de gente – como a própria Chloe havia dito –, era a maior heroína do país? Eu era o oposto dela. Sentia-me inferior e incapaz.

Adrien merecia alguém melhor do que eu. Alguém que soubesse se valorizar e que fosse capaz de amá-lo tanto quanto eu o amei.

Eu não o merecia. E olhá-lo aflito e desesperado era mais uma razão para isso. Eu só o faria sofrer, e isso também me afetaria.

Porque nós estávamos ligados.

— Todo esse amor só nos levará ao sofrimento. – Não sabia se ele seria capaz de ouvir. Minha voz saiu como um murmúrio baixo, embargado pelo choro constante. Sua expressão mudou, confirmando que ele havia escutado.

Ele comprimiu os lábios, fechando os olhos com força, segurando o soluço. Seu corpo tremia assim como o meu.

Nós dois estávamos ali, sofrendo por algo que nunca daria certo.

Levantei-me depressa dando uns passos vacilantes. Se eu ficasse ali por mais um minuto, seria capaz de explodir, de enlouquecer e perder totalmente o controle de minha sanidade. Peguei Tikki de minha bolsa, que já estava sentindo-se melhor e transformei-me em Ladybug sem olhá-lo, e mesmo que eu quisesse, não conseguiria encará-lo devido a vergonha que sentia de mim. Corri para a borda antes que ele pudesse me alcançar. Não queria ouvi-lo, pois se eu o fizesse acabaria voltando atrás com a minha decisão e nós dois continuaríamos naquele sofrimento.

Seria melhor para nós dois se eu me afastasse definitivamente.

Saltei da torre ouvindo-o gritar por mim. Eu o abandonei, deixando consigo uma parte do que restara de minha alma. O que eu estava fazendo? Mais nada fazia sentido. Minha vida não fazia sentido. O destino foi cruel ao colocá-lo no meu caminho daquela maneira. Por me fazer amá-lo tanto.

Ele não me seguiu, e isso era bom. Quando entrei no meu quarto, não pensei em outra coisa a não ser tirar os meus brincos, deixando-o em cima da escrivaninha. 

— Marinette, o que está fazendo?

— Eu não posso mais continuar fazendo isso, Tikki. Não vou mais conseguir lutar sabendo que ele é o Chat Noir. Se eu continuar sendo a Ladybug, vou acabar estragando tudo.

— Você está sendo muito equivocada. Por favor, não faça isso. Seu estado emocional está muito debilitado, se você ficar sem os brincos, não serei capaz de protegê-la. – Tikki falava aflita, me rondando com os seus grandes olhos azuis úmidos. 

Olhei para os brincos e depois para ela, balançando a cabeça negativamente. Coloquei as mãos no rosto, sentindo mais uma onda de soluços. Quanto mais eu enxugava os olhos, mais lágrimas desciam. 

Deitei-me na cama chorando alto. Não conseguia respirar, não conseguia pensar, não conseguia ver nada. Tudo para mim era um completo borrão, assim como minha mente. Tudo estava embaralhado e confuso.

Eu fui tão cega, desesperada por atenção e carinho, que aquelas poucas horas de cada noite eram os únicos momentos no qual eu poderia esquecer a realidade em que vivia. Estar com Chat foi como viver em um mundo de fantasia no qual eu poderia usufruir de meus desejos e ser amada de forma recíproca. De certa forma, eu invejava meu alter ego, pois ela tinha tudo o que eu almejava. Um amor romântico que era capaz de proporcionar aventuras e nos transportar para um pequeno universo criado somente para nós dois. Mas infelizmente eu tive que cair na real. Todo aquele amor não era direcionado a mim verdadeiramente, mas sim para a Ladybug.

Eu só queria que alguém se apaixonasse pelo o meu verdadeiro eu, a Marinette, uma garota normal como todas as outras. Mas é claro que as pessoas esperavam algo mais de mim.

Sempre seria a Ladybug. Sempre.

Afundei o rosto no travesseiro e soltei um grito abafado. Gritei com todas as minhas forças até perder o fôlego. Tinha expectativas de que aquilo aliviaria a minha dor. Mas não funcionou. Nada me ajudaria. Não havia cura que pudesse me salvar. Teria que conviver com aquilo até o fim. Meu coração sangrava pela ferida aberta e toda a depressão de antes retornava, fazendo-me chorar cada vez mais.

Passaram-se longos e torturantes minutos de choro sofrido. Tikki não dizia nada, pois não havia mais o que falar. A mesma deveria se sentir de mãos atadas, já que qualquer coisa que ela dissesse não surtiria efeito sobre mim. Nada ficaria bem e não iria melhorar – pelo menos não tão cedo. Não estava aguentando mais aquilo. Queria que aquela dor passasse a todo custo.

Respirava com dificuldades, perdendo totalmente o oxigênio. Tentava recuperar o ar em meus pulmões, mas não conseguia. Segurava a gola de minha blusa, sentindo-me sufocada. Era uma sensação estranha e surreal que começava a me preencher, e se espalhava sobre meu corpo como um veneno.

Todo aquele sentimento acumulado, toda aquela dor emocional era capaz de se tornar biológica. Estava com medo de aquilo acabar comigo de vez.

Meu coração que batia tão agitado e desesperado aos poucos começava a desacelerar o ritmo. Por um momento pensei que estivesse morrendo. Então as batidas ficaram lentas, ritmadas e tranquilas. As lágrimas ainda desciam, mas eram poucas. Não era mais capaz de sentir minhas emoções, como se tivesse acabado de entrar em um estado de dormência. Já havia perdido o controle de meu corpo, sem conseguir entender o que estava acontecendo.

Sentei-me na cama e fiquei encarando um ponto fixo na parede. 

Você se acha incapaz. Não é forte e nem corajosa. Ou é assim que você se sente sobre si. Seu coração está partido por causa de uma mentira. Achavas que fosse retribuída verdadeiramente, mas na realidade tudo não passava de uma ilusão.

Era uma voz grossa, rouca e sombria que invadia minha mente. Uma voz familiar, que me causava arrepios só de ouvir.  Mesmo sem as emoções, meu corpo ainda reagia com tremedeiras de medo. Era um timbre frio que fazia qualquer um congelar de pavor.

Olhando através do ponto fixo, conseguia vislumbrar em meus pensamentos uma nuvem de borboletas que batiam as asas em frente a uma janela circular.

Só consegui pensar em um nome.

— Hawk Moth...


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Notas finais do capítulo

Eu acho que esse capítulo ficou uma droga, mas toda a energia que eu tinha acabou :v

Desde o começo da fic o meu objetivo era akumatizar a Marinette, e finalmente cheguei ao ponto que mais queria.
Esse capítulo foi difícil, tentei ao máximo conseguir descrever todo esse conflito, esses sentimentos, toda a confusão que se passava no coração da Marinette.

Baixa autoestima não é uma doença, mas sim um problema emocional. Pessoas com tais problemas não tem autoconhecimento sobre si, não enxergam o próprio valor e não se acham merecedoras de nada, nem mesmo do amor. Elas criam algum tipo de máscara, um personagem para esconder suas inseguranças. Acredito que seja dessa maneira que a Mari usa a Ladybug.
Espero que isso tenha ficado claro na fic que faça um pouco de sentido para vocês.

Os próximos capítulos vão demorar a sair e os dias dias de postagem estão indeterminados.
Não me matem por ter parado o capítulo nessa parte :v
Os caps seguintes serão narrados pelo Chat ♥
Obrigada por ainda me acompanharem :)
Kisses e até o próx cap :*



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