Colors escrita por IVY


Capítulo 11
Chapter eleven: Kiss to say goodbye


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capitulo à inspiração para essa história, Ana Beatriz, grande amiga e pessoa. Eu adentraria qualquer espelho por você.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724820/chapter/11

Deixando minha amiga para trás, avancei para o monstro – que provavelmente tinha três ou mais metros de altura. Neste momento, eu apenas desliguei qualquer pensamento de sanidade e medo, e empurrei os motivos para enfrentar o diabo-branco para frente, como quem organiza seus próprios pensamentos, definindo qual o mais importante. Lutar não era o pensamento mais importante, porém, eu precisava da coragem que não possuía. E, de um jeito completamente insano, funcionou.

Corri com o facão na mão até estar na frente do monstro, que percebeu minha presença como um vampiro percebe o sangue derramado. Virou-se para mim, ameaçador, e com uma de suas enormes mãos, me empurrou para longe como se eu fosse uma boneca de pano. Fui jogada com força, caindo no chão e derrapando até bater de costas e um muro de pedra fria. Senti minha pele ralada em contato com a frieza do local e soltei um gemido involuntário de dor. Nunca senti tanta dor, nunca fui machucada. Meus olhos lacrimejaram e senti uma angustia no peito. Estava prestes a chorar.

Porém, ao invés disso, com certa dificuldade, me levantei. Era difícil suportar a recente dor e o fato de que eu era apenas uma bebê chorona com um facão, mas não dava para ser egoísta, não naquele momento. Minha amiga precisava de mim, precisávamos voltar para a casa de Caleb e esperar que tudo ficasse bem. Com isso em mente, segurei a faca com mais força e mantive meus pés firmes. Caminhei com pressa até o diabo-branco, que continuava derrubando casas e qualquer coisa que aparecesse em seu caminho, e sem chamar a atenção dele, finquei a lamina em sua perna esquerda com força.

Ele parou imediatamente de destruir coisas, assim como eu paralisei. Meus olhos estavam arregalados e minha boca entreaberta. O monstro branco virou-se para mim outra vez, parecia estar achando graça da situação. A faca estava quebrada, a lamina não havia entrado em sua pele. E, como se o momento estivesse devagar, movi meu olhar para o lado e vi a garota ali, distante, parada, enquanto uma sombra se aproximava, uma sombra alta... Não consegui ouvir e nem prestar atenção. Nos meus ouvidos, apenas as batidas do meu próprio coração eram ensurdecedoras, mantive meu olhar naquela garota, com sua pele clara, seus cabelos escuros e seu rosto triste. Ela estava com medo, com o mesmo medo que eu estava sentindo momentos antes, e este parecia ter deixado meu corpo. E então a sombra atrás dela estava prestes a encostar em seu ombro, e eu quis gritar para ela correr, se salvar, procurar Caleb. Porém, não gritei, pois quando a sombra veio para a luz, eu pude suspirar de alivio: a sombra era Caleb Hunter.

Minha boca se entreabriu e eu suspirei, cheia de alivio. Foi quando tudo pareceu voltar a velocidade normal; fiz menção de olhar para cima, para o monstro branco, mas de repente tudo se tornou escuro. E minha consciência abandonou completamente o meu corpo.

...

Despertei com um som de trovão, levantando o meu tronco rapidamente e abrindo os meus olhos instantaneamente. O céu estava cinza escuro, o cheiro era de leveza, e eu sentia uma dor forte na cabeça. As arvores passavam correndo e a estrada de areia também corria e sumia no horizonte; estava mais frio, e eu notei que havia uma pequena manta jogada em meu colo. Me cobri com ela, pensativa. Onde eu estava? Reparei mais ao meu redor: eu estava em um retângulo feito de madeira com pequenas cercas dos lados, algumas coisas aleatórias também estavam ali, alguns baldes e uma pá, ferramentas e eu. Olhei para trás e notei que havia mais uma parte: uma espécie de banco inclinado para frente, onde Caleb e a garota estavam sentados, ambos conversavam, entretidos enquanto os cavalos a frente puxavam o que eu denominei ser uma carroça. Foi então que eu lembrei do que aconteceu antes, de como eu estava na aldeia, perto de um diabo-branco... Ainda podia sentir o fedor doce dele, provavelmente porque ficou em mim.

Não quis atrapalhar a conversa dos dois, e também não quis ouvi-la. Apenas permaneci parada, olhando para o céu, aproveitando a brisa fria que batia em meu rosto. Meus pensamentos se dirigiam ao diabo-branco, em como ele chegou lá, o que ele queria, como foi embora e porque não me matou. Não conseguia encontrar nenhuma explicação em minha mente, nenhuma plausível. Eu poderia perguntar para eles, virar meu corpo para trás e perguntar, mas eu não o fiz, de certa forma, minhas dúvidas poderiam ser discutidas mais tarde.

Acabei por pensar na garota, em como ela significava para mim. Quando ela apareceu pra mim no quarto, eu me assustei, mas então ela tocou em minha mão e parecia um toque acolhedor e confortável; me apaziguou, de certa forma. Fui avisada de que uma de nós teria que voltar ao espelho, para manter o equilíbrio, e eu me ofereci para voltar no lugar dela, porque percebi que eu estava no lugar errado, minha existência não tinha significado do lado de fora do espelho. E mais tarde ela se aproximou de mim, e nos tornamos amigas... Com o passar do tempo, ela me fez não querer ir embora. Porque eu não queria mais ir, abandonar minha vida por algo completamente novo dentro do espelho, eu não queria ter que me separar dela, porque ela era especial para mim, me fazia rir... Me convenci de que isso poderia ser uma estratégia dela, e que eu não poderia mais contribuir. Meu destino já estava escrito.

— ... Está acordada? – ouvi a voz da garota, o que me fez balançar levemente a cabeça e virá-la na direção dela, que me olhava de volta – Estamos voltando pra casa, chegaremos antes da chuva, espero, tá tudo bem?

“Tá tudo bem?” Uma pergunta difícil demais quando você já não sabe mais o que está acontecendo ou o que virá a acontecer. Honestamente, eu não sabia o que dizer, então optei para o modo mais fácil. – Está sim, e com vocês? O que aconteceu lá? – ela saberia que eu estava mencionando a aldeia.

Ela sorriu levemente, parecendo gentil. – Sim, Caleb chegou e ao ver você perto daquele monstro, jogou muito sal nele, o que o deixou muito fraco – ela suspirou – Mas ele já tinha te acertado com um chute, foi muito rápido. Por sorte, os moradores que fugiram da aldeia acabaram por deixar essa carroça para trás, os cavalos seguiram Caleb então...

— Então o diabo-branco não está morto? Ele vai nos perseguir? – a interrompi, perguntando o que eu temia no momento. E, como esperado, ela ficou em silencio, ou pensando no que dizer ou sem saber o que dizer. Assenti após alguns segundos longos em silencio, voltando a olhar para a estrada.

— Ele não está morto – a voz do Caleb me atingiu como uma despedida, se despedir é difícil mas é melhor do que partir sem se despedir. – Mas duvido que vá nos procurar, já que ele foi mandado apenas para destruir a vila.

— Por quê? – perguntei sem olhar para ele, aumentando a minha voz para que ele ouvisse claramente o que eu estava dizendo – Por que destruir a aldeia?

Silencio. O som do trovão voltou, mais alto desta vez. Os trotes dos cavalos pareceram mais tensos e mais rápidos após o som grandioso vindo do céu cinzento.

— Não sei, mas se ele estava atrás de vocês – Caleb suspirou, cansado – provavelmente teria capturado ou matado, mas ele estava claramente te afastando, você enfrentou ele, ele, pelo contrário, não queria saber de você e nem dela.

Engoli em seco. As coisas estavam ficando cada vez mais confusas, eram muitas peças para completar o quebra-cabeça, e eu não estava aguentando mais. Grace estava morta por causa desta confusão, uma aldeia fora destruída... Não há consciência que suporte. Precisava concertar tudo e rápido.

Senti vontade de chorar, mas o sentimento não estava mais em mim, eu não me sentia triste, não mais. Procurei em minha mente um bom motivo para tentar reverter esta situação sem precisar ser cruel, mas não encontrei. Não existia mais nada entre mim e o espelho.

O trovão se pronunciou no céu mais uma vez, e a chuva não suportou mais, ela caiu sobre nós.

...

Quando finalmente chegamos a casa de Caleb Hunter, já era tarde. A noite era chuvosa e estávamos ensopados. O cheiro da chuva era melhor do que seu toque, que era frio e duro. Por isso, desci da carroça quase em um desespero completo e corri apressada para a proteção da área da pequena casa de Caleb. Esperei para que abrissem a porta, por mais que já estivesse aberta, algo me impedia de entrar na casa alheia, talvez fosse meus dedos congelados que não queriam fazer esforço.

Caleb trouxe os cavalos com ele e os deixou na varanda, protegidos da chuva, a garota veio junto com ele. O homem abriu a porta e entrou, esperando que entrássemos em seguida, o que fizemos sem hesitar. Estava muito frio ali fora.

Ao entrarmos, toalhas surradas foram jogadas em nossa direção e o antigo diabo-branco entrou em seu quarto e se trancou lá como fez na noite passada. Peguei duas toalhas, uma enrolei em meus cabelos brancos que estavam um tanto sujos para quem tomou um banho, e com a outra passei a secar meu corpo. Olhei para a garota e vi que ela fazia o mesmo, movi meu olhar mais para baixo e notei que aos pés dela havia uma prancheta com muitas folhas presas e um lápis comprido em cima.

— Onde encontrou isso? – perguntei e apontei para os objetos, meu cenho se franziu e eu voltei a olhar a garota nos olhos.

— Ah! – ela desviou o meu olhar e pegou os objetos com ambas as mãos, mostrando-as para mim – Eu consegui salvar isso da aldeia, estava no chão, a prancheta estava logo em minha frente, mas o lápis eu encontrei dentro da carroça quando te coloquei lá... Achei que poderia desenhar, é algo bom de fazer, não é?

Sorri levemente, eu não queria sorrir, mas sorri mesmo assim. Apenas para agradá-la ou confortá-la, qualquer efeito bom servia. – Sim, desenhar é muito bom.

Terminei de me secar em silencio, em seguida caminhei até a porta do quarto de Caleb Hunter e bati na porta. Aguardei em frente a porta de madeira até que a mesma fosse aberta em uma fresta pelo homem, que parecia indiferente a minha presença.

— Precisa de algo? – Disse ele em um tom calmo... Cansado, eu diria. Não parecia o mesmo Caleb Hunter que eu conhecia, se bem que eu não o conhecia muito bem...

— Preciso de roupas secas para mim e para ela – apontei para a garota distante de mim, que neste momento estava cantarolando baixinho enquanto admirava suas folhas levemente molhadas em branco – E – continuei, baixando meu braço e olhando para os olhos claros e velhos dele – Precisamos ter uma conversa.

...

Caleb Hunter, obviamente, não possuía nenhuma roupa feminina. Por isso, acabou nos dando camisetas tão grandes que resolvemos usá-las como camisolas. Ambas eram de um tecido grosso e quente, e possuíam a mesma cor cinzenta. Logo após vesti-las, notamos que seu comprimento ia até um pouco abaixo do joelho: também suficiente para uma camisola velha e larga.

Mais tarde, o homem resolveu acender as velas da pequena casa, afinal, ele notou que não iriamos dormir tão cedo. A garota mantinha-se sentada na nossa cama improvisada, desta vez uma de suas folhas já não estava mais em branco, mas sim jogada ao seu lado com um belo desenho de uma flor. Eu estava mais perto da cozinha, junto com Caleb, mas conseguia observar e admitir que ela tinha um talento incrível para a arte.

— O que queria conversar? – Ele retomou o assunto enquanto preparava uma espécie de sopa.

— Tomei uma decisão – confessei, fazendo ele levantar levemente as sobrancelhas como se já esperasse minhas palavras. Continuei: - Entrarei no espelho no lugar dela – engoli em seco – no meu próprio lugar... O que aconteceu na aldeia foi um aviso, tudo está ficando fora de controle, e eu estou pronta para enfrentar o meu destino, por mais que eu queira ficar e ser feliz com ela – lancei um olhar tristonho para a garota concentrada em seu novo desenho – Mas a realidade é tão dura e cortante como um caco de um espelho recém quebrado.

Voltei a olhar para frente, logo para o homem ao meu lado. Caleb estava sério, talvez pensativo. Não conseguia decifrar as emoções dele, por mais que tentasse. O silencio se instalou no ar por alguns segundos.

— Você não deve fazer isso – Caleb quebrou o silencio com um sussurro – É um caminho sem volta, você pode se arrepender...

— Me arrepender? Por que eu iria? – O interrompi, franzindo o meu cenho, levemente irritadiça – O lugar dela é nesse mundo e o meu não, eu não tenho família, não tenho propósito, não tenho nada além dela.

— E é por isso que você vai abandoná-la? – Ele rebateu minha resposta, fazendo seu sussurro se tornar um som pesado.

— É por isso que eu tenho que fazer o melhor para ela. – Disse sem nem ao menos pensar no que estava saindo de minha boca. – Não posso ficar e condená-la! – Mal percebi quando também estava sussurrando.

Ele pareceu receber um tapa no rosto, pois uma expressão surpresa e triste se formou no que antes era uma carranca. Demorou um pouco até eu perceber a besteira que eu tinha acabado de dizer. Eu gostaria de ter me sentido culpada, mas não encontrei este sentimento em mim.

— Caleb eu...

— Está tudo bem, você sabe o que fazer.

— Não, eu sinto...

— Emília! – Ele aumentou o tom de voz, logo o baixando ao notar que a garota ergueu a cabeça, curiosa sobre o que estava acontecendo. Esperou que ela baixasse a mesma antes de continuar – Eu sei que errei, dói, e sempre irá doer, mas é a verdade. Não se desculpe por me dizer a verdade.

Engoli em seco, sem saber o que responder. Eu o deixei daquele jeito? Ou apenas toquei em uma ferida difícil? Não importava, minha alma implorava para que eu não o deixasse sofrendo, não quando eu estava prestes a abandonar este mundo.

— Não foi minha intenção – expliquei calmamente. Ele abriu a boca para me interromper novamente, mas eu ergui minha mão, pedindo para que ele me escutasse – Você fez o que achava certo, e graças ao seu erro, vou poder acertar. Então, obrigada, eu acho. – Dei de ombros – Mas você deveria superar minha mãe e encontrar outra pessoa. – Abri o sorriso mais largo e travesso que consegui.

Caleb começou a rir, uma risada falhada, mas boa. Eu ri junto, mas como minha risada era muda, tudo o que se podia ouvir era o som vindo dele.

— Como? – Ele questionou.

— Você conhecia o Senhor Franco, você conhecia a irmã dele, eu vivi com ele e não tinha ideia de quem eram meus pais – dei de ombros – resumindo: eu deduzi.

Após isso, ele pareceu se sentir mais a vontade, até mais feliz. Eu saboreei da felicidade dele, e foi como no dia do meu aniversário, o primeiro dia em que sai daquele casarão em anos. Me senti livre, como se minha missão neste mundo fosse completa. Eu pude sentir esta satisfação.

Caleb resolveu então me contar a história completa, a minha história. Porém, esta não é o momento certo para revelar aqui, quem sabe mais tarde...

...

Terminamos de beber a sopa lentamente, Caleb havia se trancado novamente em seu quarto, portanto, eu e a garota aproveitamos para passarmos mais um tempo juntas. Ela tinha terminado outro desenho de um cavalo, que estava extremamente realista. O Grafite estava perfeitamente borrado em certas áreas, dando luz e sombra ao retrato do animal. Eu não pude conter meus elogios e ela mal conteve sua animação.

— Nunca gostei tanto de algo – ela me disse – acho que vou fazer disso minha futura profissão, o que acha?

Eu sorri, contente por ela estar pensando em um futuro. Era algo bom de se ouvir, me deixava tranquila. – Acho ótimo! – Ela esboçou um sorriso agradecido nos lábios – Você leva jeito, poderá vender por ai, sair viajando e pintar em telas!

— Mesmo? – a garota estava com esperança em seu olhar.

— Mesmo, o Senhor Franco me disse uma vez que encontrava muitos pintores em suas viagens.

— Como eles eram?

— Eles eram como você, percebiam as coisas e se expressavam do próprio modo, ele me disse que os via parados em locais escolhidos por eles mesmos, com um cavalete e uma grande tela apoiada em cima, com uma pequena mesinha dobrável ao lado cheia de tintas e misturas e pincéis – olhei para ela e a vi de olhos fechados, apoiada contra a parede, sonolenta.

Meu sorriso se desfez, mas ela ainda sorria, iluminando seu rosto enquanto permitia-se dormir e finalmente descansar do dia que teve. Esperei o tempo necessário, até ouvir os roncos miúdos dela. Vi que a mesma havia largado a prancheta, me inclinei e a segurei firmemente e a trouxe para perto, até meu colo. O novo desenho me fez sorrir, por mais que ligeiramente e terminasse com a mesma velocidade. Era um retrato meu.

Senti minhas bochechas esquentarem e minha garganta travou, doeu. Estava prestes a chorar, mas precisava me conter, não podia acordá-los com meus soluços e lagrimas. Peguei o lápis e retirei a folha com o meu desenho e a virei, revelando um lado em branco. Levei o lápis até o começo da folha, se eu me esforçasse, podia escrever com a letra pequena o bastante para ter espaço para tudo o que eu precisava dizer, tudo o que eu precisava deixar para trás. E eu escrevi, escrevi tudo, sobre tudo.

Virei novamente a folha para o lado com o desenho, lagrimas corriam por minhas bochechas e eu não pude segurá-las, não mais. Pus a folha de volta na prancheta. Ela notaria quando fosse o momento certo. Me aproximei dela, que estava bela em um sono profundo, eu a observei. Levemente, toquei em tais mechas de seu cabelo macio e sorri em meio as lagrimas, que borravam minha visão, e aproximei o meu rosto dela, depositando um beijo delicado em seus lábios, rápido como um piscar de olhos.

Me levantei e me troquei, colocando minhas roupas – que estavam úmidas, mas ainda chovia lá fora, a umidade não era nada comparada ao que eu estava para enfrentar – e sai da pequena casa, fechando a porta com cuidado para não fazer barulho.

Se despedir é difícil mas é melhor do que partir sem se despedir.

...

A chuva tinha companhia: o vento. Eu estava na varanda e já estava molhada em segundos. Meus pés descalços tornaram meu caminho mais escorregadio, mas não impossível. Eu sabia que o espelho do Caleb era impenetrável, então tinha de correr até o espelho mais próximo, o espelho que começou tudo. Ao redor eu não enxergava nada com nada, como um borrão mal iluminado e com cheiro de lama.

Cheguei perto de um dos cavalos, o cinzento, e montei nele rapidamente com uma facilidade inexistente, porém em silencio. Eu não tinha uma vara, esporas e nem rédeas, então apenas o cutuquei e rapidamente ele entendeu o recado.

Correndo em cima de um cavalo, eu estava enfrentando uma tempestade a noite.

Pior ainda, eu estava enfrentando meu destino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!