Nova Geração de Heróis escrita por lauragw


Capítulo 4
A caminho da morte?




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- Bom meio-sangues sorte é o que desejo, depois daqui vocês começam sua missão. Vocês têm duas semanas para chegar no Olimpo, pensem em todos os pontos de vista, assim poderão voltar os cinco. Usem a profecia ao seu favor e consigam desvendar o mistério.

 

 

 

A caminho da morte?

 

Quíron se afastou e nós cinco ficamos parados, estáticos, olhando uns para os outros. Ninguém sabia o que fazer, isso era obvio, mas alguém precisava tomar a iniciativa.

 

- Bem, temos que ir para o submundo. Quíron disse que lá começaríamos a nossa missão. Nós sabemos onde fica o submundo, mas alguém tem idéia de como chegaremos lá? – perguntei.

 

Todos permaneciam calados, até que surpreendentemente a Flávia me tira um livro escrito na capa “Guia pratico para meio-sangues.” Assim que li a capa, comecei a gargalhar.

 

- Da onde saiu essa palhaçada? – disse entre respiradas.

 

- De Athena. – ao ver que estremeci, ela sorriu. – Mentira, eu achei na loja de conveniências... Acredita que a gente deve usar essa camiseta laranja sempre? E que não existe outra opção? – bufou irritada.

 

- Bem Flávia, o que você achou de transportes? – perguntou a Clara.

 

- Táxi das irmãs cinzentas... Maserati do Apollo... ou transporte comum... – falou fechando o livro e guardando.

 

- Transporte comum... – falou o Daniel. – Bem, se andarmos em direção da estrada, podemos pegar um ônibus que tal? – sem outra opção assentimos.

 

                                                 *-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

Já dentro do ônibus tudo parecia comum, de acordo com o Liam, aquele ônibus nos colocaria bem próximos da entrada do submundo, lá falaríamos com alguém, que curiosamente nos daria o próximo passo. A Clara sentou na janela e eu ao seu lado, Flávia e o Daniel fizeram o mesmo, sobrando o Liam que sentou no fundo do ônibus sozinho. Passei boa parte do passeio, com a cabeça no mundo da lua sem muito que fazer. Até que um puxão na minha manga, fez-me mudar de perspectiva.

 

A Clara que puxou minha manga, acenava freneticamente para a rua, onde alguém ou algo subia no ônibus. Eu tentei olhar mas estava difícil, seja o que ou quem já tinha entrado no ônibus e eu o veria por bem ou por mal. Assim que virei para olhar a entrada do ônibus, quase enfartei. Quatro, sim, quatro ciclopes subiram no ônibus, as pessoas não viram por causa da nevoa, mas nós vimos. A Flávia e o Daniel nos olharam como se perguntasse o que fazer, eu não sabia, mas precisávamos bolar um plano antes que tivéssemos problemas. Fui surpreendida quando uma mão segurou o meu ombro. Tranquei a respiração, não sei bem por que fiz isso, mas naquele momento me pareceu certo.

 

- Calma – falou a voz doce do Liam – Lá pra fora, vamos perder esse ônibus o próximo sai em duas ou três horas, podemos esperar – sussurrou em meu ouvido fazendo que me arrepiasse involuntariamente, se ele viu não comentou, apenas continuou seu caminho.

 

- Vamos. – falei para Clara me acompanhar. Assim que levantamos a Flávia e o Daniel fizeram o mesmo, se retirando do ônibus. Demos a volta por trás do ônibus para ir a rodoviária que ficara do lado oposto da porta. Sentamos no banco, o Liam saiu dizendo que compraria nossas próximas passagens, mas assim que ele saiu o ônibus arrancou e revelou os quatro monstros parados um do lado do outro olhando para nós.

 

Eu estava estática não conseguia dizer nada, acredito que os outros tenham percebido isso, por que a Clara sacou uma espada e chamou um ciclope para lutar com ela, Flávia assumiu outro, um pouco menor mas mesmo assim era um ciclope e Daniel ficou com o terceiro. Sobrou um, ele olhava para mim com se fosse me devorar viva, ele andava na minha direção com passos firmes, seu olho parecia uma bolinha de gude, brilhoso e sem expressão alguma. Suas mãos avançaram pra frente, ele estava a alguns metros de mim, eu não poderia fazer nada, se andasse para trás, para ganhar distância para puxar o arco e algumas ou até mesmo uma única flecha, entraria na rodoviária e colocaria vidas em risco. Eu não tinha capacidade de lutar com um mostro com uma espada, como os meus amigos faziam, eu só tinha uma opção, esperar a morte lenta e dolorosa chegar. Fechei os olhos e fique ali parada, eu já sentia a sua presença perto de mim e senti um toque em minha blusa, cerrei com mais força os meus olhos, mas incrivelmente eu não estava morrendo, eu estava voando? Sim, eu estava voando. Só abri os olhos quando senti um baque surdo. Eu estava em pé, em um galho de uma arvore com o braço de Liam ao redor da minha cintura.

 

- Quer bancar a heroína e morrer? Se não consegue lutar, corre! Aposto que nem pensou nessa idéia, considerou as mais impossíveis menos essa... CORRER! – com o seu berro o ciclope que me atacou e agora nos procurava freneticamente, nos encontrou. – Fique aqui, espere tudo acabar. – Ele foi lutar com o ciclope antes que ele derrubasse a arvore.

 

A luta estava impossível, eles morreriam a qualquer momento e eu assistiria toda a tragédia e depois morreria também, mas algo tremeluziu no meu bolso. O Arco. Retirei-o do meu bolso e desdobrei assim que ele estava montado, brilhava feito ouro. Saquei uma das minhas flechas na bolsa que estava as minhas costas e tentei ajudar a Flávia que lutava com um ciclope de espada, mas seu braço continha alguns ferimentos. Foi inútil, já tinha atirado sete flechas e nem perto chegaram, muito menos o atingiram. A oitava flecha passou longe, a nona também, eu já tinha as sete primeiras flechas de volta na minha mochila. A décima passaria longe, se um raio de sol não o atingisse e o brilho quase cegasse o ciclope que levantou as mãos e possibilitou uma perfeita acrobacia seguida de um ataque da Flá. Ela sorriu para mim como se tudo aquilo fosse premeditado, pegou uma presilha de cabelo, puxou o cabelo com graça, como se o mundo tivesse parado e prendeu em um rabo e logo em seguida fez uma traça enquanto os outros lutavam com um pouco de dificuldade. Subiu na arvore que eu estava, e sentou-se do meu lado. Pude ver seu braço todo arranhado. Ela seguiu o meu olhar.

 

- Pode fazer algo? – perguntou-me

 

- Não sei, posso tentar... – falei receosa – Mas eu não sei... – ela me interrompeu.

 

- Somos amigas agora não? – eu assenti – Então, tente, eu confio em você.

 

Pensei mentalmente, em uma pequena profecia, que a Giovanna me ensinou depois de alguns arranhões sofridos no treino de espadachim com a Annabeth. Coloquei a mão em cima de seu braço e sussurrei a profecia. O sol que estava iluminando o nada, passou a iluminar seu braço, onde as cortes deram lugar a pequenas, quase imperceptíveis cicatrizes avermelhadas que logo sumiriam. Ela me abraçou.

 

- Serei eternamente grata. – falou ainda me abraçando. – Acho que precisamos dar uma mãozinha certo? – assenti. – Algum plano?

 

- Eles se distraem fácil, então tente ajudar o Daniel, eu vou me concentrar e ajudar o Liam. A Clara deve me matar se eu interferir na batalha dela. – ela sorriu.

 

- Vocês se conhecem há quanto tempo? – perguntou saltando.

 

- Três anos. – respondi.

 

- Mesmo tempo que eu e o Dan. – falou enquanto ia ajudar o namorado.

 

 

Peguei uma flecha e a coloquei na sua posição, fechei os olhos e mentalizei onde ocorria à luta e apenas pelo som me guiei, fixei um ponto na perna do Ciclope e soltei a flecha. Logo depois disso ouvi um grito, que não sabia se do Liam ou do ciclope. Abri os olhos e vi o Ciclope quebrando a flecha em sua perna mesmo, deixando a ponta. Mas não foi útil, eu precisava acertar um ponto vital, mas seria impossível, de tamanha distância. Saltei da arvore e cai com um baque, fui em direção do Liam, e percebi que minhas flechas haviam ficado, só tinha uma arma, ela não era do tamanho de uma espada e não tão pequena como um punhal. Eu teria que lutar de perto. O Liam me viu e parou estático, nessa hora o ciclope jogou ele longe e se virou para mim. Uma raiva, raiva que eu nunca havia sentido subiu pelo meu corpo, passei por entre suas pernas, não adiantou nada em termos de luta, mas me deu a possibilidade de pegar as duas partes da minha flecha. Atirei o meu punhal em direção a seu peito, não adiantou em nada, por que assim como o Liam ele foi atirado longe, eu não tinha nada exceto uma flecha quebrada. Ele pareceu perceber isso e com um sorriso sarcástico começou a andar na minha direção. Segurou-me pelos braços e me suspendeu, no momento que ia fazer algo comigo ele caiu para frente. Deixando-me em baixo daquele corpo pesado, senti que meus ossos se quebrariam se no ultimo instante ele não tivesse virado pó.

 

Daniel me ajudou a me levantar e a Flávia estava com a minha mochila, a Clara já tinha acabado com o seu.

 

- Lola, me escuta. Vamos trocar essa roupa, enquanto isso o Dan e a Clarinha, - recebendo um olhar mortal da Clara, ignorou e continuou- Vão colocar o Liam naquele banco, - disse como uma ordem. – que a gente já volta pra ajudar.

 

                                                      *-*-*-*-*-*-*-*-*

 

Depois de algumas profecias e um pouco de água na cara ele já estava novinho em folha. Desta vez foi permitido que pegássemos o ônibus, a Flávia fez questão de sentar comigo. Deixando os meninos juntos e a Clara, no banco da frente deitada, ouvindo Ipod.

 

- O que você e o Liam tem? – a Flávia sussurrou, mas mesmo assim me sobressaltei. – Hein? – Olhei-a espantada. – Não se faça de desentendida, sou filha da deusa do amor, - falou orgulhosa – sei sobre o que estou falando.

 

- Bem, não temos absolutamente nada! – falei a ultima parte um pouco alta, fazendo os meninos olharem para nós e logo depois desviarem.

 

- Certo!- falou em sinal de rendição – Não ainda – murmurou.

 

O resto da viagem foi tranquila, sem monstros ou qualquer coisa do tipo, para o pessoal que estava na rodoviária, nós tínhamos colocado “para correr” motoqueiros que tentaram nos assediar. Passei quase toda a viagem, imaginando quantas vezes no noticiário, eram monstros do mundo mágico e não do mundo humano, cometendo babares. Dormi, sim dormi, a viagem durou dois dias, eu dormi bastante.

 

 

                                                         *-*-*-*-*-*-*-*

 

Estávamos parados na frente do letreiro de Hollywood, tentando achar a entrada para o submundo.

 

- Aqui, pelo menos ta escrito em grego. – falou o Liam, recebendo olhares confusos. – Minha mãe achou que seria útil algum dia, ela já sabia provavelmente. – deu ombros. Ele leu aquilo em voz auditivel e uma passagem por entre as pedras se abriu.

 

Parecia algo impensado de se fazer, mas simplesmente, entramos. O havia um corredor e no final, uma claridade, não uma claridade como algo bom, mas era algo meio sombrio. O momento seguinte foi bastante irônico. Os quatro sacaram as espadas e eu peguei meu arco e uma flecha. Em quando andávamos pelo corredor, ouvimos gritos, almas agoniadas certamente. Não fomos atacados em momento algum, mas estávamos temerosos, não sei se pelos gritos ou pelo corredor ser um breu e certas vezes não sabíamos direito se existiam paredes.

No final do corredor ainda tinha o breu, mas tochas de fogo grego, fogo semelhante ao que crepitava em cima do chalé de Hades no acampamento, iluminava algumas partes. E estava lá o barqueiro, Caronte, seu barco era pequeno se coubesse a todos nós era lucro. Almas estavam ali, provavelmente não tinham como pagar a viagem. Eu não tinha idéia de como convenceríamos ele a nos deixar ir até Hades, utilizando o barco. Pelo pouco que estudei de mitologia grega, Hades tinha proibido heróis no submundo, também como os vivos.

 

- Olá, vamos para o reino de Hades. – assim que o Daniel inclinou-se para subir o Caronte empurrou o barco a uma distância que complicaria a sua subida.

 

- Vocês estão vivos! – falou numa voz sombria e de aviso.

 

- Lógico! – falou o Daniel, recebendo um tapa na cabeça da Flávia. Junto com um “anta”.

 

- Então MORRAM e VOLTEM depois. – falou prolongando aquele “r”.

 

- Negativo! Ninguém morre pra depois voltar, seguinte ela é filha do rei daqui. – Falou o Dan, fazendo com que déssemos um tapa na nossa própria testa.

 

- Então ela como ninguém deve saber as regras daqui. – falou indiferente.

 

A Flávia nos puxou um pouco longe do Caronte.

 

- Alguém tem dracmas? Normalmente é o que se dá para andar no barco. – explicou.

 

Abri a minha bolsa e entreguei cinco moedas de dentro do saco e lhe entreguei.

 

- Como você as tem? Perguntei por perguntar mesmo. – falou surpresa.

 

- Digamos que tive ajuda de umas meninas. – sorri, lembrando.

 

- Certo, agora vamos antes que encham o barco e tenhamos que ir em viagens separadas. – Ela se dirigiu até o Caronte. Entregou-lhe uma nota de dólar que foi queimada. – Só por teste. – falou olhando para nós. Agora entregou cinco dracmas. – Uma por cada um de nós. – falou, e ele assentiu.

 

                                                         *-*-*-*-*-*-*-*-*

 

Perto da entrada do reino de Hades, achei que teríamos problemas com Cérbero. Mas não, nem o vimos ele provavelmente guardava outra entrada que não aquela. Saltamos do barco, entramos na porta e fomos atacados. Atacados por cães infernais, simplesmente, eram seis. Nos cercaram, por mais que cada um matasse um, o outro nos colocaria em problemas, sérios problemas. Poderíamos perder um de nós. Mas não atacamos nem eles, uma moça de cabelos escuros, que vestia roupas sombrias que combinavam com o lugar os enxotou. Perséfone. A única deusa que foi obrigada a se casar, depois de um seqüestro, com o seu tio.

 

- Ora, ora, vejo que o Caronte não obedece mais às regras do meu marido. – disse sensualmente na frente dos meninos. – Ótimo! Mas então, o que trazem vocês aqui.

 

- Você sabe! – falou Flávia com raiva.

 

- Sei, sei mesmo. Mas me corrijam se eu errar. Lola, filha de Apollo, guarde esse arco isso certamente não será útil aqui. – falou olhando para mim, devolvi a flecha a minha mochila e dobrei o arco. – Flávia, filha de Afrodite, por mais que você queira se mostrar forte, é frágil, então não force a raiva. – ela se recompôs, mas em seus olhos a raiva era clara. – Clara. – simples não comentou mais nada. – Agora, Daniel, pelos seus traços fortes, músculos delineados e esse cabelo claro, filho de Hermes. – disse acariciando seus cabelos. – Oh! Cachos negros, olhos escuros, camiseta com um tigre, Liam, o filho de Dionísio. – oferecida, pensei mentalmente.

 

A Clara estava com a mão no braço da Flávia, provavelmente por que a sua altura inferior a da Flá, impedia que segurasse seu ombro.

 

- Mas venham, enquanto comem, explico as regras do meu jogo. – falou sombria – Queridos. – disse sorrindo.

 

- Bipolar. – Flávia sussurrou ao pé do meu ouvido, para que a “dama da noite” não a ouvisse.

 

Nos sentamos à mesa, minha fome gritou mais alto que minha mente, ela havia decidido não comer nada, mas antes que me reprimisse meu prato tinha uma fatia de pão que comia com vontade. Fome, já estávamos há três dias longe do acampamento, eu não comera direito, desde a nossa partida.

 

- Agora vamos as regras do meu jogo. – começou- Hades, está no Olimpo, então minhas atitudes aqui estão seguras. – sorriu – Simples, cinco favores em troca do que querem.

 

- Sabe que é injusta? Cinco por um? Nunca! – ralhou Flávia.

 

- Sei. Mas vocês são cinco e eu sou uma, vou deixar que façam as tarefas com ajuda uns dos outros, mas sempre um ficará de fora da tarefa. Cinco fazendo-a, ficariam muitos simples e sem riscos. Aí seria injusto, eu corro riscos e vocês não? – disse irônica.

 

- Feito, mais qual serão? – perguntou Clara.

 

- Ao longo das tarefas eu as digo. – sinalizou para que comêssemos mais. – Eu ainda lhes dou comida, como reclamas de mim meio-sangue?

 


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Notas finais do capítulo

bjbj comentem