Não sei por quanto tempo posso escrever antes que isso me enlouqueça, mas juro que estou tentando. Você ainda está aí? A esse ponto, já deve me odiar por tudo que fiz.

Bom, eu me odeio também.

Quem quer que seja louco o suficiente para estar lendo isso, não merece ser tão torturado com meus pensamentos amargos. Dessa vez, contarei algo bom. Apenas continue comigo por um tempinho, está bem?

Ganhei uma pulseira. Estava na delegacia, sendo interrogado, acredite se quiser, por um roubo que não cometi. Tive raiva do policial por não descobrir a verdade, por não fazer bem o seu trabalho, pensei em acertá-lo com sua própria arma, mas aí aconteceu.

Aquela garotinha estava num canto trançando um barbante desde que eu chegara. Quando terminou, levantou-se e veio até mim, simplesmente prendendo a coisinha em meu pulso. Ainda a tenho comigo. Tempos depois, descobri ser um nó de marinheiro e fiquei surpreso por ela ter feito algo tão difícil.

— Fica bem em você — disse ela, e voltou para seu lugar.

Não sei quem era ou o que estava fazendo lá, mas, de certa forma, ela me salvou naquele dia. Por um momento, senti-me feliz. Gostaria de poder agradecê-la.