Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 21
Amora Amada


Notas iniciais do capítulo

E lá vamos nós para o primeiro episódio de uma nova fase da fanfic!
Acreditem, vão percebem de cara que as coisas mudaram na fanfic e espero que gostem!

Para aqueles cujos comentários ainda não respondi, eu não os esqueci. Mas, estou tendo que responder pelo celular... então é meio lento hauhauha! Mas, vamos fazê-lo!

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Antes que eu esqueça... Quero agradecer ao KID por conceder uma nova recomendação.



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<><><><> Novembro do ano Anterior <><><><>

 

Nunca um jantar fora tão silencioso para aquela família. Mesmo durante o ano, em que eram apenas marido e mulher, aquele momento seria bem mais animado. Mas, a chegada da filha única do casal, após mais uma jornada atrás do sonho de ser coordenadora pokémon, estava mudando os ânimos de todos.

 

— Obrigada pela bolsa, Amora! - A mãe tentou quebrar o silêncio daquele jantar que já durava cerca de dez minutos. - Soubesse que chegaria hoje teria feito algo especial, ou poderíamos ter ido almoçar em nosso restaurante. -

 

A Senhora Amada era uma mulher já na casa dos cinquenta anos. Cozinheira de mão cheia encontrou-se na vida ao conhecer seu marido com quem após o casamento decidiram abrir um restaurante que com seis anos ficou famoso ao se tornar ponto de parada obrigatória para viajantes do mundo pokémon, especialmente coordenadores que buscavam por boa comida em ambientes diferenciados.

 

— Ano que vem trago mais coisas. Melbu é uma região maravilhosa para compras, infelizmente não dava para trazer muita coisa. Os concursos aconteciam em cidades com elevados custos. -

 

Amora respondeu sem muita animação, mas mesmo que tivesse respondido de forma animada a reação de sua mãe e de seu pai não teria sido diferente. O pai continuou sua refeição calado e com seu rosto quadrado quase indecifrável, enquanto a mãe parou de comer diante a menção de que ela sairia novamente em jornada.

Olhou a filha por alguns instantes e suspirou. Aquilo não poderia continuar e teria que ser naquela noite para que não viessem a passar a noite pensando naquela situação.

 

 

— Minha filha, esse será o sexto ano em que tenta se tornar uma coordenadora de sucesso e não conseguiu ainda sequer empolgar o público. - A mãe parecia angustiada com aquilo. - Conseguiu gastar o dobro em Melbu do que gastou nos anos anteriores em Kanto, Jotho, Hoeen e Sinnoh. Sua melhor colocação até hoje é inexpressível. Acredito que precise, ao menos, começar a lidar com outras coisas além de apenas concursos. -

 

Amora nada disse a apenas se concentrou no prato sua frente, antes tão apetitoso e agora sem graça e indigesto. Se as jornadas por Kanto e Jotho amargaram uma uma derrota precoce na primeira fase dos Grandes Festivais, Hoeen se mostrou um lugar duro que não lhe permitiu nem mesmo conquistar a quarta fita.

 

— Você não pode estar falando sério! -

 

Amora encarou a mãe com toda força de olhar que podia direcionar a ela, sem esquecer que ela era sua mãe. Ela jamais desistiria, não depois do ocorrido em Sinnoh. Agradecia por não ter sido publicado em canto algum que fora desclassificada na primeira fase por regras tão idiotas que pareciam inventadas, mas não desistiria dos concursos.

 

— Leva tempo para ter uma carreira de sucesso e você bem sabe disso. O restaurante não se fez do dia para noite. Cozinha Amada é um restaurante que levou anos para ter seu merecido púbico e reconhecimento. Agora que entedi tudo e só preciso me amar, acha que devo parar? -

 

— Querido, diga algo! - A mãe pediu ajuda ao marido que parecia quase alheio a discussão. Sentiu que a filha estava ficando agressiva e não era uma briga familiar que queria.

 

Amora olhou para o pai por alguns instantes. A mãe sempre fora exigente e por isso era uma ótima cozinheira. O pai no entanto sempre fora uma pessoa simples e objetiva, não fazia rodeios ou entrava em discussões. Certamente Amora saíra a mãe, mas entendia-se muito melhor com o pai. Mesmo quando discordavam, ela sabia que poderia fazer o que fosse que ele não voltaria atrás sem um bom motivo e aquilo ajudava a evitar todo o tipo de conflitos dentro da família.

 

O pai que comia seu suculento bife permaneceu assim por alguns instantes, não parecendo estar a pensar no que falar a sua filha ou esposa e sim apenas saboreando a refeição, acreditando que aquela conversa poderia esperar.

 

— Você é feliz? -

 

O pai parou de comer e olhou para a filha que franzia o cenho. Amora acreditava que seus pais caminhavam para falar que ela estava gastando demais, o que ela até acreditava ser verdade, e não mais apoiariam suas jornadas sem que vissem algum retorno positivo. Mas, o pai de repente falou sobre felicidade a deixando completamente surpresa e sem saber o que responder.

 

— Sonha em ser coordenadora desde pequena, especialmente por causa das histórias dos viajantes que escuta no restaurante. Mas, em cinco anos você sempre volta chateada, frustrada e nunca fala de algo bom que viveu ou tem prazer em mostrar as fitas que conquistou. - O pai voltou a cortar a carne em seu prato. - Isso não é viver um sonho! -

 

Amora ficou calada diante a fala do pai. Contra as falas do pai ela normalmente não retrucava, mas aquelas a pegaram realmente de guarda baixa. Ela não estava feliz, nunca voltava para casa feliz e talvez apenas em sua primeira jornada pode dizer que teve alguma espécie de momento que julgava ter gostado. Sabia que tudo piorara depois de Sinnoh, mas o que ela podia fazer? Desistir seria render-se e ela não o faria.

 

— Não sou de desistir. - A menina disse em tom firme.

 

— Não estamos pedindo isso. De um tempo na coordenação. Vá escola, termine o ensino fundamental. Adquira experiência sobre outras coisas além da coordenação pokémon e então se ainda quiser ser coordenadora... -

 

— Só desistirei desta vida quando vencer. - Disse Amora cortando a mãe. - Parar de participar é muito mais do que abrir mão de um sonho... É como abandonar tudo o que acredito que a coordenação pokémon signifique realmente. - Amora parecia revoltada naquele momento. - Aceito que preciso ampliar meus horizontes, aumentar as possibilidades de meu futuro que certamente não envolvera Coordenação Pokémon, mas não posso abandonar a coordenação pokémon agora depois do que vivi. -

 

A mãe ficou a olhar a filha imaginando se havia acontecido algo nas jornadas que ela nunca havia contado ou era a paixão por aquele mundo que era tão forte que já não se via sem ele, mesmo estando se machucando.

 

— Aceitamos isso! - Disse o pai parando de comer encarando Amora. - Mas, não posso permitir que continue voltando para casa com tanta dor em seus olhos. Vê-la frustrada deste jeito nos faz sofrer também e nos faz ficar preocupados com o seu futuro. -

 

— Tudo bem... - Amora respirou fundo. - Permitam-me continuar as jornadas que aceitarei qualquer tipo de condição imposta. -

 

A mãe pareceu mais aliviada com aquela posição da filha. Olhou para o marido que ainda encarava Amora sem deixar transparecer no que ele estava pensando.

 

— Pois bem. - O pai voltou a comer. - Um Mestre Pokémon recentemente almoçou em nosso restaurante e nos deu o prazer de um bate papo sobre ser treinador pokémon. Na visão dele treinador é uma profissão inicial para permitir aos jovens aprenderem a se virar com inúmeras coisas fora de casa. - Um a pausa para levar a carne a boca e algumas mastigadas onde via-se que ele estava gostando do sabor. - Vou interpretar que a coordenação pokémon pode ter a mesma aplicação. -

 

— Como assim? - Amora não conseguiu compreender. - Estou viajando a cinco anos. -

 

— A cinco anos está viajando com tudo pago, sem nenhuma preocupação que não fosse criar suas apresentações, já que até dos pokémon seus especialistas cuidam. - O pai terminou a refeição e usou um guardanapo para limpar os lábios. - Nesta temporada não vamos te dar dinheiro algum. Vai ter que se virar com tudo. -

 

— O que? - Amora gritou assustada.

 

— Se conseguir provar que consegue se virar durante um ano em jornada, sem precisar de nossos recursos, na jornada seguinte voltamos a pagar sem nenhum problema. Assim você vai mostrar ter desenvolvido algumas habilidades que pessoas de sua idade, em jornadas, já possuem. - Disse o pai.

 

— Mas, se não conseguiu, vai ter que interromper a jornada e terminar os estudos básicos. Para só depois voltar a viajar. - Disse a mãe rapidamente.

 

Amora parecia estar em choque. Olhava de um para o outro sem saber se realmente aquilo estava acontecendo. Não tinha ideia como iria viajar sem dinheiro.

 

— Eu... Eu... - Amora percebeu que seus pais esperavam que ela dissesse algo. - Não tenho nenhum dinheiro guardado. - Ela conseguiu dizer por fim.

 

— Pode trabalhar no restaurante conosco durante o mês de dezembro e receber um salário para começar. - Disse a mãe. - Estamos precisando de uma pessoa a mais na cozinha lavando pratos em dois turnos. -

 

— Lavando pratos? - Amora questionou irritada.

 

 

 

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Meu nome é Mirian Miller e me tornei uma Coordenadora Pokémon para conquistar uma taça em homenagem a minha mãe. No entanto, fui tão mal no início que acabei presa acusada de ser caçadora ilegal e falsificadora. Depois de sair da prisão, retomei minha jornada para descobrir as pessoas que armaram para que eu fosse presa.

Depois de descobrir que minha preferia que eu tivesse passado esse tempo todo com ela, do que me arriscando, percebi que sinto falta demais do meu melhor amigo.

Por que ser coordenadora é tão difícil?

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio
21: Amora Amada

 

— Eu juro que mato aquela desmiolada! - O grito perturbava até quem não estava no mesmo ambiente. - Fez de propósito, tenho certeza! Mato-a no palco, no chuveiro ou mesmo na rede de esgoto se ela vier a cair lá de novo! -

 

O roupão rosa de um tecido grosso cobria boa parte do corpo branco que estava avermelhado depois de esfrega-lo por quase uma hora. Os cabelos castanhos longos sendo secados com um aparelho secador que parecia não estar tendo muito efeito, já havia sido ofendido o suficiente por toda vida.

 

— Como se ela soubesse que iria ficar do seu lado e tivesse a disposição de se preparar para vomitar tanto daquele jeito caso chegasse perto de você. -

 

A voz quase infantil argumentou com certo desdém do que escutava enquanto tentava usar o aparelho secador para secar a cabeleira de castanha que foi lavada ferrenhamente após o incidente no palco.

 

E realmente o incidente havia sido por mero acaso, Mirian havia comido demais e após ser virada de cabeça para baixo pelos poderes psíquicos do pokémon do Mestre de Cerimônia, Gray, ela estava propensa a vomitar a qualquer momento. Infelizmente, Amora que ficou a provocá-la, chamando assim a atenção de Mirian para ela, acabou levando um banho de vômito em frente a toda a plateia. Caso Amora não tivesse voltado a atenção de Mirian para ela, ela teria vomitado simplesmente no chão, voltada para frente.

 

— Você está do lado dela? - Amora moveu o pescoço, girando a cabeça e encarando o amigo. - Diga com sabedorias suas próximas palavras, Tommy! -

 

O garoto baixinho de cabelos verdes se amedrontou por alguns instantes, chegando aparar o que estava fazendo e dar alguns passos para trás, mas acabou por sorrir convencido.

 

— Faria algo contra a única pessoa que está te ajudando a reverter o banho de vômito e ainda conseguiu tempo hábil para isso? -

 

Tommy Oliver era um jovem coordenador de 11 anos que conhecera Amora no Concurso de Pewter e desde então viajam juntos, rumo ao mesmo objetivo, conquistar o grande festival. Quase em uma relação de Chefe e serviçal, os dois faziam a amizade funcionar de forma a Tommy muitas vezes trazê-la para a realidade quando se tratava dela atacar a Mirian deixando o restante do tempo com Amora ensinando algo a ele.

 

— E já falei que encontrei uma forma justa e majestosa para te recompensar por isso. - Amora virou a cabeça de volta para o local onde estava percebendo que não havia tempo a perder. - Talvez até permita que você capture o próximo pokémon interessante que encontrarmos. -

 

— Jura? - Os olhos de Tommy se iluminaram. Ele estava com apenas três pokémon em seu time e Amora era uma competidora difícil nos palcos e nas matas. - Então tá combinado! -

 

Ele parou e começou de mexer no cabelo e rumou para aporta deixando Amora sem entender o que estava acontecendo, mas sorriu ao olhar no espelho e ver que o cabelo já estava em ordem, completamente seco.

 

— Tommy! - Ela chamou-o rapidamente. Esperou o garoto virar e sorriu. - Não ouse perder nesta fase. Você tem que me enfrentar na final! -

 

Tommy sorriu fazendo que sim com a cabeça e fechou a porta logo após sair.

 

Não sei o que faria sem o Tommy! Nos primeiros dias dessa nova jornada por Kanto eu quase torrei minha grana toda. Não fosse o Tommy ter sido ingênuo de querer comprar meu convite extra para me acompanhar a visita do Centro de Criação em Pewter, jamais teria tido a a ideia de que eu poderia fazer dinheiro vendendo os prêmios que eu ganhasse, eu jamais teria conseguido me manter na jornada.

 

Por sinal, ele realmente era muito ingênuo no começo, ficou todo agradecido por eu vender o convite a ele que fez questão de me acompanhar para a próxima cidade onde ele poderia mostrar que ele era um bom coordenador no concurso seguinte. Acabamos amigos e viajando juntos desde então. Ele me ajuda a manter o pé no chão com os gastos e eu o ensino a analisar os tipos de concursos que estamos entrando e a evitar confusões que uma criança sempre quer entrar por nada.

 

Arrumando-se para voltar a cúpula Amora começou a pensar em como Tommy lhe era importante e percebia que de fato aquele era o primeiro ano como coordenadora que podia se considerar feliz. No outro sempre viajou sozinha, sem nenhum amigo real para conversas sobre frivolidades e que pudesse ter a certeza que não iria lhe passar a perna em algum momento.

 

Ele conseguiu três fitas até agora e foram em concursos em que ele estava sendo o melhor de longe. Eu ficaria feliz se ele fosse ao grande festival e eu não, mas só me falta uma fita e seria incrível consegui-la hoje, com a ajuda dele, em cima de Mirian!

 

Uma última olhada no espelho para ter certeza que estava pronta para retornar a cúpula. Conferiu suas pokebolas, pokeagenda, dinheiro na carteira, viu se ainda estava com a pulseira de identificação no pulso, afinal após um banho de quase tirar o couro ela poderia ter se rompido sem perceber e finalmente fechou os olhos fazendo sua prece costumeira antes de seguir para alguma competição.

 

Não estou melhor do que antes, mas confesso que tomar um banho depois de horas em meio a multidão foi até agradável. Como aquela garota consegue ser tão idiota? Eu não consigo acreditar ainda que ela foi tão indelicada com Tommy.

 

Amora as vezes se questionava se não pegava pesado demais com Mirian e até cogitou um dia em não ficar pegando no pé de Mirian todo o tempo, mas a amizade com Tommy impedia que ela alivia-se o lado da Miller. Tommy também tinha magoas de Mirian, de uma época em que ambos estavam começando suas jornadas, e isso só aumentava a o ódio de Amora.

 

Amora Amada era definitivamente uma rival declarada de Mirian, ou ao menos uma perseguidora. Se a escritora de apresentações excêntricas fazia algo, Amora estava lá para critica-la, mesmo que nada tivesse com o assunto. Ninguém entendia bem de onde saiu a antipatia, mas aumentava a cada nova ação da jovem Miller a ponto de dedicar um dia do Mês para crítica-la em seu portal da internet.

 

A primeira vez que Amora Amada declarou ódio contra Mirian, a Miller sequer estava no concurso. Realizando uma apresentação que arrancara mais aplausos do que já conseguira na primeira fase em todos os outros anos escutou o senhor Sukizo ao realizar o comentário padrão que sua apresentação muito lembrava a apresentação de Mirian Miller no último concurso e estava bem aquém da nota perfeita que a rival tirara.

 

Irritada com a comparação Amora buscou ver a apresentação e enlouqueceu ao ver que a apresentação era muito diferente e ainda por cima Mirian era uma novata. Declarou que iria fazer a Mirian se arrepender de causar aquele embaraço a ela. Insultando-a a plenos pulmões, por semanas, conseguiu encontrá-la em Pewter realizando uma apresentação que ela considerava fora dos propósitos da coordenação pokémon, A Maquina de Lavar Pratos. Não bastasse ter que ver a plateia enlouquecida com tal coisa, viu a oportunidade de enfrentá-la fugir por seus dedos quando ela desistiu de competir na segunda fase. Armou um circo para ridicularizá-la, mas acabou que de alguma forma toda a vergonha que havia conseguido fazer Mirian passar foi revertida em uma imagem de vitima, coordenadora que se importa com sua pokémon, fonte de inspiração, elogiada como modelo a ser seguido por uma TOP coordenadora em rede nacional e recordista com sua apresentação.

Furiosa tentou por diversas vezes encontrá-la nos mais diversos concursos, mas Mirian Miller havia desaparecido deixando-a sem conseguir ir a forra e provar que ela era melhor.

 

— Desta vez eu vou conseguir. - Amora falava com ela mesma, enquanto caminhava pelas ruas de Celadon. - Vou derrotar aquela garota, nem que seja a única coisa que eu faça neste concurso. -

 

O banho de vômito quase lhe custou a classificação. Irritada com a ação de Mirian de vomitar em cima dela, Amora saltou colérica em cima da jovem, tentando enforcá-la com as mãos a todo custo, mas fosse pela jovem Miller ter conseguido se defender com as mãos, não permitindo que seu pescoço fosse agarrado, ou por ela estar toda lambuzada de vômito, não conseguiu agarrar sua presa.

Independente de conseguir realizar sua ação, aquilo foi dado com agressão e a mesma foi declarada expulsa do concurso por alguns instantes, mas Mirian pediu para que não fizessem isso que a culpa era dela.

 

Ser defendida por aquela patife, pagando de boa moça. Agora o público não a vê como a menina que pagou o mico vomitando no palco, vê como a menina agredida que pediu clemência por sua algoz. Este mundo só pode estar de cabeça para baixo.

 

Mas, não adianta reclamar! Devo ser grata a Tommy por ter conseguido me deixar como última para me apresentar e assim ter tempo de voltar ao hotel e me trocar. Preciso me concentrar e fazer a apresentação de minha vida e por sorte, já é noite e poderei fazer minha apresentação Poeira de Estrelas.

 

Tommy Oliver, já nos bastidores, procurou a organização e pediu para que dessem um tempo para que Amora pudesse sair da cúpula e se trocar. O argumento dele não fora tão convincente, já que dizia que seria desigual ela se apresentar suja, fedendo e em estado de nervos devido a outra coordenadora. Para a organização, Amora não teria vista grossa devido a tentativa de agressão, mas Gray interveio e disse que a colocariam em última. Mas, para ser justo, Gray liberou a ordem de todas as apresentações e horário, permitindo assim Tommy saber que poderia ir ao hotel acompanhar sua amiga por algum tempo.

 

Eu subestimei a primeira apresentação. Usei a Bayleef para realizar um Raio de Sol poderoso para reverberar com as Pétalas Dançantes. Deveria ter imaginado que mais gente teria pokémon plantas para puxar saco da líder local. O pior é que ela sequer era minha jurada.

 

Apresentação de Amora não fora tão complexa ou mesmo ruim. Jogou Folhas Navalhas no ar que subiram e ao começarem a descer foram acertadas por Pétalas Dançantes, fazendo as folhas voltarem a subir e a dançar junto com as pétalas, fazendo belo contraste de verde e rosa. Finalizou com um belo Raio de Sol que inicialmente fez folhas e pétalas mudarem de cor.

Aquele era o efeito mais chamativo, o rosa escurecia, aproximando-se, algumas pétalas, do preto enquanto o verde clareava chegando amarelo. Era na verdade o efeito que o sol causaria, queimando e secando cada parte. Deixando uma mistura de várias cores e tons chacoalhando acima da pokémon. Ao final, tudo caia lentamente no chão, como uma cortina de cores, na pokémon que estava parada em uma pose.

Mas, poucos prestavam atenção, até mesmo jurados, ao perceberem uma coordenadora chorando no palco ao lado, pedindo para sua pokémon sair da pokebola. A apresentação da Mirian acabou tirando a atenção da sua.

 

 

— Ela está limpa? -

 

 

Amora berrou ao voltar para cúpula e observar Mirian no telão, preparando-se para se apresentar. Para amora sua rival e causadora de problemas havia ficado toda suja com o vômito, mas percebia que ela ainda estava com as mesmas roupas, o que indicava que não havia sujado-a como esperava.

 

Agora todos se apresentariam no palco central e podiam ver os três jurados com perfeição: Juan Pierre, o cineastra que ficara empolgado com a apresentação de Mirian; Erika, a líder de ginásio da cidade; E não menos importante, Lance, o membro da elite dos quatro de Kanto.

Aproximando-se de um telão mais próximo Amora ainda tentou encontrar Tommy, mas por ele ser pequeno 

 

Mirian estava posicionada no centro do palco e carregava Farfetch'd em seu colo. Deu três passos para trás abrindo os braços e para frente deixando  seu pokémon voar até um pouco mais a frente e pousar com um olhar convencido e seu bastão de alho poró a postos. A banda começou tocar e Farfetch'd começou a se mover ao som da música.

 

Então este é o tal Farfetch'd que resistiu a um combo do Dark Mau. Ele não parece grande coisa, mas... conheço bem esses movimentos. É o Dança das Penas! O pokémon ave que usa diminui o status de ataque do seu adversário. E lá vai ela usar o efeito visual dos movimentos ao invés do efeito real deles. Opa... Os movimentos estão diferentes.

 

Amora observava tentando entender qual era o efeito que Mirian estava querendo fazer e qual era ao movimento que Farfetch'd estava usando, já que nada era falado. Estava dificil, pois Farfetch'd havia levantado voo e dançava agora acima da cabeça da plateia.

 

"...Nas nuvens e te vestir com a luz do sol..."

 

Essa música e essa dancinha estranha. Que tipo de apresentação é... Amora estancou seu pensamentos ao perceber que de alguma forma estranha a ave pokémon de Mirian dançava conforme as falas da música que era tocada.

 

 

"...Admirar as suas asas..."

 

 

E com isso Farfetch'd abriu asas exibindo-as de forma elegante. Amora ficou observando sem achar que aquela apresentação tivesse algum sentido e esperando que viesse algo que ao menos mexesse com o público, pois uma ave a voar, em ritmo, com uma música não estava nem de perto interessante. Mas, já havia percebido que Mirian nunca fazia coisas que faziam sentido no começo.

 

"... Pirou minha cabeça e o coração, feito bola de sabão... me desmancho por você!"

 

E nessa parte Farfetch'd de repente começou a emitir bolhas que começava a se espalhar por toda a cúpula. Os patos pokémon começaram a se multiplicar por toda cúpula enquanto a música repetia e a plateia começava a cantar junto com a banda.

 

Amora ficou parada tentando processar aquilo. Até que a apresentação acabou e viu os jurados começarem a se preparar para dar as notas enquanto a plateia aplaudia apresentação e pokémon e coordenadora agradeciam.

 

 

— Uma apresentação musical! Ideia muito interessante. - Juan Pierre começou. - A quem da primeira passagem, sendo muito simples para o nível da competição. Ainda assim, demonstrou criatividade para movimentos certos para cada ação do pokémon e capacidade de interpretação do pokémon. A melhor parte, certamente, é o momento em que bolhas se espalham para que o público brinque com elas durante a música. Confesso que não sei como o fez. Muito interessante! -

 

Apresentação musical? Eu diria uma farsa de apresentação dançante. Ao menos ele não pareceu empolgado, significa que não deu nota alta.

 

— A ideia de mexer com o público foi muito boa. - Erika, a líder de ginásio, começou. - Evidente que não era uma coreografia toda montada e usou um movimento para que ele pudesse fazer a dança na maioria dos momentos. Mas, conseguiu encaixar movimentos e música. O esperado aconteceu, após alguns instantes, quando as surpresas começaram com bolhas e o multiplicar das aves por todos os lados, a plateia acabou contagiada pela famosa música e fica difícil ser indiferente a brincar com as bolhas ao som da música. - 

 

Amora observou a reação de Mirian que estava sendo exibida em um dos telões. Ela claramente ansiosa por cada uma das observações e ainda era possível notar a apresentação, que para Amora significou que ela não tinha certeza se apresentação foi boa.

 

 

— Eu não dei uma boa nota! - Lance começou a falar. - Diante do que fez aqui, não foi possível dar nota alta em nenhum dos critérios que me foram pedidos para analisar.  - Lance pareceu bem contrariado com aquilo.- Então, preciso fazer um elogio, para compensar a nota baixa. - Uma pausa longa. - Como Mestre Pokémon eu não tenho apenas a habilidade de batalhas, possuo uma série de outras que envolvem de arte pokémon a estudos de interação. E a interação junto ao pokémon chamou a atenção. Posso notar que não existe uma afinidade significativa entre os dois, seu pokémon sequer olhou para você desde que começaram a apresentação até agora que terminou. Ainda assim ele fez tudo o que combinaram. Existe sim algo interessante entre os dois que eu não pude pontuar. - Lance pareceu realmente perturbado com aquilo.

 

Amora prestava atenção tudo aquilo, de alguma forma inexplicável os comentários sempre eram interessantes. Estava pronta para explodir, mas conteve-se ao ver que os aplausos começaram com a saída do palco de Mirian e seu Farfetch'd.

 

Essas filosofias e visões que os Mestres pokémon possuem só complicam minha vida. Suspirando Amora lembrou-se de quando seu pai falou que ia basear sua forma de agir com ela numa conversa que teve com um Mestre POkémon.

 

Mestre Pokémon é um título concedido ao treinador que vencesse outros Mestres Pokémon em um duelo oficial. Logo, era para ele ser Mestre em Batalhas, mas Lance parecia pensar diferente. Ele dizia que um Mestre Pokémon era mais do que um especialista em batalhas, possuía várias outras habilidades do mundo pokémon.

 

Será que vale o mesmo para Top-Coordneadores? Faria sentido que um Mestre Pokémon, a julgar pelo nome, conhecesse tudo, ou muito, sobre pokémon não limitando-se apenas a batalhas. Mas, por que Top-Coordenadores saberia de tantas outras coisas?

 

Uma inquietação surgiu em Amora que mal viu o tempo passar. Sua apresentação passou quase no automático e por sorte era algo tão ensaiado que realmente faria de olhos fechados.

 

Poeira de Estrelas era uma técnica na qual ela misturava o Shift, que jogava inúmeras estrelas para o alto e após usava ventos para mantê-las rodando de um lado para o outro deixando que o pokémon fosse banhado pelo rastro luminoso que as estrelas deixavam sair e cair por onde passavam. A dança que as estrelas faziam em pleno ar era enebriante para quem via o dourado e impressionava pelo tempo que um golpe conseguia ficar ativo sendo manipulado por outro. As estrelas se esfarelavam diminuindo a cada movimento, restando apenas apoeira de estrelas que aia sob o palco e o pokémon.

 

— Simples, mas eficaz. Destaco o poder da técnica que ficou ativa por tanto tempo e o controle que tem sobre a segunda técnica que usa para manipular a primeira. -

 

Amora sorriu, mas pouco se importou com o comentário curto de Lance. A apresentação já havia sido feita antes e sem o Senhor Sukizo para ficar falando se era original ou não, o perigo de uma nota baixa por repetição de apresentação era pouca.

 

— Artisticamente atraente! Com tão pouco mostrou o quanto seu pokémon é poderoso e aproveitou bem o ambiente escuro. -

 

E se o comentário de Lance havia sido curto, Juan Pierre havia sido ainda mais econômico. Isso significava que ela poderia estar ganhando uma boa nota, mas não havia empolgado os jurados. Ainda cogitava o cansaço e desgaste da maratona, mas definitivamente Amora não acreditava que havia empolgado.

 

— Aperfeiçoou muito bem essa apresentação. - Foi o comentário de Érika que fez Amora suspirar e preparar-se para sair do palco. - Imagino que essa seja uma essência da coordenação que muitos não valorizam mais. Você vem, apresenta algo após vários dias de treino e depois joga aquela apresentação fora. Definitivamente, se falamos de arte ela precisa continuar sendo mostrada, melhorada e aperfeiçoada. Se você fala de esporte, talvez o descarte seja ainda mais estranho pois todo o esportista tem seu repertório favorito e repeti-lo para mostrar o quanto ele é perfeito e eficaz é sim necessário. -

 

Ela... Ela realmente entende o que eu fiz? Amora arregalou os olhos parada em cima do palco. Já havia recolhido seu pokémon e não esperava nenhum comentário longo ou que realmente valoriza-se o que ela valorizava nas apresentações.

 

Treinava seus pokémon para serem perfeitos e possuía uma série de apresentações que vinha aperfeiçoando a cada passo. Ela ousava repetir apresentações de tempos em tempos, conforme a necessidade, para mostrar que ela estava melhor e mais afiada. Era arriscado, mas se aquilo era arte, não podia simplesmente descartar a apresentação posteriormente.

 

— Não precisa sair minha querida... pois já temos os resultados e você passou! - Elliot Gray apareceu no palco falando animado e impedindo que Amora Amada, que caminhava para sair do palco, saísse. - Nossos 16 classificados são esses. -

 

Outras quinze pessoas foram erguidas e todas levadas para o palco em velocidade. As pessoas aplaudiam e acabaram sendo perfiladas na ordem de classificação, onde muitos surpreenderam-se por ver que o Mestre dos Espelhos havia ficado com a décima sexta posição e Laris estava como a primeira daquela fase.

 

— Conseguimos! -

 

Amora virou-se para o lado direito e viu Tommy pulando animado na quinta posição. Ela estava em décima terceira e sorriu acenando para ele feliz pelo desempenho dele. Mas, ao correr os olhos para todos a sua direita franziu o cenho e voltou-se para sua esquerda.

 

— Onde está Mirian? -

 

Ela berrou tão alto que todos olharam para ela. Não era novidade que a menina queria a chance de derrotar a Miller pessoalmente, mas estressar-se por ela não ter passado parecia um pouco anormal.

 

— Bem... não é comum. - Elliot Gray. - Grande coisa, nada é comum aqui! -

 

A voz do Mestre de Cerimônias estava num tom divertido bem diferente do habitual. Ele olhou para o telão e em segundos  o rosto dos quarenta e quatro não classificados apareceu em ordem. Mirian havia ficado em vigésima.

 

Amora conteve a vontade de gritar. Novamente a chance de enfrentá-la escapava por seus dedos.

 

— Tente ficar calma! Deveria ficar feliz porque você se classificou e ela não. Não a prova maior de que você é melhor que ela. -

 

A voz de Tommy fez  Amora sorrir por alguns instantes.

 

— Mas, ainda me sinto frustrada por ela não ter passado. É quase como se eu achasse injusto. - Amora disse meio incerta. - Não é como se eu tivesse gostado da apresentação dela, mas... - Amora parou de repente de falar e encarou Tommy. - Por que está do meu lado? -

 

Tommy fez que não sabia. Amora olhou e viu que algumas pessoas eram reposicionadas pelos poderes telecinéticos do pokémon de Gray e então ela ficou alarmada. Olhou para o telão e via algo que ela não esperava.

 

— E essa é a chave de batalhas para esta tarde. Descansem pois vocês vão ver um show desses coordenadores. -

 

Tommy finalmente havia compreendido a situação que Amora percebera anteriormente. Eles se enfrentariam na próxima fase.

 


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Notas finais do capítulo

Alguma opinião sobre Amora?