Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 01: Alma de Coordenara Pokémon

A penumbra e o silêncio dominaram o ambiente. Um estalo de dedo foi escutado e um brilho rosado surgiu timidamente. Era como um rosto feito de luz sorrindo em meio a escuridão que começou a ir de um lado para o outro enquanto pontos luminosos caiam de seus olhos como lágrimas, deixando um rastro de luz branca por onde passava.

A coloração rosa foi ganhando um brilho branco mais intenso e o rosto luminoso foi ganhando traços, cada vez mais nítidos, revelando um pokémon voador inseto chamado Butterfree. Um belo inseto pokémon da família das borboletas que possuía uma coloração rósea em suas asas.

Aos poucos todo o palco foi sendo iluminado e com isso, abaixo de Butterfree, surgiu uma figura de estatura mediana, casco amarronzado, corpo azulado com espécies de orelhas felpudas. O pokémon tartaruga parecia confiante e não demorou, com bastante cuidado, a fazer um bico do qual saiu uma bolha d’água. Ela começou a flutuar e todos perceberam o inseto alado agitar as asas e a bolha começar a ir em uma direção. Uma segunda bolha foi criada, sem nenhum esforço e uma terceira e quarta, variando em tamanhos, surgiram em sequência. Todas sendo levadas pela corrente de vento que era produzida pelo pokémon que ainda brilhava e iluminava o local.

O palco foi cercado por diversas bolhas que pareciam espalhadas de forma aleatória. A luz do movimento Clarão começou a diminuir até o nível que gradativamente as bolhas estavam desaparecidas em penumbra e Wartotle, o pokémon aquático que produzira as bolhas, desaparecera novamente nas sombras. O rosto feito de luz rosa voltou a surgir.

Um pulsar de iluminação mais forte e uma bolha colorida surgiu em meio a escuridão em instante ela explodiu em um tom audível para todos. Outro pulsar do rosto luminoso, criado por Butterfree, com uma intensidade diferente e outra bolha surgiu em uma outra cor e assim que ela estourou todos perceberam que o som foi em um tom diferente. Um terceiro pulsar em uma terceira intensidade de luz e uma nova bolha de nova cor surgiu e logo estourou em pleno ar em um terceiro tom diferente.

Ocorreu uma pausa e então Butterfree começou a fazer seu rosto luminoso aparecer e desaparecer em diversas intensidades de luz e velocidade. Quem dissesse que isso acontecia de forma ritmada acertaria. As bolhas iam ganhando colorido e à medida que estouravam uma melodia ritmada ia surgindo por meio daqueles diversos sons.

Luzes coloridas. Batida ritmada. Butterfree e Wartotle estavam transformando o palco em uma verdadeira boate onde só faltavam as pessoas dançando. Era possível ouvir os aplausos ritmadas e gritos empolgados de quem encontrava-se na plateia. De repente, tudo ficou escuro e apenas os aplausos ritmadas e gritos, provindos da plateia eram escutados dando fim a apresentação.

— Caso tenha acabado de sintonizar neste canal e ainda está perdido, eu sou Alma e você está assistindo Alma de Coordenadora Pokémon, seu programa semanal sobre coordenação e arte com pokémon. –

Cabelos longos e rosados, presos em um rabo de cavalo, um vestido vermelho da mesma cor de seu batom e sandálias. Mas, nada daquilo chamava mais atenção que sua altura de 1,90 que em nada lhe deixava robusta ou esquisita já que sua pele era visivelmente macia e tinha muitas feições delicadas, ou seus olhos de coloração violeta claro.

— Acabamos de curtir Park Evan, cantor e músico que utiliza pokémon como instrumentos musicais. - Os lábios carnudos demonstraram um sorriso belíssimo, cheio de dentes brancos e brilhantes. – Um homem acenou para a plateia e em seguida Butterfree e Wartotle fizeram o mesmo. - Normalmente agora seria a hora de chamar o quadro Desvendo Apresentações, mas vamos dar um desconto para Park! -

Sim, Alma Alburg era uma mulher bela que conquistou um programa próprio com versões em várias regiões após sagrar-se como uma das maiores TOP-Coordenadoras da atualidade. Uma de suas maiores habilidades era reproduzir, ou ao menos indicar como fazer, qualquer apresentação de coordenação que ela visse. Com isso o quadro mais famoso e esperado de seu programa era Desvendando Apresentações, onde uma apresentação era exibida e em seguida ela dizia como era feita, chegando ao absurdo de algumas vezes, se possuísse os pokémon adequados, replicar. No entanto, nunca fazia-o se a apresentação estivesse sendo feita ao vivo sem seu programa para não criar atrito com seu convidado.

Os aplausos seguiam após aquela exibição a parte, era a quinta música que Park Evan fazia diante dos olhos da plateia e estavam todos empolgados, já que desta vez foi feito de forma a parecer uma apresentação de concurso. Alma caminhou pelo palco, durante a agitação da plateia, em direção a algumas poltronas onde duas outras pessoas encontravam-se. Eram suas outras convidados do dia.

— Vamos aplaudir, Ingrid Dyen, vinda diretamente de Kalos para mostrar o que é uma Pokémon Performer. -

A jovem sorriu fazendo uma pequena reverência.

— E finalmente, a pessoa que participará do último quadro, Direto com o Público. - Alma deu um pequeno sorriso sacana enquanto sua última convidada pareceu desconfortável. - Mirian Miller, uma coordenadora pokémon que desapareceu por 5 meses e recentemente surgiu como autora de um livro que está batendo recordes de venda e provavelmente virará Best Seller. -

Cabelos castanhos curtos na altura do queixo trajando uma roupa até elegante. Mangas compridas, calça folgada, tudo o que normalmente as pessoas viam usar. Mas, ainda assim pouco à vontade com elas.

Mirian Miller era uma jovem de 16 anos que havia saído de casa para se tornar coordenadora pokémon e tentar ganhar uma taça antes do final do ano, para homenagear sua mãe doente, que passaria por uma cirurgia no final de novembro. Acreditava que tudo seria fácil, mas viveu tantas desventuras que acabou presa durante quatro meses após descobrir que sua mãe mentira a vida toda para ela. Ninguém sabia de sua prisão e aquela era a segunda vez que estava diante de tanta gente após ter sido libertada.

— Será apenas um telespectador que poderá conversar com você sobre qualquer coisa durante dois minutos, então se prepare porque você está em Direto com o Público. -

Ao dizer aquilo Alma levantou a mão e um leve som de telefone em chamada foi escutado. Dois toques depois uma voz feminina e animada surgia do outro lado da linha.

“Alô? Consegui!”

— Sim você conseguiu! Você está em Alma de Coordenadora Pokémon e basta identificar-se que terá a oportunidade de conversar com Mirian... - Alma começou a falar, mas foi interrompida bruscamente pela pessoa do outro lado que disparou a falar.

“Sou Amora! Coordenadora com quatro fitas na temporada de Concursos de Kanto e não tenho pergunta alguma para esse verme que estão chamando de escritora talentosa. Eu tenho apenas um desafio! Saia deste buraco onde se escondeu nos últimos meses e volte para os palcos para que eu possa chutar a sua bunda magricela e patética! Não se preocupe que assim que eu acabar com você a jogo de volta no mar feito oferenda! Covardes nos palcos não tem vez sua filha da...”

O som característico de ligação encerrada foi escutada diante das expressões assustadas da plateia e convidados. Talvez somente Alma conseguira manter alguma classe durante aqueles segundos de insultos. A própria Mirian pareceu aturdida, mas nada que parece tê-la abalado.

— Sempre me disseram que eu deveria deixar filtrarem nos bastidores a ligação, mas nunca havia entendido o motivo. - Ela sorriu sem graça. - Desculpe-nos por isso. - Alma olhou para Mirian desculpando-se e conferindo se ela estava bem. - Vamos tentar uma outra ligação. -

Um burburinho começou na plateia e não era para menos. Mirian era uma coordenadora que estava sumida dos concursos a 5 meses e recusou-se a responder a qualquer pergunta a respeito daquilo. Mesmo estando ali para falar de seu livro, o programa era sobre coordenação e ela era coordenadora.

“Pronto!”

A voz do outro lado foi escutada e Mirian pareceu arregalar os olhos diante as câmeras.

— Você está em Alma de Coordenadora Pokémon, falando para toda Kanto escutá-la, não pague mico! - Alma disse rapidamente rindo da situação anterior. – Diga seu nome a pergunta que tem para nossa entrevistada Mirian Miller que ela terá o prazer em responder, não é verdade? -

Alma virou-se para Mirian para que ela confirmasse, mas a menina estava estática. Talvez ninguém tivesse percebido que ao escutar a voz do outro lado do telefone, ela arregalou os olhos e parecia ter prendido a respiração, estava completamente paralisada e precisou que Alma tocasse em seu ombro para que ela saísse daquele transe.

— M-mãe? -

Mirian gaguejou a monossílaba que tentou emitir fazendo as pessoas ficarem confusas.

“Sou eu sim minha filha!”

A voz do outro lado confirmava o que apenas Mirian sabia até aquele momento, que a mãe com quem não falava desde que saiu de casa e foi a causadora de sua prisão estava do outro lado da linha.