Saviors of Aernas escrita por Shiramoto
— Ahh... ainda não acredito que perdi pra um bicho de estimação. Que vergonha.
— Não era um animal comum, Elesis.
— Pra alguém que enfrenta Ents e Gorgons sozinha, ainda assim é uma humilhação.
Depois da missão na torre da Wendy, Arme voltou à sua casa em Serdin e Lire convidou Elesis para ficar em seu aposento no castelo. A elfa era uma convidada da rainha, então fez o pedido de uma cama a mais em seu quarto ao saber que Elesis pagava pela própria estadia na cidade.
— De qualquer forma... se sente bem, agora?
— Sim. Já estou bem melhor.— a espadachim girou o ombro e esticou o pescoço pra relaxar os músculos - Será que vamos ter uma revanche?
— Acredito que não... E aliás, eu não teria coragem de dar meu máximo contra a fofa da Wendy.
— Fofa?
Sentadas em suas camas, Lire sorria e Elesis olhava para ela com uma sobrancelha erguida. Sem o cachecol, a jovem loira mostrava seu rosto angelical, e de corpo parecia mais jovem que a ruiva, que tinha 15 anos.
— Uh... deixa pra lá. Então quer dizer que você veio de Eryu...el? Fica em Vermecia?
— Sim, Eryuel. Pertence ao continente, mas é uma terra longíngua, ao sul. Poucos conhecem porque interagimos pouco ... ou melhor, eles interagem pouco. Sempre evitaram as guerras.
— Sua cidade é independente, então. Ninguém compra briga com eles, e eles não compram briga com ninguém.
— Em termos simples, é como você diz.
— Então por que você veio pra cá? Não creio que seja o desejo deles participar de uma guerra, e... aliás, acho difícil nossa gente comprar briga com os elfos.
— Vim porque ... me preocupei com a situação de Serdin e Canaban.
— Mas... só você?
— É... eh...
Lire desviou o olhar. Afirmou que tinha vindo sozinha para Serdin, mas não prosseguiu para dizer o porquê.
— É... desculpe. Acho que me empolguei com as perguntas.
— Não, está tudo bem. Arme foi um pouco mais ousada nisso.
— Ela realmente adora elfos, então?
— Não necessariamente, ela... só é curiosa mesmo.
...
Na manhã seguinte, as três meninas foram convocadas ao salão do trono. A rainha Ennaruvui foi saudada pela comandante Lothos, que anunciou as três integrantes da nova equipe, diante dos guardas reais e nobres que estavam espalhados pelo salão. A rainha se pôs de pé diante do trono, e fitou as três jovens, que estavam em um patamar abaixo.
— Saúdo vocês, jovens guerreiras, que se dispuseram a servir os reinos de Serdin e Canaban em prol da paz e segurança. Estendo minha saudação às terras élficas, que compreendem sobre a paz e prosperidade de todas as raças de Ernas.
Lire fez um leve gesto com a cabeça conforme a rainha olhava na direção dela.
— A longa guerra que assolou as duas cidades de Vermécia e suas vizinhanças foi causada por uma traição na família real do reino de Canaban. Seu nome... passou a ser Cazeaje.
A rainha fez uma pausa incômoda de alguns segundos antes de prosseguir. Seu rosto estava ficando mais e mais entristecido. Elesis cerrou os punhos discretamente.
— Comandante Lothos.— chamou em voz baixa, abaixando o olhar.
A loira, vestindo uma distinta armadura vermelha, caminhou até o trecho entre o patamar da rainha e o das jovens. Sua mão esquerda repousava sobre a empunhadura de seu florete, também no lado esquerdo do corpo.
— Cazeaje deixou traços de sua magia ao redor de Vermecia. Acreditamos que os monstros estejam se fortalecendo por causa disso, e como medida preventiva nomeamos hoje uma equipe que irá perseguir os rastros de magia. Da academia de magos Violeta, Arme Glenstid.
— Ás suas ordens, majestade.— Arme deu um passo à frente.
— Contamos com você para encontrar os rastros da magia negra de Cazeaje.
— É uma das minhas especialidades. Podem contar comigo.— a jovem maga de cabelos violeta se curvou com um sorriso presunçoso, e a rainha deu um leve sorriso.
— Representando as terras élficas, Lire, de Eryuell.— Lothos continuou.
— Será uma honra lutar pela paz dos povos.— disse, com uma breve reverência – Juro que farei tudo ao meu alcance nesta nova equipe.
— E de Canaban, Elesis Sieghart.
Elesis olhou levemente incrédula para Lothos, e os guardas e poucos nobres presentes se entreolharam. Um breve cochicho pôde ser ouvido devido ao nome Sieghart ser extremamente conhecido. Elesis bateu o punho direito contra o peito e pisou no chão como se estivesse em formatura. O barulho calou os presentes brevemente.
— Estou disposta a proteger os reinos e restaurar a paz, em nome de minha família.— respondeu firmemente.
A rainha levantou o rosto. Eram três integrantes, cada um de um reino, mas não era só isso. A rainha sentia força de espírito nas três, que apesar de jovens já se demonstravam prodígios em suas áreas de combate e extremamente virtuosas.
— Eu, Ennaruvui Serdin, na nova aliança com Annyumena Din Kanavan, nomearei as senhoritas Arme, Lire e Elesis as integrantes da nova equipe que seguirá os rastros de Cazeaje. O grupo será chamado... Grand Chase.
Um medalhão dourado com os brasões de Serdin e Canaban foi entregue para cada uma das jovens. Os breves aplausos ocorriam, mas era possível ouvir uma comoção se iniciando no fundo do salão. Logo as portas são abertas, e um homem alto e loiro entrou no recinto.
Os guardas que estavam do lado de dentro o agarraram, mas ele se debateu violentamente.
— Elesis!!— gritou ele. A ruiva, que já via a cena, não deixaria isso acontecer assim.
— Guardas. Liberem-no. É assunto meu.
— Que ousado!— Arme comentou, incrédula.
A ruiva andou a passos firmes em direção a ele, e ele fez o mesmo quando os guardas o soltaram.
— Chegou em grande hora, hein, Gerard?
O loiro olhou ao redor e reduziu o volume de sua voz. Mas o silêncio permitia que o som fosse escutado por vários dos presentes.
— Em boa hora? Canaban inteira está te procurando, e você veio aqui falar com os nobres serdinos?
— Não pode esperar a cerimônia acabar? Já falo com você.
— Você não devia estar aqui, em primeira instância!
Gerard segurou a mão de Elesis, mas ela fez um movimento pra se separar dele.
— Gerard. Estamos diante da rainha! Não perde a paciência!
E ele olhou para a ruiva. Ela ainda era mais baixa que ele, cerca de 25 centímetros, mas diferentemente do costume, ela parecia comportada.
Gerard olhou para a rainha e depois passou o olhar pelos outros que estavam no salão. Ele realmente tinha passado da linha, afinal.
— Peço perdão pela minha intromissão.— Ele se curvou em direção à rainha, e fez um gesto para que Elesis o encontrasse do lado de fora. Ela o encarou, gesticulando para ele sair depressa, e os nobres voltaram a cochichar.
— Irei perdoar a atitude de seu companheiro de Canaban, senhorita Elesis.— a rainha elevou a voz, e os nobres se calaram.
— ... estou grata.— disse a jovem, com os ombros pesados.
...
— Você deixou os Cavaleiros Vermelhos sem liderança. Saiu sem avisar, sem dar explicações. Como você acha que eu fiquei, sendo o segundo em comando?
— Se quer tanto a liderança, por que não fica pra você logo?
Arme estava se aproximando dos dois canabanenses, para ouvir a conversa, mas Lire a puxou, em meio a protestos da maga.
— C... como assim?!— Gerard gesticulou excessivamente - Você reinvindicou a liderança, e agora está jogando fora?
Elesis olhou para o chão, movendo a cabeça em negação. Se segurava para não jogar tudo para o alto, mas estava falhando quanto a isso.
— Eu quero buscar meu pai.
— Elscud? ... Olha, se a equipe de seu pai foi pega, de que adianta você ir atrás e ser pega também?
— Eu não vou falhar! E eu sei que levar a tropa de Cavaleiros Vermelhos deixará a proteção de Canaban desfalcada, então eu preferi sair por minha conta!
— Sem avisar?
— Eu anunciei aos generais as minhas intenções, mas eles me reprovaram! Eu tive que sair às escondidas.
Gerard cruzou os braços, ainda olhando para ela. Ele era visivelmente mais musculoso que a ruiva, tanto que seria difícil apostar na mulher caso os dois travassem outro duelo. No último que ocorreu, a vencedora foi Elesis.
— Por favor, não diga a eles que estou aqui.
— Acredito que isso seja tarde demais.
Elesis suspirou, e o homem continuou.
— Eles já sabem que você está aqui, e eu tive a ordem explícita de levá-la de volta.
Elesis fechou o rosto, enraivecida, contrariada. Não queria ir para Canaban agora que tinha uma equipe, agora que poderia seguir os rastros que a levariam até seu pai.
— No entanto, se você agora faz parte de outra equipe, isso te desvincula do seu cargo nos cavaleiros vermelhos.
A ruiva ergueu os olhos aos que a encaravam de maneira séria. As entrelinhas diziam claramente. Faça uma escolha.
Seguir como líder dos Cavaleiros Vermelhos, cargo adquirido com grande suor e almejado desde sua infância, ou seguir junto a duas mulheres, um trio recém-formado, a uma missão com altos riscos de falha.
Relutantemente, respondeu. – Eu vou ficar na Grand Chase.
Gerard fechou os olhos, desviando levemente a cabeça para cima e para a direita. Respirou fundo. – Então essa é sua escolha?
Elesis confirmou com um som anasalado, e balançou a cabeça. – Eu gostaria que você ocupasse meu lugar.
Ele franziu as sobrancelhas, voltando a olhar diretamente pra ela.
— Era seu sonho também, não era?
Elesis dava um sorriso, mas Gerard percebeu que o rosto contente da ruiva era apenas uma casca para outras emoções, pois conviveu por muito tempo com sua rival. Ele desviou o olhar.
— Se ... se você assim diz, eu serei o novo líder.
— A... ahaha... gaguejou!
O homem franziu a testa, não achando graça alguma, mas não conseguiu impedir que seu rosto ficasse vermelho. Ela achou um motivo para rir dele em meio a séria situação.
— Ora sua...
— Ahaha ahaha~! Você está vermelho!
Elesis deu um soco contra o peito de Gerard enquanto ela ria, o que fez o tronco dele girar para a esquerda de leve e dar um passo pra trás. Ele limitou-se a dar um facepalm por conta da reação dela.
— Boa sorte com sua nova equipe.— finalizava enquanto se virava para sair - Mas não se esqueça de se apresentar em Canaban para formalizar tudo.
— Ok, vou passar por lá.— acalmando a risada aos poucos, respondeu enquanto ele ia embora, enxugando as lágrimas que resolveram cair.
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