Zona Morta escrita por Mitchece


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

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Quando o dia se foi, tudo nas ruas foi tomado. Estava mais frio. As janelas da casa estavam pintadas de preto. Não se podia ver nem um milímetro além do vidro. Todos olhavam completamente boquiabertos para a cena. Fillipe correu até o interruptor de luz da sala e acendeu, aliviando a escuridão ali de dentro. Eles olharam ao redor e todas as janelas ou qualquer superfície que permitia uma visão para o exterior estava negra. Toro não parava de latir olhando para a porta que dava para o pátio. Às vezes rosnava nervoso. Léo correu até ele e segurou seu corpo, fazendo carinho, mas o nervosismo do cão não passava.

— O que é isso...? – Fernanda perguntou, mas ninguém respondeu de imediato. Seus dentes batiam de medo enquanto as palavras tentavam sair de sua boca.

Toro começou a latir mais forte, e desta vez ia de um lado para o outro, corria da sala de TV para de estar, para a cozinha, para a janela grande da escada.

— Toro, quieto! – gritou Fillipe, mas o cachorro o ignorou. Tentou segurá-lo para conseguir conter a extravagância do animal, mas não conseguira e deixou-o solto. Depois de um tempo parou de latir, mas ainda caminhava para lá e para cá com a cauda nervosa.

— O sol – Otto perguntou aproximando-se de uma das janelas altas da sala de estar – se apagou?

— Não. A nuvem desceu, você não viu? – Clarice respondeu pondo-se ao lado dele. – Ela ficou negra e desceu.

— Se o sol tivesse se apagado, a gente estaria congelado agora – palpitou Léo voltando para a sala de estar. – Está frio, bastante, mas não para tanto.

— Se fosse uma nuvem – Miguel foi até outra janela – entraria pelas frestas, não?

— É, acho que sim.

Miguel colocou a mão lentamente sobre o vidro e disse:

— Está frio, muito frio.

— Gente... – murmurou Fernanda. Ela estava grudada numa parede, na defensiva, cada vez recuando-se mais no seu próprio eixo. Seu rosto era de um pânico prestes a estourar – Eu não estou gostando disso.

— Primeiro pássaros caem congelados do céu – Otto recordou -, depois surge uma tempestade anormal, e por fim, uma nuvem negra tampa tudo lá fora. Eu... Não sei o que pensar.

Fillipe levantou o braço enquanto os amigos falavam entre eles. Sua mão rumou vagarosamente em direção da maçaneta da grande porta de entrada da casa. Tocou-a e então começou a girar. Ele estava vidrado. Tinha medo, mas precisava ver o que havia lá fora.

Algo apertou a sua mão com força e puxou-a para trás, impedindo de terminar de abrir a porta. Seu corpo cambaleou, quase o fazendo cair de costas ao perder o equilíbrio.

— Você é idiota? – perguntou Miguel bravo. Estava de pé entre Fillipe e a porta.

Fillipe olhou meio abobado para ele, recompondo-se.

— Eu... Só queria ver o que é isso.

— Pode ser perigoso, cara! – Miguel exaltou-se mais ainda.

— Calma, cara, não precisa de tanto - disse Otto indo para perto de Miguel. – Ele só tava curioso. Foi idiota? Foi, mas não precisa ficar assim.

Miguel encarou Otto e desfez sua cara amarrada.

— Ok, desculpa. Eu to com medo, acho, só isso.

— Mas ele tem razão – interveio Clarice. – Pode ser perigoso lá fora. Talvez isso entre aqui dentro, pode fazer mal.

— Essa nuvem, ou... coisa – opinou Léo ajudando Fillipe a sentar no sofá -, ela pode fazer mal, ou congelar a gente.

— E se foi essa coisa que congelou aqueles corvos? – palpitou Otto.

— Mas não tinha nada no céu quando eles caíram! – Miguel exaltou-se novamente.

— Você quer buscar lógica nisso tudo ainda? Eu não sei você, mas não vejo nenhuma sequer – Otto respondeu numa boa.

— Ok – ele respondeu seco.

— E as pessoas lá fora? Elas estão bem? – Fernanda perguntou preocupada.

— Espero que sim – respondeu Léo. – No mínimo elas estão perdidas sem conseguir enxergar nada.

— Então a gente não deveria ouvi-las, sei lá, gritando, pedindo ajuda, indicação? – Fillipe sugeriu. Seu argumento era bom, mas um fato cruel que fizera todos se calarem por um momento. Não vinha nenhum som humano lá de fora, apenas de vento, mas mais leviano que os que precederam a escuridão.

— A maioria delas pode ter corrido para casa se abrigar quando viram a coisa descendo – Léo tentou acalmá-los -, relaxem. Não vamos imaginar situações ruins para nos amedontrar.

Toro continuava agitado. Peregrinava da cozinha para o andar de cima diversas vezes.

Fernanda não estava com uma cara muito boa. Ela recolheu-se ao canto do sofá e mexia constantemente nas unhas da mão como forma de nervosismo.

— Eu entendo que estejam com medo, mas devemos manter a calma – Clarice pediu olhando para todos e indo até Fernanda para sentar-se ao seu lado -, ficar bem e esperar isso passar. Tentem ver os sinais dos celulares ou televisão de novo.

Clarice abraçou Fernanda. Ela respondeu o afago se acomodando no colo da amiga.

— Ela está bem? – Léo perguntou olhando para a expressão de Fernanda.

— A Fernanda tem certo medo de escuro – Clarice respondeu. – Tem os motivos dela.

— Hum – o garoto soltou, entendendo que não deveria continuar questionando.

— Nenhum celular funciona – Miguel comentou guardando seu aparelho no bolso.

— A televisão nem ao menos liga – Otto depositou o controle no braço do sofá.

Poucos segundos depois, Toro retornou a latir. Desta vez estava parado, olhando fixadamente para um deles. Latia incessantemente para Miguel, que o encarou com estranheza.

— Toro! – Léo pediu com raiva, exigindo obediência do animal. – Pare com isso!

Mas o cachorro não parou. Inclusive, avançou contra o peito de Miguel, que caiu para trás com uma força considerável. Ele soltou um grunhido ao bater a cabeça no chão e pôs a mexer os braços contra Toro, que tentava mordê-lo no rosto. Clarice e Fernanda levantaram-se assustadas do sofá para ficarem longe da cena.

Léo correu até a briga, segurou Toro pelo corpo e tentava puxá-lo, mas o animal era mais forte. Ele gritava ordens para ele soltar o garoto, mas continuava tentando feri-lo, arranhando seus braços lívidos até tirar sangue, mas seu real alvo era o rosto, que tentava abocanhar. O hálito quente do animal batia no rosto de Miguel e causava0lhe tremendo desespero. Depois de um tempo tentando, Léo conseguira afastar, mas Toro continuava latindo para Miguel, que se levantou rápido do chão e foi para trás de Otto e Fillipe, afobado e assustado.

O irmão mais velho de Fillipe mantinha, por enquanto, Toro sobre seu domínio com um abraço forte. Ela arrastou-o para longe do sofá da sala, em direção contrária da entrada da casa. Toro rebatia-se para tentar se livrar dos braços e latia incansavelmente para Miguel, exigindo de Léo uma força cada vez maior, até que Toro dera uma investida tremenda para se soltar. Léo conseguiu contê-lo ainda em seu abraço, mas a força que aplicara o rebateu para trás. O cão, em seu colo, levantara-se do chão. O jovem servira de polia para o animal, girando o corpo. O cotovelo de Léo, junto com o corpo de Toro, chocou-se conta os vidros negros da porta que dava para o quintal da piscina. O som de estilhaços se formando espalhou-se pelo cômodo.

A escuridão entrou pelo buraco da porta rompida e invadiu o ambiente com uma velocidade infernal.


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Notas finais do capítulo

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