Nenhuma câmera poderia registrar o corpo dele dançando naquela pista escura, dançando enquanto o encarava, parecendo um tigre prestes a devora-lo depois de uma longa caçada.

A luz artificial lhe mostrava vários tons, o fazia ser envolvido pelo clima da música e dançar naquele curto espaço que tinha em meio a tantas pessoas, essas que se remexiam, agarravam-se e entregavam-se ao desejo de soltar-se.

Chegava a ser poético, depois de tanto tempo longe da "Fada da Rússia", Otabek Altin admirava de longe, bebericava o drink pago por quem já suspeitava, mas não desconfiava de ser alterado, conhecia o outro o suficiente para que isso não acontecesse.

O cabelo loiro preso num rabo de cavalo, poucas mechas soltas grudavam na pele suada, essa que brilhava pela luz laranja e vermelha, ambas atribuindo mais beleza dele.

O Altin sentia o incomodo no meio das calças, mas sua expressão neutra não mostrava nada, preferia não provocar a fera.

Aquela balado não era perigosa, não tinha nenhum enxerido e além do mais, havia as portas do fundo para escaparem, Yakov não descobriria que um dos seus melhores patinadores a qual treinava tinha escapado.

O corpo dele parecia poesia, Otabek queria se juntar a ele, mover-se e dançar colado a ele, encarar aquele olhar verde e beija-lo antes de deixa-lo falar algo para lhe provocar, atiça-lo mais do que fazia.

Não tardou a fazer, levantando e seguindo Yurio, afastando as pessoas de seu caminho, ignorando as que se aproximavam para dançar consigo, apenas observando a fada andando de costas para si, o olhando de soslaio e sorrindo provocador.

Eram tantas as vezes que ficavam naquele joguinho que perdera a conta, apenas seguia o ritmo que Yurio colocava, conseguindo sentir as mãos segurarem agora seu pescoço e seu rosto ficar próximo a ponto de beija-lo de forma lenta, como se não beijassem a anos.

Não havia o desejo de luxuria para ser consumido, algo que não era condizente ao ambiente que estavam, era para se estranhar estarem tão devagar no que em outro dia poderia ter se afastado para terem privacidade, mas estavam na Rússia, não estavam em outro país.

De todas as vezes que entrou nas brincadeiras de Yurio, poucas delas o ritmo foi lento, mais carinhoso e tão paciente como agora, mas não iria reclamar porque não haviam motivos.