A loja de antiguidades era um dos últimos locais que pensaria para que pudesse esfriar a cabeça. Contudo, Ribeiro teve dificuldade de falar o que lhe vinha à mente, pois Lima tinha um sorriso bobo no rosto quando lhe sugeriu a ideia, e ficou ainda mais animada quando estavam de fato no lugar.

— Olha como essa vitrola é maravilhosa! Não tem nem peças faltando! A que meus pais tinham se desfez já há muito tempo... — Lima disse com uma inicial animação para tristeza ao fim.

— Quem é você e o que fez com a Lima irônica? — Ribeiro disse em um tom divertido.

— Ora! Nem parece que está sentindo a atmosfera do lugar! — Lima disse um pouco aborrecida. — O cheiro, o material! É como se estivéssemos em uma dimensão bem diferente, onde não precisamos nos preocupar de causar mal a ninguém, pois o que está feito está feito nesse passado que não existimos. É uma ótima sensação, pelo menos, para mim...

Lima lhe dava uma certeza de que realmente tinha feito algo do qual tinha se arrependido. Vê-la voltar a analisar a vitrola lhe causou um aperto no peito. Uma sensação familiar. Talvez não fosse mau ouvi-la de vez em quando.