Eu e mamãe estávamos sentadas, inalando os últimos raios de sol do dia e observando-o se pôr. Phil havia saído para beber com seus amigos, então estávamos só nós duas em casa. Mas antes de sair, Phil deu um selinho em minha mãe e depois beijou a minha testa, avisando que voltaria mais tarde com pizzas e refrigerantes. Sorri, vendo como meu padrasto era bom em nos dar espaço.

Amanhã seria o grande dia da minha mudança para Forks. Se existisse um medidor de sentimentos, ele com certeza pararia assim que sentisse os meus. Dentro de mim estava uma loucura de emoções: Saudade, felicidade, nervosismo, ansiedade e muito medo. Eu estava uma bagunça por dentro e quanto mais os dias foram se aproximando, mais meus sentimentos se agitavam e me deixavam super ansiosa. 

E como hoje seria o meu último dia aqui em Phoenix, decidi aproveitar o restinho de tempo que eu tinha com a minha mãe. No começo do dia havíamos ido fazer o que ela mais gostava: Compras. Apesar de não ser muito fã desse passa-tempo feminino, eu relevei e deixei que ela se divertisse comigo, gastando e me dando coisas que eu provavelmente nunca usaria. E isso era raro acontecer e já que estava acontecendo, ela fez a festa e pela primeira vez, eu não reclamei. Ela estava feliz apesar da tristeza que eu podia ver em seus olhos com a minha mudança. O dia correu bem com nós perambulando pelo shopping. E depois de um longo dia se divertindo, o último momento era esse: Observar o pôr do sol.

Eu sentiria saudades da minha mãe e de Phil, do calor e do sol, de Phoenix e dos meus amigos, mas essa mudança era uma coisa que eu precisava fazer. Sentia como se eu precisava de algo novo e morar com papai, era a forma que eu precisava para ter novas experiências.

Meus amigos até tentaram fazer uma festa de despedida, mas eles não me ouviram mesmo depois de eu ter recusado várias vezes. Minha mãe como sempre, lhes ajudou e quando cheguei em casa na quinta-feira, fui surpreendida por uma festa. Apesar de achar essa festa desnecessária, eu fiquei feliz e não iria estragar a diversão deles, então decidi aproveitar este momento sem reclamações.

E como eu havia previsto, nas semanas seguintes aos preparativos da mudança, mamãe me encheu de perguntas, querendo saber os motivos e se eu estava realmente certa desta decisão.

 — Você realmente tem certeza? — Ela perguntou, observando o fim de tarde no horizonte.

Eu já havia perdido a conta de quantas vezes ela me perguntara isto.

Eu revirei os olhos sem que ela visse.

— Sim, mãe e você não tem com o que se preocupar. Eu ficarei bem. — Tentei lhe tranquilizar. 

— Eu sei que você ficará bem, mas eu não quero que você fique infeliz como eu fiquei. — Seus olhos estavam distantes quando ela expressou seus pensamentos, provavelmente lembrando dos anos em que foi casada com meu pai.

— Mãe, relaxe, ok? Isto não vai acontecer. Vai ficar tudo bem. Dê uma chance, sim? Vai ser bom morar com meu pai. — Sorri, lembrando que era fácil estar com ele, pois nós não precisávamos preencher todo o nosso tempo conversando. A gente tem a nossa maneira de conviver um com outro sem ser aquela coisa completamente estranha.

— Tudo bem. — Ela se rendeu, me abraçando. Me aconcheguei em seu abraço e deitei minha cabeça em seu ombro. Voltamos a nossa atenção para o sol se pondo, com cada uma em seus respectivos pensamentos.

Eu estava ciente que mamãe sentiria muito a minha falta. Ela estava se controlando o máximo para não chorar, mas eu sabia que logo ela não aguentaria e choraria — e eu também.

— Eu vou sentir muito a sua falta, Bella. — Ela comentou depois de alguns minutos calada. 

— Eu também vou, mãe. Muito, muito mesmo. Eu te amo. — Eu disse, não conseguindo impedir que algumas lágrimas caíssem.

— Eu também te amo muito. — Ela disse com a voz tremula e eu podia sentir que ela estava chorando.

E sem mais conversa, observamos o sol se pôr completamente e as sombras nos alcançar.