Sob um Crepúsculo Diferente escrita por KitCat


Capítulo 11
Capítulo 10 - Convites (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Sem enrolação, então aqui está a Parte 2!



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O mês que se seguiu depois do acidente foi irritante, incomodo e muito embaraçoso... Eu continuei o centro das atenções pela escola toda e já não aguentava mais. Era muito desconfortável ter um monte de adolescentes curiosos para saber em primeira mão, a sortuda que eu era, por ter saído ilesa de um acidente.'

Neste tempo, eu acabei conversando mais com Lucas e descobrindo coisas que tínhamos em comum. Os avós dele moraram uma época na Califórnia, só que agora eles estavam morando em Seattle. Lucas contou-me também que seu esporte favorito é Basebol e que nos tempos livres gosta de treinar alguns arremessos com seu  pai. E quando lhe contei que o meu padrasto é um Treinador de Basebol e que ele já havia me ensinado alguns arremessos, ele ficou curioso e disse que adoraria ver isso. E ficamos de marcar algo em breve.

Estes momentos que trocamos algumas conversas foram poucas, mas foi o suficiente pra me sentir confortável, porque ele — assim como Angela — não faziam perguntas sobre o meu quase "acidente".

E como se não fosse o bastasse ter que lidar com tantas pessoas curiosas, eu também tinha que lidar com Tyler Crowley. Tyler estava impossível e nem mesmo Angela ou as poucas vezes que parei pra conversar com Lucas, eles não conseguiam tirar Tyler do meu pé. Ele me seguia por toda a escola, completamente obcecado por me recompensar de alguma maneira. Eu tentei convence-lo de que o que eu mais queria era que ele esquecesse o que aconteceu —  principalmente porque nada aconteceu comigo realmente. Mas ele parecia não me ouvir e continuou insistindo, me seguindo entre as aulas e sentando-se em nossa mesa — agora lotada — na hora do almoço. E para piorar: Mike e Eric eram ainda menos amigáveis com Tyler do que um com o outro — o que me deixou preocupada por estar ganhando outro admirador. Mas o que me intrigou ainda mais, era que ninguém pareceu preocupado com o bem estar de Edward, mesmo eu explicado milhares de vezes que ele era o herói, como ele me tirou do caminho e como também quase foi atingido pela van de Tyler. Eu continuei sendo convincente e as dúvidas só aumentavam, porque Angela, Jessica, Mike, Eric e Ben, sempre comentavam que nem sequer tinham o visto lá, até que a van de Tyler tivesse sido retirada do caminho.

Eu pensei comigo mesma, tentando achar uma resposta, de porque ninguém mais o havia visto lá, antes que ele estivesse impossivelmente salvado a minha vida. Com pesar, eu me dei conta da possível causa: Ninguém mais estava tão consciente da presença de Edward Cullen como eu estava. Ninguém mais lhe observava como eu. Era uma pena... Isso até me deixou com um pouquinho de inveja, porque ele nunca estava cercado de espectadores. As pessoas o evitavam como sempre. Os Cullen e os Hales sentavam-se na mesma mesa como sempre, sem comer e falando apenas entre si. Nenhum deles — especialmente Edward — olhou mais na minha direção. Quando Edward sentava perto de mim na aula de Biologia, tão longe quanto a nossa mesa permitia, ele parecia totalmente alheio á minha presença. Só de vez em quando, quando os pulsos dele se apertavam, deixando a pele ainda mais branca ao redor dos dedos, eu ficava imaginando se ele realmente estava mesmo tão inconsciente quanto queria fazer parecer. Será que ele desejava não ter salvado a minha vida? Era isso que eu pensava todos os dias e pra mim não restava dúvidas. Eu tinha tantas perguntas, mas como eu havia lhe dito que não iria mais pedir por explicação, eu decidi não pensar mais nisto, porque isso sempre acabava me deixando mal. Quando lhe contei o que havia decidido, eu achava que as coisas entre nós ficariam bem, mas eu estava errada... Depois de dizer oi e ser completamente ignorada, eu decidi lhe ignorar também. Eu fiz a minha parte e se ele não quisesse conviver amigavelmente comigo, era problema dele. Eu fiz o que achei certo e se ele queria se isolar, isso era problema dele também. Minha mente estava limpa e eu estava feliz com isso. Assim como ele estava me ignorando, eu também o ignorava. Eu nunca mais olhei em sua direção na hora do almoço e nem no estacionamento quando eu chegava ou quando eu ia embora. Eu só falhava miseravelmente quando meus amigos comentavam algo sobre sua família. Estes eram as únicas vezes em que eu direcionava a minha atenção para ele e sua família.

Os sonhos com Edward tinham cessado, mas para a minha infelicidade, eles haviam retornado. Esses sonhos eram sempre confusos e estranhos. Havia pouca luz e eu sempre acabava no meio da floresta escura. Os efeitos desses pesadelos sempre acabavam me deixando com olheiras e de péssimo humor.

Mike parecia estar satisfeito pela óbvia frieza entre mim e o meu parceiro de laboratório. Eu podia ver claramente que ele estava preocupado que o salvamento arriscado de Edward pudesse ter me impressionado. Mas isso pareceu deixa-lo aliviado por ter tido o efeito contrário. Ele ficou mais confiante e agora Mike sentava-se na borda da minha mesa para conversar comigo antes da aula começar. E assim como eu, Mike ignorava Edward tão completamente quanto ele nos ignorava.

A neve foi embora de vez depois daquele dia perigosamente gelado. Meus amigos estavam desapontados porque não teriam mais uma guerra de bola de neve. A chuva, porém, continuou pesada e as semanas foram passando...

Jessica havia me alertado de outro evento se aproximando. Ela me ligou na primeira terça-feira de Março, pedindo a minha permissão para convidar Mike para o baile de primavera, que aconteceria dentro de duas semanas.

— Tem certeza que você não se importa? Você não estava planejando convida-lo? — Ela insistiu quando eu disse que não me importava.

— Não, Jess... Eu não planejo convida-lo. Vá em frente e convide-o! — Eu lhe encorajei. 

— Mas então você já convidou alguém? Quem? — Ela perguntou, sem conter a sua curiosidade.

Eu revirei os olhos e sorri.

— Hum... Eu ainda não convidei ninguém... Ainda estou pensando sobre isto... 

— Bem, então pense logo. O baile está próximo e os garotos legais logo terão um par. — Ela aconselhou.

Depois que Jessica desligou, me vi pensando sobre convidar Lucas para o baile. Esse pensamento fez o meu estômago revirar e eu corei, imaginando eu o convidando toda desajeitada...

Será que alguém já havia o convidado? Pensei.

No outro dia eu estava surpresa que Jessica não estava sendo ela mesma em Trigonometria e Espanhol. Enquanto andávamos entre as aulas, ela estava quieta e eu estava com medo de perguntar o porquê. Se Mike havia recusado o seu convite, eu seria a última pessoa para quem ela gostaria de contar. E meus medos cresceram no almoço quando Jessica sentou-se tão longe de Mike quanto foi possível, conversando animadamente com Eric.

Enquanto Jessica agia estranhamente, não consegui evitar pensar que eu poderia correr o mesmo risco se demorasse mais a convidar o Lucas. Talvez não fosse a mesma situação com Mike, porque eu tinha um receio que algo deu errado por minha causa. Era difícil não me sentir mal, mesmo eu me repreendendo, dizendo que eu não havia feito nada. Mas talvez se eu tivesse dito logo a verdade para Mike que eu não via ele nada mais que só um amigo, isso não estaria acontecendo.

Fiquei distraidamente, com remorso pelo que poderia ter acontecido com Jess e Mike e ao mesmo tempo tentando tomar coragem para convidar o Lucas antes que alguém entrasse na minha frente e o convidasse.

E assim como Jess, Mike também estava estranhamente quieto. Ele ainda estava calado quando andamos pra aula de Biologia. Sua expressão desconfortável era um mau sinal, mas ele não tocou no assunto até que eu estivesse sentada e ele estivesse curvado sobre a minha mesa.

— Então... — Mike começou, olhando para o chão. — Jessica me convidou para o baile de primavera.

— Isso é ótimo, Mike! — Eu fiz a minha voz ficar contente e entusiasmada. — Espero que vocês se divirtam.

— Bem... — Ele examinou o meu sorriso, claramente descontente com a minha resposta. — Eu disse pra ela que precisava pensar...

— O quê? Porque você faria isso? — Eu deixei a desaprovação aparecer no meu tom, apesar de estar aliviada que ele não tivesse dado um não definitivamente.

O rosto dele estava vermelho quando olhou para o chão novamente e a piedade me deixou balanceada... 

— Eu estava imaginando se... Bem, se você estava planejando me convidar. — Ele confessou. Eu parei por um segundo, odiando a onda de culpa que passou por mim.

— É... olha, Mike, eu acho que você deveria dizer sim para Jessica. — Eu aconselhei.

— Por quê? Você já convidou alguém? — Ele perguntou em um tom exigente.

— Não.

— Por que não? — Ele insistiu e seu olhar foi de mim para Edward. 

— Eu ainda estou pensando sobre isto. Então não faça a Jessica esperar mais. Isto é muito rude, Mike. — Eu respondi e ele pareceu surpreso.

— Sim, eu acho que você está certa. — Ele murmurou e se virou, arrasado, voltando para o seu lugar.

Eu gemi e fechei meus olhos, cobrindo-os com as minhas mãos. Eu tentei pensar que eu não tinha culpa e nem como saber que isso poderia acontecer, mas foi em vão... Eu me sentia extremamente culpada. Eu realmente preciso fazer algo sobre isso pra não acontecer novamente. Eu suspirei e abri meus olhos quando o Sr. Banner começou a falar. Senti ser encarada e então olhei pro lado. Edward Cullen estava me fitando, cheio de curiosidade e com aquele mesmo olhar de frustração em seus olhos negros. Eu olhei de volta e esperei que ele olhasse rapidamente para longe de mim. Mas ao invés disso, ele continuou me olhando intensamente nos olhos.

— O que foi? — Eu questionei, erguendo uma sobrancelha e lhe encarando também.

— Sr. Cullen? — O Sr. Banner chamou, querendo a resposta para uma pergunta que eu não havia ouvido.

— O ciclo de Krebs. — Edward pareceu relutante enquanto se virava pra olhar para o Sr. Banner.

Agradecendo por essa brecha, olhei pra frente assim que estava livre de seu olhar, tentando prestar atenção na aula. Covarde como sempre, eu coloquei o meu cabelo sobre o meu ombro esquerdo pra esconder o meu rosto e evitar qualquer outro olhar pra ele. Eu não conseguia acreditar na onda de emoções que estava pulsando no meu corpo. Apenas porque ele olhou pra mim pela primeira vez em seis semanas. Eu não podia permitir que ele tivesse este nível de influência em mim. Era patético e muito idiota. Mas que patético, não era saudável, então eu fiz de tudo pra ele não se dar conta que eu me dava conta da presença dele pela hora restante.

Quando o sinal finalmente tocou, eu me virei de costas para ele e comecei a guardar os meus materiais dentro da mochila, esperando como sempre, que ele fosse embora.

— Bella? — Ele chamou e meu coração acelerou com a menção do meu nome. 

Surpresa e tentando não transparecer o quanto o meu coração reagiu, eu me virei devagar. Não queria sentir o que eu sabia que sentiria quando olhasse para o seu rosto perfeitamente glorioso. A minha expressão era cautelosa quando eu finalmente me virei para ele. Sua expressão era ilegível e ele não disse nada.

— O que foi, Edward? Você enfim decidiu falar comigo novamente? — Eu perguntei, acidamente e os lábios dele se contorceram, lutando contra um sorriso.

— Na verdade não. — Ele admitiu. Com raiva, eu me virei, ficando de costas para ele e fechei meus olhos.

— Então o que você quer, Edward? — Eu perguntei, sem olhar para ele. Era mais fácil conversar coerentemente com ele desse jeito.

— Me desculpe. — Ele pediu, parecendo sincero. — Eu estou sendo muito rude com você, mas é melhor assim.

Eu abri meus olhos e me virei, olhando para ele de novo. Seu rosto estava sério.

— Eu não sei o que você quer dizer... — Eu respondi, confusa.

— É melhor não sermos amigos. — Ele explicou. — Confie em mim.

Meus olhos se reviraram. Eu já tinha ouvido isso antes...

— Nós nunca fomos amigos, Edward. — Eu confirmei este fato, secamente.

— Você tem razão. Nunca fomos amigos. — Ele respondeu, friamente.

— Mas é uma pena que você não tenha descoberto isto antes... Você poderia ter se poupado de todo esee arrependimento...

— Arrependimento? — A palavra e o meu tom o pegaram de surpresa. — Arrependimento pelo quê? — Ele perguntou.

— Por não ter deixado aquela van estúpida me arrebentar! — Eu cuspi, deixando a minha raiva sair completamente.

Ele estava incrédulo e olhava-me com descrença. Quando Edward finalmente falou, ele parecia com muita raiva.

— Você acha que eu me arrependo de ter salvado a sua vida?

— Pelas suas atitudes até agora, eu sei que você deve estar arrependido.

— Você não sabe de nada, Bella. — Ele definitivamente estava com raiva.

Eu me virei rapidamente, prendendo a minha mandíbula pra não soltar de vez todas as acusações que eu tinha contra ele. Me levantei, peguei minha mochila e sai da sala sem olhar para trás, sentindo seus olhos queimando nas minhas costas.

Educação Física foi horrível. Nós estávamos jogando Basquete, mas a minha cabeça estava cheia da minha briga com Edward, o que dificultava ainda mais no foco. Tentei me concentrar nos meus pés, mas ele voltava a inundar os meus pensamentos quando eu mais precisava de equilíbrio, fazendo com que eu errasse a cesta.

Eu estava aliviada quando a aula acabou. Eu quase corri pro meu carro, mas como eu não confiava nos meus próprios pés, decidi ir andando. Meu coração parou quando vi uma figura alta encostada na lateral da minha caminhonete. 

— Oi, Eric.

— Oi, Bella.

— Então... o que você quer? — Eu perguntei enquanto destrancava a porta da minha caminhonete.

Eu estava em alerta.

— Bem, eu só estava pensando... se você gostaria de ir ao baile de primavera comigo. —  A voz dele falhou ao dizer a última palavra.

— Mas eu pensei que fosse opção das garotas convidar — eu disse, surpresa demais pra ser diplomática.

— Bom, é — admitiu ele, todo envergonhado.

— Obrigada por me convidar, Eric, mas eu ainda estou pensando sobre isso.

— Ah — ele disse. — Bom, quem sabe na próxima, né?

— É, quem sabe. — Eu concordei e depois mordi o meu lábio. Eu esperava que ele não entendesse isso tão literalmente. E se entendesse, eu estava em apuros.

Ele se virou e voltou pra escola. Ouvi um risinho baixo e me virei pra olhar. Edward passava pela frente da minha caminhonete e seus lábios estavam apertados.

Eu abri a porta da minha caminhonete e pulei para dentro, batendo a porta com uma força desnecessária. Acelerei o motor de um jeito ensurdecedor e dei a ré. Mas Edward foi incrivelmente mais rápido. Ele passou suavemente por mim e me deu uma fechada. Ele parou e esperou por sua família. Eu podia ver eles caminhando em sua direção, mas ainda estavam bem perto da cafeteria. Eu lhe xinguei mentalmente, pensando em arrancar o retrovisor de seu Volvo reluzente idiota, mas havia muitas testemunhas. Olhei no meu espelho retrovisor e vi que começava a se formar uma fila. E bem atrás de mim, estava Tyler Crowley, no seu recém-adquirido Sentra usado. Eu suspirei irritada e esperei pacientemente. Olhando para todos os lados, menos para o carro na minha frente, ouvi uma batida na minha janela. Olhei e era Tyler Crowley. Olhei confusa pelo retrovisor e vi que o carro dele estava ligado e com a porta do motorista aberta.

Abri a janela e disse:

— Desculpe, Tyler, eu estou presa atrás do Edward. — Eu estava sem paciência e muito irritada. Obviamente Tyler não estava preso ali por minha culpa.

— Oh, eu sei. Tudo bem. Eu só queria te perguntar uma coisa enquanto estamos presos aqui... — Ele sorriu.

Pelo amor de Deus! Isso não pode estar acontecendo!

— Você vai me convidar para o baile de primavera? — Ele atirou assim a queima roupa sem se intimidar.

— Desculpe, Tyler, mas eu ainda estou pensando sobre isto. Então é melhor você não criar esperança. — Eu definitivamente estava irritada. Eu tive que me lembrar que não era culpa de Tyler, que Mike e Eric já haviam esgotado a minha paciência.

— É, Mike e o Eric me contaram. — Ele admitiu.

— Então por quê? — Eu quis saber.

Ele deu de ombros.

— Eu só esperava que eles estivessem mentindo pra mim não convidar você.

— Desculpe, Tyler. — Eu pedi, tentando esconder a minha irritação. — Eu realmente não decidi nada.

— Tudo bem. Ainda temos o baile dos estudantes.

E antes que eu pudesse responder, Tyler se virou e voltou pro seu carro.

Eu podia sentir o choque no meu rosto. Olhei pra frente e vi Alice, Rosalie, Emmett e Jasper entrando no Volvo. Em seu espelho retrovisor, os olhos de Edward me encaravam. Ele estava tremendo de rir, como se tivesse ouvido cada palavra dita por Tyler. Meu pé pisou com força no acelerador. Uma batidinha não seria de tão ruim, seria? Acelerei ainda mais, mas todos já estavam dentro do carro. Edward acelerou e foi embora. Eu observei o carro dele se afastar e soltei vários xingamentos mentalmente contra ele.

Maldito Cullen que me tira do sério.

Quando eu cheguei em casa, vi que a luzinha vermelha da caixa de mensagem do telefone estava piscando. Apertei o botão e a voz de papai inundou a sala vazia.

Bells, não se preocupe em fazer nada para o jantar. Depois do trabalho, eu passarei lá no restaurante do Joe e comprarei comida para jantarmos. Se cuida, querida. Nos vemos logo. 

Aliviada por não precisar colocar a mão na massa, subi pro meu quarto pra ficar atoa. Me joguei na cama e antes que eu pudesse pensar em algo pra passar o tempo, meu celular começa a tocar. 

 Era Jessica. Ela estava exultante e me contou que Mike a alcançou depois do fim da aula pra aceitar o seu convite. Eu comemorei brevemente com ela e depois disso, ela me perguntou se era verdade que eu havia recebido dois convites para o baile e os rejeitei porque ainda não havia decidido. Eu confirmei que sim e ela novamente me aconselhou a não demorar mais, porque o tempo estava se esgotando. Eu suspirei mentalmente e lhe disse que resolveria isto logo.

Depois que desliguei, tentei pensar em um passa-tempo agradável, mas a minha cabeça estava rodando e tentando analisar cada palavra que Edward havia me dito hoje mais cedo.

O que ele queria dizer com "é melhor não sermos amigos"? Eu pensei.

Cansada de seus enigmas, eu decidi continuar lhe ignorando. Talvez fosse melhor nós não sermos amigos mesmo... 

Quando cheguei no estacionamento na manhã seguinte, eu estacionei o mais longe possível do Volvo reluzente de Edward. Eu não queria cair em tentação e acabar devendo um carro novo para ele. Saindo da caminhonete, deixei as minhas chaves caírem em uma poça de água aos meus pés, mas quando eu me abaixei para pega-las, uma mão super pálida as pegou antes que eu pudesse pegar. Edward Cullen estava bem na minha frente, encostado casualmente na minha caminhonete.

— Como é que você faz isto? — Eu perguntei, numa irritação surpresa.

— Faço o quê? — Ele questionou, largando as chaves na palma da minha mão.

— Aparecer, assim, do nada.

— Bella, não é minha culpa se você é tão distraída. — A voz dele era quieta como sempre, aveludada e emudecida.

Eu fechei a cara e olhei para o seu rosto perfeito. Os olhos dele estavam claros. Era uma cor dourada como mel e muito profunda. Eu tive que olhar para baixo, para reagrupar os meus pensamentos que já estavam confusos.

— Por que o engarrafamento de ontem? — Eu perguntei, sem olhar para ele, enquanto brincava com a minha chave. — Eu pensei que você deveria estar me ignorando e não me irritando até a morte.

— Aquilo foi pelo bem de Tyler, não por mim. Eu tive que dar uma chance a ele. — Ele riu, maliciosamente.

— Você... — Eu arfei, não conseguindo pensar em outra palavra ruim o bastante. Eu queria que o calor da minha raiva pudesse queimá-lo fisicamente, mas ele só parecia se divertir mais.

—  E não estou fingindo que você não existe. — Ele continuou, me olhando fixamente.

— Então você está tentando me irritar até a morte? Já que a van do Tyler não conseguiu terminar o trabalho? — Eu não conseguia conter a minha acidez.

A raiva transpareceu em seus olhos e seus lábios se pressionaram, formando uma linha fina. Os traços de seu humor de minutos atrás se foram.

— Bella, você é totalmente absurda! — Ele disse, com a voz baixa e fria.

As palmas das minhas mãos começaram a coçar e de repente eu queria tanto bater nele. Eu estava surpresa, porque normalmente eu não era uma pessoa violenta. Eu dei as costas para ele e comecei a caminhar.

— Espera. — Ele chamou.

Eu continuei andando, caminhando furiosamente pela chuva. Mas ele estava perto de mim, acompanhando o meu passo facilmente.

— Me desculpe pela minha grosseria. — Ele pediu enquanto andávamos. Eu simplesmente o ignorei. — Eu não estou dizendo que não é verdade — ele continuou. — Mas de qualquer forma, foi uma grosseria dizer aquilo.

— Por que você não me deixa em paz? — Eu perguntei já de saco cheio.

— Eu queria te perguntar uma coisa, mas você tirou a minha concentração... — Ele riu, parecendo ter recuperado o bom humor.

— Você tem algum distúrbio de múltipla personalidade? — Eu perguntei, séria.

— Você está fazendo isso de novo... — Ele riu novamente. Eu suspirei e cruzei os braços.

— Tudo bem, o que você quer perguntar?

— Eu estava me perguntando... se, no sábado, sabe, no dia do baile de primavera...

— Você está tentando ser engraçadinho? — Eu o interrompi, girando e parando abruptamente na frente dele. Pelo olhar em seu rosto, ele parecia se divertir perversamente.

— Você quer, por favor, me deixar terminar?

Eu mordi meu lábio e cruzei minhas mãos. Ele estava me irritando em um nível, que eu tinha medo de fazer algo precipitado.

— Eu estava pensando em ir até Seattle neste dia... e queria saber se você não quer ir comigo.

Por essa eu não esperava.

— O quê? — Eu estava chocada e não tinha ideia do que ele pretendia.

— Você quer ir até Seattle comigo? — Ele perguntou.

— Com quem?

Eu estava totalmente aturdida.

— Comigo, é claro. — Ele enunciou cada sílaba como se estivesse falando com alguém mentalmente incapacitado.

Eu estava pasma.

— Por quê? — Eu quis saber.

— Por que seria legal ter a sua companhia. — Ele parecia sincero. Seus olhos continuavam intensos e sua expressão estava esperançosa.

— Honestamente, Edward. — Senti um arrepio passar pelo meu corpo quando eu disse o nome dele. — Eu não consigo te acompanhar... Pensei que você não quisesse ser o meu amigo...

— Eu disse que seria melhor se nós não fôssemos amigos, não que eu não queria ser.

— Oh, nossa, muito obrigada, agora isso esclareceu tudo. — Não consegui evitar a ironia na minha voz.

Eu percebi que tínhamos parado de caminhar e que estávamos sob o teto da cafeteria, então eu podia olhar para o seu rosto com mais facilidade, mas certamente não ajudava muito na clareza do pensamento.

— Seria mais... prudente se você não fosse a minha amiga. — Ele avisou. — Mas eu estou cansado de tentar ficar longe de você, Bella.

Os olhos dele estavam gloriosamente ainda mais intensos e sua voz flamejante. Eu não conseguia me lembrar de como respirar. Eu estava sem ação e minha mente ficou vazia.

— Então, você quer ir pra Seattle comigo? — Ele perguntou, me fitando muito intensamente.

Vamos lá, Bella. Responda algo. Pensei.

O que eu faço? Aceito ou não aceito? 

O sinal tocou neste momento e então consegui pensar coerentemente novamente. Ele ainda estava esperando uma resposta, então sem olhar pra ele, eu disse:

— Hum... obrigada por me convidar, Edward, mas eu vou ter que recusar. Quem sabe em outro momento.

Eu ainda não confiava nele completamente e suas atitudes estavam aí para provar. E também havia o pedido de tio Billy. Eu ainda estava muito confusa com tudo isso.

Sua expressão se tornou decepcionada e eu afundei em culpa. Mas era melhor assim. Enquanto eu não pudesse confiar nele completamente, era melhor assim.

— Tudo bem. — Ele sorriu tristemente. — Te vejo no almoço.

Ele se virou abruptamente e caminhou para o lugar de onde tínhamos vindo.


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Notas finais do capítulo

Algum palpite sobre o que vai acontecer no próximo capítulo? Façam as suas apostas hahaha

Beijos e até o próximo capítulo!



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