Someone like you escrita por The Last Morgenstern


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

A ideia para essa one-shot veio após ver uma interação no twitter e eu simplesmente deixei fluir.

Espero que gostem e em nome da deusa, ouçam Someone like you - Adele. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724352/chapter/1

Regina estava com um mau pressentimento sobre essa reunião de última hora no Granny’s, mas sabendo que todos estariam lá e como ela ainda era a prefeita da cidade - e esse pensamento a fez sorrir por alguns segundos, lembrando-se de quando Emma chegara em Storybrooke - ela deveria estar presente, não importa o motivo.

Ao chegar à porta da lanchonete ela notou que o local estava decorado com balões de festa e uma faixa que ela não conseguia ler do lado de fora. Ela inalou profundamente e entrou. Seus olhos percorreram o lugar à procura de Emma sem sucesso. Leroy veio em sua direção e lhe ofereceu uma caneca de cerveja e embora não fosse sua bebida favorita, Regina aceitou; dando um longo gole. Algo dentro dela se agitava e isso só a deixava ainda mais com a sensação de que ela não gostaria nada do que ouviria ali.

Alguns minutos depois Emma finalmente chegou, acompanhada por Hook e Henry. O garoto veio até ela e a abraçou enquanto Swan apenas direcionou um sorriso nervoso para ela. Regina não sabia ao certo o que sentir, mas algo parecia estar prestes a explodir dentro dela.

— Obrigado pela presença de todos! – Hook ergueu uma caneca de cerveja no ar atraindo a atenção dos presentes e também o seu silêncio. — Como vocês já sabem, Emma e eu estamos juntos a algum tempo e finalmente decidimos oficializar as coisas. Nós iremos nos casar dentro de algumas semanas.

Enquanto os presentes explodiam em palmas e assovios e brindes, Regina sentia que seu mundo estava implodindo. Ela sentia como se seu coração estivesse sendo arrancado e esmagado lentamente. Seus olhos marejaram e ela precisou se esforçar para não deixar as lágrimas rolarem. Quando seu olhar cruzou com o de Emma ela não teve reação. Regina apenas a olhou por alguns segundos, como sempre acontecia entre elas, uma intensa conversa através dos seus olhos. Percebendo que Henry e Snow a olhavam, ela se esforçou e colocou um sorriso no rosto, indo até Emma e a abraçando sem jeito.

— Eu estou tão feliz por você. – A morena se afastou um pouco para olha-la, os olhos marejados novamente e o sorriso mal se formando em seus lábios.

Ela jamais imaginou que o dia em que finalmente abraçasse Emma seria sob essas circunstâncias.

Ela soltou-se de Emma e direcionou seu sorriso ao pirata. Regina não sabia como agir com ele. Sua vontade era rasgar sua garganta e arrancar seu coração, mas ela não podia fazer isso então ela apenas estendeu a mão e o parabenizou rapidamente. Como fez em toda sua vida, Regina manteve seu sorriso durante todo o tempo em que permanecera na lanchonete, ouvindo Snow falar sobre os planos para a cerimônia, ouvindo David conversar com Hook sobre suas responsabilidades dali em diante e sobre como ele deveria se comportar com Emma se quisesse permanecer vivo, vendo seu filho sorrindo radiante com a novidade e perguntando à Emma sobre um irmão ou irmã. Essa foi a gota d’água para a rainha. Ela se levantou e saiu do Granny’s o mais discretamente que pôde, mas como sempre acontecia, alguém notava sua ausência. Antes que ela chegasse à calçada Emma estava atrás dela pedindo que esperasse.

— Swan é melhor você voltar para dentro, seu noivo e os convidados podem notar sua ausência. – Regina não ousou se virar, não poderia deixar que a salvadora visse as lágrimas que ela estava tentando segurar.

— Regina... – Emma deu um passo em sua direção tencionando tocar seu ombro, mas recuou ao ver a outra se encolher. — Desculpe-me, eu queria avisa-la antes, mas eu não consegui. Eu não queria que você soubesse desse modo.

— Está tudo bem, Emma. Eu só estou cansada, foi uma longa semana. – Regina finalmente virou-se, as lágrimas desciam em silêncio por seu rosto. — Você merece toda a felicidade do mundo. Eu estou feliz por você.

— Gina... – Swan se se aproximou dela, pegando uma de suas mãos entre as suas.

Elas não disseram mais nada. Emma não sabia o que dizer. Seu coração se partiu em tantos pedaços ao ver a morena chorando que ela não sabia o que fazer. Por algum motivo ela sentia-se culpada por não ter contado a ela antes, mas, no entanto, ela diria o quê? No fundo ela tinha esperanças de que seus pais seriam contra e assim ela não teria que se casar, mas parece que todos na cidade estavam radiantes com a novidade. Elas não sabem por quanto tempo permaneceram ali, segurando aquele olhar que dizia mais do que qualquer palavra poderia, uma das mãos de Regina entre as mãos da loira enquanto ela acariciava distraidamente. Quando Emma fez menção de se aproximar mais a morena simplesmente soltou sua mão das dela e desapareceu em sua fumaça roxa. Swan voltou para dentro da lanchonete em silêncio e sentou-se num canto observando todos comemorarem.

(...)

Desde que o casamento fora anunciado Regina passou a trabalhar em seu escritório na mansão. Ela não queria correr o risco de sair e acabar encontrando Emma ou Hook desfilando sua felicidade pelas ruas da cidade. Ela havia pedido a Zelena que a ajudasse com os assuntos da prefeitura, treinando-a assim para que ela um dia pudesse assumir seu lugar, mesmo que a ruiva não soubesse dessa parte. Elas estavam se acostumando com o fato de serem uma família e estavam tentando mais uma vez conviverem e se perdoarem. Regina havia chamado a irmã para morar com ela na mansão, mas a ela recusara, dizendo que ao menos por enquanto era melhor que ficassem assim, até que tudo estivesse realmente bem entre elas, tendo em vista a tentativa anterior. Henry tinha dito a Regina que Emma estaria fora durante aquele dia pois iria até a cidade vizinha resolver umas coisas sobre o casamento e com isso a morena aproveitou para sair rapidamente.

— Gold, eu preciso da sua ajuda. – Regina entrou na loja do homem perto do horário de fechar. — Eu preciso que faça aquela poção que altera as nossas memórias.

— E porque eu faria isso?

— Por que eu estou te pedindo?— Regina balançou a cabeça cansada. — Olha, eu só preciso que faça aquela poção para mim. Apenas uma dose. Eu estou indo embora de Storybrooke e eu gostaria de deixar algumas lembranças para trás.

— Por acaso isso tem algo a ver com o anúncio que foi feito no Granny’s outro dia? – Ele sorriu malicioso.

Regina sentiu seus olhos marejarem novamente. Ela estava se esforçando para não pensar sobre aquela noite, mas parecia que todos naquela cidade faziam questão de lembra-la.

— Ora, minha querida, se é por causa disso, você ainda pode contar a sua salvadora como se sente. – Ele apoiou as mãos sobre o balcão se inclinando levemente.

— Não, eu não posso. – Regina suspirou e o encarou novamente.

— Bem, oportunidades para contar à ela não faltaram, não é, querida? – Ele provocou.

— Apenas faça a maldita poção! – Regina bateu as mãos sobre o balcão, as lágrimas finalmente descendo por sua face. — Por favor.

Gold a olhou em silêncio por alguns instantes. Lembranças invadiram sua mente enquanto ele parecia ver diante de si aquela mesma Regina que conhecera a anos atrás, quando a mãe a forçara a casar-se com o rei. Regina não possuía mais ódio em seu olhar a muito tempo e isso era devido a Emma Swan, ele sabia. No entanto, lá estava ela, com o coração em pedaços novamente, mas desta vez ao invés de arquitetar uma vingança e destruir todos em seu caminho ela simplesmente iria embora. Ele balançou a cabeça negativamente e a encarou.

— Você tem certeza do que está pedindo, Regina? – Desta vez sua voz não carregava o sarcasmo habitual. — Você sabe que apenas o amor verdadeiro poderá quebrar o efeito dessa poção, não existe um antídoto diferente.

— Eu sei. – A morena suspirou cansada. — Apenas faça.

— Eu farei, no entanto, há um detalhe ao qual você parece não estar atenta. – Gold a encarava pensativo. — Suas lembranças sobre a salvadora não estarão mais com você, mas em seu coração sempre haverá aquele vazio, aquela certeza de que existe alguém em sua vida… Alguém que você ama a ponto de deixar tudo para trás em nome da felicidade dela.

— Eu não seria tão idiota assim, Gold. – Regina suspirou pesadamente, encarando-o de volta. — Faça a maldita poção, eu me encarrego do resto.

Sem dizer mais nada ela deixou a loja em sua fumaça roxa, voltando para casa imediatamente. Regina caminhou até a mesa de canto onde mantinha algumas bebidas e se serviu de uma generosa dose de cidra, voltando a sentar-se em sua mesa. Com poucos goles ela esvaziou o copo e escondeu seu rosto entre suas mãos deixando-se invadir por todas as lembranças de Emma. Eu fui tola em acreditar que algum dia eu teria um final feliz. Ainda mais com ela. Regina mal notou quando as lágrimas começaram a descer por seu rosto enquanto as diversas lembranças da xerife a invadiam. “Vilões não têm finais felizes” a voz de Gold ecoava em sua mente a fazendo chorar ainda mais. Ela realmente acreditou que se mudasse de verdade então finalmente teria o seu tão desejado final feliz, mas parece que autor nenhum no universo estava disposto a proporcionar isso a ela. Talvez por isso tivesse tentado se agarrar aquele Robin da realidade em que a Evil Queen havia mandado Emma. Mais uma vez a imagem da loira veio a sua mente. Desta vez do dia em que ela se sacrificara para que Regina pudesse ter o seu final feliz. Idiota! Eu não posso ter um final feliz se eu não a tiver. Será que ela não percebe?

Suspirando ela se levantou e serviu-se de outra dose, desta vez uma generosa dose de whisky. Regina nunca fora o tipo de recorrer a bebida para afogar suas mágoas, mas ela não estava disposta a voltar a ser a Evil Queen, mesmo que sua metade estivesse de volta dentro dela e gritando para assumir o controle da situação, matar o pirata e ficar com a salvadora. Não, Regina não deixaria esse lado dominar sua vida novamente.

— Mãe? – A voz de Henry a assustou. — O que aconteceu?

— Nada, querido. – Mills secou rapidamente as lágrimas que escorriam por seu rosto e sorriu para o filho.

— Porque a senhora está chorando? – Ele se aproximou olhando-a intensamente.

— Nada com que deva se preocupar, Henry. Os dias têm sido cansativos, intensos. – Sua voz estava um pouco mais rouca que o habitual devido ao choro e ao álcool. — Temos muitas coisas para resolver na cidade e ainda temos que aprontar tudo para o casamento da sua outra mãe.

— Sobre isso... – Henry coçou a nuca sem jeito. — Estão falando em a senhora ser uma das madrinhas.

Regina abriu e fechou a boca algumas vezes sem saber o que dizer. Se Emma pedisse isso a ela com certeza ela acabaria cedendo. Desde que se conheceram, mesmo quando tudo que ela desejava era mandar Emma Swan para fora de sua cidade, nunca conseguira negar nada à loira.

— Se sua mãe quiser então ela que venha conversar comigo. – A prefeita desapareceu em sua fumaça roxa deixando o garoto confuso para trás e se transportou para o seu cofre.

(...)

Faltando alguns dias para o casamento Gold ligou para a morena e informou que a poção estava pronta e ela se sentiu aliviada. Regina estava começando a pensar que teria que sair da cidade com suas memórias.

— Regina... – Gold hesitou na hora de entregar o frasco. — Você tem certeza do que está fazendo? Não seria melhor conversar com ela e contar tudo? De nós dois você é a única que realmente tem uma chance de ainda ser feliz. Você foi a única entre nós que realmente se arrependeu e mudou.

— E acabar com o casamento dela? – Regina perguntou irônica. — Você não acha que se ela sentisse algo por mim, por menor que fosse, ela não teria aceitado essa proposta? Além do mais, eu não suportaria todos me olhando daquele modo novamente. Apesar de tudo creio que muitos deles pensariam que isso é apenas uma artimanha da Evil Queen para se vingar de Snow White. Não, eu já me decidi.

— Então eu só posso torcer para que você encontre alguma felicidade nessa sua nova vida. – Suas palavras foram sinceras, sem o costumeiro deboche.

Regina sorriu fraco para o homem e se virou para sair da loja.

— Posso perguntar para onde está indo? – A voz de Gold a fez parar.

— Sinto muito, Rumple, mas eu não direi a ninguém. – Mills desapareceu em sua fumaça roxa sem dizer mais nada.

Regina arrumou suas malas e pegou mais algumas coisas que precisaria em sua nova vida e levou tudo para seu Mercedes. Seus dedos coçaram tentadoramente para levar consigo um porta retrato que ficava no criado-mudo ao lado de sua cama, mas ela não poderia. Não se sua intenção era apagar tudo relacionado a Emma de sua memória. Ela olhou para a foto mais uma vez e sorriu enquanto lágrimas desciam por seu rosto. A foto fora tirada por Snow pouco depois de terem voltado de NY após ela ter se separado da Evil Queen. Ela, Emma e Henry estavam sentados no Granny’s comemorando a nova fase que Regina teria a partir dali. A prefeita apagou todas as luzes da mansão e partiu em direção à casa de sua irmã aproveitando que era noite e provavelmente não teria ninguém perambulando pelas ruas da cidade.

Ao chegar na casa da ruiva ela se transportou para o interior evitando ao máximo fazer qualquer barulho que fosse. Andando lentamente ela foi até o quarto de Zelena e deu um beijo suave na testa da irmã e em seguida virou-se para o berço onde, para sua surpresa, a pequena Robin estava acordada. A bebê sorriu largamente ao vê-la, expondo seus dentinhos que começavam a nascer, fazendo Regina sorrir involuntariamente.

— Cuide da sua mãe, pequenina. – A morena se inclinou dentro do berço acariciando o rosto da menina. — Ela é uma pessoa maravilhosa e que precisa de muito amor e carinho, não a deixe regressar, ela está fazendo um ótimo trabalho e é uma mãe maravilhosa.

As lágrimas escorriam silenciosas por seu rosto e sem que notasse Zelena a observava em silêncio. A ruiva acordara assim que Regina beijara sua testa, mas não ousou se mover. Ela estava curiosa com o motivo da visita furtiva de sua irmã no meio da noite.

— Espero que sua mãe um dia me perdoe por abandona-la novamente, mas eu não posso permanecer aqui. Não agora. Não com a pessoa que eu amo se casando com outra. Eu não suportaria ver outro amor partir diante dos meus olhos sem que eu possa fazer algo. Talvez um dia eu volte. Ou talvez um dia vocês me encontrem por aí.

Zelena sentia as lágrimas queimarem seus olhos com o esforço para não deixar que a outra percebesse que ela estava acordada e a ruiva sentia como se uma mão invisível a estivesse sufocando. Ela não acreditava que depois de tudo que passara sua irmã iria embora desse modo. Depois de tudo que fizera por Emma, por ela, por todos. Quando Regina se virou para olhar a irmã mais uma vez seus olhos se encontraram, mas ambas permaneceram em silêncio. Surpreendendo a morena, Zelena se levantou e a envolveu em um abraço, mesmo que os sentimentos dentro do si estivessem conflitantes naquele momento, ela sabia que não cabia a ela julgar a decisão da irmã. Elas não sabem dizer por quanto tempo permaneceram ali, mas ambas tinham certeza de que um dia se encontrariam novamente. Antes que Regina desaparecesse em sua fumaça Zelena beijou sua testa suavemente, como a outra fizera momentos antes e então ela se foi.

Antes de partir definitivamente Regina se dirigiu até a casa de Emma e se transportou para dentro, torcendo para que a loira não acordasse. Ela foi até o quarto de Henry e beijou suavemente sua testa, do mesmo modo que fizera com Zelena. A prefeita sentou-se na poltrona ao lado da cama do filho e ficou ali por algum tempo apenas observando-o enquanto dormia. Ela então se levantou e hesitante dirigiu-se ao quarto de Emma, que para sua surpresa estava dormindo sozinha. Mills sentiu-se aliviada por não ter que vê-la dormindo com o pirata, mesmo que estivesse disposta a isso para que pudesse vê-la uma última vez antes de partir. Em silêncio ela sentou-se na beirada da cama observando-a dormir. Um sorriso bobo brincou em seus lábios. Emma parecia uma visão de outro mundo dormindo. O cabelo esparramado pelo travesseiro, a regata branca que há tempos ela não usava, o movimento ritmado de seu peito subindo e descendo com sua respiração tranquila, o edredom cobrindo seu rosto da cintura para baixo, uma das mãos sobre sua barriga e a outra ao lado do rosto. A morena não saberia dizer quanto tempo passou observando sua salvadora, mas quando notou que o céu estava começando a mudar de cor indicando que outro dia estava por começar, ela se inclinou com cuidado sobre a loira e beijou seus lábios suavemente e desaparecendo em sua fumaça roxa, se transportando para seu carro e partindo para a fronteira da cidade. Enquanto fazia seu caminho as lágrimas desciam por seu rosto. Ela sabia que fora um erro beijar Emma enquanto ela dormia, pois agora seria ainda mais difícil para ela tomar a poção. Ao chegar na linha da cidade ela parou o carro e deixou uma mensagem de voz no celular da loira, sabendo que o telefone não a acordaria e ela só veria o correio de voz quando Regina estivesse longe. Ao atravessar a fronteira ela parou o carro novamente e deixou que as lágrimas descessem livres por seu rosto sem se importar com nada. Quando finalmente se recompôs ela pegou o frasco dentro de sua bolsa e fechou os olhos sentindo o vidro frio contra a sua palma. De uma só vez ela virou o conteúdo sentindo o líquido queimar levemente sua garganta e colocando o vidro vazio em sua bolsa novamente. Regina olhou ao redor, confusa por alguns momentos e então sorrindo ela voltou a conduzir o carro pela estrada.

(...)

Quando acordou naquela manhã, Emma tocou seus lábios tendo a sensação de que alguém a havia beijado muito suavemente. Ela se lembrava vagamente de ter sonhado com Regina, que a morena a visitara durante a noite, mas não dissera nada, apenas se sentou na beirada de sua cama e ficou observando-a. Swan balançou a cabeça na tentativa de espantar esses pensamentos, sentindo um aperto estranho em seu peito. A loira alcançou seu celular que estava debaixo do travesseiro que ficava ao lado do seu e notou que havia um novo correio de voz e sorriu involuntariamente ao ver que era de Regina.

Emma, perdoe-me, mas eu tive que sair da cidade por alguns dias. Eu sei, o seu casamento acontecerá em breve, mas eu realmente não podia deixar isso para depois. Caso eu não consiga voltar a tempo, em meu quarto há uma coisa que eu preciso que você guarde para mim no lugar mais seguro que conseguir. E Swan, não abra a caixa em hipótese alguma. De todo modo ela está protegida com um feitiço e somente você ou Henry serão capazes de abri-la, mas eu peço, não o façam. Apenas a guarde em um lugar seguro para mim até que eu volte para pega-la.

Emma sentiu algo se agitar dentro dela e imediatamente foi até o quarto de seu filho. Ela chacoalhou o garoto o mais suave que pôde e mostrou a ele a mensagem de Regina. Henry a olhou confuso, mas disse que deveriam fazer o que ela estava pedindo, assegurando que sua outra mãe estava bem e que a loira não precisava se preocupar. Eles desceram para tomar café da manhã, mas Swan não estava com fome. Ela sentia que algo estava errado, mas não conseguia saber ao certo o que era. Eles mal tiveram tempo de terminar de comer pois logo Snow e David chegaram e os arrastaram para os últimos acertos da cerimônia.

Ao final da tarde Emma resolveu passar na prefeitura e perguntar à Zelena se ela sabia de algo e a ruiva deu apenas respostas vagas, o que a deixou ainda mais desconfiada. Esse não era o tipo de comportamento de Regina. Ela nunca sairia da cidade sem conversar com ela antes.

Emma foi para casa e deitou no sofá sem se importar em tirar as botas ou mesmo a jaqueta. Ela fechou seus olhos e novamente a lembrança de Regina sentada à beirada de sua cama a invadiu. Swan desejou que não tivesse sido um sonho, desejando que a sensação que tivera ao acordar – de que alguém beijara seus lábios fosse mais que isso e que Regina o tivesse feito. Ela balançou a cabeça para espantar esses pensamentos e subiu para o seu quarto, exausta de ficar para lá e para cá com sua mãe enquanto acertavam os últimos detalhes do casamento. Hook estava dormindo em seu barco até o dia da cerimônia, conforme Snow instruíra.

(...)

Os dias se passaram sem que Emma ou Henry tivessem notícias de Regina e ambos já estavam preocupados, ela nunca fizera nada do tipo, mas eles simplesmente não conseguiam informação alguma sobre o paradeiro da morena. Zelena e Gold claramente sabiam de algo, mas se recusavam a dizer, sempre dando respostas vagas ou mal-humoradas.

Finalmente chegara o dia do casamento Snow arrastou Emma para se arrumar no Spa enquanto David se encarregava de Henry e Hook.

— Regina não aceitou ser sua madrinha? – Snow estreitou os olhos ao ver a filha se mexer inquieta diante da pergunta.

— Eu não pedi. – Emma respondeu quase num sussurro. — Eu jamais pediria isso a ela.

Snow a olhou em silêncio. Ela desconfiava de havia algum sentimento muito grande entre sua filha e sua ex inimiga, mas por mais que ela tivesse quase certeza, não cabia a ela fazer algo para que as coisas se acertassem. Ela tinha um certo trauma disso, tendo em vista que quase todas as vezes em que tentou ajudar alguém as coisas saíram muito erradas. Ela não queria causar mais dor a nenhuma das duas. A morena apertou a mão da filha suavemente, sorrindo fraco para ela. Emma retribuiu o sorriso e deixou seus pensamentos vagarem preocupados com a prefeita.

Ao final da tarde todos estavam prontos e aguardando na capela do convento para a cerimônia que aconteceria em poucos instantes. Hook estava no altar com Henry ao seu lado. Snow estava do outro lado, aguardando enquanto David fora buscar Emma para entrarem. Ao chegar no carro ele notou a loira desligando o celular e seus olhos marejados.

— Sem notícias ainda? – Ele se apoiou na janela a olhando.

Emma apenas balançou a cabeça e abriu a porta do veículo tomando cuidado na hora de sair. Ela respirou fundo e aceitou o braço que o pai a oferecia, caminhando até a entrada da capela. Swan sentia seu coração batendo descompassadamente, tão depressa, tão forte, que ela pensou que poderia sair de seu corpo.

A cerimônia iniciou e ela tentava se concentrar nas palavras do padre, mas era quase impossível. Estar sem notícias de Regina há quase três dias a estava enlouquecendo.

— Love. – Hook a chamou baixo. — Eu não quero apressa-la, mas você precisa responder à pergunta do padre.

Emma o olhou em silêncio, um nó parecia se formar em sua garganta ao mesmo tempo em que uma mão parecia esmagar seu coração lentamente. As lágrimas começaram a descer silenciosas por seu rosto tornando-se quase descontroladas em poucos segundos.

— Desculpe, Killian, eu não posso. – Swan soltou a mão do pirata e olhou para os convidados. — Eu sinto muito, mas eu não posso fazer isso. Não seria justo comigo e nem com você.

Ela beijou a bochecha dele e desapareceu em sua fumaça preta aparecendo na porta da mansão logo em seguida. Ela hesitou por alguns momentos e então entrou e após algumas tentativas ela finalmente encontrou o quarto da prefeita. Emma entrou hesitante, lembrando-se de que em todos esses anos nunca estivera ali. O ar no quarto tinha um leve aroma de maçã e café e Swan sorriu ao ver tudo organizado, não havia dúvidas de que aquele era o quarto da morena. Ela caminhou lentamente até a cama e sentou-se observando a caixa sobre o edredom branco. Era uma caixa média e de uma das laterais irradiava um brilho vermelho intenso. Emma notou que no criado-mudo ao lado da cama havia um porta retrato e nele uma foto dela com Regina e Henry no Granny’s tirada por sua mãe sem que percebessem. Era uma das favoritas dela, e pelo jeito da morena também. Ela passou a ponta dos dedos pela foto, quase como se pudesse acariciar a outra e então notou um bilhete na cama ao lado da caixa. Swan pegou o envelope e o abriu, retirando uma carta de dentro. As lágrimas embaçaram sua visão já nas primeiras linhas.

Querida Emma,

Eu não sei como fazer isso. Desculpe-me, mas eu nunca fui muito boa em falar sobre os meus sentimentos, mesmo com você, que sempre me leu tão facilmente.

Desculpe-me por ser uma covarde e fugir ao invés de lutar, mas eu não poderia estragar a sua felicidade. Eu não sei amar muito bem, acho que nunca saberei, mas saiba que eu a amo. Eu sempre a amei, mesmo quando eu ainda não compreendia o que se passava comigo, mesmo quando eu mal podia controlar minha respiração apenas porque você estava por perto. As coisas que você fez por mim ninguém jamais fez, mas você ama outra pessoa e irá se casar. Sim, eu parti na calada da noite, como uma fugitiva covarde, mas eu sabia que não conseguiria fazer isso de outro modo. Mesmo depois de tudo que eu passei, de tudo que passamos, eu não soube como reagir a tal sentimento. Eu me apavorei ao ver-me tão livre naqueles dias em que pensei que havia me livrado da Evil Queen para sempre, eu sorria e me entregava as coisas simplesmente, mas quando eu estava sozinha, eu me dava conta de que não sabia lidar com isso, era algo ao qual eu não estava acostumada e de certo modo fiquei esperando que algo desse errado e de fato deu. Quando menos esperei a parte que eu tanto quis arrancar de mim estava de volta à cidade causando intrigas e tentando separar nossa família. Quando nos contou sobre as visões de sua morte eu senti meu mundo se desfazer e desde então cuidei para que isso não acontecesse. Quando constatei que para matar a Evil Queen eu precisaria morrer também, eu fui egoísta, não consegui fazer isso. Preferi aceita-la de volta, como parte de quem eu sou a morrer e não poder vê-la nunca mais, com a vã esperança de que um dia eu poderia finalmente ter o seu amor, mas então veio o anúncio do seu casamento e eu simplesmente perdi o rumo. Me vi ainda mais perdida do que quando minha mãe matou Daniel diante de mim quando eu era apenas uma garota inocente, me vi ainda mais perdida do que quando Whale trouxe Daniel de volta e eu tive que manda-lo embora. Me vi tão perdida quanto no dia em que você tomou as trevas para me salvar, dizendo que eu havia lutado demais pela minha felicidade e não poderia perde-la. Agora é a minha vez de dizer isso a você. “Você lutou muito para ter a sua felicidade destruída”. Eu peço apenas para que não me procure. Rumplestiltskin concordou em me ajudar com uma poção, mas para ela não existe antidoto. Não é como daquela vez que eu dei a você e Henry memórias novas e você recuperou as suas tomando aquela poção que o pirata lhe deu. Eu torno a pedir, não me procure. Deixei para você o que há de mais precioso em minha vida. Nosso filho e o que está dentro da caixa que deixei na cama.

Diga ao nosso filho que eu o amo tanto quanto amo você e mais uma vez, desculpe-me. Não faça nenhuma bobagem, Swan. Prometa-me que será feliz.

Da sua sempre, Regina Mills.

PS: Como eu sei que você vai acabar abrindo a caixa, nela contém uma coisa que pertence a você, sempre pertenceu e sempre pertencerá.

Emma mal conseguiu terminar de ler o bilhete. As lágrimas desciam sem controle por seu rosto, sem saber o que pensar direito. Ela não deveria ter aceitado a proposta de Hook, ela não deveria ter deixado que ele fizesse aquele anúncio no Granny’s, essas eram as únicas coisas as quais ela conseguia pensar no momento. Ela pegou a caixa tentando conter as mãos trêmulas, abrindo-a com cuidado. Suas lágrimas se intensificaram ao ver o coração da morena lá dentro. Quase todo vermelho, puro, repleto de luz. Emma o segura delicadamente, como se fosse a coisa mais preciosa de sua vida, e de fato é. Após alguns segundos ela o guarda novamente, fechando a caixa e deitando-se na cama, sentindo o aroma da rainha invadir seus sentidos, trazendo a caixa contra seu peito e deixando as lágrimas escorrerem sem controle até pegar no sono. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso aí...

Deixem-me saber o que acharam. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Someone like you" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.