Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 55
Raquel - É uma dor que nunca acaba




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O tempo passava mais rápido do Raquel queria, enquanto ela e Otávio faziam coisas comuns de casal, cinema, teatro, jantares, nos momentos em que estavam juntos, ficavam no apartamento dele. Ela só retornava em casa para tomar banho, trocar de roupa e trabalhar. Algumas noites, Otávio chegava bem tarde, devido a problemas com o novo empreendimento da empresa em que ele trabalhava, então tocava a campainha e eles iam para sua casa. Raquel estava cada vez mais ansiosa com a expectativa do retorno de Vitor, que já deveria estar próximo. Havia ganhado mais algum tempo com a doença dele, no entanto, o momento da escolha era iminente. Seu coração pendia para Otávio, pois estava se apaixonando por ele.

Era bom acordar ao seu lado, fazerem as refeições junto, assistir televisão ou ouvir música, aquela vida cotidiana que se negava antes. Contudo, o seu maior medo era a reação de Vitor quando descobrisse que iria deixá-lo, nunca poderia saber que seria por outro homem.

Naquela noite, Otávio não havia chegado ainda, Raquel trabalhava no seu computador, quando ouviu o barulho da chave abrindo a porta, virou-se, assustada.

— Vitor! Você voltou! – Raquel disse, sem acreditar, com o coração aos pulos, pela surpresa inimaginável – Quando você chegou? Você não avisou que viria - levantando-se e indo na direção dele, reparando como Vitor estava mais magro, o rosto abatido e envelhecido e haviam mais fios grisalhos, permeando seus cabelos escuros, sentiu um aperto no peito.

— Voltei há pouco tempo, mas Vera não queria que ninguém soubesse, para evitar uma romaria de visitas lá em casa, assim que pude eu vim ver você. Estava com saudades, Raquel.

Ele abraçou e beijou, com ternura, como uma velha amiga que há muito não via, Raquel retribuiu com pouco entusiasmo e, logo, se afastou, gentilmente.

— Não se preocupe, Raquel. Não sou feito de vidro, não vou quebrar com um simples beijo.

— Você não deveria ter vindo, Vitor! Ainda, está se recuperando.

Raquel estava preocupada, rezando para que Otávio não batesse na porta, naquele momento, porque, teria muito o que explicar, o que não seria bom para a saúde prejudicada de Vitor.

— Mas, eu precisava ver você e lhe dar isso, Raquel.

Vitor tirou do bolso uma pequena caixa de joias e entregou a ela.

Raquel abriu a caixa e dentro havia um belo e caro par de brincos de brilhantes.

— São lindos! Obrigada – Raquel disse, com doçura, emocionada pela gentil lembrança, encarando-o. – Vitor, eu fiquei muito preocupada com você – foi sincera.

— Eu sei, querida. Eu gostaria, mas não posso me demorar muito, só passei para dizer oi – Ele estava muito enfraquecido e cansado, com o pequeno esforço de ir até lá, Raquel não se conteve, o abraçou e o beijou, ternamente.

Nesse momento, a campainha da porta tocou e ela sabia que era Otávio.

— Quem é, Raquel?

— Não sei - Raquel mentiu, dando de ombros, vacilando ao levantar-se, porque, estava com medo do que poderia ocorrer a seguir.

— Você não vai abrir a porta? – Vitor ficou desconfiado, não entendendo a demora.

Sem escolha, ela abriu a porta e, como esperava, Otávio estava parado ali na sua frente, com um lindo sorriso, ela deve ter feito uma cara estranha.

— Oi! Posso ajudá-lo? - Raquel falou, rápido e alto, Otávio, a princípio, ficou confuso, mas, viu Vitor, parado logo atrás de Raquel.

— Sim, eu queria saber se você está com problemas com a água, também.

— Eu acho que está havendo um problema de vazamento e desligaram a água, hoje cedo - Raquel continuou a mentira.

— Vou ligar para o porteiro. Obrigado e boa noite - Otávio se afastou, ainda olhando Raquel pelos cantos dos olhos, não parecia nada satisfeito com o que viu ali.

— Estranho! O que ele veio fazer aqui? – Vitor não acreditou muito naquela história.

— Nada. Ouviu o que ele falou, só queria saber sobre a água –Raquel disse, em um tom tranquilizador. – Você não deve se preocupar com bobagens, Vitor. Lembre-se, que está em recuperação.

— Tem razão, mas eu não gosto desse seu vizinho e, tenho certeza, que nem ele de mim. Não quero você com amizade com ele, Raquel. Preciso ir agora, o motorista está me esperando, lá embaixo.

— Você veio com o motorista? Você se arriscou desse jeito! - Raquel ficou surpresa.

— Não, eu inventei uma desculpa. Estive antes no hospital, para fazer alguns exames, mas se demorar muito, Vera vai ficar desconfiada. Até mais, querida! – Deu-lhe um beijo de leve na boca e saiu.

Raquel respirou fundo, relaxando, dando algum tempo se, por acaso, Vitor voltasse, e foi até o apartamento de Otávio, tocou a campainha, receando a recepção que teria. Ele abriu a porta, sem falar nada, e saiu da frente para ela entrar.

— Eu sei que você deve estar muito zangado. - Raquel começou a falar, angustiada.

— Você contou para ele sobre nós? - A voz de Otávio era calma, mas firme.

— Eu queria, mas ele está doente. Você viu o estado dele? 

— Você não contou, não é, Raquel? – Agora, Otávio parecia bastante aborrecido.

— Não - Raquel negou, sacudindo a cabeça – Não tive coragem.

— O que você está pretendendo? Ficar com os dois? -  Olhou nos olhos dela.

— Não, mas não posso fazer isso com ele, agora. Ele está muito debilitado, não posso, simplesmente, falar que vou abandoná-lo, não sei o que poderá acontecer. Por favor, Otávio, me dê um tempo. Ele não pode fazer nada, mal sai de casa,

— Eu vou dar um tempo para você, esperar um pouco, mas, com uma condição ele não vai tocar em você.

 - Não precisa me dividir, porque eu quero ficar com você! – Raquel envolveu Otávio em um abraço e encostando sua cabeça no peito dele.

Sabia que, com Vitor em recuperação, não podendo fazer esforço, não se arriscaria em fazer sexo com ela, também, não queria aborrecê-lo, com medo que tivesse uma recaída, pois, se sentiria culpada. Portanto, esperaria um pouco mais, até ele estar mais forte, para terminar a sua relação.

— Então, vamos esperar, só um pouco mais.

Nesse instante, Jujuba roçou nas pernas de Raquel, miando.

— Oh! Ele deve estar com fome! –Raquel soltou Otávio e pegou o gato, seguindo para a cozinha, Otávio foi atrás dela.

— Ele gosta de você – ele admitiu, com um sorriso carinhoso.

— Eu também gosto dele! – Erguendo, falou para o gato, depois o colocou no chão, pegou a ração no armário e encheu o pote. O gato veio correndo comer e os ficaram observando.

— Nina amava esse gato. Foi ela mesmo que o escolheu na adoção de animais. Queríamos um cachorro, mas Nina cismou com esse gato, tivemos, que levá-lo para casa. Ela vivia com ele no colo, o vestia com roupas de bonecas, colocava em um carrinho e o empurrava pela casa toda e o gato, simplesmente, deixava, sem reagir – Otávio falava, como estivesse assistindo a cena acontecer, naquele momento, Raquel o escutava com atenção – Quando, ela foi para o hospital, ele a procurava pela casa toda. E depois, que Nina voltou para casa, mas, ainda com imunidade muito baixa, quisemos nos livrar dele, mas ela não deixou. Todos os dias, tínhamos que levá-lo até a porta do quarto, para ela vê-lo, de longe -  continuou parecendo estar em um transe - Estou falando demais – finalizou com se despertasse de um sonho – Eu nunca falei tanto assim antes, não conseguia tocar nesse assunto, falar sobre a minha filha.

— Não, acho bom você conseguir falar sobre isso, agora. Não deixar esses sentimentos e lembranças presos dentro de você, o sufocando. Não posso imaginar, como deve ser difícil, perder um filho - Raquel estava sendo sinceridade, sentia-se mais próxima dele, cada vez que ele se abria para ela.

— É muito! É uma dor que nunca acaba. Não quero mais isso para mim.

— Eu nunca pensei, seriamente, em ter filhos. Depois, comecei esta história com Vitor, ele já tem filhos crescidos, que hoje moram no exterior. Além disso, ele fez vasectomia, não pode mais ser pai.

— Como a esposa dele nunca desconfiou de nada?

— Éramos muito discretos, nunca aparecíamos em público juntos, nunca nos tocamos fora daquele apartamento. Durante todo este tempo, ele só dormiu um ou duas vezes aqui. Nossa relação era muito velada, escondida nas sombras.- Era estranho pois nunca havia falado assim, tão abertamente, sobre esse assunto com outra pessoa.

— Eu não entendo, como ele podia ficar perto de você, sem tocá-la, Raquel? – Otávio falou suavemente, olhando a com carinho e acariciou o seu rosto, a beijou, docemente.


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