Sinônimo de Morte escrita por Aya


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Hello, Minna-san



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Mais uma vez seus pés lhe trouxeram no mesmo lugar, mas uma vez estava ali... Com um olhar distante. Não sabia por que sempre acabava por voltar ali... Não havia sentido...

O moço, nem tão velho, de apenas duas décadas e meia, alto, cabelos acastanhados, reluzentes à luz do sol, pele parda e olhos mel... Tinha o hábito de caminhar nos finais de tarde, e foi em uma desses caminhadas que encontrou o local, o que era estranho já que sempre passava nos mesmos lugares, como aquela cafeteria perto de seu trabalho, ou a pracinha onde crianças corriam e casais namoravam... Mas, naquela tarde seus pés o levaram para um lugar distinto...

O lugar era nada mais, nada menos, que um casarão abandonado, com a tintura descascada, paredes rachadas, portas e janelas de madeira, corroídos pelo tempo e pelos cupins... O lugar era antigo, isso era notável, mas a construção tinha seu charme, seus detalhes... O casarão possuía muitos detalhes, deveria ser um belo casarão na época...

No entanto... Por mais que seja difícil de se ver um casarão abandonado, não era impossível. Mesmo o moço em seus poucos anos de vivência já vira vários... Mas nenhum o chamou tanto a atenção... Nenhum o despertava tamanha curiosidade ou aflição, fazia-o se perder em pensamentos não se importando com nada a sua volta. Aquele casarão tinha algo especial para si... Mas, o quê?

Durante todas as caminhadas do jovem moço, ele possuiu essa mesma dúvida, fazendo com que sempre voltasse ao mesmo lugar e ficasse do mesmo jeito todas às vezes. Já não suportava mais... Queria saber. Descobrir o que era aquilo e por que lhe passava esses sentimentos e duvidas que lhe faziam perder o sono.

Estava decidido, nada o faria voltar atrás e, com cautela, abriu os enormes portões de ferro enferrujado, o que fez o mesmo soltar um barulho alto e desconfortável,parecia que a qualquer momento eles poderiam cair, pois mal aguentavam a leve brisa ou um mínimo toque.

O homem adentrou o terreno do casarão e olhou para os lados. Grama seca, árvores mortas e um pequeno lago, por mais incrível que pareça, que ocupava os fundo e metade do lado esquerdo do terreno. Tudo parecia mais morto, mais triste, sem cor, inclusive o céu que possuía um tom rosa e alaranjado enquanto o sol sumia no horizonte estava sem cor, claro que a noite já se instalava e, por isso, o sumiço daquele brilho divino... No entanto, nem a luz das estrelas e da lua pareciam dar as caras, ou seria apenas sua impressão?

Estava tenso. A coragem que havia conseguido havia se esvaído... Seria tarde para voltar atrás?

O ar do local parecia asfixiá-lo, enquanto seu rosto se tornava pálido e se contorcia em caretas, pois de repente um cheiro de podridão atingiu suas narinas... Estava enlouquecendo? Ou aquilo realmente estava acontecendo?

Se sentia tonto e as pernas bambearam, seus sentidos, emoções, sentimentos e pensamentos se embaralhavam, deixando-o confuso e desnorteado...

Ele tentou acalmar sua respiração e organizar aquele turbilhão de duvidas, pensamentos e sentimentos.

Abre os olhos que não reparava ter fechado e tudo havia passado... A dor, desnorteio, odor de podridão... Tudo.

Estava ficando louco, era a única explicação... Aquele lugar não estava lhe fazendo bem, no entanto, em vez de voltar por onde entrou e se distanciar o máximo possível do local, ele engoliu em seco e em passos medrosos se aproxima da grande porta de madeira do casarão, a mesma estava oca por culpa dos cupins, possuía alguns desenhos que não foram distinguidos pelo homem que com hesitação, tocou a maçaneta da porta e, para sua surpresa, abriu.

A coragem que havia lhe deixava voltou? Não. Longe disso. Estava com medo e não poderia negar, mesmo esse medo superou a curiosidade, aquela mesma curiosidade que lhe atacava com tudo quando a imagem da casa aparecia em sua mente, mas agora tudo que sentia era medo e, mesmo assim estava ali, aquela casa o atraia... Mas, por quê? O que é isso?

Adentrou o casarão. Estava escuro... Pegou uma pequena lanterna de seu bolso e a ligou clareando até certo ponto do ambiente, do qual o jovem moço correu os olhos.

O teto do cômodo possuía muitos detalhes, por mais que velho, ainda era belo, os móveis que lá haviam estavam desgastados pelo tempo, como se com o mais leve toque, os mesmos poderiam ranger e desfigurar-se nas mãos alheias.

Não havia lustre, apenas, muitos candelabros, todos corroídos pelo tempo.

Quadros de diversos tamanhos decoravam as paredes do casarão, mas apenas um lhe chamara a atenção, o mesmo não era tão grande comparado aos retratos, sua moldura era simples e estava empoeirada, logo abaixo do quadro havia uma pequena placa de cobre, o jovem moço passou a mão na placa empoeirada para que pudesse ler o que estava escrito. "O Império das luzes (1954)". Era isso que estava escrito e só então o moço percebeu... Já havia estudado esse quadro em suas aulas de artes. Mas o que o mesmo fazia ali?

Olhou para o quadro novamente, prestando atenção nos mais minuciosos detalhes e então se deu conta, poderia estar desgastado, abandonado, sem vida, mas sem sombra de dúvidas era ele. O casarão. Então o mesmo realmente existiu, ou melhor, existe... Não era apenas um devaneio de um pintor inspirado... Mas, será que o casarão era do pintor? Ou o dono pediu para que o mesmo pintasse? Ou, o pintor, assim como o jovem moço apenas estava passando e se sentiu atraído pelo casarão?

Dúvidas e mais dúvidas rondavam a cabeça do jovem, até que sentiu um aperto em seu peito e um calafrio percorreu sua espinha, sentiu-se observado... Em perigo, olhou para os lados. Nada. Tudo que residia ali, ao que parecia, era ele, a luz de sua lanterna e a escuridão que predominava no ambiente.

O silêncio daquele lugar só era quebrado pela respiração do moço que suava frio, seu coração pulsava tão rápido que parecia que a qualquer momento saltaria para fora de seu corpo, suas mãos tremiam de uma maneira surreal, seus olhos arregalados quase saltavam de suas orbes, tamanho era o medo que sentia.

Olhou para o quadro novamente, no entanto, percebeu algo, que para ele não estava lá a minutos atrás. Um pequeno ponto no telhado do casarão. Piscou os olhos. Não estava mais lá. E antes que pudesse raciocinar, sentiu uma dor gigantesca se alastrar por seu corpo, como se cada osso se quebrasse. Caiu ajoelhado no chão, urrando de dor. Passava as mãos com dificuldade no corpo, como se aquilo fosse amenizar a dor, seus olhos lacrimejavam e a lanterna já se encontrava afastada de seu corpo.

Começou a ofegar, sentiu um gosto metálico na boca e a garganta seca. Tossiu. Estava morrendo. Era isso o que sentia. Toda aquela dor, aqueles sentimentos e aquele maldito lugar. Tudo era um sinônimo de morte e isso o deixava louco.

Se sentiu estranho... Como se estivesse rastejando e logo sentiu frio, não era uma sensação tão boa. Era como se estivesse na água o que talvez... Ouviu o barulho das águas do lago se agitarem e, antes que pudesse se levantar, começou a sufocar e tossir como nunca tossira, como se estivesse se... Afogando? Como? Isso não era possível.

Frio. Muito frio. Dor... Confusão... O homem sentiu seus olhos se fecharem e com um último suspiro caiu de vez no chão e se entregou ao que lhe esperava... A morte.

Aquele casarão era a armadilha, a teia, que te prendia em suas próprias dúvidas, que te prendia em pensamentos e aquele quadro era a visão do inferno, do qual acabava com seu psicológico te deixando louco. Não há escapatória para aqueles que são capturados. Sua mente fez isso, pois ela é a aranha que te leva pro inferno... Tudo. Absolutamente tudo... Se resumi em três palavras... Sinônimo de morte. 


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Notas finais do capítulo

Bom... Foi isso... O que acharam?
Deixem aí nos comentários (*^‿^*)
Amo vocês (´。• ᵕ •。`) ♡



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