Em um dia como qualquer outro, enquanto olhava para o horizonte, pude ver uma pequena pessoa andando vagarosamente, segurando com firmeza seu singelo guarda-chuva.

Com uma face inexpressiva ela olhava fixamente para o chão, mesmo não havendo nada abaixo de seus pés. Mas mesmo assim ela continuava andando.

As pessoas ao seu redor a observam enquanto riam, julgando-a pela casca que carregava consigo. Mas era como se todo aquele barulho não chegasse aos seus ouvidos, pois ela não cessava seus passos.

 No entanto, uma forte ventania levou subitamente seu guarda-chuva, fazendo-a gelar de imediato.

O choque da realidade tomou seu bem mais precioso, deixando-a estática, sem possuir outra opção a não ser erguer seu rosto e encarar o que lhe cercava.

Sua expressão apavorada contrastava a quase imutável apatia anterior, visnumbrando todas as pessoas que estavam em seu caminho, descobrindo o abismo que sempre esteve abaixo de seus pés.

Porém o que mais lhe despedaçou foi ver que, mesmo depois de tanto andar, ela nunca havia saído do lugar. O empurrão que faltava para sua inevitável queda.

Pobre pessoa, mal sabia ela que, apesar de parecer pequena para o mundo, ela era grande o suficiente para sair daquele abismo. Para que pudesse, enfim, dar seu primeiro passo.

 Algo que seus nebulosos olhos não poderiam enxergar por um longínquo tempo.