Amor é Um Clichê escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 2
B. Bennett


Notas iniciais do capítulo

PERDÃO A DEMORAAAAAAAAAAAAAAA



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— Bonnie! Já faz 15 minutos que está de frente a esse espelho se arrumando! — Caroline brigou comigo pela terceira vez — Vamos!

— Pra quê está se arrumando tanto Bonnie? — Elena perguntou enquanto guardava minhas maquiagens e acessórios na necessarie roxa que havia ganhado de aniversário. Eu tomei aquela pergunta como retórica.

— Okay, okay. Como são chatas! — bufei e soquei tudo que espalhei dentro da minha mochila.

— Calma aí esquentadinha. — Car brincou e logo eu ri.

Eu não conseguia e também nem tinha como ficar com raiva das minhas duas melhores amigas. 
Caroline Forbes e Elena Gilbert. A loira e a morena. A dupla dinâmica. Minhas irmãs de alma. As duas garotas que eu conheci quando tínhamos uns... Sei lá, uns três anos? Nossas mães eram amigas, vizinhas e melhores amigas, nos criaram juntas.
Até os tios Gil, — a mãe e o pai de Elena e Jeremy — morrerem em um acidente de carro. Ela havia ficado desolada assim como todos. Mas então, minha mãe a adotou e desde de seus seis anos,ela e Jeremy seu irmão mais novo em apenas um ano se mudaram lá para casa. Vivíamos como uma família completa, apesar da perda.

Nós três sempre fomos unidas, não havia qualquer segredo entre nós. Apesar de que as vezes acontecesse alguma briga ou desentendimento, nós sempre voltavamos umas para as outras. Éramos como imãs que sempre se atraem. Minha vida não tem significado algum sem elas.

— Não sou esquentadinha. — falei revirando os olhos.

Saímos do banheiro feminino e então encaramos a multidão de alunos que iam para todos os lados.

E em meio a centenas de alunos eu procurava apenas um.

Damon Salvatore.

Meu coração até batia mais rápido só de pensar nesse nome. Nome do garoto mais inteligente de todo o colégio. Era incrível como ainda não estava na faculdade.

Eu ficava na ponta dos pés para poder enxergá-lo, altura era uma coisa que faltava em mim, mas sobrava nele. Como ele era alto eu poderia vê-lo com facilidade.

— Eu também ainda não o encontrei — Elena sussurrou para mim.

— Nem eu. Será que faltou? — Caroline olhava para o corredor a nossa direita.

Elas sabiam que eu era perdidamente apaixonada por ele. E sempre me cobravam quando eu iria falar para ele. 
Não é tão fácil assim. Eu tinha medo. Medo de que ele não sentisse o mesmo e me visse como a maioria me vê. Uma líder de torcida fútil e mimada. Eu não era nada disso. Não mesmo, diferente de algumas garotas do grupo de torcida da escola que apenas viam o exterior das pessoas e colocavam rótulos em todos, eu sempre olhei todos com igualdade sem me achar melhor ou superior a ninguém.

Tinha medo de Damon, bom, medo não é bem a palavra. Eu sabia que Damon jamais olharia para mim. Ele é o cara mais lindo e inteligente do colégio e eu sou só uma líder de torcida...

— Achei! — Elena apontou para perto de meu armário. Automaticamente um sorriso surgiu em meu rosto — Nos vemos na aula de Biologia.

Acenti e me despedi das duas, Caroline até me mandou tacar um  beijo de cinema nele, vontade não me falta,  mas coragem sim.

Com as pernas bambas eu fui me aproximando dele. Ele era simplesmente lindo. Era alto e a pele clara, quase pálido; os olhos completamente azuis, os lábios finos e rosados. Ele era meio desengonçado e totalmente atrapalhado.

Damon estava tendo problemas com o armário novamente. Ele havia se mudado para o armário ao lado do meu à poucos dias. Ele vivia esquecendo a senha.

— Quer ajuda? — perguntei e quando ele virou para mim eu senti minha mão suar.

— Ah, tudo bem. Eu consigo. — ele corou e eu sempre achei isso muito fofo nele.

Abri meu armário e peguei os livros de química, era a aula que nós dois teríamos agora. Tínhamos todas as aulas juntos, exceto Álgebra. E essa aula de química era uma das poucas que tínhamos só nós dois. Sem Elena, Caroline ou o grupo do idiota de Klaus.

Klaus, falando nele, ele ainda está muito bravo com o que eu falei à ele. Mas o que ele queria que eu fizesse? Ficasse calada enquanto o ouvia humilhar Damon? Eu nunca ficaria calada, eu sempre o defenderia. Apesar de Damon parecer indiferente com as provocações eu não conseguia. Era mais forte que eu. E eu sempre o defendia de Klaus. 
Eu amava Klaus, era meu primo. Ele sempre protegeu à mim e as meninas, sempre cuidou muito bem de nós. Elena, Car e eu o amamos de todo nosso coração, mas apesar de amá-lo, não concordavamos com as atitudes idiotas e repugnantes que eles tomavam, sabe, Klaus e a turminha dele.

— 23, 14, 17. — sussurrei para Damon. Ele me olhou e fez a combinação que eu falei.

— Obrigado. — ele falou quando abriu o armário e tirou de lá o mesmo livro que o meu.

— Não tem de quê. Sorte sua eu me lembrar a senha de Zach. — me referi ao antigo dono do armário ao lado do meu.

— Realmente. Eu preciso arranjar um jeito urgente de fazer com que eu me lembre da senha. — ele falou timidamente. Será que ele tinha noção do quanto era encantador? Acho que não, queria que soubesse, queria poder falar para ele, mas eu precisava de coragem — Não posso te incomodar sempre com isso.

— Bom, se você continuar a esquecer a combinação, não tem problema... — falei olhando em seus olhos azuis gelo que eu tanto sonhava acordada — Eu sempre estarei aqui para te lembrar.

Eu não sei se ele entendeu realmente o que eu quis dizer. Havia uma mensagem subliminar ali, Damon é inteligente, deve ter entendido o que eu disse. Há muito mais coisas por de trás da minha frase, Damon! Preste atenção.

— Posso te acompanhar à aula? — ele perguntou e eu acenti corando. Começamos a andar lado a lado indo contra a maré de alunos — Me desculpe por meu pai ontem. Ele é... Muito indiscreto.

— Eu adorei ele. Parece ser uma pessoa muito descontraída. Queria que meu pai fosse assim.

Capitão Phill Bennett é um homem sério e rígido, não sorri muito e nem demonstra muito as emoções. Acho que por ser da Marinha há muitos anos, e tendo que se mostrar forte e inabalável, tendo vivido coisas lá, ele não tinha muito costume e nem era muito bom com relação a sentimentos. Ele não demonstra dor, medo, arrependimento, sofrimento, felicidade. E as únicas pessoas que conseguem tirar essa máscara de indiferença dele sou eu, mamãe e Elena. Mas apesar de ser fechado, e aparentar ser mau... Era a melhor pessoa que eu conhecia. Ele tinha um coração bom e solidário, era altruísta e generoso. Mamãe sempre diz que eu puxei isso dele e sua altura baixa, porque de resto somos bem diferentes. Enquanto papai é uma pedra em quesito sentimentos, eu sou uma manteiga. E a aparência não é nem um pouco parecida, a não ser os olhos, eu tinha os mesmos olhos verdes esmeraldas que ele, mas tirando isso... Éramos diferentes demais. Ele é branco, quase pálido, loiro enquanto eu puxei mamãe. Ambas somos negras, cabelos cacheados e escuros, mas mamãe é bem mais alta que eu e papai.

Abby Bennett era a mulher mais linda do mundo. Ela era boa e gentil, uma verdadeira dama. Mas, quando ficava brava... Sai de baixo. Ela sempre foi muito ordeira, nada poderia ficar fora do lugar. Quantas vezes Jeremy não ficou de castigo por deixar as roupas espalhadas pela casa e por seu quarto. Mas ele nunca aprendia, depois de um tempo mamãe se recusou a entrar no quarto de Jer.

Apesar de Phill e Abby serem diferentes em muitos aspectos, eles se amavam demais. Era quase palpável. Os olhares que eles lançavam um ao outro, como ele a abraçava e segurava sua mão.

" — Não  ninguém no mundo que consiga fazer eu sentir o que seu pai fazEu o amo e sei que é para sempre."

Ela sempre me dizia isso quando eu e Elena perguntávamos como haviam se conhecido. Era simplesmente fofo e romântico. Era também tão inacreditável imaginar meu pai do modo como ela falava.

Meus pais se conheciam desde crianças, apesar dele ser 6 anos mais velho, mamãe era a melhor amiga de tia Cristine, irmã mais nova de papai. Mamãe ia todos os dias para a casa de Cristine e tia Cristine para casa de mamãe, mas como era um pouco longe, papai como irmão mais velho acompanhava as duas, para protegê-las. Foi assim durante um bom tempo, até que elas se tornaram adolescentes e papai já estava listado na Marinha. Quando ele voltava de seus treinamentos, ele ia até Abby. Eles haviam se tornado amigos, se comunicavam por cartas e as vezes quando tinham sorte, papai conseguia um telefone para escutar a voz de mamãe. De começo, eles se comunicavam porque papai queria saber como tia Cristine estava, se ela estava de namoradinhos por aí, se ela estava bem e contente. Mas depois de algumas cartas, tia Cristine não era mais o foco... Eles se concentravam um no outro, perguntavam e se interessavam mais em saber como o outro estava e o que mais faziam. Entre cartas e ligações mamãe acabou se apaixonando mais, ela sempre teve uma queda por Phill, agora papai, papai sempre foi um cabeça dura e demorou para acreditar que estava apaixonado pela melhor amiga da irmã.

Mas então houve um chamado. Ele precisava ir ajudar a inteligência da Marinha em um conflito, precisavam de sua tropa, ele teria que ficar longe dela por um tempo indeterminado. Ele não queria ir sem antes falar o que sentia, mas se ele dissesse e fosse correspondido, ele desistiria de ir para ficar com ela. Mas se o fizesse as consequências seriam graves. Ele decidiu então, escrever uma carta para ela, pediu a tia Cristine que a entregasse e partiu. Porém, antes que ele zarpasse, mamãe gritou seu nome e ele a viu em meio a multidão de parentes e amigos dos outros homens. Ele tinha alguns poucos minutos, então correu até ela. Se abraçaram e ela disse as três palavras que ele tanto sonhou ouvir.

 Eu te amo.

E de brinde veio a frase que mudou sua vida.

 Eu vou te esperarPara sempre se preciso.

Nessa parte da história eu e Elena já estávamos afogadas em lágrimas e nos perguntando porque nada tão emocionante assim, acontecia com a gente.

— Seu pai parece assustador. — Damon falou e eu tive que rir — Da vez que ele falou comigo eu quase morri do coração.

— Porque? — eu perguntei interessada, eu jamais imaginei Damon e meu pai em um mesmo lugar.

— Ele estava procurando por você.

— Como foi?

— Ah, eu estava no corredor guardando meus livros e de repente, ele aparece com aquela farda e aquela expressão de estar muito bravo com alguma coisa. Mas não tinha porque eu ter medo né? Ele nem sabia quem eu era.

Eu quis rir nessa hora, se ele soubesse que meu pai o conhece tão bem... Apesar de confiar muito em minha mãe e o natural ser a garota contar a mãe quando gosta de um garoto, eu contava ao meu pai. Ele sabia sobre minha paixão secreta por Damon e a minha falta de coragem de falar à ele o que sinto. Mas papai é compreensível e me ouve até o fim, mexe em meu cabelo e beija minha testa quando em um desses desabafos eu começo a chorar.

— Mas então ele começou a vir na minha direção, eu já pensei em todas as coisas ruins que eu já fiz na minha vida.

— E foram muitas? — perguntei desviando de uma garota que corria feito louca.

— Não, na verdade acho que nunca fiz nada de errado, mas na hora do medo a gente até pensa no impossível.

— Hmm.. Então é impossível você fazer algo de errado? — perguntei rindo e o vi corar. Que vontade de beijá-lo me deu.

— Bom, impossível não é, mas com toda a certeza será muito difícil. — ele falou orgulhoso e me deu passagem para entrar na sala. Como o professor ainda não havia chego eu me sentei ao seu lado para ouvir o resto. — E então ele apontou para mim e falou com aquela voz de Darth Veider.

— Quem? — perguntei confusa.

— É o vilão de Star Wars, ele era um Jedi, mas depois foi para o lado negro da força.

— O quê?

— Bom, é uma saga de filmes de ficção científica, minha favorita na verdade. — um brilho em seus olhos surgiu — Mas continuando, e então eu paralisei. Mas no fim ele só queria saber sobre onde você estava e se eu conhecia você. Mas ele falou algo estranho, como se me conhecesse.

— O que ele disse?


Ele falou: "Ah, então você é o Damon...", e então saiu. Achei estranho depois, mas acho que ele me confundiu com outra pessoa.

— Ah, deve ter sido. Mas você falou do seu pai, mas não me falou sobre sua mãe. Acho que eu nunca a vi.

— Bom, agora que você estará trabalhando conosco será mais fácil de vê-la. Diferente de meu pai, ela é discreta e tímida. Meu pai fala que somos parecidos nisso. Acho que vai gostar dela.

— Bom, se ela é como você, assim como seu pai diz, eu tenho certeza que irei amá-la.

Outra mensagem subliminar, por favor Damon, a entenda. Ele me olhou com os olhos perdidos e a face corada. Eu diria alguma outra coisa, mas o professor chegou e eu fui para meu lugar. Era atrás de sua carteira, e durante toda a aula eu sentia seu perfume.


Depois das aulas eu passei rapidamente em casa para tirar o uniforme do colégio e trocá-lo por uma roupa  decente e almoçar. Elena estava comigo em meu quarto me ajudando a arrumar minha bolsa.

— Ansiosa? — ela sorria e me cutucava levemente o braço.

— Porque estaria? — eu quis me fazer de indiferente, mas a verdade era que tudo dentro de mim revirava.

— Não sei, talvez porque daqui a poucos minutos você estará passando algumas horas ao lado do amor da sua vida.

— Okay, eu estou super nervosa. Não piore as coisas. — pedi suplicante.

— Vai dar tudo certo amiga. Você vai ver.

— Obrigada. — sorri e ela me abraçou forte — Você vai comigo?

— Sim, uma loja perto me chamou para uma entrevista de emprego.

— Vai conseguir. Aposto todas minhas fichas em você.

— Meninas! Vão se atrasar! — mamãe gritou do andar de baixo.

— Já vamos mãe! — Elena gritou e me puxou para fora do quarto.

— Tem certeza que não quer comer nada filha? — mamãe me perguntou preocupada, eu não havia conseguido comer nada. Estava ansiosa demais.

— Tenho, mamãe. Eu te amo. — beijei seu rosto.

— Também. As duas. E filha, — ela se virou para Elena — vai dar tudo certo.

— Obrigada, mãe. — ela beijou seu rosto.

O caminho até a pizzaria foi rápido demais, e eu não sabia se era bom ou ruim. Depois de me despedir de Elena e entrar no estabelecimento eu o vi. E eu tive a certeza que era bom. Sempre é bom ver Damon.

— Bonnie! — sr. Giuseppe praticamente gritou e acenou para mim — Damon, a ajude.

Eu fui até Damon que me esperava no balcão.

— Oi. — falei e dei o meu melhor sorriso para ele — Então, o que eu preciso saber?

— Oi, bom... — fomos para detrás do balcão e vi sr. Giuseppe sair para fora da pizzaria — Papa volta a noite. Seremos nós dois por conta própria.

— Ele confia muito em você... — falei e sorri, eu estava nervosa com a ideia de ficar com Damon sozinha, bom, não tão sozinha assim, mas apesar de ter os clientes a nossa volta, eu só conseguiria me concentrar no nerd lindo ao meu lado.

— Sim. — ele concordou e me entregou um avental preto com apenas o nome da pizzaria bordado em verde, branco e vermelho, eu vesti e amarrei meu cabelo em um coque mal feito — Bom, não é nada complicado. Vou te ensinar tudo, desde as pizzas e milkshakes, até servir mesas e administrar a caixa registradora.

— Okay. Ei, eu posso fazer uma pergunta?  — perguntei olhando suas bochechas coradas. Ele sempre ficava assim quando falava comigo. Ele acentiu — Você é mesmo italiano? Quer dizer... Você tem sotaque e tudo...

— Sim. - ele ria e eu nunca ouvi nada tão lindo —  Nasci na Itália, minha família veio para cá quando tinha 13 anos.

— Então, você sabe tudo sobre pizzas?

— Bom, acho que sim. É um negócio de família. Começou com meu bisavô, que passou para meu avô, que passou para meu pai.

— Que vai passar para você e Stefan. — conclui e lavei as mãos assim como ele.

— Ei, Damon. Eu já vou. — um homem ruivo com cara de sono falou — Vou fechar tudo aqui.

— Okay, George. Obrigado. — Damon se virou novamente para a pia e começou a dobrar a manga da camisa social preta até os cotovelos. Seu ante braço era pálido e forte, músculos definidos estavam presentes e eu queria que ele me abraçasse forte — Bom, eu não sei se Stefan vai querer tocar o negócio para frente. Ele não é nem um pouco ligado à pizzaria.

— Espera... Aquele cara foi embora e fechou tudo porque? — perguntei olhando o homem ruivo nos trancar e sair andando. 
— Porque agora é hora de fechar e preparar as massas de pizzas e arrumar o salão para a noite.

— Ah, certo.

— Pronta? — ele falava da pizza, mas eu pensei em outra coisa.

Eu não sei se estava pronta para ficar tão perto de Damon e sozinha com ele. Eu não sabia se estava  pronta para ficar ali com ele e apenas trabalhar. Eu tinha que manter um auto controle. Eu tinha que me segurar para não agarrar Damon Salvatore.


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