Quatro caras e Alex escrita por Cellis


Capítulo 1
Quatro caras e quem deve ser a Alex


Notas iniciais do capítulo

Olaa caros leitores! Tive essa ideia no meio da madrugada e já sai escrevendo, então, não tenho certeza se vai para frente kkk.
Espero que gostem.



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Sábado, o melhor dia da semana. Essa era uma das poucas verdades universais dentro do pequeno e bagunçado universo do sobrado de número 401, localizado em uma rua povoada exclusivamente por esse estilo de construção. Os rapazes podiam discordar de várias coisas — de tudo, praticamente — mas não sobre o sábado, o dia sagrado da semana onde todos aproveitavam seus respectivos dias como bem quisessem e, à noite, saíam para encher a cara mesmo que estivesse chovendo canivetes em chamas.

Orgulhoso por sua mais surrada calça de moletom estar sobrevivendo a mais um dia, Will desceu as escadas preguiçosamente e virou a sua esquerda, já se encontrando dentro da cozinha. Como o primeiro andar do lugar não era muito grande, não havia divisões entre os cômodos: a sala, o primeiro cômodo ao entrar pela porta da frente, era bem ao lado da cozinha que, por sua vez, era colada a área que eles chamavam de lavanderia, mas que ninguém sabia realmente o que era — e essa arrumação funcionava perfeitamente para os quatro moradores do 401, que sempre aproveitavam as oportunidades para economizarem suas energia. Assim, poucos passos depois, Will já havia pego sua cerveja favorita na geladeira e se jogado confortavelmente no grande sofá que imitava couro.

— Merda. — praguejou baixinho quando percebeu que algum idiota havia desaparecido com o controle da TV novamente. Afundou-se ainda mais no sofá, uma afirmativa silenciosa que preferia ficar no tédio a procurar o objeto.

Foi quando, ao quarto gole de sua cerveja estupidamente gelada, a campainha tocou. Após o susto — que ele jamais admitiria que levava toda vez que a maldita coisa fazia barulho — e de esperar alguns segundos para que alguém aparecesse para abrir a porta em seu lugar, ele se deu por vencido e se levantou, irritado. Alguns passos depois, abriu a porta de madeira para uma mulher. Não muito alta, ela usava uma calça flare jeans, um All Star e uma camiseta florida. Por um momento, Will se perguntou de qual revista confusa de moda ela havia saído, mas achou melhor não falar nada. Até porque, ele nunca falava.

— Oi. — ela disse, com um sorriso aberto.

Seus olhos castanhos eram da mesma cor de seus cabelos, que estavam presos em um coque mais bagunçado do que o quarto dele.

— De qual deles você veio atrás? — ele perguntou, se poupando o trabalho de toda a introdução que uma conversa normal teria.

— Perdão? — ela retrucou confusa, mas sem deixar de sorrir.

— Já sei. — indagou, fazendo uma dedução a partir da aparência dela. — Billy, não é? Você parece o tipo dele, mesmo que ele raramente tenha um.

— Desculpe, mas eu realmente não sei do que você está falando. — ela respondeu um pouco mais firme desta vez. Oras, como se ele tivesse tirado-a de seu confortável sofá no meio da sagrada tarde de sábado. — Só sei que não tinha um nome no anúncio, mas quando liguei falei com alguém chamado Carter.

Will, que já havia dado as costas à mulher para voltar para seu sofá, parou no meio do caminho. Virou-se para encará-la, e a mesma não havia mexido um músculo para entrar na casa.

— Anúncio? — perguntou, quase casando suas sobrancelhas.

— Sim. — respondeu ela, como se falasse com um idoso. — Para o aluguel do quarto.

Ah, aquela filho da mãe não havia feito isso. Há algumas semanas, os quatro haviam discutido suas respectivas situações financeiras e concluíram que teriam que economizar para pagar o aluguel daquele mês, já que as coisas não iam muito bem. Foi quando o bastardo que Will chamava de amigo sugeriu que transformassem a dispensa num quarto e o alugassem temporariamente. A sugestão foi barrada rapidamente, mas parece que alguém naquele sobrado estava com sérios problemas de audição.

— Carter! — gritou Will, assustando a mulher e provavelmente qualquer um naquela vizinhança que se chamasse Carter.

Passadas apressadas corredor acima e, em seguida, um Carter esbaforido surgiu na sala.

— O que? A casa está finalmente desmoronando? — perguntou, finalmente soltando a respiração quando deparou-se com a moça, parada na porta sem entender se deveria entrar ou sair correndo. — Ah sim, você deve ser a Alex.

— Sim? — respondeu ela, num tom de pergunta.

Will lançou a ela sua melhor cara de "mas que merda?" e depois encarou Carter.

— Pode entrar. — disse ele, indo até a moça e conduzindo-a para dentro da casa. Enquanto Alex parecia fascinada com o lugar, Carter parou ao lado do amigo. — Cara, você conseguiu me deixar pálido de susto. E olha que eu sou negro.

— Qual foi o motivo daquele grito de maricas? — perguntou um sonolento Billy, que coçava os olhos enquanto descia as escadas. — O que está acontecendo?

— É exatamente isso que eu quero saber, irmãozinho. — indagou um acusador Will, ignorando o fato de que o cabelo do seu irmão mais novo parecia um ninho de ratos. — Você anunciou a dispensa mesmo depois que eu disse que não?

— Primeiro, aquele cômodo agora é um quarto. — respondeu Carter, contente que Alex estava ocupada demais reparando cada canto da sala para escutar seu amigo rabugento. — E segundo, sim.

— Ah, ela deve ser a Alex. — concluiu Billy.

— Como diabos todo mundo sabe quem ela é? — perguntou, quase num berro.

— Eu sou a Alex. — disse animada a mulher da cozinha, totalmente alheia ao chilique de Will.

— Essa parte eu entendi, obrigado. — ele rosnou de volta, fazendo-a dar de ombros. — Isso não vai acontecer.

— Will, a gente vai precisar desse dinheiro. É temporário. — explicou Carter, pacientemente. — Além disso, você foi o único que não concordou quando nós fizemos a votação.

— Que votação? — perguntou, completamente abismado com o fato de ter sido apunhalado nas costas por seus amigos e seu irmão mais novo.

— A que nós fizemos quando você não estava em casa. — disse o caçula traidor, segurando o riso.

— Cala a boca, Billy. — sussurrou Carter, deixando claro que ele não estava ajudando em nada.

— Ah, você deve ser a Alex. — a voz masculina atraiu a atenção de todos. Pela porta dos fundos, um suado, sem camisa e musculoso Rayan vinha de seu treino matinal.

— Sério isso? A corja toda! — exclamou Will. Quando recebeu uma risada do amigo de descendência asiática do outro lado da casa, ele percebeu que estava prestes a ser derrotado. — De qualquer jeito, duvido que ela queira ficar depois que vir o tamanho daquele dispensa.

— Esse vai ser o meu quarto? — perguntou Alex, já com a cabeça enfiada no cômodo que se localizava entre a cozinha e a área dos fundos. Will sorriu, vitorioso. — É ótimo!

E assim, seu sorriso desceu pelo ralo mais rápido do que sujeira em dia de chuva.

— Nós vamos entrevistá-la primeiro. — ordenou ele, cruzando os braços.

— Como quiser, capitão. — respondeu Billy, rindo da cara carrancuda do irmão.

Eventualmente, ele se daria por vencido.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um prólogo, costumo escrever um pouco mais que isso.
Dicas? Sugestões? Críticas? Elogios?



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