Zack PDV

Eu estava ajudando a minha mãe a enrolar brigadeiros enquanto conversávamos sobre minha infância.

Sim, eu havia faltado aula porque estava com preguiça.

Ouvi a porta de entrada bater e virei para trás para ver quem era.

- Annie? Vem ajudar a gente a enrolar os brigadeiros. – Falei, porque eu sabia que por mais rebelde e irritante que ela fosse, ela adorava uma atividade em família. A ajudava a compreender que ela perdeu um pai, mas nós ainda estávamos ali para ela.

Mas, ao contrário do que pensei, ela não veio nos ajudar, ela saiu correndo escada à cima.

Ok, aquilo não é normal.

- Annie? Filha, o que houve? – Minha mãe perguntou, preocupada.

Lavei minha mão suja de chocolate e fui correndo para o quarto dela.

- Annie, o que aconteceu?

- Sai daqui, seu idiota! – Ela gritou e jogou um travesseiro em mim.

Foi aí que eu percebi que ela estava chorando.

- Annie! Por que você ta chorando? Me explica. – Me ajoelhei no chão ao seu lado.

- Não aconteceu nada, Zack! Me deixa em paz!

- Eu não vou te deixar em paz enquanto você não me disser o que está te fazendo chorar.

Ela colocou a cabeça entre os joelhos e voltou a chorar.

- Annie, eu sou seu irmão. E irmãos servem para ajudar, para consolar e alegrar. Esse é o meu trabalho. Só que eu não posso fazer nada disso sem saber o que aconteceu.

Ela olhou para mim e lançou seus braços em volta do meu pescoço.

- Foi horrível, Zack! Eu fui humilhada!

- Humilhada? Como? – Perguntei, já ficando desesperado.

- Foi o Scott. Eu o vi beijando uma garota oxigenada e fui pedir uma explicação. Ele disse: “Eu tenho que partir para outra, Annie. Nosso namoro foi bom enquanto durou, mas eu não posso ficar preso a uma garota por tanto tempo.” E o pior foi que ele disse isso alto e depois eu vi um monte de gente cochichando de mim. – Ela explicou, chorando. Ver aquilo fez uma raiva imensa crescer dentro de mim.

- Eu não acredito que ele fez isso com você! Mas, ele vai se ver comigo...– Comecei a me levantar, mas Annie me puxou de volta.

- Não! Não bata nele, por favor, Zack! Se você fizer isso, vão dizer que eu não sei me defender sozinha, que preciso de um irmão mais velho para cuidar de mim. – Ela pediu.

- Mas... Annie, aquele imbecil tem que pagar pelo que fez!

- Então vamos fazê-lo pagar de um jeito que não envolva violência.

Então, uma ideia surgiu em minha mente.

- O que foi, Zack? – Annie perguntou, analisando meu sorriso.

- Vamos fazê-lo pagar com a mesma moeda.

Cochichos e risadas altas glorificavam ainda mais a minha vitória no dia seguinte.

Sorri vitorioso e avistei Annie, Jenny, Matt e Marcela em um canto rindo alto para algo em um celular.

- Pelo visto, vocês já souberam, né? – Perguntei.

- ZACK! Eu não acredito que você fez isso! Que cruel! – Jenny dizia, rindo.

- Cruel nada, ele mereceu. – Sorri. – Agora deixa eu ver o vídeo de novo.

Eles me passaram o celular e eu apertei play.

Imediatamente começou a passar a imagem.

O vídeo começava com Scott dormindo tranqüilamente em seu quarto. Então, ele acorda e, quando vê as 8 baratas no chão do quarto, começa a pular na cama e a dar gritinhos, mostrando sua cueca de ursinhos e seu lado feminino.

O vídeo acaba com ele correndo e gritando para fora do quarto.

Fechei o celular, rindo.

- Agora, Zack. Me explique como você fez isso. – Annie perguntou, sorrindo.

Bom, pelo menos aquela vingança acabou com o seu sofrimento.

- Eu simplesmente entrei no quarto dele pela janela hoje de manhã, botei as baratas e o celular para filmar. Depois que ele foi embora eu voltei lá e peguei o celular de volta. No fim, eu só tive que enviar isso para toda a escola. – Sorri.

- Que esperto! – Matt falou.

- Obrigada, Zack. – Annie agradeceu.

- O QUE? NÃO, ISSO É MENTIRA! É MONTAGEM! NÃO SOU EU NESSE VÍDEO, NÃO ESTÃO VENDO? PAREM DE RIR DE MIM AGORA! – Ouvimos Scott gritar, mas isso fez o pessoal rir ainda mais.

Ah, como é doce o sabor da vitória!

Jenny PDV

Eu estava limpando o vaso sanitário quando ouvi a campainha tocar. Esperei ela tocar de novo para ver se Brad percebesse que eu estava ocupada e fosse atender a porta. Ao invés disso...

- Jenny! Vai abrir a porcaria daquela porta!

Bufei.

Lavei as mãos e saí correndo escada abaixo sem me preocupar em tirar o avental ou arrumar meu cabelo.

A campainha tocou mais uma vez.

- Já vai! – Gritei.

Abri a porta e me assustei.

- Ai. Meu. Deus. – Murmurei, em choque.