Charlotte se apressou para arrumar o quarto de Zack, depois disso me perguntou:

- Você não se importa de dormir na mesma cama que Zack, né?

- Claro que não. - Sorri para ela.

 Zack e eu não tínhamos nada para fazer, por isso ficamos vendo 4 episódios de Supernatural, nossa paixão em comum.

Chorei duas vezes: Quando Dean morreu e quando Dean ressucitou. Enquanto isso, Zack só revirava os olhos.

Trocamos carícias enquanto assistíamos e logo no final do 4º episódio, acabei dormindo.

No dia seguinte, fui ainda de manhã para casa. Tentei entrar em casa despercebida, mas acabei pisando em um brinquedo de Meg e Brad – que estava na cozinha – foi para a sala com os braços cruzados.

- Pode me dizer aonde a senhorita estava?

- Er... Eu dormi na casa da Marcela. – Menti.

- Nem tente me enganar. Eu liguei para ela ontem. – Ele falou, sério. Ok, eu tinha que lembrar de dar uma bronca em Marcela.

- A verdade? – Perguntei.

- A verdade.

- Bom, eu to namorando e dormi na casa da avó do meu namorado. – Falei rápido.

Os olhos de Brad se arregalaram:

- O QUE? Como assim namorando? Você tem que se preocupar com as suas responsabilidades e não com garotos, Jenny!

- Minhas responsabilidades? Eu sou muito responsável, se você quer saber. E não posso ter o MÍNIMO de diversão? Eu também sou um ser-humano, Brad! Não posso ficar trabalhando o tempo inteiro! – Me revoltei.

Brad ficou sem palavras com a minha revolta repentina. Simplesmente revirou os olhos e voltou para a cozinha.

Ótimo, nenhum castigo.

Como era sábado e eu não tinha nada para fazer, marquei de andar pela rua com Marcela.

Rodamos quase o centro inteiro, até que eu tive uma idéia:

- Que tal irmos ver a tal nova doceria para ver se é tão bom mesmo?

- Ótimo, não temos nada para fazer mesmo. – Ela concordou.

Chegamos lá e vi que Brad estava certo. A doceria era enorme, linda, com muitas variedades de comidas e estava lotada, é claro.

Mas eu também queria saber se a comida era tão boa quanto o lugar. Fui até o balcão com Marcela em meu encalço e chamei um garçom que estava de costas atrás do balcão para poder fazer o meu pedido.

E quando ele se virou, levei um susto.

- ZACK??? – Eu e Marcela gritamos juntas.

- Jenny? Er... O que você está fazendo aqui?

- O que eu estou fazendo aqui?? Sou uma simples cliente, não? E o que você está fazendo aí atrás do balcão?? – Perguntei, começando a ficar furiosa.

- Er... – Ele tentou se explicar, mas foi interrompido por Charlotte que saía da cozinha com uma fornada de pães doces:

- Zack, querido, pode guardar isso para mim?... Ah, oi Jenny!

- Oi Charlotte. – Sorri. Charlotte era uma boa pessoa. Eu adoraria ter uma vó como ela.

Zack fez o que sua avó pediu.

- E então? – Insisti. Eu odiava aquela sensação de ter sido enganada.

- Bom... A minha vó é dona daqui e eu trabalho aqui. – Ele falou, com receio do que eu iria achar.

Fiquei boquiaberta.

- Você está querendo dizer que todas aquelas vezes que eu te falei dos nossos problemas por causa dessa doceria, você não disse nada que sua vó era dona daqui?

- É.... Olha, Jenny. Me desculpa, mesmo. Eu não queria te contar no começo porque eu pensei que você me odiaria. Porque, você sabe, essa doceria praticamente deixou a sua na falência. – Ele disse.

Pessoas já haviam feito uma enorme fila atrás de mim e reclamavam demais, mas eu nem ligava para elas.

- COM LICENÇA. Podem parar de gritar? Está acontecendo uma DR aqui! – Marcela pediu para as pessoas que reclamavam.

- DR? – Ouvi alguém perguntar atrás de mim.

- Discussão de Relacionamento, dãã. – Marcela respondeu.

- Ah, vai pra p... – Alguém ia dizer, mas Charlotte interrompeu:

- Ei! Nada de xingamentos aqui, por favor. Zack e Jenny podem sair do meio do caminho? Eu atendo esse povo.

Sentei com Zack em uma mesa e Marcela veio atrás. Fofoqueira...

- Zack, acontece que a doceria não é minha. É do Brad e eu estou nem aí se ela vai falir ou não... – Expliquei. – Mas, você escondeu isso de mim, Zack. E um relacionamento não funciona com mentiras.

Zack ficou apavorado.

- V-Você ta terminando comigo?

- Não, Zack. Só quero um tempo para pensar. – Falei e fui embora com Marcela.

Em casa, eu estava meio desolada olhando para a TV sem saber o que estava passando nela.

Quando percebi, estava em um canal pornô. Me assustei, quase deixando o controle cair e mudei logo para um canal de música.

- Bem melhor. – Falei sozinha.

Então, ouvi a campainha tocar. Fui atendê-la e me deparei com Zack parado no meio da minha rua – que não passava carros – recitando um poema:

“Que vontade

De ganhar teu beijo,
Matar meu desejo,
E ter o teu calor.

E em teu braços,
Sentir protegido,
E ver-me perdido,
Pelo seu amor...”

Meu queixo caiu com isso.

Alguns vizinhos começaram a observar aquela cena pela janela e eu me senti ruborizar bastante.

“Um pedido sincero de desculpa basta para se perdoar 
O segredo guardado basta para se confiar
Uma lágrima basta para aliviar a dor
Um sorriso discreto basta para conseguir um outro sorrir
A música basta quando fala por você
Um olhar basta quando não existem palavras
Observar o céu basta para inspirar a saudade
O forte abraço basta para sentir segurança
A conquista de um sonho basta para se enfrentar a realidade
Sentir a brisa basta para acreditar no que não se pode ver.
Um único beijo basta para se apaixonar.
Te ver feliz basta...

Basta ser feliz, 
não importa como.”

Senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Olhei para cima e havia muitos vizinhos na janela assistindo àquilo.

Sorri e puxei Zack para perto de mim. Ele olhou nos meus olhos, sorriu e me beijou com vontade.

- Tem gente olhando e isso está me deixando envergonhada. – Eu disse entre beijos.

- Você fica linda quando está envergonhada.

Eu ri e o puxei para dentro. Fechei a porta com o pé, agarrei a gola da sua camisa e o beijei com vontade. Ele apertou seus braços contra a minha cintura e me tirou do chão.

Ouvi passos e me virei para trás. Meg ficou nos olhando um tempo e depois veio correndo na direção de Zack, nos separando:

- ZACK! Que saudade!

Zack a pegou no colo e disse abraçando-a:

- Minha pequena! Como eu senti sua falta... – Eles não tinham se visto desde quando Zack foi embora, mas Meg já sabia que ele havia voltado. Zack pegou o papel que Meg segurava.

- Ei, o que é isso?

- É um desenho que eu fiz da nossa família feliz. Esse é você de mãos dadas com a Jenny, essa sou eu com uma boneca na mão e essa é a tia Marcela com um de seus vários namorados. – Ela explicou, apontando para o desenho.

- Nossa Meg, que lindo! Parabéns. – Ele deu um beijo no rosto dela.

Ela desceu e foi correndo com suas pequenas pernas para o quarto.

- Ela gosta muito de você. – Sorri.

- Que bom, né? Pelo menos por ela eu fui aprovado. – Ele falou e me puxou para mais um beijo.

Enrolei minhas pernas em sua cintura, ele me levou para o sofá e deitou em cima de mim, me beijando com paixão.

Então ouvimos um barulho de porta batendo com força.

- JENNIFER SMITH!