Esperança escrita por Lua Chan


Capítulo 1
Missão suicida




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Era um dia aparentemente normal em National City. O sol amarelo dos humanos batia contra meu rosto, o ar preenchia meus pulmões, os barulhos e ruídos agonizantes penetravam em meus ouvidos mais do que sensíveis. Eu era o "pássaro", o "avião" e os outros etceteras de nomes que as pessoas utilizavam quando viam meu primo Kal-El perfurando o céu de Metrópolis.

Eu não tinha recebido uma missão ainda. Esse era apenas meu passeio matinal, o que sempre fazia quando minha cabeça estava cheia. Depois de algumas horas pelo céu, chego na minha casa por meio da janela e vou num flash trocar de roupa e me deitar no sofá. Quando menos espero, ouço meu celular tocar.

— Alô? - Digo com uma voz de sono, seguido de um bocejo forçado. Ser a Garota de Aço traz alguns privilégios como não ficar tão cansada, mesmo depois de muito esforço.

Kara! Temos um problema no centro da cidade.— Era Winn Schott, meu melhor amigo. Sua voz estava tão agitada que tive vontade de arrancar suas amídalas. Já estava com uma dor de cabeça enorme, não queria piorar.

— Tudo bem. Manda. - Exigi, pressionando o celular contra o ombro direito e procurando meu uniforme para vestir.

É uma tentativa de suicídio na Golden Bridge. Essa é pesada, sugiro que tenha cuidado.

— Certo. Estou a caminho.

Tenho que admitir, estava com medo. Não era comum eu ter que parar alguém de uma tentativa de suicídio. Mesmo assim, segui para o meu destino, que se apoiava nas cordas de aço da ponte mais alta da cidade. Pousei com delicadeza na pista de concreto, observando pelo menos 5 viaturas da polícia perto do garoto misterioso.

— Supergirl! - Um dos policiais exclamou assim que me viu - Que bom que chegou.

— Pode deixar comigo, oficial. - Pedi, nervosamente. O homem assentiu e eu segui até o menino.

Ele era quase tão alto quanto eu. Seus cabelos eram lambidos pela corrente de ar fria de National City. Ele se agasalhava com uma jaqueta vermelha e hesitava em olhar para trás.

— Ei! - Chamei o menino. Ele não se moveu - Olhe, entendo que possa estar passando por algo difícil, mas não acredito que suicídio seja a melhor maneira de escapar de sua dor.

— Dor? - Ele finalmente se pronunciou. Para minha surpresa, o garoto esbanjou uma risada sínica e irritante, ainda sem dar a cara - E quem disse que eu sinto dor?

— Você não sente? Ótimo então! - Falei num tom acolhedor - Podemos conversar sobre seja lá o que esteja passando. Mas quero que saia daí antes.

Ele ficou batendo o pé por várias vezes, como quem estivesse pensando em algo ou até por impaciência mesmo.

— Como é seu nome, amigo? - Pedi, sabendo que poderia estar piorando a situação.

— Não reconhece minha voz, Supergirl? Ou deveria te chamar de Kara Zor-El?

Um aperto se formou em meu estômago. Quem era esse cara que até meu nome sabia? Agradeci aos céus por ele não ter falado meu nome kryptoniano tão alto. Assim, as pessoas saberiam minha verdadeira identidade.

— Como disse? - Perguntei, irritada com sua audácia.

— Está sendo difícil, não é? - "Olha quem fala", pensei - Tudo bem. Vou facilitar as coisas pra você.

Ele finalmente se virou. O sol batia contra seu rosto, o que não me deixou olhar com clareza. O garoto não portava nenhuma emoção reconhecida. Fiquei pensando de onde eu deveria conhecê-lo, mas não lembrei muito bem.

— Ainda não me reconheceu? Que droga! Talvez eu tenha mais sorte com o Superman. - Balbuciou - Ou talvez tive muito azar vindo até aqui.

O cara se afastou para a ponta do concreto, seus dedos ainda seguravam os fios de aço da ponte. Ouvi barulhos dos policiais e de outras pessoas que andavam pelo lugar. Todos gritavam para ele se afastar do local. Eu queria dizer algo, mas nenhuma palavra saia dos meus lábios, talvez pelo choque. Só fiquei olhando para o tal estranho.

— Adeus, Supergirl.

Então ele o fez. Seus dedos escorregaram dos fios propositalmente. Seus pés já tinham ultrapassado da beirada. O garoto abriu os braços e cerrou os olhos, estava pronto para ser abraçado pelas águas gélidas do rio.

— Não!

Desejei que isso fosse apenas um pesadelo, mas isso era a mais pura e horrenda realidade.

Eu causei a morte de alguém.


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