A redenção de Nathalie escrita por Drids
Notas iniciais do capítulo
Ontem não pude postar, mas segue aí a conclusão da história de Marinette e sua sina de perder presentes para os outros.
Marinette recebeu uma ligação de Nathalie, solicitando sua presença na mansão dos Agrestes. Não deu mais detalhes, apenas combinou o horário que a limusine a buscaria. Mas só de saber que ela seria recebida pessoalmente por Gabriel Agreste, a menina já ficou ansiosa, por não saber do que se tratava e por saber da fama de mal-humorado do estilista. Se ela mal conseguia falar com Adrien sem engasgar e gaguejar, como conseguiria se comportar na frente de seu pai famoso e carrancudo?
A limusine estava na frente da padaria na hora marcada. Quando Marinette entrou, Nathalie estava a sua espera. Ficaram em silêncio por alguns minutos e, para relaxar, a garota começou a puxar assunto.
− Senhorita Nathalie, a senhora já deu o colete de presente?
− Er... sim...
− E a pessoa gostou?
− Adorou! Mas houve um mal entendido e ele não compreendeu de quem foi o presente.
− Ah... sei bem como é isso. Já aconteceu comigo!
Marinette sorriu sem graça. Seria trágico, se não fosse cômico. Já Nathalie engoliu seco. E o silêncio imperou novamente, até que chegaram à mansão e seguiram para o escritório de Gabriel.
Nathalie anunciou a chegada da visitante e a encaminhou para o encontro. Marinette não continha o nervosismo.
− Boa tarde, senhor Agreste.
− Boa tarde, Marinette. Entre, sente-se. Nathalie, por favor, fique. – As duas sentiram gelar.
− O senhor queria me ver.
− Eu vi seu colete.
− V-v-viu? – Por essa Marinette não esperava.
− Sim, meu filho o recebeu. Aproveito para agradecer por ele o seu presente.
Marinette olhou para Nathalie, que lhe sorriu e piscou um olho. Imediatamente a menina entendeu: Nathalie fez com que o colete passasse por seu presente para Adrien. Mas a troco de quê?
− Eu achei a costura de boa qualidade. Detalhes bem caprichados. Produto de muito bom gosto. Pude ver Adrien o vestindo. O caimento ficou perf... muito bom mesmo! – Mesmo elogiando, Gabriel mantinha a feição afetada.
− Ob-obrigada, senhor. O fiz lindo como o Adrien... Não! Quer dizer... fiz pensando no Adrien. Quer dizer, fiz inspirada nele... inspirada nas fotos dele, nas suas roupas nele... como se fosse pra ele... ai... – Marinette se atrapalhava, pensando que seria melhor nem ter começado a falar.
Gabriel girou a cadeira e virou-se de costas para a menina ruborizada, para disfarçar o riso. Nathalie notou a reação do chefe, e sentiu certo alívio por ela. Mas Marinette só queria afundar-se no chão. De volta para ela, agora novamente sério, Gabriel continuou:
− Está tão bem feito que Adrien pensou que eu o costurei. E eu, confesso, não desmenti. Fiz mal?
− Mas isso não é justo! – Marinette falou instintivamente, sem notar sua exaltação.
− Mas o presente chegou a ele sem nome, sem dedicatória... poderia ser de qualquer um. – Gabriel manteve-se sóbrio à reação de Marinette.
− Havia um cartão... – Nathalie tentou dizer, mas sua pouca coragem em entrar no meio do diálogo manteve sua voz tão baixa que nem foi percebida. Marinette a interrompeu.
− Eu assinei o lenço...
− Mas não assinou o colete.
Marinette grunhiu baixinho, sabendo que não teria argumentos nem defesa.
− Essa vai ficar como lição para você, jovem. Uma lição para sua vida profissional. Mas eu gostaria de lhe dar uma escolha: Eu posso apresenta-la agora para Adrien como a costureira do colete e a pessoa que pretendia realmente presenteá-lo. Ou... você permite que ele pense que o presente foi meu e, em troca da sua conivência, eu lhe ofereço uma oportunidade única de aprendizado.
− Como essa lição que o senhor acabou de me dar, sobre a assinatura?
− Essa foi de graça. Mas você almeja um futuro como designer de moda, não? O que me diz de ser minha aprendiz?
Marinette nem piscava. Nathalie nem respirava. Estavam ambas muito surpresas com a oferta de Gabriel. Para a mais velha era como se seu chefe abrisse os portões da mansão e desse um passeio no parque. Um grande avanço em sua relação com o mundo exterior.
Porém, Marinette se encontrava numa questão moral. Não queria mentir, mas seria como com o cachecol – a felicidade de Adrien poderia valer a pena. Contudo, se ele achasse que o colete era um presente dela, seria uma oportunidade de se aproximar de Adrien. Ainda assim, o presente nem era dela inicialmente. Mas era pra ser. Ou parecer. Poderia ter sido. Estava tudo tão confuso que ela não conseguia dar pesos e medidas às opções, então decidiu desempatar.
− Se eu quiser contar a verdade, o que aconteceria?
− Creio que Adrien ficaria bem mais decepcionado comigo do que já é. Nathalie passaria por incompetente, pois ela também não chegou a dizer a ele de quem era o presente. E você teria sua gratidão e não sei se muito mais do que isso. – Gabriel tinha um ponto.
− E o estágio?
− Não remunerado! Você viria aqui na mansão três vezes por semana e me acompanharia em alguns trabalhos de menor importância. Poderia conhecer parte do meu processo criativo, me apresentar suas ideias e receber orientação de como executá-las de forma profissional.
− Posso acompanhar algum desfile?
− Só se fizer por merecer.
− Mais alguém me avaliaria?
− Não. Só eu.
− Me parece tudo muito subjetivo... E se meu colete aparecesse em uma peça publicitária?
− Ainda não está com meu padrão de qualidade. No mais, não poderia lhe dar o crédito e eu não sou tão injusto.
− Hum... Ainda é pouco.
− Ok: Um acessório, na primeira peça publicitária do próximo semestre, coleção de outono. Até mesmo para compensar o chapéu de penas, que não pôde ser usado por Adrien, que é alérgico. Você teria algum tempo com meu filho, que será o modelo exclusivo. E terá o seu nome creditado. É minha última oferta! – concluiu seriamente.
Marinette fitou o chão, depois a janela, depois o teto... pensativa. Ainda sentia o peito apertar, sentindo-se ora injustiçada, ora afortunada. Nathalie, com o olhar, lhe implorava que aceitasse, vendo na oportunidade sua própria redenção. Ela lhe fez um sinal de positivo com a mão, disfarçadamente. A menina olhou Gabriel nos olhos e deu seu ultimato.
− Senhor Agreste, o colete que fez para seu filho parece combinar com meu chapéu de penas!
− Boa decisão! Agora deixe-me voltar ao trabalho. Volte na segunda-feira. Nathalie, acompanhe a senhorita Marinette.
− Sim, senhor! – disseram as duas.
No caminho de volta, ainda um pouco surpresa, Marinette organizava seus horários com a agenda de Nathalie.
− Srta. Nathalie. O Senhor Agreste está ficando expert em dar meus presentes para o Adrien, não? – algo lhe dizia que a assistente sabia como aquele mal entendido surgiu.
− Ah.. er... Marinette, por favor, não o julque mal. Sobre o cachecol... ele não sabia...
− Não sabia que era meu?
− Não foi ideia dele. Foi entregue a Adrien como presente dele, mas sem sua participação. Ainda assim, você precisa saber que esse incidente transformou a relação entre pai e filho. Eles... precisavam..
O olhar de Nathalie dizia tudo. Marinette notou seu constrangimento em assinar a autoria do desvio do presente. Mas também percebeu que a mulher a sua frente conhecia a família Agreste como poucos e que nada do que fez foi para prejudica-la, mas para ajudar pessoas a quem ela obviamente tinha mais do que mera consideração. Não podia tomar a atitude de Nathalie como um ataque pessoal, pois ambas queriam o bem de Adrien. Como não gostar de alguém que tem esse compromisso com seu amado?
− Senhorita, dê ao Adrien quantos presentes meus forem necessários para deixa-lo bem com o pai. O que importa...
Elas se entreolharam e disseram juntas:
− É fazer Adrien feliz!
E assim, um novo tratado de cumplicidade estava sendo selado.
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Não foi de propósito, mas pensando bem, da forma como tudo conclui agora, dá até pra encaixar como evento anterior ao especial de natal, quando a menina finalmente faz um presente seu chegar às mãos de Adrien. Ou seja... final feliz, né?
Tô pensando se lanço ou não o prólogo que pensei. Tá meio bobinho. Então, ou até a próxima fic ou até o próximo capítulo.