Glowing In The Dark escrita por autorasantiis


Capítulo 1
Capítulo Único




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Já se sentiu fissurada e completamente paranoica por alguém? É frustrante ouvir o tanto de pessoas que lhe acham louca. Meus amigos costumam me chamar de Arlequina, ou chamavam pelo menos, quando eu os tinha. Esse apelido não era pelo fato de eu ser loira e sim pelo fato de eu ter enlouquecido da noite para o dia. Eu mudei quem sou por causa de alguém, não um alguém que eu conheci, ou pelo menos não alguém real, alguém que exista de verdade, quer dizer, ele existe, na minha cabeça.

Fechei os olhos e suspirei.

É frustrante ver aqueles olhos azuis e não saber quem é o dono, frustrante ver aquele sorriso encantador e não saber como o conheço, aquele garoto virou a minha psicose, a minha alucinação, a minha paixão, a minha vida, mas ele também se tornou o meu pior pesadelo, ele estava dentro de mim, da minha cabeça, ninguém podia vê-lo a não ser eu, era assustador saber disso, mas era perfeito, ele era a minha ilusão perfeita, era o meu ponto brilhando no escuro, no meio daquele mundo cinza.

Eu lembrava perfeitamente da primeira vez em que o vi. Estava no cemitério, minha avó havia falecido, ela tinha problema de coração. Eu odiava cemitério, enquanto estava ali, fiquei imaginando o que acontecia depois da morte, será que vamos para outro lugar, será que ficamos presos, será que reencarnamos em outra dimensão ou será que ficamos em um grande buraco negro, com a luz apagada e sem alguma razão para aquele imenso escuro? Olhei para o além, e lá estava ele, vestido de preto, por um momento achei que fosse um parente que não queria se aproximar e sentir todo aquele peso de se despedir de um corpo descendo para baixo da terra, com nada além de carne e osso. Eu cheguei a acreditar que ele poderia ser alguém vivo, alguém que tivesse razão para estar ali, ou talvez até tenha pensado que ele era a morte.

Fui para casa, morava com os meus pais, e ao final da tarde, lá estava ele do outro lado da rua olhando para a minha janela, seus olhos eram azuis, mas sua expressão era vazia, aqueles olhos não pertenciam a alguém vivo. Ignorei aquele fato, estava cansada demais para brigar com um estranho, um stalker, um serial killer, ou seja la o que ele fosse, eu não estava interessada em pensar nisso. Deitei-me na cama, e pronto, lá estava ele do meu lado, me observando, por um segundo achei que eu estava sonhando, mas não, eu estava bem acordada e ele me encarava atentamente, como se pudesse ver a minha alma. Me perdi em suas orbes azuis, eu não gritei, não me espante, não corri, não pedi para que ele fosse embora, não me mexi apenas fiquei ali, olhando em seus olhos e sentindo seu cheiro.

Mas quando cedemos ao que não é normal, as coisas ficam estranhas, fogem do nosso controle e foi ai que tudo piorou, ele apareceu nos meus sonhos, ele apareceu em minha casa, em cada esquina que eu ia, ele brilhou até mesmo quando o vazio tomou conta de mim. Meus amigos me abandonaram, minha família queria se livrar de mim e eu fui internada com algo chamado de depressão, eles diziam que meu luto estava projetando coisas na minha mente, que aquele homem não existia, que eu estava delirando, que isso podia ser o início de uma esquizofrenia, mas eu não estava fazendo isso, por que eu projetaria alguém que não conheço, alguém que não fala, alguém misterioso em minha vida?

Só para ter o prazer de sair daquele mundo sem cor? Isso não era verdade.

Fechei os olhos e suspirei.

Era isso que eu fazia todo o tempo, eu me sentia cansada, não só pelos remédios, que eu engolia com muito custo, diziam que era para acabar com as alucinações, mas ele não desapareceu, ele não se cansava de me encarar, passava noites e noites me observando, e eu já nem dormia mais, encarando aqueles olhos azuis sem nem me importar, até porque ele era o único que continuava ali por mim, mesmo que ele tenha sido o motivo de eu ter ficado louca, louca com tanto mistério, ele era a minha loucura interior, ele era o meu demônio solto, ele era a minha luz naquela escuridão, eu o vi várias vezes antes de decidir me juntar a ele, o vi brilhando no escuro, me guiando para minha própria luz, mas a realidade tomou conta de mim, ainda estou aqui, neste mundo que tudo muda, mas nada tem sentido, continuo aqui a espera de que ele seja real, de que ele apareça e diga algo que faça sentido.

Olhei para minha mãe parada na porta e sorri.

Eu iria para casa, eu havia parado de vê-lo, mas sempre que eu fechasse os olhos, podia ver nós dois brilhando no escuro.

 


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