As Crônicas de Reddie Hunter escrita por HunterPotterhead


Capítulo 40
Me esquece


Notas iniciais do capítulo

Então, eu tô VIVA, e voltando a escrever (Bloqueio criativo e falta de tempo, pior combinação, meus caros) Mas agora eu realmente vou tentar voltar a postar, bjooooo



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Assim eu, Sel e Luna estávamos ainda na praça de alimentação, finalmente comendo nossos lanches em paz. Eu estava pensando no monte de calorias da batata frita e o quanto eu malharia amanhã pra conseguir voltar ao peso normal.

Mentira, tô sendo trouxa da vida e pensando em Ethan, mas isso é um fato completamente desnecessário e inútil que eu detesto e eu espero que Ethan vá pro quinto do caralho dos infernos.

Não, eu não estou impaciente e com raiva, eu estou completamente hippie e feliz. Good vibes. O mundo é um mar de rosas.

Sintam a minha mais pura bipolaridade e confusão mental. Claro que sou uma pessoa de mente saudável, por que vocês discordariam disso?

Esse é um dos poucos momentos na minha vida que eu sinto vontade de beber. Mas nunca bebi e prefiro continuar assim. Então descontei minha sede por bebida alcóolica no refrigerante de limão. Pelo menos a enorme quantidade de açúcar fazia meu cérebro ficar meio tonto. Ai, minha santa glicemia.

De longe eu vi o trio de vacas voltando.

É impressionante que elas ainda estejam aqui depois de apanhar tão lindamente. O que não tem de cérebro tem de persistência na burrice. Mas elas passaram direto por nós, somente mandando olhares hostis. Tinham trocado de roupa, e sabe-se lá como, tomado um banho. Agora as três estavam vestidas com cropped dourado (Alguém pegue pra mim um óculos escuro pelo amor do pai) e um short preto curto, com saltos de 25 centímetros. Seria mais bonito se cada uma tivesse seu próprio estilo, pelo amor de Deus. Tinham coberto os machucados com mais meio quilo de maquiagem.

Maquiagem faz cada milagre, mas quanto maior o dano que elas cobrem, mais óbvio fica que é maquiagem. Graças ao meu soco, a garota morena parecia que tinha um reboco na cara. 

Por curiosidade, eu, Sel e Luna olhamos na direção de onde elas estavam indo. Sel esmagou a garrafa de refrigerante. Eu revirei os olhos. Luna franziu o cenho e fez uma careta como se pensasse “Tudo bom, cara?”.

Ethan, Nicho e Rafa estavam sentados numa mesa não muito longe calmamente tomando refrigerante. Como se não estivessem acabado de tentar formar um barraco no meio da praça de alimentação, elas foram pra mesa deles. É sério isso? Elas estão abandonando uma treta, parecendo uns monstros piores do que os que eu enfrento e pra se jogar em cima dos meninos?

Ah, não cara. Que falta de amor próprio. Ou talvez excesso dele. Mas taquei o foda-se e continuei bebendo refrigerante.

Aí Sel se levantou e sentou na mesa deles. Super discreta amiga. Parece até aquelas situações em que você fala pra uma amiga olhar discretamente para um garoto bonito e ela vira a cabeça feito o exorcista.

Fiquei discretamente observando elas se inclinarem na mesa. Por que as pessoas se inclinam quando vão flertar? É estranho.

Oiii— A ruiva cumprimentou feito uma retardada – Meu nome é Hanna. Essas são a Yuri – Apontou pra asiática – E a Kelly. – A morena mandou um beijinho -Vocês vem sempre aqui?

Por que vadia é sempre escrota fazendo abordagem?

— Mais ou menos... – Nicho respondeu tomando seu refrigerante.

— Tem namorada? – Kelly perguntou bem direta da vida.

— Sim. – Nicho olhou sugestivamente para Sel que arqueou uma sobrancelha como se dissesse “Quando foi isso parça?”. Acho que ele só queria se ver livre delas. Mas se ele dissesse que não tinha ai dele.

— E você, gato? – A ruiva perguntou a Ethan, tentando disfarçar a decepção com Nicho. Ele suspirou e olhou de esguelha pra mim.

— Não.

Calipso sorriu como se houvesse ganhado o seu dia.

— Mas eu estou interessado em uma pessoa e ela definitivamente não é você, então sai fora. – Ele revirou os olhos.

Senti vontade de rir ao ver a cara de Calipso, completamente indignada com a resposta. Mas Ethan estava completamente atento a minha reação, então só revirei os olhos assim como ele.

Por mais que por dentro meu ego ronronou com a resposta.

Ele só nunca vai saber disso. Há.

— E você? – Yuri perguntou para Rafa, esperançosa.

— Hã... Sou gay, amor. – Ele fez uma voz extremamente afeminada e sorriu.

Quase cuspi o refrigerante de tanto rir. Combo de foras, adorei. Elas se retiraram totalmente ofendidas e reclamando novamente uma com a outra. Não pude deixar de pensar que era bem feito.

— Eu vou lembrar disso, hein? – Sel estava gargalhando de se acabar. – Vamos fazer compras qualquer hora dessas, miga.

— Ai, adoro. – Rafa riu. – Não me julgue, foi a mentira mais eficiente em que pensei.

— Bom, meninos, foi divertido. – Sel sorriu cinicamente. – Mas o que diabos vocês estão fazendo aqui, hein?

— A gente tropeçou pra fora da cama, aí acabamos vindo pra cá. Foi acidente. – Nicho falou, aí deu um assobio e resolveu que uma loja de roupas masculinas era muito interessante para se observar enquanto dava um gole no seu refrigerante.

— E os outros...?

— Estão passeando pelo shopping. Menos Bryan. Tá em casa dormindo.

Bryan sendo Bryan.

— Vê se não ficam no nosso pé – Sel revirou os olhos. – E me dá isso aqui.

Então pegou o refrigerante de Nicho e se levantou voltando para nossa mesa antes que ele pudesse protestar. Até que ela estava de bom humor.

Certeza que se Jack estivesse ali a história seria bem diferente envolvendo metade da praça de alimentação destruída.

Mas é como eu digo, todo mundo aqui é hippie. Super gente boa. Paz e amor. Sel e Luna resolveram passear pelo shopping. Acompanhei elas feliz da vida. Porque eu preferia mesmo ficar rodando por lojas aleatórias ao invés de encher o bucho com batata frita, pizza e sorvete.

Céus, o que fast food fez com a minha mente? Só penso em comida.

Entretanto amanhã minha moleza acabaria, então sim, até lá só irei pensar em comer. Comer é vida. Doce de leite é vida. Chega sinto a diabetes e o colesterol chegando.

Voltei a ter 14 anos.

Amanhã volto a ter 19. Foco no fitness.

Nós demos voltas e voltas pelo shopping, e eu estava até tentando socializar, respondendo quando me perguntavam com respostas um pouco mais complexas que monossílabas.

Até que meus olhos pararam na vitrine de uma loja.

Mais precisamente numa jaqueta que estava ali. Provavelmente ela só estava ali de um jeito normal, mas meus olhos colocaram um brilho sobre ela como aquele filtro que mães tem nos olhos pra enxergar seu filho como o mais lindo do mundo.

Selena e Luna estavam conversando e eu caminhei hipnotizada pra loja. O cartão fraudado parecia esquentar no meu bolso, implorando pra eu comprar. Sempre tive paixão por jaquetas e tinha perdido a minha favorita lutando com os luflammas.

E ali estava uma parecida, mas ainda mais bonita. Preta, com detalhes em vermelho escuro, de couro, e pequenas tachinhas e botões prateados.

Meu novo sonho de consumo.

Entrei na loja, foda-se o preço. Aquela jaqueta é predestinada a mim, eu sinto isso.

Hey, não custa nada enfatizar o quanto quero comprar essa jaqueta.

— Boa noite. A senhorita vai levar alguma coisa? – A atendente perguntou.

Ela me olhou de cima a baixo, como se avaliasse se eu ia mesmo comprar algo. Eu estava de jeans azul escuro, meus coturnos surrados, pulseiras de couro e uma camiseta preta. Pelo seu olhar, não pareceu me levar a sério.

Por causa disso, minha obsessão em comprar a jaqueta aumentou.

— Quero a jaqueta.

— Custa 307,00 dólares. – Ela deu um sorriso de canto, como se esperasse eu dizer “Ah, na volta eu compro, na volta de Jesus”. E saísse correndo.

— Eu não perguntei o preço. – Mandei meu olhar mais frio pra aquela mulher. Mesmo com lentes, eu conseguia assustar pessoas. - Quero a jaqueta. Tamanho P.

Ela ficou surpresa.

— Quantas parcelas?

— A vista no cartão. E... – Dei um sorriso cínico - Faça-me o favor de ser rápida antes que eu reclame da sua arrogância com a gerente porque seu atendimento está um lixo.

Paciência com gente que se acha superior? Essa eu nem esqueci no útero, nunca tive.

Ela pegou a jaqueta e eu a vesti. Me olhei no espelho, ficava perfeita em mim, além de ser extremamente confortável. Passei o cartão sem dó e com a maior satisfação. A garota ofereceu uma sacola, tentando dar um sorriso e me pedindo pra dar uma olhada na loja, certamente na esperança que eu comprasse algo a mais, a falsidade dela me irritava. A ignorei e sem falar nada, saí da loja com minha nova baby. Me sentia incrível com ela.

Olhei pra direção de onde tinha abandonado sem falar nada Sel e Luna e elas estavam voltando com olhares confusos, acenei e elas me notaram, fui na direção delas.

— Onde você estava...? – Sel se interrompeu ao notar minha nova peça e arregalou os olhos – Wow. Caralho, que linda.

— Tá perfeita em você – Luna concordou.

— Obrigada – Dei de ombros dando um meio sorriso.

— Quanto foi? – Sel perguntou.

— Não importa.

— Cara, eu ganho grana caçando monstros. Você trabalha pra alguém?

— Não, faço o que faço por objetivo. – Fui curta.

— Então como tem grana?

Mostrei meu cartão abençoado.

— É fraudado. Uso esse truque desde meus 14 anos.

Luna não falou como ganhava dinheiro, apenas seguiu em frente.

— Gente, vamos jogar? Eu não tô vendo muita coisa interessante por aqui.

— Adorooo! – Sel sorriu – Conheço um lugar por aqui.

Ela foi na frente, e no terceiro andar do shopping lá estava uma estação cheia de jogos legais. Parecia promissor. Tinha um balcão cheio de bichos de pelúcia, você acumulava pontos nos jogos e trocava os tickets por algum deles.

Mas senti meu espírito competitivo dar uma faísca. Eu queria ganhar os prêmios. Quando estava tentando escolher o bichinho que queria, alguém bagunçou meu cabelo com um breve carinho.

— Gostei da jaqueta – Ethan disse – Talvez assim você me devolva a minha.

— Pode pegar ela de volta, Ross. Só usei porque estava congelando na hora.

Ele deu de ombros e sorriu. Nicho deu o ar de sua graça.

— Eu não falei pra vocês não encherem o saco? – Sel reclamou.

— É nossa especialidade. – Rafa sorriu. – Vamos jogar?

Sel revirou os olhos, mas acabou por dar de ombros.

— Parece até que fez cursinho pra ser chato assim na casa do caralho.

Pensei comigo que Ethan além de cursinho fez faculdade e pós graduação. No momento ele estava estalando os dedos perto do meu ouvido. Apenas por saber, após tanto eu mandar ele se ferrar, que barulhos baixos como aquele me irritavam demais. O barulho constante de uma caneta batendo ou alguém mascando chiclete por perto parecia um inferno para a minha audição. Estalar os dedos também se incluía na lista.

— Pare antes que eu te bata.

— Você não parecia querer me bater enquanto estava me beijando.

Eu detestava a tentativa que meu rosto fazia pra chegar perto do tom do meu cabelo quando ele citava isso. Droga. Eu tinha que dar um jeito em Ethan.

Também tinha que dar um jeito em mim, mas posso lidar com isso depois e ver se consigo congelar meu coração de novo.

— Você age como se aquele beijo tivesse sido a coisa mais importante da minha vida.

— Considerando que fui eu quem você beijou, claro que foi. – Ele deu um sorriso e mexeu no cabelo como se fosse um galã de novela.

Tinha um martelinho de brinquedo ali perto. Eu podia fazer Ethan engolir.

— Não significou nada. Para de ficar tão feliz – Ele continuou com sua expressão “Eu sei que tá mentindo” – E eu vou embora amanhã. Com sorte nunca mais te vejo.

Só depois disso que ele murchou um pouco.

— Hey... Eu estava pensando... Você bem que podia entrar pra equipe, sabe caçar comigo, Luna e Bryan, eles gostam de você, eu também na verdade. Seria legal te ter por perto. – Ele ficou um pouco vermelho.

Ethan me olhava apreensivo pela resposta. Os olhos brilhando de esperança que eu aceitasse a proposta. Quase hesitei. Eu estava lisonjeada pelo convite e meu coração disparou como se implorasse que eu dissesse sim.

— Esquece – Balancei a cabeça, meus lábios dizendo o contrário do que minha mente tinha no momento, mas era necessário, se eu gostava deles, não podia ficar arriscando suas vidas, e eu não me atreveria a contar sequer o motivo. – Não vai rolar.

— Ainda tem a noite pra pensar. – Ethan disse ainda esperançoso, com uma cara de cachorrinho que caiu da mudança.

Como alguém podia me fazer sentir desejo e ao mesmo tempo querer acertar a pessoa com uma cadeira nas costelas?

— Não tem o que pensar. Eu vou embora amanhã. Já me aproximei mais do que devia. Me esquece, Ethan.

Então saí de perto dele. Me senti dramática. Exagerada. Mas eu tinha tanto medo que puta merda. O melhor pra Ethan é esquecer que um dia eu passei na vida dele e o melhor pra mim é seguir minha vida sozinha.

Contudo uma perguntava rondava minha mente.

Por que essa decisão doía tanto?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, beijinhooos



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