As Crônicas de Reddie Hunter escrita por HunterPotterhead


Capítulo 30
O meu primeiro baile. Uma merda.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Primeiramente que eu resmunguei o tempo inteiro enquanto me arrumava. Por quê? Por que os curativos tinham deixado sangue seco sobre a minha pele, aí tive que tomar banho de novo. Segundo que eu coloquei os curativos pra nada porque quando Selena sugou minha dor, meus arranhões e ferimentos sumiram. Ou seja, desperdício e mais desperdício.

É cada desgraça que acontece na minha vida que eu já perdi a conta das misérias. Pelo amor de Jesus Cristo.

Esse deveria ser o meu segundo baile, mas quando Guilherme teve um baile na escola, eu fiquei doente no dia, o que resultou em ele ir com Lisa. Não que outras garotas não quisessem ir com ele, eu que mandei mesmo. E agora vou num baile do dia dos namorados sem ele.

Revirei os olhos ao vestir a merda do vestido tomara que não caia. Minha vontade era costurar pelo menos uma alça naquela bagaça.

— Reddie? – Luna chamou, averiguando seu vestido enquanto ainda estava de roupa íntima e eu xingava colocando o meu.

— Que foi?

— Já parou pra pensar que vamos lutar de vestido?

— Sim. Acho que cambalhota não é um golpe válido. Aliás, vou colocar um short por baixo. Esse vestido já está muito indecente pro meu gosto.

Luna, meio entorpecida, voltou a averiguar seu vestido, tomara que não caia também, e com uma grossa faixa de pedrinhas brilhantes na cintura. O vestiu e olhou seu reflexo no espelho por um momento.

— Eu queria que ela me visse... – Luna falou tão baixo que mal pude ouvi-la.

— Quem? – Indaguei.

Ela balançou a cabeça finalmente ao acordar de seu mundinho bem longe da Terra.

— Não foi nada, só pensei alto.

Coloquei meu vestido e um short preto. Olhei para a prateleira. Era meu primeiro baile, então acho que usar uma maquiagem não faria minha cara cair. E não, não é porque eu quase nunca passo maquiagem que eu não sei usar. Sou linda naturalmente, então não preciso.

Ás vezes tenho vontade de distribuir auto estima por aí, eu já tenho demais, nem ia fazer falta.

Passei um batom vermelho escuro, delineador, rímel e uma sombra dourada e preta. Luna tinha dito que queria que alguém a visse. Eu queria que Guilherme me visse. E que ele me levasse nesse baile.

Mais uma cena para a coleção de acontecimentos felizes que poderiam ter acontecido se ele não tivesse sido arrancado de mim.

Suspirei diante do espelho e olhei pra baixo, Sel tinha deixado um par de sapatilhas pra mim. Porém eu odeio sapatilha. Porque essa desgraça é desconfortável e parece que nunca fica certo no meu pé. Então coloquei meu bom, velho e sujo coturno preto. Luna tinha colocado um tênis All Star com o mesmo tom azul do vestido.

Não creio que vou num baile com 19 anos. Mas com minha altura eu entro até naqueles pula-pulas de criança. Selena saiu do banheiro já arrumada usando uma saia longa em degradê de tons de azul claro ao escuro e um cropped preto. Ela arregalou os olhos bem destacados pela maquiagem enquanto sorria.

— Meu Deus, vocês estão muito gatas, se eu não gostasse de meninos, daria uns pegas em vocês – Ela gargalhou e Luna também, enquanto eu balançava a cabeça sorrindo.

— Claro, pra não deixar o Nicho com ciúmes.

— Aquela criatura nem coragem tem pra me pedir em namoro, daqui a pouco eu que vou acabar pedindo.

Aquele momento que seu amigo é tão lerdo que a garota já tá pensando em ela mesma pedir ele em namoro. Luna pegou seu celular e começou a digitar, depois o aparelho começou a tocar alguma música de k-pop e ela pediu licença e foi atender no banheiro. O que não adiantou muito. Deu pra ouvir uns trechos da conversa, mesmo ela falando baixo.

— Eu estou bem, juro pra você. Não precisa se preocupar. Pelo amor de Deus eu tô viva, não tô? Tá, tá, morri umas horas atrás, não se apegue a detalhes. – Consegui imaginar ela revirando os olhos – Eu tenho que sair daqui a pouco. Sim, eu me atrevo a desligar na sua cara, Mel. Bye.

Ela saiu do banheiro sorrindo enquanto colocava o celular na bolsa.

— Bom, eu tenho uma coisinha pra vocês – Sel falou como se não tivéssemos ficado caladas ouvindo a conversa de Luna, caramba, já é a segunda vez que faço isso – Coloquem nas bolsas – Ela nos jogou duas pequenas pistolas.

Peguei a minha e coloquei na bolsa, mas Luna jogou de volta.

— Tenho 35 shurikens e 15 kunais na minha bolsa. Acho que a pistola não vai caber. – Ela fez uma careta.

— Como conseguiu colocar isso tudo na bolsa?

— São mini. Eu funciono melhor com armas pequenas – Ela deu de ombros, depois sorriu – Mas vocês estão mesmo lindas.

— Ah, valeu, eu tô gatona mesmo não tô, se liga na sensualidade da pessoa! – Ela fez uma pose tipo de atriz e deu uma volta enquanto ríamos.

— Selena sua maluca, desce logo! – Jack gritou. Está aí um coleguinha que eu ainda quero esfregar a cara no asfalto.

— Você me ama demais, né cara? – Ela gritou de volta e foi na direção da porta do quarto – Eu tô descendo, vejo vocês lá embaixo.

— Ok – Respondemos em uníssono.

Me sentei na frente da penteadeira. Tentei pentear meu cabelo, fazê-lo ficar mais liso, mas graças ao corte repicado eu não conseguia.

— Bom, eu estou pronta. – Falei e Luna parecia prestes a falar o mesmo, mas seu celular voltou a tocar aquela música viciante.

— Vai descendo, eu vou logo atrás de você.

Dei de ombros e desci as escadas, dando de cara com Ethan que me olhava com os lábios entreabertos. Não sei como ele tinha arranjado um smoking, calça e sapatos sociais. Sinceramente preferia ele de jaqueta de couro e camiseta, desse jeito parecia um bad boy contido pra impressionar o pai de uma garota.

Olhar pra ele me deu um tique nervoso ao lembrar de como agi o dia inteiro.

— Você está linda. – Ele disse.

— Eu sei, Ross, mas obrigada. Você até que está decente, cadê a gravata? – Indaguei.

— E eu lá sei colocar essa coleira – Ele apontou para a gravata que combinava com seus olhos azul turquesa jogada no sofá – Já basta o terno.

Peguei a gravata e coloquei em seu pescoço.

— É, mas é isso que falta pra você virar o filhinho do papai. – Falei, dando um nó na gravata enquanto ele dava um sorriso torto.

— Está querendo colocar uma coleira em mim?

— Estou querendo colocar uma gravata em você.

— Posso ser seu cachorro se quiser, querida.

— Um, não gosto de cachorros, dois, você já é um cachorro, mas eu não faço questão de te ter, e três, não me chame de querida, idiota.

— Isso é jeito de tratar seu acompanhante para o baile?

— Se tá reclamando, vá com uma vassoura – Finalmente terminei o nó, pondo as duas mãos na cintura – Vá se lascar.

— Awnt, vocês são tão adoráveis juntos. – Selena disse, saindo da cozinha.

— Meu pau no teu cu, desgraça.

— Meu ovo – Ela levantou o dedo do meio rindo. Ethan nos olhou como se a gente fosse louca. Talvez.

— Todo mundo pronto? – Nicho perguntou, também em traje social. Sua gravata era preta, também combinando com seus olhos.

— Falta Luna... – Eu comecei a falar, mas ela já descia as escadas.

— Já tô pronta.

Cara, a menina tem quinze anos, mas é mais alta que eu. Isso é um absurdo. Eu sou a pessoa mais baixa desse recinto.

Mas são 1,58 que merecem respeito.

Todo mundo foi pro carro, ainda não tínhamos muitas informações, tinha um monstro no baile de dia dos namorados, mas não sabíamos que monstro era. Nunca fiquei tão desinformada numa viagem. O baile era numa escola. Selena foi no banco de motorista e eu no de passageiro, porque eu simplesmente não suporto ficar no banco de trás. Fiquei olhando a paisagem passar em borrões na janela do carro enquanto o pessoal conversava, provavelmente com cara de drogada porque estava pensativa.

Por que caralhos eu tinha hesitado em sair do abraço de Ethan quando o efeito passou? Tinha se passado uns dois minutos quando eu finalmente me afastei e dei uma voadora nele. Devia ser porque ele estava confortável e o efeito da flecha estava se dissipando aos poucos. Mas isso não explica muita coisa. Eu teria me afastado de primeira com um terço da consciência.

— E é por isso que Ethan e Reddie irão se casar. – Ao pronunciamento do meu nome eu virei a cabeça e arqueei as sobrancelhas olhando para Sel e todos riram.

— Que porra você está falando?

— Chegamos e você não saiu do lugar. Aí achei um jeito legal de te acordar.

— Discordo do legal.

Saímos do carro, Sel deu os braços com Nicho, Rafa, Jack e Aaron. Lindo casal. Eu acho. Havia uma fila de casais num tapete vermelho que cobria uma rampa de concreto, um segurança alto e forte guardava a entrada. A batida de música eletrônica dava para ouvir dali. Eu e Ethan seguimos o grupo e Luna e Bryan atrás de nós.

Quando chegou na vez de Sel e os meninos, o segurança arqueou as sobrancelhas.

— A senhorita tem quatro acompanhantes?

— É um relacionamento aberto – Sel fez uma careta e os meninos assentiram rindo, mas eles conseguiram entrar.

Ethan me estendeu um braço.

— Não.

— Ah, vamos, o que custa?

— Eu não sou obrigada. – Além disso, custa o resto da minha dignidade.

— Belo casal, podem entrar – O segurança disse.

— Vai tomar nu cu, porra. – Reclamei e entrei logo naquela desgraça.

— Já ouviu falar na palavra calma?

— Não está inclusa no meu vocabulário, vamos logo. Quanto mais rápido acabar esse baile, melhor.

Luna e Bryan viam logo atrás. Estávamos andando num corredor cercado de armários e um odor de chulé de meias. Nos guiamos pela música, as paredes coberta de cartazes de clubes estudantis.

A escola é bem sem graça. Agradeço por ter estudado em casa, deve ser extremamente irritante estudar coisas que nunca usará dependendo do seu futuro profissional.

Chegamos ao ginásio, onde estava tendo um baile.

Primeiramente, pra quê tantos balões brancos e vermelhos e fitas? Tinha por todo o lado, até na borda das mesas cobertas por seda branca e petiscos e ponche. Os projetores no teto lançavam feixes de luzes coloridas por cima de um bando de adolescentes dançando animadamente. Haviam cartazes por toda a parte. Um palco montado no fundo do ginásio tinha uma banda de garotos com cabelo emo cantando algum remix de Despacito.

Eu não sabia o que estava procurando ao certo, mas ia ser difícil de achar. Os garotos estavam grudados demais. Seria difícil passar por eles. E eu não tinha a visão privilegiada de alguém alto.

Por quê não fiquei na casa de Sel comendo doce de leite e assistindo Netflix, porra? Não, eu tinha que ir num baile de dia dos namorados num bando de adolescentes com acne, suados e bêbados por que alguém tá batizando o ponche com vodca, procurando um monstro que nem sei como é.

No canto do ginásio tinha umas cadeiras, cheias de fitinhas, com um pessoal sentado, só olhando entediado os outros dançando, provavelmente os solteiros. Que triste.

Meus olhos vasculharam o lugar até encontrar algo que me fez parar o coração. Uma mulher linda dançava em volta de vários garotos.

Lábios carnudos, cabelo preto levemente ondulado, pele morena, e uma cicatriz de garras no pescoço. Usava uma jaqueta e calças de couro e uma sapatilha preta. 

Aquela era minha mãe? 

Pisquei atordoada, tentando porque tentando me livrar daquela peça que meus olhos estavam me pregando. Aquilo era impossível. 

Minha mãe está morta. 

Minha cabeça girou. Parecia real. Será que eu estava dormindo e o roteiro tinha mudado? Coisas que sei que são impossíveis bem na minha frente?

A minha vontade era de correr até ela, tocá-la, abraçá-la, até que uma garota completamente desconhecida me empurrasse e me chamasse de louca. Não, eu tinha passado daquela fase depois de 4 meses. Eu tinha parado de ver eles por tudo quanto era canto. O que faria meu cérebro me pregar peças de novo? Então Ethan tocou meu braço. 

— Reddie, você tem uma irmã gêmea ou algo do tipo? 

— Eu... Nunca tive uma irmã, na verdade. – Falei, ainda meio atordoada.

— Então porque estou vendo sua duplicata? 

— Que diabos você está falando? - Ele apontou exatamente onde estaria minha falsa mãe. 

Aquela definitivamente não era minha mãe. Anne Violet Hunter era nada mais, nada menos, que partículas de cinzas que se espalharam num penhasco. Aquilo era uma miragem. Como um falso oásis no meio de um deserto árido que eu caminhava sem uma gota d' água ou pedaço de sombra fazia quatro anos. Apenas uma miragem. 

Olhei mais atentamente a figura que roubava o rosto da minha mãe. Ela dançava de forma hipnotizante, e a dúzia de garotos ao seu redor faziam os mesmos movimentos robóticos, como se presos a um feitiço.

Ela se virou, sorrindo maliciosamente, e caninos sobressaltam-se em seus lábios. Meu banco de dados finalmente resolveu funcionar. Era uma desgraça de mollit ali.

Um demônio feminino que adquiria a forma da mulher mais bonita que você tem em mente, ela enfeitiça o máximo de pessoas e então drenam seu sangue, como vampiros, mas armazenam por um bom tempo em bolsas de sangue, tem super velocidade e são capazes de influenciar pessoas apenas com a voz. A mulher que eu considero a mais bonita que já conheci é a minha mãe. E a de Ethan... 

Epa. Alto lá.

Algo de errado não está certo. 

— Espere, disse que está ME vendo ali? - Perguntei alto o suficiente para que ouvisse minha voz. 

— É, ué. 

— Eu devo ter grudado chiclete numa cruz na outra vida, caralho, aquele é o monstro! 

— Epa! Não estou te chamando de feia. 

— O pior é que sei disso. Pare de me ver ali, porra. 

— Por quê? 

— Porque é um mollit. Ele adquire a imagem da mulher mais bonita que você tem em mente. 

— Ah – Ele sorriu, mas suas bochechas adquiriram um tom avermelhado. - Não posso fazer muita coisa quanto a isso. Tenho bom gosto. 

— Não vou considerar isso um elogio. Vai pra merda. - Levantei o dedo do meio pra ele e olhei ao redor, a maioria do nosso pessoal estava do outro lado do ginásio. 

Tinha uma multidão de alunos dançando entre nós.

Eu não tenho o número de telefone deles. 

Começou a tocar a merda de uma música lenta.

E minha paciência estava lá no vale da puta que pariu.

— Que merda. Os mollits tem super velocidade. A gente precisa de mais pessoas pra uma emboscada. 

— Não podemos chamar a atenção. Se mais um vídeo nosso cair na internet, eu acho que queimar aparelhos não vai dar muito certo. 

— E o que sugere para passarmos por esse povo sem chamar a atenção?

Ethan ficou com a expressão pensativa por um segundo, com os olhos estreitos e uma mão apoiando o queixo, até que seus olhos arregalaram-se e ele abriu um sorriso.

— Reddie Hunter, me concede esta dança? - Ele estendeu a mão e eu revirei os olhos. 

— Tenho escolha? 

— Quer mais um vídeo seu na internet, querida?

— Pare de me chamar de querida. - Bufei e dei minha mão para ele – Se pisar no meu pé, juro que te acerto um soco. 

Ethan colocou a outra mão em minha cintura, e eu coloquei a minha em seu ombro. Começamos a dançar, andando em passos curtos, para tentar chegar aonde estava Selena, Rafa, Nicho, Aaron, Jack e Luna.

Bryan tava roubando os petiscos e docinhos da mesa de comida perto deles. Tenho certeza que está na expectativa de encontrar o nosso alvo no molho para salgadinhos.  

Era difícil seguirmos em linha reta, o pessoal estava dançando de forma lenta e ficando praticamente no mesmo lugar, o importante era achar uma brecha para seguir em frente. E eu também procurava não focar no perfume de Ethan.  

Quando finalmente chegamos neles, em que eu já estava ficando aborrecida por ter que ficar tão colada com Ethan, afinal já bastou o dia inteiro, a música lenta parou voltando a eletrônica e assim o engarrafamento se dissipou com as pessoas em movimento rápidos novamente. E se isso tivesse acontecido três minutos antes, nós poderíamos passar andando normalmente.

Ethan caiu na risada. Eu tive um tique nervoso no olho.

 - Porra de banda inútil do caralho, só pode tá de brincadeira com a minha cara! 

— Meu Deus, me acode! Eu acho que vi a Emma Watson lá na frente, socorro! - Sel gritou e arregalou os olhos começando a pular. 

— Nem se ilude. É um mollit. Tem a aparência da mulher mais bonita que você tem em mente. 

— Caralho, será que eu não posso dar uns pegas antes da gente matar ela? 

— Nicho só procura um cabelo azul que rapidinho acha. - Ethan deu um sorriso torto e Nicho ficou vermelho, entreabriu os lábio e aí fechou a boca.

Ethan foi falar com Bryan, que revirou os olhos, mas se juntou a nós. 

— Pra começo de conversa o que é um mollit? - Sel perguntou. - E por que ele tem a maravilhosa cara da Emma? 

Expliquei tudo que sabia e porque se encaixava com a garota dançando. 

— Vamos colocar as armas no silencioso e carregar o corpo, se é que vai ter um, pra fora daqui dizendo que é só uma garota que bebeu demais – Bryan falou. – Quer dizer, vocês fazem isso, os cajuzinhos estão me chamando de volta.

— Pra quê você veio aqui?

— Pra vocês não me dizerem que eu não faço nada – Bryan fez uma cara de ultrajado e voltou a comer.

Conseguimos atravessar facilmente com a música eletrônica, cercando pouco a pouco o mollit. Mas a cada passo, a criatura olhava para cada um de nós, sentindo nossa presença. Eu me sentia como se estivesse entrando na teia de uma aranha predadora.

Minhas mãos tremiam. Droga, era Anne ali. Era a minha mãe. Eu abaixei a arma enquanto engolia em seco. Minha vontade era fugir dali só para não ver ela tomando os tiros. Não, não dava para mim. Eu queria abraçar ela, não matá-la. Queria pedir desculpas. Queria entregar minha vida no lugar da sua.

Mas era só a porra de um monstro.

Num certo ponto, nós tínhamos formado um circulo ao redor dela. Anne sorriu, então cravou as presas no pescoço de um dos garotos que a cercava, o sangue escorreu pela camiseta dele, e antes que alguém atirasse, ela segurou sua cabeça e quebrou seu pescoço, fazendo o corpo desabar no chão. Arqueou as sobrancelhas, deu de ombros, e de repente um vulto saiu do ginásio, como se ela dissesse “Acho melhor cuidarem disso primeiro”.

E mais uma vez eu fui lenta demais. A droga de um fracasso. A maioria dos estudantes nem perceberam que o colega tinha acabado de morrer. Mas iam perceber, e não precisávamos de mais atenção pro nosso lado.

— A gente precisa de uma distração pra tirar ele daqui – Sel disse, olhando para os lados afoita.

Olhei para a banda e uma lâmpada se acendeu na minha cabeça. 

— Sei de uma boa distração. – Falei, dando um sorriso malicioso.

— Qual? – Sel perguntou.

— Deixa que eu resolvo. Vocês cuidam do corpo e do mollit. – Talvez pelo menos assim eu seja útil.

— O que vai fazer? – Rafa perguntou. De novo.

— Surpresa, queridos. 

Então me afastei e subi a escadinha invadindo o palco, justo quando a banda se preparava para tocar mais uma música.

— E aí meninos, posso cantar uma música? - Perguntei sorrindo.


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