As Crônicas de Reddie Hunter escrita por HunterPotterhead


Capítulo 19
Ethan. Um grande idiota.




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Uma mão ossuda e gélida agarrou meu pulso e eu gritei. A imagem do rosto apodrecido e dos olhos esbranquiçados era mais turva agora, mas ainda me assustava, ainda parecia real. Então eles vieram, me jogando acusações e tentando me matar. Pareciam seguir um roteiro macabro e doentio. Toda noite a mesma coisa. E eu sentia um maldito medo daquilo ser a realidade.

Acordei com as mãos fechadas em punho no macio cobertor. Assim que normalizei a respiração, revirei os olhos. Sempre a mesma coisa. Eu tenho 19 anos. Quatro anos haviam se passado e eu ainda tinha o mesmo pesadelo desgraçado que fodia com a minha mente. Ainda sentia a falta deles.

E por quê?

Porque não consigo achar Edward. Okay que matar ele não vai acabar com a saudade que sinto, mas poderia aliviar a raiva.

Após um ano procurando o filho da mãe, percebi que ele e seu ninho de lobisomens eram como uma caravana. Nunca ficavam num mesmo lugar por mais de uns dias. Como hippies, só que hippies não torturam e matam pessoas. Sempre que eu conseguia um único rastro, qualquer coisinha, chegava tarde demais. O que me deixa possessa de ódio. Acabei ficando quase paranóica. Cheguei a recorrer a videntes e bruxas para me informarem, só que elas não conseguiam prever o futuro, só o presente. E quando eu chegava no lugar, comia poeira.

Três anos somente comendo poeira. Eu tinha que tomar café para me manter sobre controle. Sem ele eu parecia uma fera. Minha paciência estava num nível negativo bem perigoso. Parecia que eu estava me drogando, mas na verdade só me fazia ficar tranquila.

Olhei para o teto, estava amanhecendo em Portland. Aqui tem um excelente Starbucks. Porém era algum tipo de feriado e todos os estabelecimentos estavam fechados. E meu estoque de café havia acabado. Único jeito de controlar minha ansiedade era caçar. Neste caso eu estava procurando um Sugima. Era a junção de dois nomes em latim. Sugentem Anima. Ou sugador de almas em inglês pra vocês não terem o trabalho de ir pesquisar no Google tradutor.

Meu trailer era tipo uma casa, no momento eu estava revirando na minha cama encarando as facas de bronze e imaginando o momento que atravessaria uma delas na garganta do Sugima. Só que estava com uma preguiça danada.

Porém a ansiedade venceu e fui tomar um banho quente.

Eu estava usando uma camiseta branca com a estampa “Prefiro comida do que pessoas” (A mais pura e cristalina verdade), uma calça jeans preta meio rasgada (Mais uma da coleção que não comprei desse jeito, eu que rasguei treinando mesmo), coturnos cinza e minha jaqueta preta de couro estava amarrada na cintura. O colar de Nicho estava no pescoço e a pulseira de couro no meu pulso que usei no primeiro encontro que tive com Guilherme.

Ele havia me levado para um festival de churros e depois num cinema onde vimos um filme de terror. Fomos os únicos malucos que riram nas cenas de morte. E aí encerramos a noite com maratonas de séries da Netflix no meu quarto. É uma boa lembrança. Eu sempre usava um acessório que me transmitisse uma boa lembrança. Era reconfortante.

Peguei algumas facas de bronze e saí do trailer. Ah, surpresa minha gente! Eu cresci! Aposto que vocês devem estar pensando: Então a nanica finalmente atingiu um tamanho decente?

Mais ou menos. Agora eu tinha 1,54. Seis centímetros a mais em quatro anos. Bom, já é alguma coisa. Não estou nessa vida para atingir a altura estética que a sociedade ache que eu deva ter para entrar num padrão. Odeio padrões. Tem gente que parece que nunca ouviu falar em originalidade.

O frio do lado de fora me convidava a voltar para os lençóis, mas eu queria acabar logo com aquilo.

Estava andando em direção ao prédio onde houve a maioria dos ataques quando vi um cara de cabelos pretos entrando numa casa pela janela aberta. Ladrões não são problema meu, então dei de ombros. Porém tive o resquício de um brilho prateado na sua cintura o que me fez pensar que ele estava armado. Bufei, mas não custava prender o cara. Talvez aquela fosse a casa de uma família necessitada ou lá dentro poderia estar uma criança sozinha.

Eu tinha uma mania de pensar pelo lado dos outros. Bem, mania não, uma virtude que poucos têm. Imaginem um mundo onde as pessoas pensassem umas nas outras? Com certeza estaria melhor do que está agora.

O rapaz sumiu por dentro da casa e eu o segui, meus passos tão silenciosos que eu somente podia ouvir minha respiração. Ele era bom, também não escutava os passos dele. Então ouvi o som de uma luta, socos e chutes sendo trocados. Olhei pela moldura da porta. O cara lutava com um vampiro. Se movia com velocidade, porém tive a impressão que ele podia ser mais rápido. Pensei se ele era um caçador. Ladrão não poderia ser.

E aí ele começou a perder. O vampiro estava usando super velocidade. O derrubou e ficou por cima dele tentando mordê-lo. Talvez seja hora de eu me intrometer. Entrei girando a faca de bronze entre meus dedos e me aproximei por trás do vampiro.

O garoto me notou, mas não falou nada, apenas me olhou ameaçadoramente como se dissesse “Fica longe”.

Ninguém manda em mim. Inclusive um carinha que tá perdendo pra um vampiro.

Passei a lâmina de uma só vez em sua garganta. Vampiros não me passavam muita adrenalina quando estavam sozinhos. O garoto soltou um gemido de nojo quando o sangue caiu por cima dele e a cabeça do vampiro ruivo rolou pela sala de estar. Ele se levantou e me olhou com desdém. Okay, né...

— Era meu! Por que matou ele? – Perguntou ele cruzando os braços.

— Porque era um vampiro. Ah, e de nada. Não foi incômodo nenhum meu perder tempo salvando sua vida. – Dei um sorriso cínico.

— Eu não precisava de ajuda. Estava indo muito bem.

— É. E eu sou a Beyoncé.

— Qual o seu problema?

— Meu problema agora é que eu acabei de salvar um filho da mãe ingrato. – Revirei os olhos e encostei minhas costas na parede. Seja lá quem more nessa casa vai ter uma surpresinha quando chegar. Graças a Deus não tinha câmeras. – Hey, o que mais tem nesse mundo é vampiro, não foi grande coisa. Por que se importa tanto?

— Exatamente por não ser grande coisa que você não deveria ter se metido.

Meu sangue estava fervendo de ódio. Minhas mãos formigavam para esganá-lo. Eu odiava ingratos. Sério, se você salva a vida de alguém o mínimo que se espera é um “obrigado”. Eu não quero dinheiro, promessas de escravidão eterna ou um título, (Embora o primeiro eu até aceitasse) eu só quero um agradecimento mesmo. Aí vem um ser humano desses me tratar dessa maneira.

Cadê meu café, porra?! Que absurdo!

— Ora, ora, parece que temos um grande idiota por aqui!

— E parece que temos uma grande chata por aqui, cabeça de fósforo! – Ele levantou a voz me deixando indignada.

— Olha aqui, filho da... – Quando eu já ia xingá-lo novamente uma garota apareceu, muito parecida com o idiota ingrato.

— O que tá acontecendo aqui?

— Ela matou o meu vampiro!

— Eu salvei a vida dessa desgraça. – Revirei os olhos – Se arrependimento matasse eu já estaria há 14 palmos do chão.

— Ethan... – A garota sibilou e ele se virou pra ela indignado.

Eu tenho uma raiva de quem é irritante e bonito. Pelo amor de Deus, como isso é injusto. Eu realmente gostaria que este sujeito tivesse monocelha, uma barriga enorme, uma cara pipocada e entrando em erupção, mau cheiro, bafo, dentes tortos e amarelados e um cabelo engordurado de quem não lava faz tempo.

Mas como a beleza é muito vida louca e se infiltra em quem quer, a desgraça tinha cabelos pretos bagunçados, um físico incrível, barba por fazer, lábios carnudos, olhos azuis turquesa penetrantes que pareciam ter roubado parte do oceano pra eles e eu senti o seu hálito de menta e perfume enquanto discutíamos. Usava uma camiseta preta que destacava seus músculos, calça jeans azul claro, um tênis preto e tinha uma mochila verde escuro nas costas. No momento ele estava coberto de sangue de vampiro e sua face tinha alguns arranhões e hematomas, ainda assim a criatura era linda. Mundo injusto.

A garota tinha olhos um pouco mais claros que os dele, cabelos castanhos caindo em ondas e um pouco ondulados nas pontas, lábios rosados, maçãs do rosto acentuadas. Usava uma camiseta estampada com um panda, calça preta, all star com respingos de sangue e um colar com um símbolo de Star Wars.

— Eu falei que você tinha que descansar mais!

— Quem vai descansar mais é o capeta, Luna! Eu tô andando! Foi só uma perna quebrada!

— Mas o Bryan falou que era pra você descansar quatro semanas!

— Eu já estou andando com duas semanas. Dá pra caçar andando!

Enquanto eles discutiam, dei de ombros e saí da sala, seguindo até a janela pra cair fora dali. Que tempo desperdiçado de vida. Vou caçar meu Sugima que eu ganho mais.

— Hey, espera aí, guria! – Escutei a menina gritar, mas a ignorei.

— Deixa ela lá!

— Não sou que nem você que nem sabe agradecer! Ela não tem culpa se você é apressado e foi caçar com a perna fodida!

Ouvi passos quando eu já estava entrando no meu trailer.

— Oi! – A menina se prontificou ao meu lado, ela parecia gentil, mas lhe enviei um olhar frio, mesmo assim ela não se incomodou. – Sou Luna Ross. E aquele ser humano que acabou de ser mal educado contigo é Ethan, meu irmão. Me desculpe por ele. E obrigada por salvar a vida dele.

Ela estendeu a mão e eu a apertei somente para ser educada. Depois coloquei as mãos dentro dos bolsos. Não gosto de ser social.

— Não foi nada. Agora eu tenho que ir.

— Ah, espera, eu posso te pagar um lanche, um café, qualquer coisa! Quer dormir na nossa casa?

— Todas as lojas estão fechadas e você nem me conhece pra me convidar a dormir na sua casa. – Estreitei os olhos e franzi o cenho.

— E daí? – Luna deu de ombros.

— Eu poderia ser uma psicopata assassina em série. Deveria ter mais cuidado, Luna.

— Salvou a vida do idiota do meu irmão, eu te devo uma.

— Você não me deve nada. E eu realmente preciso ir. Recomendo ao seu irmão descansar de verdade, ninguém tem culpa de salvar a vida dele porque ele estava lento.

Eu estava tentando ser educada. De verdade. A raiva tornava um péssimo bom dia para me provocar. E eu estava resistindo a perguntar se na casa dela tinha café, porque se tivesse era capaz de eu ir. Porém eu esperava nunca mais topar com Ethan.

— Certo. Mas sério que não quer nada?

— O que eu queria você já fez, agradeceu. – Dei de ombros – Fico satisfeita com isso. Agora, tchau.

Acenei com a mão quando ela já ia abrindo a boca. Que menina falante. Céus. Mas era gente boa. O irmão que era um merda que me chamou de cabeça de fósforo. Sério? Eu não sei porque as pessoas acham que podem me ofender xingando o meu cabelo. Tá, ele é vermelho. Tem gente que tá aí pintando o cabelo pra parecer um abacaxi, e aí? O que é vermelho perto disso?

Ela acenou de volta parecendo insatisfeita pelo meu tom cortante. Entrei no trailer e continuei dirigindo até me lembrar que tinha esquecido o Sugima, acabei parando bem no sinal vermelho. Caramba, eu vou ter que voltar. Revirei os olhos. Tô fazendo isso muito hoje. Daqui a pouco meus olhos nem vão voltar pro lugar.

Peguei o retorno por uma rua e fui na direção do prédio que eu deveria ter ido pra começo de conversa. Ele havia sido evacuado após 6 ataques misteriosos. As pessoas estavam com uma estranha marca com vários furos profundos no pescoço, do nada haviam se tornado violentas e pararam de se importar com ética e bons valores. Tudo indica que suas almas foram sugadas. Pelo menos na minha conclusão. Os cientistas estavam tentando convencer aos cidadãos de Portland que era um vírus que logo seria neutralizado.

Merda de mania do governo de querer que as pessoas continuem ignorantes. É óbvio a existência do sobrenatural. Criaturas malignas cujo importante é se alimentar e possuir poder. Não importa se pra isso tem que prejudicar pessoas inocentes. Se parar pra pensar algumas pessoas são assim. Tipo políticos.

Entrei no prédio, parecia deserto. A recepção estava escura. Verifiquei mentalmente e possuía com quatro facas de bronze. Ou três, talvez a faca suja de sangue de vampiro não mate o Sugima. Mas não vou resolver testar isso agora.

Senti um arrepio na nuca, como quando sei que estou sendo observada. Olhei ao redor, seja quem fosse, meu inimigo estava escondido nas sombras. Uma neblina envolveu o cômodo. Gemidos preencheram a escuridão e um vulto preto surgiu no teto. Parecia um dementador. Um frio percorreu meu corpo. O vulto despencou do teto fazendo uma onda de fumaça negra. Não tinha um rosto. Apenas um buraco na cabeça onde deveriam estar os olhos com seis fileiras de presas que giravam aleatoriamente.

Eu atirei uma faca e o Sugima se dissolveu em pó desaparecendo da minha vista. Uma baforada congelou meu pescoço e me virei dando um chute que por pouco não o atingiu. Ele era rápido. Comecei a calcular melhor meus movimentos. O Sugima se materializou na minha frente e avançou determinado a sugar minha alma. Se ele fosse que nem dementador que suga felicidade ia morrer de fome comigo.

Deixei ele se aproximar a ponto de sentir o odor de carne podre que emanava de suas vestes negras transparentes nas pontas. O Sugima colocou suas duas mãos ossudas, longas e negras como breu nos meus ombros. Aquilo queimou. Haviam garras ao invés de unhas. Dava para ouvir suas fileiras de dentes se movendo como um mecanismo mal projetado e os lamentos das almas que ele havia engolido. Ergui a faca de bronze e o atravessei na garganta. O local brilhou e o Sugima se afastou se contorcendo. Pareceu entrar em curto circuito. Então ele irrompeu em chamas e desapareceu em um monte de cinzas no carpete. Pobre da faxineira.

Ah, se essa profissão me desse algum dinheiro... Nem que fosse um euro por monstro, eu já estaria milionária. Saí do edifício sentindo uma ardência nos ombros. Eu andei de volta ao trailer. E aí ouvi mais barulho de luta. Não devo ir lá. Não vou me meter só pra tomar na cara de novo com um grande idiota. Mas minha curiosidade falou mais alto então fui espiar no quintal de uma casa.

Luna e Ethan lutavam contra mais de uma dúzia de lobisomens. Pelo menos os que estavam vivos. Tinham cinco caídos na grama. Dessa vez eu fiquei quieta e escondida. Só fiquei observando eles lutarem arduamente. Luna era uma ninja. Literalmente. Ela lutava com shurikens e kunai de prata, mesmo assim tomava vários arranhões. Ethan, mesmo lento, estava até indo bem com sua faca. Então o último lobisomem caiu. E com ele Luna.

— Ei, Luna! Acorda! – Ethan tentou dar uns tapas em seu rosto, mas ela permanecia imóvel. – Ah qual é, não tem hospital por aqui. Eu não vou te arrastar desse jeito pra rodoviária. Acorda!

Ele chacoalhou Luna várias vezes, mas ela estava realmente inconsciente. Eu resolvi aparecer, mas só fiquei ali, me apoiando na cerca. Ethan me notou ali, ele entreabriu os lábios, estava meio ofegante, eu sabia que ele queria me pedir ajuda, mas o orgulho não deixava, então estava fazendo uma carranca de raiva. Dei um sorriso de canto.

— O que está fazendo aqui?

— Eu só estava dando uma volta e vi vocês. – Dei de ombros.

Ethan parecia enlouquecer com um conflito interno, me agachei sorrindo cinicamente.

— Você quer me pedir algo, Ethan?

— ...

Ele me encarou, encarou Luna e voltou o olhar pra mim. Com um leve tique nervoso no olho esquerdo e uma profunda respiração, abriu a boca.

— Você pode me ajudar?

— Ah, foi mal, eu não ouvi direito. Você pode me... O quê?

Ele revirou os olhos.

— Você ouviu. Pode me ajudar ou não?

— Sim, nervosinho, mas só porque a Luna é gente boa. Eu tenho remédios no meu trailer.

— Tem um trailer?

— Não, você escutou errado, eu tenho um fusca – Bufei – É surdo também?

Ele ia me responder, mas lembrou que precisava da minha ajuda.

Reddie 1 x Ethan 0.

Peguei o braço esquerdo de Luna, apoiei nos meus ombros, o que doeu um pouco pela queimadura do Sugima e Ethan fez o mesmo com o direito. Ela era leve. Mas pra carregar até a rodoviária ia dar merda. Meu trailer estava por perto, só foram dois minutos de caminhada.

Ethan arregalou os olhos ao ver meu trailer.

— Você dirige aí?

— Eu moro aí.

Caralho, que guri lerdo da porra. Entramos com pouco esforço e coloquei Luna no sofá. Ela não parecia tão mal.

— Obrigado. – Ethan murmurou e eu dei de ombros.

Vi que ele estava todo sujo de sangue.

— Tem um banheiro ali. Pode tomar um banho – Apontei pra direção e ele assentiu e foi.

Nunca me chamem de ruim. Eu deixei um ingrato ir pro meu banheiro e ainda tô ajudando a irmã dele.

Procurei minha caixa de primeiros socorros e passei uma mistura de ervas nos ferimentos de Luna. Aquilo era literalmente mágico. Eu peguei a receita num livro de feitiçaria depois que matei uma bruxa que estava se vingando das amantes do marido. As mulheres não tinham tanta culpa se o marido dela era um merda que não conseguia manter o zíper fechado. Seja o que for, a mistura sempre curava arranhões e mordidas deixando apenas a cicatriz após ficar por um tempinho. Enfaixei seus braços, barriga e uma parte da perna esquerda.

Parecia uma ninja de Naruto agora.

Fiz ela tomar um remédio e agora era questão de tempo até ela acordar. Ethan apareceu limpo, agora com uma camisa azul limpa, calça preta e os mesmos coturnos. Seus cabelos estavam molhados e ele parecia confuso.

— De onde vem a água?

— Sei lá. – Dei de ombros.

— Ela vai ficar bem, certo? – Ethan se sentou ao lado da irmã e começou a mexer nos seus cabelos, parecia nem notar que estava fazendo isso.

— Ela vai ficar de boas. Quantos anos ela tem?

— 15. E eu tenho 20.

— Tem 20 anos e age parecendo que tem a metade. – Dei um sorriso de canto e Ethan fez uma careta.

— Certo. Fiz merda. Me desculpe por agir daquele jeito, eu tinha quebrado a perna e estava ansioso pra caçar. Por isso fiquei irritado. Obrigado por salvar minha vida e ajudar a Luna, hã... Qual o teu nome?

— Reddie.

— Ethan Ross, me apresentando direito. – Ele estendeu a mão e a encarei duvidosa.

Sou uma pessoa meio rancorosa, mas pra não deixar ele no vácuo a apertei. A mão dele era grande em comparação a minha e tinha calos. Luna entreabriu os olhos e soltamos as mãos. Ethan olhou preocupado pra ela.

— Hey? Lu?

— Já falei pra não me chamar assim. – Ela resmungou.

— Ainda tá com dor? – Perguntei.

— Nem. Parece que tô novinha em folha. Só preciso de água. – Luna se sentou e eu fui buscar um copo de água pra ela.

Luna secou o copo num instante.

— Então... Agora que você me ajudou também, aceita dormir na nossa casa?

— Ô mania chata que tu tem de convidar os outros pra dormir lá em casa.

— Calma Ross. Eu recuso o convite.

Luna pareceu um pouco ofendida.

— Entenda, sou um lobo solitário.

— Obrigada então. – Ela deu de ombros e sorriu docemente – É o mínimo que posso fazer.

— De nada.

Eu dei um potinho com a mistura de ervas pra Luna e também porque vi os arranhões em Ethan. Só não disse que era pra ele. Eles saíram, agradeceram mais uma vez e se despediram com Ethan me olhando meio estranho e Luna me dando o número dela. Acho que ela pensa que um dia posso ligar pra ela, mas isso realmente não vai acontecer.


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