As Crônicas de Reddie Hunter escrita por HunterPotterhead


Capítulo 16
Ás vezes a vingança é o melhor caminho


Notas iniciais do capítulo

Heey, demorou, mas chegou! Beijos para os leitores, e por favorzinho comentem o que acham da história! ^-^ Boa leitura!



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A culpa é sua. Estamos mortos por sua causa. Nos vingue. É a única coisa que pode fazer agora.

Essa frase atormentava a escuridão na qual eu estava fazia tempo. Parecia uma espécie de limbo. Acho que é assim que acontece quando se morre. Mas um som me fazia ter um pensamento contrário ao da morte. Uma batida fraca, bem distante. Parecia meu coração.

Eu andava sem rumo pela escuridão. Não via sequer meu próprio corpo e estava um frio intenso. Não havia ninguém. As lembranças reviravam meu estômago. Eles realmente tinham partido daquela forma?

Acordei, entretanto meu primeiro pensamento era que eu estava morta. Esse era meu desejo ao menos. Estava ferida, minha mente me torturava como se eu levasse facadas a cada segundo no cérebro. Como eu poderia ainda estar viva? Agora eu não sentia mais nada.

Se aquela era a morte, eu tinha todo o tempo do mundo, a eternidade pela frente. Mas uma voz me fez ter forças para vencer as pálpebras pesadas, e com o coração martelando no peito, abri os olhos.

— Ela está acordando!

Não, eu não poderia estar viva, mas me tornei consciente da minha forte dor de cabeça, do meu corpo impossibilitado de se mover, das faixas na minha barriga, rosto e braço, provavelmente curativos.

— Você está bem?

— Que pergunta idiota. – Minha boca estava tão seca, eu precisava de água. – Onde estou? – Indaguei, fitando um teto branco, mas a dor na minha cabeça era tanta que eu mal me atrevia a olhar para quem estava falando – Diga que estou morta.

— Está no hospital. – A voz feminina continuou calmamente, senti a pena em sua voz – Estava em coma por três dias.

— Como ainda estou viva? Como me acharam?

— Um anônimo ligou informando o endereço e a situação. Não soubemos quem era, mas você era a única que estava viva, por pouco. Foi necessária uma cirurgia para salvá-la.

— É... Verdade? Eles... Eles estão mortos mesmo? – Ofeguei, um soluço ultrapassando meus lábios, ela assentiu tristemente. - Preferia que não tivessem me salvado.

Eu estava deitada e pouco a pouco senti o travesseiro em que minha cabeça repousava se molhar com minhas lágrimas. Meu coração doía tanto. Eu não tinha notado como eles eram meu mundo. Como a vida é tão frágil e foi arrancada deles tão injustamente. Meu mundo havia desabado. Não existia alguém que poderia substituí-los.

Eu estava sozinha.

Dessa vez eu realmente estava sozinha.

Não havia mais ninguém ao meu lado, aqueles que me davam a mão quando eu caía. Meu choro estava alto. Nunca havia chorado tanto na minha vida. Fiquei em posição fetal na cama. O desespero me consumia como se eu fosse uma criança abandonada.

Meu cérebro estava danificado. Mas pouco a pouco foi conectando os fatos. Edward havia ligado para a emergência apenas para me salvar. Ele queria que eu ficasse viva. Somente para conviver com o fato que observei todos que eu amava serem torturados e mortos, um a um. Ele desejava algo pra mim pior que a morte, que eu ficasse louca. E estava conseguindo.

Eu sempre fui forte, decidida, lutava por meus ideais, mas o que eu faria agora? Patrick, Anne, Jacob, Elizabeth, Arthur, Guilherme, Lisa eram parte de mim, parte da minha alma. Era como se Edward houvesse arrancado meu coração também.

E o que eu tinha agora? O que eu poderia fazer? Me forcei a abrir os olhos, a enfermeira, uma senhora de meia idade, me olhava preocupada.

— Onde estão os... Corpos? Onde está minha família? – Minha voz saiu fraca.

— No necrotério.

— Quero que sejam cremados. E quero que meu corpo também.

— Mas a senhorita...

— Estou viva? Não, não por muito tempo. Como eu tiro essa porcaria? – Sentei numa cama macia e por mais que meu estômago doesse ao fazer isso, eu tentei arrancar a maldita agulha do meu braço, que me enviava soro. A enfermeira tentou me forçar a deitar novamente, empurrando meus ombros – Não! Eu preciso disso! Me deixe em paz!

Comecei a gritar em protesto e a enfermeira pediu reforços, me impedindo de tentar me matar. A máquina que processava meus batimentos cardíacos apitava rapidamente e o som estava me irritando.

— Alguém me ajude aqui! Peguem o sedativo!

— Não! Eu não posso viver com isso, você não entende! Eu... Eu não posso conviver com isso, pare! Ele matou a todos! Vi tudo, não... Eu não consigo... – Eu gritei, minha cabeça estava entrando em colapso de novo, as cenas estavam se repetindo uma a uma. Um berro saiu da minha garganta, estava tão agoniada que meu corpo tremia numa maldita convulsão – Ele quer que eu fique louca! Você os viu, não é? Sabe o estado que eles estão! Todos mortos! Não posso viver com isso. Eu não quero.

As lágrimas caíam aos montes, um enfermeiro alto e forte entrou enfiando mais uma agulha no meu braço, que fez meus olhos pesarem. Mas eu não podia dormir, sabia que teria pesadelos e seria pior do que acordada. Meu corpo desabou e eu ainda lutava, sacudindo a cabeça e resmungando.

— Por favor, não. - Porém o sedativo venceu e adormeci.

Quem dera não tivesse dormido. Era como se eu tivesse voltado ao local. Observando todos serem mortos sem poder fazer nada além de me debater nas malditas correntes. A cabeça de Anne rolou aos meus pés. Mais um grito ecoou no meu pesadelo.

— Nos vingue. – Ela disse mesmo com a boca costurada.

Eu estava com medo, precisava acordar. Precisava acordar e tirar aquela maldita agulha do meu braço. Qualquer coisa. Acho que minha força de vontade era tão grande, que de repente meus olhos se abriram e eu sentei ofegante na cama, apertando os lençóis entre os dedos, não tinha ninguém no quarto, o que estranhei. Tirei a agulha, mas o apito do batimento cardíaco não fez diferença. Talvez eu tivesse que fazer de um jeito mais difícil.

Levantei da cama, mas minhas pernas estavam bambas e tive de me apoiar na parede, meu corpo totalmente dolorido.

Tinha um pequeno espelho. Olhei para o reflexo e vi uma garota estranha. Seus cabelos vermelhos como os meus, mas estavam tão ressecados e despenteados, abaixo de olhos vermelhos opacos, havia olheiras profundas, a pele tão pálida quanto papel, lábios rachados e a bochecha coberta com curativos. Eu estava parecendo um zumbi. Não estava fazendo tanta diferença.

Saí do quarto, franzi o cenho ao ver o hospital vazio. Não tinha ninguém no corredor. Não havia um único som. Comecei a andar e as luzes estavam falhando.

Eu estava confusa, mas sabia que procurava remédios. Andei um pouco, e achei um armário com potes e caixas. Respirei fundo e caminhei na direção dele.

— Isso é por vocês. Me desculpem. Não consigo ficar sozinha. Não consigo conviver desse jeito.

— Pensei que você era mais forte.— Ouvi uma voz, mas não poderia ser, me virei e engasguei, um bolo se formando na minha garganta.

Guilherme estava ali, com os dedos cortados, ensangüentado, no seu peito havia um grande buraco, um vazio onde deveria estar seu coração, sua pele roxa e esverdeada, as roupas rasgadas. Seu rosto estava cheio de veias escuras e o cabelo loiro sujo de sangue.

Estava do mesmo jeito de que quando morreu.

— Idiota! Mal consegue ficar em pé, olhe onde eu fui parar me envolvendo com você aberração! Deveria ter fugido quando tive chance!

— Você não é Guilherme. – Recuei rapidamente, me apoiando num bebedouro.

É uma fraca! A única que sobreviveu e em vez de lutar, está perdendo a cabeça!— Eu senti uma onda de náusea me invadir quando vi a cabeça de Anne, com o rosto costurado e escorrendo sangue, em decomposição numa cadeira.

— Me deixem em paz! – Saí correndo, não sabia o que estava acontecendo, eu ainda estou dormindo? Ou ficando tão doente que mesmo acordada estava tendo alucinações? Por todos os lados que olhava eu via gente morta. Nem eram mais os que perdi, tinha pessoas falecidas que eu nunca havia visto na vida.

Enganchei os dedos nos cabelos enquanto corria pelos corredores, sem saber aonde ir, mas as vozes me perseguiam.

— Calem a boca! PAREM!

— Você é uma traidora da sua família.

— Lixo!

— Egoísta! Fraca!

— A culpa é toda sua!

— Você não merece viver!

— Sei que a culpa é minha! Mas eu não queria... – Murmurei e caí de joelhos. A dor no meu corpo piorava a cada segundo. – Me desculpem! Pelo amor de Deus, isso está me matando.

Aranhas surgiam do nada de frestas nas paredes, nunca tive medo delas, mas no momento estavam me aterrorizando.

Eu me vi cercada de mortos. Uma multidão que parecia tão real, se revolvendo, empurrando uns aos outros, o odor podre fez subir um amargo na minha garganta. Estavam cada vez mais perto. Corpos ossudos com partes faltando, usando trapos sujos de sangue seco, olhos encovados, cegos e esbranquiçados fixados em mim, murmurando que a culpa era minha, se arrastavam, chegando cada vez mais perto. Eu não conseguia respirar, estava tendo um ataque de pânico, meu pulmão doía a cada vez que eu tentava puxar o ar.

Lutavam para conseguir me atacar, como se eu os tivesse matado. As mãos enrugadas se estendiam para mim, tentei recuar, mas um morto me prendeu em seus braços finos, tão frios que eu sentia a morte próxima.

Estava tão sufocada que parecia que tinham sugado minhas forças e me prendido numa jaula. Minha mente estava enevoada e eu mal conseguia distinguir se aquilo era realidade ou pesadelo. Quanto mais penso, pior fica, quanto menos penso, ainda fica pior, eu era uma prisioneira da minha cabeça.

— Por favor, não... – Eles me arranhavam, eu sentia agonia com seus dedos apodrecidos me tocando – Alguém me ajude!

— Você não nos ajudou quando precisávamos. – O Guilherme do meu pesadelo disse e avançou contra mim.

A luz falhou mais uma vez e nessa não acendeu novamente. Eu somente sentia. A dor, a falta de ar, minha cabeça num curto circuito, os mortos me cobriram e eu achei que não iria acordar.

Aquela era a realidade?

Abri os olhos subitamente, de volta a cama. Engoli em seco, meu coração batia acelerado, antes mesmo que eu tentasse respirar de alívio, algo pingou na minha testa, coloquei minha mão e quando olhei, meu dedo estava tingido de vermelho. O rosto parafusado e contorcido de fúria de Patrick surgiu na minha frente, o sangue escorrendo de seus ferimentos, estava ossudo e esbranquiçado, os olhos negros como breu.

— Me vingue. Honre o sobrenome que carrega. Seja uma Hunter – Ele irrompeu em chamas e com um grito entalado na garganta, acordei mais uma vez com o peito subindo e descendo rapidamente.

— Céus, acorde! Acorde pelo amor de Deus.  

A enfermeira me olhava preocupada como se temesse minha sanidade.

— Por favor, dessa vez eu estou acordada? – Perguntei. Tinha medo da enfermeira tornar-se um zumbi do nada.

— Sim, querida. Não parava de gritar e se contorcer enquanto dormia. Tivemos que parar com o sedativo.

A voz da enfermeira soou distante. Me permiti dar um suspiro de alívio.

— Por favor, não me faça dormir. Os pesadelos são horríveis. Eu não quero dormir.

— Está bem.

Ela saiu e eu quase a pedi para ficar. Não queria ficar sozinha. Parecia que a qualquer momento eu seria cercada novamente.

Não dava para desviar os pensamentos. Eu sentia tanta falta deles. Minha família, Guilherme, Lisa, eles não mereciam. Não era justo. E eu fiquei viva. A culpa dos Jordan terem morrido é minha, e eu estou aqui ainda.

Pensar na causa disso me deu ódio. Uma fúria que fez meu sangue efervescer como lava.

Nos vingue.

Era isso que eles queriam, certo? Serem vingados. Notei que pensar em esganar Edward, torturá-lo tão lentamente quanto torturou cada um, matá-lo com uma adaga de prata girando em seu coração, me fazia parar de tremer. Talvez fosse isso. O único jeito de escapar da insanidade. Comecei um tipo de meditação, fechei os olhos, embora a escuridão me assombrasse e respirei fundo.

Eu precisava de controle. Precisava de força. Precisava me erguer, mesmo sem eles. Edward não ficaria impune pelo que fez. Eu não iria me matar sem matá-lo antes.

Sempre gostei da minha mania de organizar os pensamentos, me livrava de muita confusão. Mas naquele momento ela serviu para eu guardar o luto numa parte da minha mente, guardar as lembranças junto, e colocar uma tranca nelas. Eu sabia que a dor não passaria até eu vivê-la de verdade, mas naquele momento eu precisava de um foco.

Sentei na cama e vi um botão ao lado. Eu queria chamar a enfermeira, talvez fosse por ali. O apertei e a mulher apareceu em questão de segundos e parecendo assustada. Eu estava mais calma que ela.

— O que aconteceu? A senhorita está bem?

— Hã... Eu só queria uma água e um chá, moça...

Ela pareceu contente pelo meu pedido.

— Posso trazer.

— Ok – Assenti.

A enfermeira saiu, e incrivelmente não aproveitei essa chance para me matar. Somente fixei meu olhar na bolsa de soro.

Tentei ignorar a dor, o medo, o horror, o trauma. Eu tinha de ignorar. Pensei em como mataria Edward com minhas próprias mãos. Era um objetivo, um motivo de existência, ás vezes é disso que uma pessoa mais precisa na vida, e nesse caso pode ser o único fio de esperança que me arranque do fundo do poço.

Eu caçaria o alfa, e vingaria aqueles que eu amava.

Não posso ficar louca. Pensei em Martina e Adam, eles deveriam ter mandado tantas mensagens, mas perdi meu celular. Conclui que não conseguiria voltar para Seattle. Primeiro que eu iria perder o fio de controle que estou tentando criar. Segundo que graças a Deus que Martina e Adam não foram vitimas. Se eles fossem também... Já perdi demais.

A enfermeira chegou com uma garrafa de água que sequei num segundo, e tomei calmamente o chá de erva doce. O calor se espalhou pelo meu corpo e eu murmurei um agradecimento. Parei de tremer.

— Que data é hoje?

— 25 de dezembro.

— Oh. Feliz natal para a senhora.

Ela me olhou surpresa por eu desejar felicitações.

— Estou tendo o pior natal da minha vida. Não desejo isso para ninguém. – Parei para observar o quarto e do lado da cama, tinha uma cômoda, onde surpreendentemente tinha um jarro cheio de flores diversas - Flores bonitas.

— Foram algumas pessoas que trouxeram.

— Quem?

— A tragédia está no jornal.

— Entendi. Todos sentem pena da garota que sobreviveu.

— Era sua família? – Ela perguntou receosa, parecia ter medo da minha reação. Eu apenas assenti. Estava conseguindo me acalmar.

Não sei quanto tempo, talvez alguns dias, mas eu fiquei naquela cama, comendo a horrorosa comida de hospital. E por mais que eu tentasse refrear, a dor sempre me fazia derramar lágrimas, lembranças de momentos felizes me atormentavam a todo momento.

Os pesadelos me perseguiam, sempre o mesmo. Sendo cercada por mortos sem conseguir acordar, incapaz de distinguir sonho de realidade.

Me dei conta de como é fácil perder tudo. Quero dizer, eu estava tão feliz há dias atrás e tudo foi arrancado de uma forma cruel que achei não ser possível. Eu tinha pesadelos em Seattle de Patrick me achar e me arrastar de volta pra Vancouver e eu ficar longe da minha nova família, mas agora todos estavam mortos. Mortos. Mortos. Mortos.

Essa palavra parecia não entrar na minha cabeça. Eu vi os corpos, vi tudo, a enfermeira me falou que estão mortos. Mas parecia tão surreal, era tão doloroso que eu mal conseguia aceitar. Pensar no modo como eu iria matar Edward ajudava. Mas nem tanto. Ódio e tristeza juntos pioravam a situação, ou eu bem sentia um ou o outro. Entretanto um sentimento sempre acompanhava, independente de ser ódio ou tristeza, o medo de estar sozinha.

Eu nunca percebi como era dependente deles até o momento que os perdi. Ver um a um morrer, não havia como ser esquecido. Não havia forma de superar.

— Vou sair daqui. Preciso fazer coisas. – Eu me levantei da cama e me apoiei no cabo de metal que enviava soro. Caramba, nem parecia que eu havia descansado e tomado tantos remédios.

— Não, não, a senhorita tem que descansar, está dependendo dos aparelhos e...

— Minha cara senhora, com todo respeito, mas foda-se. Não aguento mais ficar nessa cama. Obrigada pelo chá. Agora se me der licença, ficarei ainda mais grata. – Gesticulei dando um sorriso cínico.

Ela me olhou assombrada quando ouviu o “foda-se”.

— Ah, vamos, parece que nunca xingou na vida. – Dei uma risada sarcástica.

Pelo menos a ironia e o sarcasmo não arrancaram de mim.

Eu já ia atravessando a porta sob os protestos da mulher, quando me lembrei de alguns fatos importantes.

— Onde estão minhas roupas?

— Destruídas. Tivemos que jogar fora.

— Merda. E a conta do hospital?

— Aqui é um hospital público. Não tem o que pagar.

— Pelo menos isso.

Olhei para mim mesma, eu estava usando uma bata de hospital branca com bolinhas azuis. Eu nunca tinha ido a um hospital. Pra primeira experiência, odiei o lugar, tinha cheiro de luvas de borracha e pessoas velhas e doentes. Meus pés descalços pisavam num frio piso de azulejo branco.

— Onde posso conseguir uma roupa que não deixe meu traseiro a mostra? – Perguntei, pois aquela bata mal servia pra algo.

— T... Tem algumas roupas no armário. – Disse ela aos gaguejos.

— Calma, eu não mordo – Franzi o cenho. – E onde fica o armário?

Ela apontou para uma caixa de armário no quarto que eu não havia notado antes, fui até lá e achei uma camiseta branca, roupas íntimas, calça moletom preta e um par de sapatilhas horríveis cor de rosa. Fiz uma careta, aquilo com certeza me daria bolhas. Mas eu tô com a barriga perfurada, a bochecha e o braço rasgados, um monte de roxo pelo corpo, uma dor de cabeça desgraçada, então bolhas não farão diferença. Fui para o banheiro, não me senti a vontade para me trocar na frente da enfermeira.

Então fui para o necrotério, sabendo que estava a passos de distância de segurar as cinzas dos que amei, meus olhos ardiam, mas eu não iria me descontrolar. Não dessa vez. Eles teriam um enterro decente.

Três semanas depois...

Eu desembarquei do avião, estava chovendo bastante. Havia lido algo sobre a corrente do Golfo trazer muitas chuvas, mas nada que eu me lembrasse com detalhes. O aeroporto de Condado de Clare era elegante, sentei num banquinho estofado numa pequena cafeteria. Perdi a conta dos cartões que precisei fraudar pra viajar até aqui. Isso e a grana de verdade pra subornar pelo fato de ser menor de idade.

O vôo havia sido tranquilo. Exceto pelo fato dos olhares atravessados. Eu tinha colocado as lentes, mas tirado os curativos da minha bochecha. A cicatriz estava recente e o remédio para eliminá-la não tinha uma eficácia muito veloz.

Na minha mochila estavam as caixas de mogno com as cinzas.  Cada vez que me lembrava disso sentia arrepios na nuca, como se os espíritos ainda estivessem ancorados a terra. E não descansariam até um enterro onde pudessem descansar em paz. Eles teriam esse enterro.

Eu estava na Irlanda. Porque após lutar muito, recordei-me de uma viagem com minha família para as Falésias de Moher. Amamos o lugar. Mas aí meus pais desapareceram e voltaram com uns respingos de sangue nas roupas, eu havia questionado, entretanto não me responderam, Anne me pegou no colo e aí fomos comer algodão doce enquanto Jacob fazia caretas para me fazer rir. Parecia uma lembrança tão distante. Foi a única viagem que fizemos e foi quando eu tinha cinco anos. Além disso, um dos sonhos dos Jordan era visitar o ponto turístico. Eles mereciam ser libertados ali.

Resolvi esperar até que a chuva passasse para poder ir. O sol estava se pondo quando cheguei, meio escondido entre as nuvens da chuva recente. Os turistas haviam ido embora.

Eu cheguei na borda do penhasco. Não havia medo de cair ou que desabasse embora eu estivesse fora do que seria considerado seguro.

Tinha suprimido tanto o vazio, o sentimento dentro do meu peito, que ofeguei quando as lágrimas rolaram pelas bochechas. Eu estava em um dos lugares mais lindos do mundo, mas estava sozinha. Nada deveria parecer bonito. Eles se foram. O mundo deveria estar frio e escuro. Eu não deveria estar sentindo o calor dos últimos raios solares do dia com uma brisa suave.

Eu tinha que fazer. Tirei a mochila das costas, e de lá tirei as caixinhas de mogno, as lanternas e os fósforos. Minhas mãos tremiam.

— Provavelmente não estão me ouvindo. Mas eu tenho que falar. Eu quero agradecer. Me desculpem por tudo que fiz a vocês, agora eu daria tudo, inclusive a minha vida, pra ver Patrick aqui, me mandando ir treinar, dizendo que sou uma Hunter e nunca posso desistir de lutar. Daria tudo para comer um prato de salada sem sal nenhum da minha mãe e ela dando um discurso sobre colesterol e boa forma, mas sempre estando do meu lado me recomendando livros a respeito do sobrenatural. Daria tudo para ver Jacob enfiado num sofá esperando mensagens da Sam, comigo o chamando de trouxa e ele me chamando de pirralha, mas me levando sempre que nossos pais viajavam para tomar sorvete. Conversar mais uma vez e trocar receitas com Elizabeth e discutir que humanas é melhor que exatas com Arthur. Daria tudo para plantar rosas com Lisa e ela reclamando que as pessoas não respeitam a natureza e falando do seu sonho de criar uma das maiores estufas do mundo. – Suspirei, meu coração batia tão acelerado que eu podia ouvi-lo perfeitamente - Eu daria tudo para te abraçar de novo Guilherme. Que você estivesse aqui, fazendo maratonas de Harry Potter comigo, me aturando numa merda de TPM mesmo que não fosse sua obrigação, e eu te mandando comer algo de verdade. Daria tudo pra você estar vivo e realizar seu sonho de ser um escritor famoso. Eu queria que estivessem aqui. Vocês eram a coisa mais importante que eu tinha.

Olhava pro céu tingido de azul escuro, laranja, rosa e amarelo enquanto falava. Não passei as mãos no rosto para limpar as lágrimas.

Eu precisava sentir aquela dor. Era necessário. Eu precisava me despedir de verdade.

Então senti uma morna brisa e soube que estavam comigo. Era como se tivessem colocado um quente cobertor sobre os meus ombros que me fez parar de tremer. Era a força que eu precisava.

Cada caixa tinha uma mandala e um nome entalhados à mão.

— Uma coisa de cada vez, certo?

Peguei a caixa de Patrick e abri seu fecho. As cinzas pareciam não ter nada de especial, mas saber que ali era meu pai, o qual eu havia mais brigado do que amado fez meu coração apertar. O vento estava suave, e assim me ajoelhei na macia grama. Um descuido e eu cairia. Mas foi dessa maneira que espalhei pelos ares as cinzas de Patrick.

— Essa foi a única música que eu vi você cantar e ouvir. Você dizia que era sua favorita e acho que foi por sua causa que uma de minhas bandas favoritas é Skillet. Quando eu era pequena e te pedia pra cantar uma música de ninar você cantava essa. – Soltei uma risada abafada – Ou seja, até meus seis anos. Aí você começou a me treinar para dormir armada.

I'm just a step away
I'm just a breath away
Losin' my faith today
(Fallin' off the edge today)

I am just a man
Not superhuman
(I'm not superhuman)
Someone save me from the hate

It's just another war
Just another family torn
(Falling from my faith today)
Just a step from the edge
Just another day in the world we live

I need a hero to save me now
I need a hero (save me now)
I need a hero to save my life
A hero'll save me (just in time)

I've gotta fight today
To live another day
Speakin' my mind today
(My voice will be heard today)

I've gotta make a stand
But I am just a man
(I'm not superhuman)
My voice will be heard today

It's just another war
Just another family torn
(My voice will be heard today)
It's just another kill
The countdown begins to destroy ourselves

I need a hero to save me now
I need a hero (save me now)
I need a hero to save my life
A hero'll save me (just in time)

I need a hero to save my life
I need a hero just in time
Save me just in time
Save me just in time

Who's gonna fight for what's right
Who's gonna help us survive
We're in the fight of our lives
(And we're not ready to die)

Who's gonna fight for the weak
Who's gonna make 'em believe
I've got a hero (I've got a hero)
Livin' in me

I'm gonna fight for what's right
Today I'm speaking my mind
And if it kills me tonight
(I will be ready to die)

A hero's not afraid to give his life
A hero's gonna save me just in time

I need a hero to save me now
I need a hero (save me now)
I need a hero to save my life
A hero'll save me (just in time)

I need a hero
Who's gonna fight for what's right
Who's gonna help us survive

I need a hero
Who's gonna fight for the weak
Who's gonna make 'em believe
I need a hero
I need a hero

A hero's gonna save me just in time.

Minha voz ecoava pelo penhasco, com alguns soluços, mas eu cantei até o fim Hero de Skillet. É irônico como meu pai se julgava um herói, e sua música favorita falava que precisamos de um herói. Peguei o fósforo e acendi a lanterna, vi ela flutuar pelo céu até parecer mais uma das estrelas que apareciam com o anoitecer. Dei um fraco sorriso.

— Adeus, pai. Espero que esteja num lugar melhor.

Suspirei, peguei mais uma caixa. Espalhei as cinzas de Anne pelas Falésias. Parecia uma simples poeira preta, mas ali estava os resquícios da pessoa que um dia fora minha mãe.

— Certo, mãe. Eu acho que estava claro para a família inteira que você amava feito louca os Beattles. E que seria fã até seus últimos momentos de vida. Você cantava Hey Jude sempre que cozinhava, então acho que essa seria a música da sua despedida.

Hey Jude, don't make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it better

Hey Jude, don't be afraid
You were made to go out and get her
The minute you let her under your skin
Then you begin to make it better

And anytime you feel the pain, hey Jude, refrain
Don't carry the world upon your shoulders
For well you know that it's a fool who plays it cool
By making his world a little colder
Nah nah nah nah nah nah nah nah nah

Hey Jude, don't let me down
You have found her, now go and get her
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it better

So let it out and let it in, hey Jude, begin
You're waiting for someone to perform with
And don't you know that it's just you, hey Jude, you'll do
The movement you need is on your shoulder
Nah nah nah nah nah nah nah nah nah yeah

Hey Jude, don't make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her under your skin
Then you'll begin to make it
Better better better better better better, oh

Nah nah nah nah nah nah, nah nah nah, hey Jude
Nah nah nah nah nah nah, nah nah nah, hey Jude
Nah nah nah nah nah nah, nah nah nah, hey Jude

 

— Você me deu a vida e eu não pude fazer nada para salvar a sua. Eu sinto muito por isso. Me desculpe por ter fugido de casa e provavelmente te deixado louca de preocupação me procurando. Obrigado por ser uma excelente mãe, mesmo com as discussões com a senhora me atirando facas. – Dei de ombros – Adeus, mãe. Obrigada por cuidar de mim por tanto tempo.

Acendi mais uma lanterna e a vi subindo e se tornar um pequeno ponto no céu já escuro. Peguei a caixa de Jacob.

— Você sempre foi meio idiota. Ficava de rolo com a vizinha e ás vezes até esquecia que tinha que me dar comida porque na época eu não sabia nem fritar um ovo sem incendiar a cozinha. Isso e não conseguia ser trouxa esperando mensagens com a bunda quieta num lugar – Umedeci os lábios e abri a caixa – E mesmo assim conseguia ser o melhor irmão do mundo. Eu seria uma grande desnaturada se não soubesse o quanto você ama Fluorescent Adolescent de Arctic Monkeys.

As cinzas de Jacob se foram.

You used to get it in your fishnets
Now you only get it in your night dress
Discarded all the naughty nights for niceness
Landed in a very common crisis
Everything's in order in a black hole
Nothing seems as pretty as the past though
That Bloody Mary's lacking a Tabasco
Remember when you used to be a rascal?

Oh that boy's a slag
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Not as daft as they seem
Not as daft as they seem
My love when you dream them up...

Flicking through a little book of sex tips
Remember when the boys were all electric?
Now when she tells she's gonna get it
I'm guessing that she'd rather just forget it
Clinging to not getting sentimental
Said she wasn't going but she went still
Likes her gentlemen not to be gentle
Was it a Mecca Dobber or a betting pencil?

Oh that boy's a slag
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Weren't as daft as they seem
Not as daft as they seem
My love when you dream them up
Oh Flo, where did you go?
Where did you go?
Where did you go? Woah.

Falling about
You took a left off Last Laugh Lane
You just sounded it out
You're not coming back again.

Falling about
You took a left off Last Laugh Lane
You just sounded it out
You're not coming back again.

You used to get it in your fishnets
Now you only get it in your night dress
Started all the naughty nights with niceness
Landed in a very common crisis
Everything's in order in a black hole
Everything was pretty in the past though
That Bloody Mary's lacking in tabasco
Remember when you used to be a rascal?

— Você sempre foi meu membro favorito da família. Sempre esteve do meu lado quando precisei. E eu não pude te ajudar quando você precisou, Jake. Me desculpe. Você mentiu para nossos pais somente por saber por instinto que eu estava feliz. Sei que está num lugar melhor agora, você merece isso, irmão.

Mais uma lanterna se juntou as outras. Peguei as cinzas de Elizabeth e Arthur. Eles mereciam partir fora dessa juntos. Assim como na morte, eles seriam libertados juntos. Um dos melhores casais que já vi na vida. Vi as cinzas dançarem pela brisa e partirem fora do meu campo de visão.

— Eu quero dar um adeus para vocês. Grandes pais merecem grandes despedidas não é? Obrigada. Vocês me acolheram como uma terceira filha, e criaram pessoas maravilhosas. Nenhum merecia o fim que teve. Ficarão para sempre na minha memória. E durante todo o tempo que eu estava com vocês, estava tocando Adele.

 

I heard that you're settled down
That you found a girl and you're married now
I heard that your dreams came true
Guess she gave you things I didn't give to you

Old friend, why are you so shy?
Ain't like you to hold back or hide from the light
I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it

I had hoped you'd see my face
And that you'd be reminded definitely
That for me it isn't over

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you too
Don't forget me, I beg
I remember you said:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead, yeah

You'd know how the time flies
Only yesterday was the time of our lives
We were born and raised in a summer haze
Bound by the surprise of our glory days

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight
I had hoped you'd see my face
And that you'd be reminded
That for me it isn't over

Nevermind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you too
Don't forget me, I beg
I remember you said:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

Nothing compares, no worries or cares
Regrets and mistakes, they're memories made
Who would have known how bitter-sweet
This would taste?

Nevermind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you
Don't forget me, I beg
I remember you said:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

Nevermind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you too
Don't forget me, I beg
I remember you said:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead, yeah

 

— Adeus Elizabeth. Adeus Arthur. E eu sinto muito por tudo. Vocês merecem estar no paraíso – Acendi mais duas lanternas.

Então peguei a caixa de Lisa. As cinzas dela rodopiaram antes de se espalhar pelas Falésias.

— Me desculpe por arruinar seus sonhos, Lisa. Você vivia falando que iria fazer seu próprio caminho. Sempre te vi como uma irmã caçula e melhor amiga e batendo papo comigo, me chamando de cunhada... E que um dia eu e Guilherme casaríamos. Muito obrigada por tudo.

 Remember those walls I built
Well baby they're tumbling down
And they didn't even put up a fight
They didn't even make a sound
I found a way to let you in
But I never really had a doubt
Standing in the light of your halo
I got my angel now

It's like I've been awakened
Every rule I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I ain't never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
Baby I can feel your halo
Pray it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo

Hit me like a ray of sun
Burning through my darkest night
You're the only one that I want
Think I'm addicted to your light
I swore I'd never fall again
But this don't even feel like falling
Gravity can't forget
To pull me back to the ground again

Feels like I've been awakened
Every rule I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I'm never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Ohhhh Halo
Halo Ohhhhhhhhhhh

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
Baby I can feel your halo
Pray it won't fade away

I can feel your halo, halo, halo
Can see your halo, halo, halo
Can feel your halo, halo, halo

 

Ela sempre foi apaixonada por Beyoncé. Pensei enquanto via sua lanterna subir ao céu.

— Adeus Lisa. Me desculpe por tudo. Você merecia realizar seus sonhos. Descanse em paz.

Eu o havia deixado por último. Sabia que tinha o deixado por último somente por querer adiar cada vez mais. Porém peguei a caixa com o nome de Guilherme lindamente entalhado.

— Meu primeiro namorado. O único que conheci que conseguia ser um cavalheiro mesmo quando eu estava te xingando feito uma louca. Eu te amo, Guilherme. Amava como você sabia me amar e sua paciência infinita comigo. Amava quando você escapava de seu pai só para me observar desenhando enquanto ouvíamos música – Dei uma risada baixa – Céus, como você amava Imagine Dragons.

I'm waking up to ash and dust
I wipe my brow and I sweat my rust
I'm breathing in the chemicals

I'm breaking in, and shaping up
Then checking out on the prison bus
This is it, the apocalypse, whoa

I'm waking up, I feel it in my bones
Enough to make my systems blow
Welcome to the new age, to the new age
Welcome to the new age, to the new age

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

I raise my flag, dye my clothes
It's a revolution I suppose
We're painted red
To fit right in, whoa

I'm breaking in, and shaping up
Then checking out on the prison bus
This is it, the apocalypse, whoa

I'm waking up, I feel it in my bones
Enough to make my systems blow
Welcome to the new age, to the new age
Welcome to the new age, to the new age

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

All systems go,
the sun hasn't died
Deep in my bones,
Straight from inside

I'm waking up, I feel it in my bones
Enough to make my systems blow
Welcome to the new age, to the new age
Welcome to the new age, to the new age

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

 

— Eu gostaria que você estivesse aqui pra cantar comigo isso. Só conseguiu me ensinar algumas melodias no violão, mas essa foi a primeira que você me ensinou. E eu amava tanto essa música, mas agora a odeio. Odeio o motivo pelo qual estou cantando ela sozinha nesse maldito ponto turístico na Irlanda, Guilherme. Eu preciso que você volte. Preciso que vocês voltem – Eu rangi os dentes enquanto as lágrimas rolavam.

Chamar de choro não era necessário. Era como um vazamento involuntário com ondas fortes de dor. Minhas mãos estavam trêmulas, entretanto a lanterna em homenagem a Guilherme alcançou o céu.

E assim passou a noite. Eu olhando as estrelas e quando as lanternas caíram nas falésias. Só me permitindo sentir a dor que tanto prendi em silêncio. Aquilo foi um alívio. A sensação de arrepio passou, embora a maior parte da dor permanecesse. Não pensei em Edward ou em vingança.  Apenas passei a noite sendo embalada em lembranças felizes e numa brisa morna.


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