P.O.V. Renesmee.

É assim que vai ser daqui pra frente? Não podendo mais confiar nas pessoas, sendo usada como moeda de troca.

E o que vai ser da minha filha Jean. A vida dela vai ser assim?

—Ei. Você está bem?

—Não.

—Porque não? O que foi?

—Vai ser sempre assim? Sempre um tentando passar a perna no outro, traindo, enganando, mentindo, manipulando. É nessa sujeira que a nossa filha vai nascer?

—Ei, a Hayley foi um caso á parte.

—É mesmo? E quanto ao fato dela ter passado pelo mesmo que eu quando estava grávida? E quanto ao fato dela ter sido assassinada pelas bruxas depois de dar a luz? Cortaram a garganta dela Elijah! Eu sei, eu vi como se estivesse lá. Vocês só chegaram depois dela ter morrido, mas eu? Eu vi de camarote ela se afogar no próprio sangue por vinte minutos!

—O que é isso que está bebendo?

—Chá de casca de árvore. É um analgésico natural.

—Analgésico?

—Os meus pensamentos estão rodando mais que peões Elijah. E eu estou sentindo uma dor que eu nunca senti na vida. Eu nunca tinha sido traída antes.

—Oh, meu amor a vida é assim mesmo.

—A minha não. Eu senti uma decepção... salvei a vida dela, lhe dei a cura e fiz tudo para que ela ficasse em paz com ela mesma e em retribuição ela tenta matar o meu bebê?! E tudo porque ela tava com inveja. Inveja Elijah! Inveja de nós, da nossa felicidade.

—As pessoas nem sempre são o que aparentam.

—Eu sabia que ela sentia inveja de nós, eu lia os pensamentos dela, sentia o que ela sentia, aquilo a estava consumindo de um jeito que você nem imagina. Ela estava completamente obcecada por você, estava virando outra Qetsyiah. Ela ficava remoendo aquilo Elijah dia e noite, noite e dia duma tal forma que eu tive que bloquear os pensamentos dela ou aquilo iria me consumir também.

—Porque?

—Eu não sei. Algumas pessoas nascem assim, ela nasceu assim Elijah. Doente, mentalmente doente, instável. Querendo de todo o jeito aquilo que não pode ter.

—Que seria?

—Você. O que ela disse sobre ter feito tudo isso por você, não era mentira. Na cabeça dela ela estava agindo por amor.

Ela deu um gole no chá.

—Chá?

—Não obrigado.

—Toda a minha vida, eu obedeci ás regras, velei pela minha família, meus amigos os ajudei em tempos de necessidade. Sempre que eles precisaram de mim eu estava lá. Eles sabendo ou não, eles querendo ou não. Sempre ajudei a aqueles que me pediam ajuda, os que mais necessitavam dela sempre a receberam de boa fé, de bom grado. Eu nunca matei uma pessoa, hoje foi a primeira vez que eu matei duas pessoas. A minha alma está manchada com o sangue delas.

—Você não estava pensando direito e se não as tivesse matado eu teria.

—E você fala isso nessa naturalidade? Como se não significasse nada?! Elijah estamos falando em matar outra pessoa! Acorda Elijah! Tirar uma outra vida!

—Eu sei o que significa.

—E você não acha que isso tem um efeito em você? Na sua alma? Olhe pra si mesmo! Se ouça! Está falando de matar outra pessoa como se comentasse sobre o tempo?!

Ela me segurou e me sacolejou.

—Elijah você tá morrendo! Sua humanidade tá morrendo!

Ela bebeu o chá como se a vida dela dependesse daquilo.

—Como você é dramática.

—Dramática?! Acaba de me confessar que mataria duas pessoas, duas pessoas que eram suas amigas, membros da sua família! Tem essa noção?!

—Tenho.

—E fala assim desse jeito? Tipo, amor matei minha mãe. Quer café?

—Não é assim também.

—É sim! Você é que não consegue ver! Para! Você tem que quebrar o ciclo de violência que o seu pai começou. Vocês estão nisso á mil anos Elijah. Tem essa noção?! Mil séculos! Mil séculos matando gente! É muito sangue pra passar embaixo dessa ponte. Você tem que pensar na nossa filha. Tem que pensar na Jean. Pensar nela enquanto pessoa.

—Como assim?

—Tipo, se eu der esse exemplo pra minha filha... o que ela vai virar? Será que ela vai se tornar uma boa pessoa ou uma assassina em série sem limites, sem escrúpulos, sem moral, sem nobreza. Um monstro? Eu vou deixar você pensar sobre isso porque agora eu vou dormir.

Ela me beijou.

—Boa noite Elijah, durma bem.

Ela deitou do lado dela da cama e apagou as luzes. E eu fiquei lá, meditando no escuro. Pensando sobre o que ela havia dito.