Magnus saiu de Valhala, sem ter certeza do que o esperava. Muitas coisas o chocaram nesta vida, que mudaram a visão dele em relação ao mundo e o ensinou a abrir a sua mente para a seguinte conclusão, não há julgamentos sem preconceitos. Isso é inerente ao ser humano, por isso aprendemos.

      Ele ainda não estava preparado para aquele sentimento. Amar não era difícil para ele:  amava a mãe, o Blitz, o Hearth, a Sam, os seus companheiros de andar, de certa forma, era um sentimento sem instruções, simplesmente inerente ao ser humano...fluído.

     “Ah, droga!! Ela novamente... ele. ”

      Ele era um filho de Frey, porém ainda um humano cheio de medos. Não entendia o propósito daquele temor. Só sabia de uma coisa: aquele Amor, ele nunca sentiu; e o desconhecido assusta até aos mais valentes guerreiros de Valhala, a qualquer deus, até a Odin(por mais que esse trabalhe tal instinto de maneira objetiva e saiba lidar facilmente).

    Talvez, não fosse difícil amá-la. Mas para amá-la, ele precisava amá-lo. Alex Fierro, talvez a personagem mais indecifrável, do jogo da vida de Magnus Chase. Vontade de olhá-la, de estudá-la como um cientista analisa seu objeto de estudo, desejo de viver toda a vida a observando e a entendendo; ela era simplesmente fascinante em cada célula de seu ser.

   Naquela tarde, eles foram ao encontro semanal, ouvir notícias sobre a futura viagem de navio pelos mares gelados do norte e capturar Loki, antes que o Ragnarok se inicie,novamente. Porém, Sam teve um “compromisso de última hora” e não pode comparecer, assim como Blitz, Hearth, Annabeth, Percy.... Todo mundo não pôde ir, estavam sozinhos, M e A. Um sentimento conjunto de que não gostariam de sofrer uma morte dolorosa naquele dia, os fizeram caminhar pelas ruas de Boston sem rumo.

    Eles estavam calados, nada diziam, apenas olhavam em frente e trocavam alguns olhares rápidos e constrangidos de vez em quando. Sentimentos tão fortes irradiaram a mente e o deixaram tão nervoso, sem conseguir pensar em algo para puxar assunto. Mas, ela era rápida, ela era... de certa forma, ele: astuto e inteligente. Alex disse, presunçosamente:

  “Você tem medo de mim, M?”

  Isso o pegou desprevenido.

  “Hã, acho que você já me perguntou algo parecido”, ele respondeu rapidamente.

 “Então porque você não me olha nos olhos? Gostaria de ter a liberdade de conhecer te melhor, e esse seria o melhor momento! Pela primeira vez, não estamos em iminente perigo, não há nada a temer, então porque tu não olhas ao teu redor de cabeça erguida? ”

 Aquilo o deixou atordoado, mais do que ele já estava. Nunca teve dificuldade de conhecer gente, apesar de ser um pouco tímido. A realidade é que Magnus queria expor aquele sentimento, ele é filho da cura, da luz... não há sentido em guardar aquilo que deve ser exposto e espalhado, aquele Amor que se prendia em seu coração pelas correntes da vergonha e do temor que sentia pelo fragmento “daquele” vivo nela, aquele Sentimento cuja felicidade esperava as palavras de comando serem expelidas e compartilhadas para vir à tona... mas o lado humano e infantil impedia, interceptava, quase gritava covardemente por aquele estado acomodado de transparência.

   Então, ele segurou a respiração por quase 30 segundos, e mandou o medo catar coquinho. Já tinha morrido mesmo, não iria esperar o Ragnarok para procurar a felicidade.

  “Haha, engraçado, estava esperando você falar algo, nunca dei gelo antes, mas gostei da sua reação”, Magnus falou em tom de deboche, olhando- a pela primeira vez nos olhos.

   Ela o olhou impressionada: “Uau, para uma manteiga derretida, até que você teve sucesso em sua atuação! Meus parabéns, lâmpada fluorescente! ”

 Ao caminharem, eles começaram uma longa conversa sobre a vida de ambos e os sentimentos que rodeavam a cabeça deles com os atuais acontecimentos. Sim, aquele fragmento imprevisível de Loki era visível em Alex, aquela personalidade debochada e astuta o fazia tremer, porém ele percebeu que nela, não havia nada além de um bom coração por baixo de todo aquele Loki. Aquilo parece tão claro como cristal, agora.

   Magnus definitivamente se entregou àquele desconhecido amor e o defenderia com todas as suas forças e todo o seu bom sentimento, até  o fim do mundo.