Meu Anjo Caído escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 17
Des-Confiança


Notas iniciais do capítulo

Qual é o verdadeiro problema?



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... ... ... Eu estava morrendo de sede e bebi toda a minha garrafa de água. Eu não havia sentido nenhuma tontura durante a aula e até que fiquei bem. Mas, quando eu ia em direção ao vestiário para trocar de roupa... Foi como estar num pesadelo. Senti tudo girando ao meu redor. Tentei me segurar em algum lugar, mas acabei caindo no chão. Minha visão ficou turva e eu ouvi as vozes dos outros se aproximando de mim. A única voz que reconheci mais perto de mim foi a do Castiel. Senti-o me pegar no colo, me chamando, mas eu não conseguia responder. Tudo foi ficando escuro e... ... ...

— Onde estou?

Perguntei quando consegui abrir meus olhos e percebi que estava deitada numa cama estranha, num quarto muito claro... Aquele não era meu quarto. Me senti sozinha, tive medo. Meu coração começou a palpitar mais forte e eu ouvi o som do aparelho perto de mim. Ele havia aumentado o ritmo assim como meu coração. Eu estava com um tubo no meu nariz. Aquilo incomodava. Tentei puxar, mas senti como se fosse vomitar e parei. Minha visão estava meio embaçada, mas aos poucos foi melhorando. Foi aí que eu notei onde estava. Eu estava num quarto de hospital.

Tudo ficou claro em minha mente. Lembrei que me senti muito mal após a aula de educação física. Lembrei que perdi as forças e caí no chão. Lembrei-me da voz do Castiel falando algo que eu não conseguia ouvir direito, mas tenho quase certeza que me chamava. E daí tudo foi ficando escuro e... Certamente eu desmaiei.

— Então... Me trouxeram ao hospital. ... Por quê?... O que será que eu tenho?

Tentei pensar em tudo que tinha acontecido. Mas, eu ainda estava muito fraca para conseguir raciocinar direito. Eu só sentia sono, muito sono...

...

...

...

Já havia se passado vinte e quatro horas desde que o médico havia nos contado o que realmente estava causando todos os problemas da Paula.

Aquele havia sido um dia tenso, o mais tenso da minha vida. Tudo que eu queria era que minha namorada acordasse e voltasse bem para mim. Eu pensava e pensava e ainda não conseguia entender como tal coisa havia acontecido.

... ... ... Lysandre, Nathaniel, Rosalya, Alexy e eu avançamos em cima do médico quando ele apareceu com os pais da Paula.

— Como ela está?

— O que aconteceu?

— Ela vai ficar bem?

O médico nos pediu silêncio. – Calma, calma... Eu vou explicar. São todos amigos da paciente?

— Sim! – Os outros responderam e eu me coloquei à frente.

— Eu sou namorado dela.

— Ah, é o namorado? Pois, devia ter prestado mais atenção...

— O q-que quer dizer? – Temi por um instante que a suspeita da gravidez fosse real. Olhei para os pais dela. A mãe estava triste, era normal, mas o pai me encarava de um jeito que estava me dando arrepios. – O que... O que ela tem? – Perguntei outra vez ao médico.

— Ela está numa situação delicada.

— P-Por quê? Ela... Ela...

— Ela teve uma intoxicação forte por fármacos.

— O quê? – Eu não entendi, mas o Nathaniel sim.

— Fármacos?... O senhor quer dizer drogas?

— Sim. Fármacos são drogas. Drogas utilizadas em medicamentos. Seu consumo não é ilegal, já que são substâncias da indústria farmacêutica. Porém, o uso errado ou exagerado dessas substâncias sempre causa consequências muito graves. – Ele se direcionou a mim. – Os pais dela não souberam me responder, mas você como namorado talvez saiba... Sabe se ela estava ingerindo algum medicamento sem supervisão ou algum tipo de droga?

— Não! Ela não tomava nada.

— E com algum problema grave... Sabe se ela estava? Por exemplo, se sentindo extremamente triste, depressiva?

— Não. O que isso tem a ver?

— Bom... Temos que descartar a possibilidade de ela ter tentado cometer suicídio.

— Não, isso não! A Paula jamais faria uma coisa dessas. Não tem por quê! – A mãe dela respondeu antes de mim, mas eu concordei.

— Eu concordo. Ela nunca tentaria tirar a própria vida.

— Está bem. – O médico continuou. – Então, vamos aos sintomas para tentar identificar a quanto tempo ela ingeria essa droga ou se foi uma dose única alta. Você sabe me dizer se ela estava apresentando algum sintoma ou comportamento estranho ultimamente? – Ele me perguntou.

— Bom... Sim, ela... Ela tinha mal estar, enjoos, náuseas e até vomitou algumas vezes. – Eu precisava contar a verdade e a mãe dela indagou, preocupada:

— Por que não nos disse antes que ela estava sentindo essas coisas?

— É que... A Paula não queria preocupar vocês.

O médico comentou: - São os sintomas que pensei. Pelos exames prévios já sei quais são as substâncias, basta saber agora como e por que ela as ingeriu. Você tem alguma ideia?

— Não. – Respondi e me virei para os outros. – Vocês têm?

— Não. – Todos responderam a mesma coisa. Estávamos muito apreensivos e, agora, confusos com tal notícia.

O médico voltou a falar com os pais dela. Disse para ficarem tranquilos que a Paula já estava passando pelo procedimento de desintoxicação e logo eles poderiam vê-la. Eu tive que me juntar novamente aos outros e aguardar.

— Não acredito! Intoxicação? Drogas?... Como assim? – A Rosalya indagou.

— Não consigo imaginar a Paula tomando nada dessas coisas. – O Alexy comentou.

— Eu tenho certeza que não foi de propósito. Ela deve ter ingerido por engano. – O Lysandre afirmou.

— Ainda assim é estranho ingerir por engano uma quantidade tão grande a ponto de fazê-la ter uma intoxicação séria. Castiel, você não sabe de nada mesmo? – Nathaniel me perguntou, mas eu não tinha resposta para aquilo. Eu estava tão confuso quanto eles, talvez até mais. Eu tentava pensar no que poderia ter acontecido, mas nada me vinha à cabeça. Eu não conseguia raciocinar direito, precisava me acalmar de alguma forma.

— Eu não sei... Não sei de nada! Me deem um tempo, por favor! Preciso ficar tranquilo.

— Ei! Aonde você vai?

Fui saindo. – Volto já. – Fui outra vez para o lado de fora do hospital. Eu precisava fumar outro cigarro. Aquele estresse estava me matando e a notícia da intoxicação havia sido o golpe final.

— Como isso pode estar acontecendo?... Como?... – Eu me perguntava em voz alta a cada tragada. Mas, uma voz atrás de mim me pegou de surpresa.

— Eu acho que sei como.

Era o pai dela! Estava olhando para mim como se visse seu pior inimigo.

— Bem que eu havia sentido o cheiro de cigarro quando você chegou perto.

Tirei o cigarro da boca, mas fiquei com ele na mão.

— Eu... Eu só fumo quando estou nervoso, não é sempre.

— Sei... – Ele, claramente, não acreditou. Num movimento rápido pegou o cigarro da minha mão. – Sabe o que é isso? Você sabe? – Ele falou mais alto quase esfregando o cigarro na minha cara. – Isso aqui é uma droga, Castiel! Pode ser lícita, mas é uma droga!

— E-Eu já disse que só fumo quando estou nervoso...

— Não me interessa! – Ele esbravejou jogando o cigarro no chão e depois apontou o dedo no meu rosto. – Olha aqui, eu tenho uma suspeita de onde surgiu essa porcaria toda que intoxicou a minha filha.

Entendi onde ele queria chegar. – O quê! Está suspeitando de mim?

— Que bom que você entendeu.

— Nada a ver! Eu jamais faria mal a Paula, ela é minha namorada...

— Ela é minha filha! – Ele gritou de novo. – E, ouça bem... Você não vai mais se aproximar dela se eu descobrir que foi você quem deu drogas a ela.

— Ei! Não me julgue! Não é porque eu fumo uma vez ou outra que eu uso outras drogas.

— Eu não acredito em você.

Aquilo me deixou tão irritado quanto ele. Ele não podia estar me julgando daquela maneira!

— O senhor pode acreditar no que quiser, mas eu estou falando a verdade. Eu não dei nada a Paula, nunca daria.

— Então como explica essa intoxicação? Minha filha nunca faria uma coisa dessas por vontade própria.

— Claro que não, eu sei que não, eu conheço a Paula, ela não é assim!

— Então?... Como não quer que eu suspeite de você se a última novidade que tive foi saber que você estava saindo com minha filha? Ela fugiu de casa uma vez para te ver e eu não duvido que você a levasse a fazer outras bobagens.

— Eu já expliquei que eu não sabia que ela havia fugido àquela noite!

— Eu não quero suas explicações! – Ele gritou outra vez e depois falou assustadoramente baixo. – O que quer que eu pense quando eu recebo a notícia que a minha filha se intoxicou com uma porcaria qualquer e logo em seguida te encontro aqui fumando?!

— É esse o problema? O senhor acha que eu daria alguma coisa errada a Paula só porque eu fumo?... Tá bem... – Deixei me guiar pelos meus sentimentos e tomei uma atitude. Peguei a carteira de cigarros no meu bolso e o isqueiro e joguei no meio da pista. Carros passaram por cima e destruíram tudo. Virei novamente para o pai dela e falei no mesmo tom que ele.  – Pronto. Fique sabendo, senhor, que a partir desse momento, eu, Castiel, não ponho mais um cigarro sequer na boca. O senhor não pode duvidar de mim.

— Grande coisa! Está fazendo isso agora, mas pode comprar outra carteira depois.

— Não. Se essa for a condição para o senhor acreditar que eu nunca faria mal a sua filha, pode crer que a partir de agora eu sou um ex fumante.

— Essa não é a única condição. Eu não confio em você e você não vai mais se aproximar da minha filha. – Ele virou de costas e foi saindo.

— Isso nunca! – Dessa vez eu que tive que gritar. – Nunca, entendeu? Eu nunca vou me afastar da Paula.

— Você vai!... Ou, eu chamo a polícia e digo que você foi o responsável por minha filha estar nesse estado, eu digo que você deu drogas a ela sei lá com quais propósitos.

— Não pode fazer isso! Eu não fiz nada!

— E quem vai acreditar em alguém como você? Eu não acredito.

— Não me interessa se acredita em mim ou não, a verdade é uma só. Eu amo a sua filha! Eu a amo e nunca faria mal a ela. Eu a amo... E só quero... Que ela seja feliz.

Deixei que as lágrimas tomassem conta dos meus olhos. Lágrimas de angústia, de dor, de revolta, de raiva e também de tristeza. Fui totalmente sincero com ele. Deixei meu coração falar por mim, era o único modo de fazê-lo entender, ou, pelo menos, era o único que me restava.

—... O que... O que foi que você disse? – Ele me encarou.

— Eu disse que eu amo a sua filha. Tem que acreditar em mim. Eu não fiz nada, nada de mal para ela. Tudo que eu fiz foi amá-la.

Ele ficou me encarando por mais uns segundos até que voltou depressa para dentro do hospital. Eu não sabia se ele havia acreditado em mim ou não, mas isso não era nem o que mais me importava. O importante para mim era que a minha namorada ficasse bem.

Depois da discussão, resolvi ficar mais um tempo sozinho. Enxuguei minhas lágrimas quando vi que o Lysandre vinha me buscar.

— Castiel, o que houve? Por que essa demora? – Assim que ele olhou para meu rosto, percebeu. – Você estava chorando?

—... O pai da Paula acha que fui eu que dei alguma droga a ela.

— Quê! Como ele pode pensar isso de você? Vamos lá falar com ele, esclarecer...

— Não. Deixa. Deixa ele pensar o que ele quiser. Não tô nem aí.

— Não mente pra mim, Castiel, eu te conheço. Isso tá doendo aí dentro de você, não tá?

Balancei a cabeça afirmando.

— Viu? Você precisa conversar com ele, dizer que o quanto você gosta da Paula e que nunca faria mal a ela nem a ninguém...

— Eu já falei, Lysandre. Eu já disse que eu amo a filha dele, mas... Acho que ele não acreditou. Quer saber? Tudo bem. Eu não ligo. Não ligo pra o que pensem de mim, só o que eu quero que a Paula se recupere. Ela vai esclarecer as coisas.

— Mas... Se ele está suspeitando de você, ele pode não te deixar vê-la mais.

— É isso... É isso o que realmente me dói. Isso eu não vou suportar. Eu não vou permitir. Eu preciso ficar com ela. Preciso... Preciso estar ao lado dela quando ela acordar.

Lysandre suspirou e pôs uma mão nas minhas costas, tentando me tranquilizar.

— Você vai ficar com ela, Castiel. Vai ver. Mesmo que os pais dela e o mundo inteiro não acreditem, é necessário que você e ela continuem acreditando no amor que têm. Esse amor é a força que vai fazer vocês superarem qualquer barreira.

Esse era o Lysandre. Sempre encontrando as palavras certas. Abracei-o em sinal de agradecimento e confessei uma coisa:

— Sabia que... Quando a Paula e eu ficamos juntos, você sabe, dormimos juntos pela primeira vez... Ela estava na minha casa...

— Eu sei, o Nathaniel disse que ela havia pedido o seu endereço a ele...

— Sim, mas ela disse que a gente tinha um trabalho a fazer e era mentira. O que aconteceu foi que os pais dela haviam viajado e ela ficaria na casa da Rosa. Só que a Rosa viajou pra a fazenda dos seus pais atrás do Leigh e a Paula inventou de ir ficar na minha casa.

— Então, foi naquela vez que a Rosa chegou à fazenda de repente!...

— Foi. Aquele foi o melhor fim de semana da minha vida! E sabe qual o motivo que a Paula me deu para me convencer a ficar na minha casa?

— Qual?

— Ela disse que eu estava me sentindo sozinho sem você. E quer saber? Ela tinha razão. Você não é só meu melhor amigo, é o melhor conselheiro. Obrigado.

Dessa vez foi o Lysandre que me abraçou.

— Ah, Castiel... Você é um sensível, sabia?

— Para, cara!

— É sério! Você tem nome de anjo caído, mas por dentro não é nada disso.

— Ah, tá! Só porque me viu chorando, vai dizer agora que eu sou um anjinho.

— Anjinho, não... Mas, por trás dessa aparência rebelde tem um coração bom. Um coração amigo e agora também um coração apaixonado. Vem, vamos entrar e esperar para ver o seu grande amor.

... ... ...

...

...

Os pais da Paula a viram no quarto e depois de um tempo eu vi os dois indo em direção à lanchonete. Eu aproveitei a oportunidade para entrar no quarto onde ela estava. Algum tempo antes eu havia fingido ir embora com os outros. Não queria que os pais dela me vissem e me impedissem de vê-la.

Quando entrei e a vi senti um aperto no peito. Onde estava toda aquela beleza que eu adorava tanto? Apagada naquela cama de hospital.

Cheguei mais perto, puxei uma cadeira e sentei ao seu lado. Peguei em sua mão. Não sabia se assim, desacordada, ela podia me ouvir. Mesmo assim, falei o que eu sentia.

—... Paula... Eu... Eu te amo. Você sabe que eu não sou o melhor pra falar essas coisas, não sou o mais romântico nem nada... Mas... Eu sei que você sabe que eu te amo. E eu sei que você sabe o quanto eu te quero de volta.

Dei um leve beijo nos lábios dela e continuei, tentando não chorar vendo-a naquele estado.

— Hoje eu tive uma discussão com o seu pai. Ele acha que eu fui o responsável por você estar aqui. Eu disse que eu te amo, que eu nunca te faria mal, mas, eu não sei se ele acreditou. Quer saber... Eu até tentei fingir que isso não me importava, mas importa sim. Me importa muito que os seus pais me deixem continuar vendo você.  Porque se eu não puder mais te ver, ficar contigo... Eu... Eu vou sentir uma das maiores tristezas da minha vida. Ficar sem você vai ser como... Como continuar vivendo sem nenhum sentido. Ficar sem você, meu amor... Vai ser como se minha guitarra não fizesse mais som nenhum. Como se... Todo o mundo se tornasse uma porcaria em silêncio.

Levantei e respirei fundo enxugando as lágrimas que teimaram em cair, e quando me virei tive um susto. Os pais dela estavam lá.

— E-Eu... Eu já vou sair... – Fui saindo por entre eles, mas o pai dela me pegou pelo braço. Pensei que ele fosse reclamar por eu ter entrado no quarto sem permissão, mas não foi assim.

— Castiel, espera.

— O que é? Ainda acha que eu sou o culpado por ela estar assim?

— Não, não é isso.

— Eu sei que eu não deveria estar aqui, eu já vou. Mas, eu vou logo dizendo que pensem o que quiserem pensar, eu não vou desistir da Paula...

— Castiel, se acalma! Nós ouvimos tudo.

— T-Tudo?

— Sim. Tudo que você acabou de falar pra ela. Assim como eu também ouvi naquela hora o que falou... Que você a ama. É verdade?

— Se está falando de quando eu disse que amo sua filha, sim, é verdade. Eu a amo. Nunca senti por ninguém o que sinto por ela. Se isso não se chama amor, eu não sei o que é.

O pai dela me olhou como que esperando uma resposta sincera de mim, e eu dei.

— Me diz uma coisa... Se disséssemos para você se afastar da nossa filha de agora em diante... O que você faria?

— Eu não me afastaria de jeito nenhum.

— Por que não?

— Porque eu sei que ela também me ama e isso a faria sofrer. E o que eu menos quero é que ela sofra.

— Vou te fazer outra pergunta. Se, por acaso, ela não quisesse mais namorar você... Se estivesse gostando de outro, se quisesse ser feliz com outra pessoa... O que você faria, Castiel?

—... Eu acho que... Não, eu não acho, eu tenho certeza que eu faria o que fosse melhor para ela. Eu não ia desistir sem lutar, pode estar certo disso. Mas, eu também não ia insistir muito se ela não me quisesse mais. Eu já disse e repito, o que eu menos quero é que ela sofra. E... Se eu soubesse que ela seria mais feliz com outro que comigo... Eu a deixaria em paz.

Eles dois se olharam. Eu não sabia se estavam acreditando, mas eu estava falando de todo coração. O pai dela, então, pegou no meu ombro e falou:

— Sabe por que eu te fiz essas perguntas, Castiel?

— Por quê?

— Porque essas foram as mesmas perguntas que o pai da minha esposa me fez um dia, quando éramos só namorados. E as minhas respostas foram semelhantes as suas. Eu... – Ele suspirou fundo antes de dizer. – Eu preciso te pedir desculpa por ter duvidado de você. Dá pra ver que você realmente ama a minha filha. Isso é verdadeiro, não é exagero, tampouco uma mentira sua. E... Pode acreditar, isso me deixa muito feliz, apesar da dificuldade em aceitar que... Bem, que outro homem ame a minha garotinha.

Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo. Eles estavam me aceitando de verdade, finalmente!

— O senhor não imagina o quanto eu amo essa sua garotinha.

Nós dois sorrimos e ficamos, enfim, em paz. Eles me deixaram continuar no quarto com a Paula por mais um tempo. Agora, um pouco mais contente, voltei para perto dela e peguei em sua mão.

— Você ouviu o que acabou de acontecer? Eu estava aqui com medo de não poder te ver mais e agora... O seu pai me deixou ficar com você, meu amor! Ele comprovou que eu também te amo. Quer saber? Acho que ele vai ter que admitir que agora você não é mais só a garotinha dele, você é minha também.

Não resisti e dei mais um beijo nela, e pedi: - Paula, acorda logo. Eu preciso de você. Preciso te ver sorrindo, preciso te beijar, te abraçar... Aliás, preciso que você me beije, me abrace, me chame de seu também.

Um barulhinho nesse momento me chamou a atenção. Era o aparelho que media a frequência cardíaca dela que havia aumentado o ritmo. Isso só podia ter sido causado por uma coisa: o coração dela havia acelerado. Ela estava acordada e podia me ouvir!

Comecei então a sussurrar ao seu ouvido, inspirado nas músicas do Lysandre, coisas que só pertenciam a nós dois.

— Meu amor, tá me ouvindo? Acorda logo, vai. Abre esses olhos, porque eu preciso de você. Preciso te ver. Preciso te ter de novo... Te beijar, te abraçar, te fazer minha... Ter você na minha cama outra vez... O seu corpo colado ao meu, te amar sem medidas... Te fazer sentir todo o prazer que eu puder te dar. Eu preciso do seu amor, do seu desejo ardente... O seu desejo que extravasa por suas mãos e seus lábios... E me faz um homem realizado.

Beijei seus lábios suavemente e me afastei ao sentir seu suspiro. Foi então que vi seus olhos se abrindo lentamente para mim e logo em seguida um sorriso. Aquele sorriso que me levava ao paraíso.

— Oi?

—... Oi. – Ela me respondeu baixinho.

Meus olhos se encheram de lágrimas outra vez, mas agora era de uma emoção muito boa.

— O que aconteceu? – Ela indagou.

— Depois eu te conto.

— Castiel... Eu estava ouvindo o que você dizia...

— Eu sabia.

— Pode repetir?

Respondi sorrindo: - Agora não posso, seus pais estão aí fora, vão querer entrar pra te ver. Mas, escuta só... – E sussurrei. – Quando você melhorar e nós dois ficarmos a sós de novo... Eu não vou apenas repetir isso como vou tornar realidade, ok?

— Ok. – Ela sorriu mais.

Saí para avisar aos pais dela que ela já tinha acordado. Não dava para disfarçar a felicidade que eu estava sentindo. Mas, ainda havia uma questão a resolver: como a Paula havia se intoxicado? Se havia um culpado, quem poderia ser?

...


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Notas finais do capítulo

Continua...

( O termo fármaco é a tradução do grego phármakon, que tanto designa medicamento como veneno, ou seja, qualquer substância capaz de atuar no organismo, seja em sentido benéfico ou maléfico.)