A figura se contorcia em seus lençóis brancos, atentado por sons irritantes do despertador que insistia em acordá-lo para a vida cheia de obrigações da qual o adulto há de ter. Emburrou-se com a realidade.

Acima de seu criado-mudo as mãos perdidas tentavam encontrar o provedor de um barulho tão irritante. Achou seu celular e a tela marcada por suas digitais denunciavam suas tentativas, e assim desligou-o murmurando alguns palavrões pelo dia que acabara de começar. 

Com o passar de sua adolescência e morando sozinho em um apartamento um tanto luxuoso, o ego do mais velho se orgulhava, além de ter o prazer da liberdade em dormir nu e bagunçar seu próprio quarto afinal, ele pouco se importava, entretanto fora um dos motivos do seu dificultoso relacionamento com sua ex-esposa.

Em uma época que professores são tão mal pagos, muitos questionavam sua eficiência em adquirir o tão aclamado dinheiro por ser tão jovem, e alguns faziam suas próprias suposições sobre a vida do homem que saía em uma manhã, havendo dias em que retornava apenas em outras.

Ainda relutante em deixar sua cama às obrigações o deixavam inquietantes, até por ser seu primeiro dia em uma nova escola, e causar uma boa impressão era uma de suas preocupações. Suspirou pesadamente e observou uma outra silhueta em sua cama antes de cutucá-la e vê-la remexer.

— Fingir estar dormindo não irá adiantar em nada — Levantou-se exibindo seu corpo esguio, espreguiçou-se relaxando sua musculatura e caminhou até uma cadeira em seu quarto com havia deixado sua toalha. Conhecia muito bem sua própria bagunça.

— Você é tão chato, Lay, sabia? — Resmungou emburrando o rosto e enchendo as bochechas de ar. — Ontem a noite não foi assim...

— Baekhyun, discutir comigo não vai fazê-lo chegar ao trabalho no horário e cuidado, eu não quero que me chame assim em público — Ignorou o menor. Antes de chegar a uma porta de madeira moderna fitou a pessoa de braços cruzados — Você não é mais criança, está com vinte e dois anos — Adentrou o lugar um tanto espaçoso para um banheiro pendurando sua toalha em um gancho prateado, e ouviu do lado de fora as reclamações de seu companheiro sobre suas atitudes.

Vitima do cansaço após aquela noite, permitiu-se um momento de lazer da qual a água quente o dera, banhando seu corpo que relaxava com o contato. Apenas percebeu que seu ‘amigo’ se fora quando ouvira o som da porta, um tanto estrondoso e rude.  

O banheiro foi tomado por uma leve camada de vapor, antes o mais velho aproveitando o último pingo de água que desenhava uma linha em meio a suas costas. Desembaçou o espelho com a palma de sua mão examinando sua feição agora mais disposta, apesar de que por dentro, receoso, mas conformativo sobre recomeçar mais uma vez, em um novo lugar. Inspirou e expirou o ar pesadamente.

Zhang Yixing pouco se importava em andar nu em sua própria casa, afinal, era um dos únicos lugares onde se sentia plenamente confortável, às vezes por esquecer dessa sua mania atendia a porta assustando algumas empregadas, das quais imediatamente pensavam em passar uma noite com o homem.

Adentrou seu quarto e viu algumas camisinhas jogadas no chão e que teria de chamar uma caseira para limpar seu quarto. Abriu seu guarda-roupa e retirou uma calça social preta com o cinto da mesma cor com sua fivela sutil, logo após pegou uma camisa social cinza escura que ficava um pouco justa por culpa de seus músculos, junto a uma gravata preta da qual a enfeitou com um prendedor prata, não esquecendo de pegar seus sapatos no estilo Malbork Oxford preto.

Parou em frente ao espelho e ajeitou seu cabelo, apanhou a chaves de seu carro em cima da mesa, em seguida sua pasta que pela animação em sua noite passada havia deixado na entrada do local, descendo um pequeno degrau que dava para porta, assim, saindo de seu apartamento.

Assim que chegou ao estacionamento após pegar o elevador para o térreo o celular começara a vibrar em seu bolso, olhou para seu relógio de pulso e atendera a ligação enquanto adentrava seu carro no modelo Porsche 991 preto que mesmo após pouco tempo de uso achava que teria de comprar um diferenciado.

 — Alô? — Respondeu em tom desinteressado.

— Não tem mais o numero de sua ex-esposa no celular, Yixing? — A voz feminina do outro lado da linha debochava.

— Diga o que quer de uma vez, estou atrasado e não tenho tempo para brincar com você — Colocou a chave na ignição e girou, dando partida no carro.

— Eu esqueci algumas coisas no apartamento e preciso pega-las.

— Você ainda tem as copias das chave, só entre e pegue, e deixe elas com o porteiro — Desligou o celular sem ouvir a resposta da mulher, e esperou o portão automático abrir do prédio abrir, então cursou seu caminho para sua nova escola. Talvez um pressentimento diferente ao se aproximar da construção após um tempo de estrada havia subido a cabeça ao estacionar no lugar reservados para funcionários, e não podia dizer se o sentimento que sentia era bom.

Pegou sua pasta que havia colocado no banco ao lado e saiu ligando o alarme do carro, alguns alunos se empoleiravam na beirada das janelas observando o homem que havia chegado a pouco, e logo a noticia havia se espalhado de classe em classe.

Antes de começar suas aulas, subiu as escadas para encontrar a sala dos professores, sendo recebido exageradamente bem.

— Zhang Yixing, professor de física, certo? — Um professor que aparentava ser mais jovem começara o dialogo.

— Correto — O segundo homem se levantou estendendo a mão para o novo professor, que a apertou logo em seguida.

— Meu nome é Park Chanyeol, sou professor de biologia — E parecia uma pessoa totalmente sociável aos olhos outro. — Aquela é sua mesa — Apontou para o local com um computador e devidamente organizado. — Se precisar de ajuda pode me chamar e os horários estão na folha perto que está em cima dela.

— Claro, obrigado — Proferiu sem muita expressão, mas deu um sorriso levemente aparente para causar uma boa impressão. Caminhou até sua mesa ainda com os olhos de outros professores em sua pessoa, mas fora até se assentar e pegar seus horários os lendo, precisava apenas ler uma vez para memorizar. — Sala do terceiro ano ‘A’... — Balbuciou baixo, seguiu até a sua primeira sala para começar definitivamente seu trabalho, apenas fazendo o possível para não ter os mesmo problemas dos quais aconteceram em seu ultimo trabalho.

Assim que suas mãos abriram a porta-de-correr, os alunos rapidamente se aquietaram, seus passos foram calmos até sua mesa, mas o sussurrar das meninas e garotos era apenas inevitável. Mas o olhar de apenas um aluno se voltava à paisagem que o céu azul proporcionava. A mão grande do novo professor agora estava a escrever no quadro seu nome giz e voltou-se para a turma.

— Meu nome é Zhang Yixing, sou o novo professor de vocês — Gritos baixos de êxtase das garotas e as conversações invejosas dos garotos ficaram um pouco mais altos. — Silêncio, vamos começar a aula — Passou o dedo indicador nas folhas onde estavam escritas as matérias e oficialmente começara seu trabalho. — O próton é a menor partícula de um elemento químico que constituem o átomo... — As explicações vinham junto a uma voz sensual e calma natural do professor.

O tempo da aula estava passando e os alunos faziam seus exercícios em silêncio, mas o garoto continuava a olhar da janela, algo que não se entendia o porquê de tanta admiração com o céu que era o mesmo todos os dias para Yixing.

O mais alto caminhou entre as carteiras dos seus alunos para se certificar que estavam fazendo o que havia mandado, e assim que viu a falta de atenção do jovem de cabelos castanhos e olhos escuros se aproximou curvando-se um pouco apoiando um dos braços nas costas da cadeira atrás do moreno.

— Por que não está fazendo os exercícios? Qual é o seu nome? — A cabeça do mais baixo virou-se sem muita pressa, o olhar sério era como o de Yixing que se perdeu por um momento na comparação, mas havia mais do que apenas seu reflexo. Assim que o jovem assentado percebeu a pergunta à seriedade que mostrava se dissipou dando o lugar de um olhar sereno, mas impossível de se decifrar, dificultoso até para o homem que facilmente os distinguia nas pessoas a sua volta.

— Kim Junmyeon — Seu jeito indiferente e aura de persuasor era nítidos, os dois se entreolharam como se sentissem que alguma coisa os envolveria em algo que se difere de suas vidas monótonas, talvez um sentimento de caos eminente, de um futuro desconhecido, mas sentido.