Quem é você? escrita por SthefanieAngel


Capítulo 10
Progresso




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Luna se sentava à mesa e preparava seus acompanhamentos ao lado da sua tigela de arroz. Não parecia preocupada ao escutar aquela frase de seus pais.

—Em breve eu e sua mãe... teremos que nos mudar para Hokkaido —Seu pai olhava para a esposa esperando sua reação e a da filha.

—Você vai ficar bem aqui, iremos te mandar uma mesada todo mês para que possa fazer o que precisa — Sua mãe continuava a conversa, tomando cuidado em cada palavra que usava.

—Mas... porque?

—Surgiu uma oportunidade de emprego importante para mim, Luna, eu espero que você entenda, não achamos necessário nos mudar, pois isso iria acarretar em mais despesas e como possuo um primo que mora lá, ficaríamos na casa dele.

—Entendo...—Sua voz era tristonha.

—Bom, mas nada de se desanimar, isso pode demorar um pouco — Sua mãe pegava em sua mão e a apertava amorosamente. O café da manhã seguiu normalmente e Luna retornou ao seu quarto desanimada.

— Luna? — Akio ficava preocupado ao senti-la depressiva.

Ela dava um sorriso animador, por mais que parecesse forçado.

— Vamos passear de novo?

Luna seguia para o centro junto de Akio, ele não trombava nas pessoas e nem era percebido. Ao chegarem, o primeiro ponto foi na livraria, procurava por algo que pudesse dizer sobre espíritos ou maldições, a prateleira era um pouco excluída, por isso havia poucos livros, mas dando uma olhada por cima conseguiu selecionar dois. Se lembrando de como o garoto era ruim em se comunicar, pensou que talvez um livro infantil fosse capaz de ensina-lo a falar ou ter noções básicas das coisas. Um pouco tímida se aproximou da sessão infantil e bisbilhotou rapidamente pelos livros, pegou apenas um e o colocou de baixo do braço junto com os outros.

—Bom, acho que terminamos —Contente, dava uma olhada em todos os livros que leria hoje à noite. Um deles aproveitou para ler em uma cafeteria que costumava a ir no seu tempo livre. O comercio era bem famoso na cidade por suas tortas doces e seu estilo vintage.

Certo tempo de leitura depois e dois pratos de torta, uma senhora aproximava humildemente de Luna.

— Seu amigo é bastante bonito — Seu sorriso era simpático revelava várias rugas em sua feição.

Luna ao ouvir aquilo fez com que seu coração acelerasse e sua temperatura caísse. Deixou seu livro aberto calmamente sobre a mesa e a senhora se sentou em sua frente. Era uma senhora um tanto exótica pelo seu estilo de roupa peculiares.

—Meu amigo?...

—Não precisa se preocupar, não irei contar à ninguém — Ela suspirava e ajeitava seus óculos, dando uma boa olhada em Akio, ele permanecia a olhando com uma expressão atônita, ele entendia algo na mulher que Luna não era capaz de entender.

—Entendo... — Puxou o ar profundamente e deixou esvair, não parecia contente.

—Algum problema com ele? — Luna preocupada trocava olhares entre a mulher e garoto.

—Querida, a resposta que você procura nesses livros, não irá encontrar...—Ela olhava um pouco apreensiva para Akio, se perguntando se deveria continuar a falar.

—Esse garoto que você tem ao seu lado, não é um espirito... é uma criatura divina.

Luna fixava seus olhos em Akio que dessa vez a olhava inocentemente.

—Que tipo... de criatura divina?

—Lórens, conhecidos como anjos da guarda — Parecia bastante animada em dizer aquela frase, podia-se dizer que era a primeira vez que via uma criatura daquelas.

—São seres importantes tanto no mundo celestial quanto no mundo terrestre e posso dizer que um anjo nunca já mais foi permitido ser visto — Voltava a encarar Akio, curiosa.

—Ou algo muito bom está prestes a acontecer, ou algo muito ruim..., mas, isso é realmente algo que eu nunca imaginei presenciar — A senhora ia se levantando, prestes a sair.

—Você sabe porque ele não consegue falar? —Luna se levantava ao mesmo tempo que a senhora, tentando estender a conversa entre as duas, ainda havia muito o que se perguntar.

—Me desculpe, mas não tenho tanto conhecimento nessa área, porém você pode se sentir sortuda, ter alguém como ele ao seu lado... não é para qualquer um — Se despedia com um sorriso por cima do ombro e caminhava lentamente para a saída.

Luna pagava sua refeição e juntava seus livros, pensativa, nunca foi de acreditar em anjos da guarda, mas isso explicava algumas coisas que haviam acontecido. Ela caminhava ao lado do garoto o olhando o tempo todo enquanto ligava alguns fatos.

—No começo você parecia falar comigo como se soubesse mais sobre as coisas... sobre mim... porque de repente perdeu sua fala?

Akio apenas andava e refletia sobre as palavras de Luna, nada dizia e nem demonstrava algum entendimento. Quando chegaram em casa mais tarde, Luna verificava as mensagens do celular à procura de algum sinal de Saito. Estava se perguntando se teria sido rude demais quando o tratou com frieza da última vez. Sem mensagens, foi direto para seu quarto. Se sentava ao chão junto de sua mesa de estudos e colocava o livro infantil por cima. Com Akio sentado em sua frente, suspirava com calma, visando que seria uma tarefa difícil.

—Vamos começar! —Abria o livro confiante e começava a ensinar Akio com paciência.

Algumas horas depois, Luna se encontrava com a cabeça deitada na mesa prestes a desistir. Akio apenas a observava comumente, ele parecia não perder energia desde a hora que levantou.

—Akio... diga, comida — Sua voz arrastada demonstrava o quanto estava cansada.

—Comida.

Luna se levantava surpresa, depois de várias horas, finalmente conseguia algum progresso. Para não perder o pique, apanhava o livro e lhe mostrava várias figuras de alimentos.

—Isso, Akio! Comida!

—Comida?

—Isso!! — Ficava de pé e pulava pelo quarto contente.

— Bom garoto, Akio! — Se ajoelhava ao lado dele e tocava em seus cabelos, o bagunçando. Nesse momento uma sensação um pouco estranha percorreu seu corpo, era estranho o tocar, tocar alguém que parecia não existir, mas ela o sentia agora e provava para si mesma que ele era real. Seus fios eram macios e leves e de seu punho podia sentir sua respiração. No mesmo momento, acabou retirando sua mão rapidamente. Akio que não tirava os olhos de Luna, continuava a fita-la, suas pupilas se dilatavam e portavam um brilho doce e discreto. Segurou o pulso de Luna com sutileza e o trouxe para perto junto de seu corpo a envolvendo com seus braços.


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