Ed&Tomas escrita por Zack Tarantino


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Para imaginar melhor os personagens de Ed&Tomas:
Ed: Arthur Darvill
Tomas: James Marsden



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O vestido rosa com bordas e várias decorações pinicava naquele sol quente. Tentou livrar-se das amarras que a apertavam e impediam que se locomovesse. O ferro quente encostava na sua peruca preta encaracolada. A sua boca estava livre, por isso gritava a plenos pulmões por ajuda. Apenas os pássaros no céu a observavam silenciosamente e iam embora. Gritava frases repetidas de forma automática e robótica. As falas estavam tão encravadas em sua mente que nem precisava prestar bem atenção no que estava falando. Saiam quase que automaticamente.

—SOCORROOOOOOOOO- Gritou mais uma vez, mas só foi ouvida pelos animais do deserto.

Finalmente havia começado a ouvir o barulho de algo artificial aproximando-se. O sol a cegava e não era capaz de visualizar a presença que chegava cada vez mais perto. Ouviu então os cavalos, o tiroteio e a carroça se desequilibrando pelo chão de areia. Uma nuvem de poeira anormal se formava. Ela só poderia afirmar que era uma briga sem fim. Enquanto isso, a locomotiva chegava e ameaçava atravessar sua pele. Já saia do horizonte e já estava na metade do caminho. Antes que pudesse clamar por ajuda o trem passou por ela. Suspirou segundos antes da tragédia.

Ria em alto e bom som enquanto comemorava o seu triunfo. Seu inimigo estava entrelaçado em uma corda em cima do cavalo, e a dama nos trilhos estava com os membros fora do corpo, porém sem nenhum sangue ou tripas encontradas.

O céu tomou uma cor cinza-escuro e o cenário mudava rapidamente. Ed começava a libertar-se das amarras e a dama se regenerava sozinha. A textura do seu corpo assemelhava-se a plástico ou massinha. Por baixo da peruca era possível ver um cabelo castanho, olhos da mesma cor e uma pele parda.

—Eu acho que eu venci dessa vez- Disse se gabando. Levantou um pouco o chapéu revelando os olhos azul-claro e a barba rala. Era possível ver os fios de cabelos castanhos.

—Até vir a próxima. Você sabe que eu venço na maioria das vezes-Retrucou o adversário passando as mãos nos pulsos machucados pelas amarras. Ed possuía um cabelo loiro, barba espessa e olhos verdes.   

—Mas geralmente quando você vençe é porque está no papel de vilão. E isso só prova que vilões são melhores. E quem é o vilão aqui na maioria das vezes? Eu!

—Hum. Convencido –Disse indo de encontro a dama e tirando-a do chão. –Desculpa por não te salvar.

—Desculpa nada! Vai se f@der! É a trigésima vez que acontece essa m@rda! –Respondeu em fúria e abanou o próprio leque. Retirou-se daquele local em passos raivosos e apressados.

—Parece que você irritou a Senhorita Laura. Talvez eu deveria salva-la da próxima vez.

Suspirou e colocou o chapéu de cowboy de volta na cabeça. Caminhou lentamente procurando sair daquele local    

—Ei, espera!

—O que você quer, Tomas? Já não basta ter vencido?

—Não fica bravinho – Disse ele debochando. –O que você acha de a gente ir no bar e esquecer isso? Ok... É impossível você deixar de me odiar e eu deixar de odiar você, mas podemos sim ser parceiros em alguns momentos. E onde você está indo?

—Para o cenário neutro. Preciso descansar.

—Vai me ignorar mesmo? Ed, não me ignore. Ed!

Continuou seu percurso até que parou por um momento. Voltou alguns metros e puxou Tomas pela gola da camisa.

—Vamos para a ilha paradisíaca. Não podemos ser vistos.

—Pelos observadores? Eles não fizeram nada comigo e eu vivo zombando deles.

—Pelos outros. Você sabe que não é comum esse tipo de interação entre os personagens. Ainda mais quando eles deveriam ser inimigos.

Ed arrastou Tomás até o próximo cenário. Tratava-se de uma cidade. As roupas mudaram automaticamente. Vestiam calça e blusa com botões.

—Não seria mais rápido se fossemos pela área neutra?

—Nós já estamos chegando.

Os cenários eram pequenos, moldados apenas nos limites onde a história se passaria.

Enfim chegaram a ilha paradisíaca. Esconderam-se entre as diversas folhagens. As roupas se transformaram em uma bermuda e uma blusa com imagens remetentes a praia, acompanhadas de óculos de sol e havaianas.

—Eu nunca vou entender como isso foi acontecer -Protestou Ed. 

—Nem eu. Mas pouco importa. Meu Deus. Quero te matar e te foder ao mesmo tempo. 

—Eu diria o mesmo. 

Tomas o agarrou de forma tão brutal e repentinamente que Ed quase caiu no chão. Beijaram-se ao som dos pássaros. 

—Temos de ir. Já devem estar se preparando para os próximos episódios.

Correram de mãos dadas até certo ponto. Chegaram ao local neutro e esperaram a próxima cena. O céu acinzentado começava a ficar azul e todos os seres eram guiados por alguma força ou instinto aos seus devidos papéis e lugares. Caminharam para um mercadinho no meio de uma estrada. Laura vestia um uniforme e Ed era um policial. 

—Bom dia -Disse aproximando-se do balcao. -Tem uma daquelas cervejas da marca Kruser? 

—Tem sim. É só pegar no freezer. 

Ed afastou-se por alguns momentos para pegar a bebida. Quando voltou viu Laura sendo feita de refém. Tomás estavá atrás dela apontando um revólver pra sua cabeça. Ele automaticamente pegou a arma.

—Largue essa arma ou eu atiro nela! 

Ed concentrou-se por alguns momentos e acertou a cabeça de Tomas de raspão. Ele se assustou e deu alguns passos para trás, o que permitiu que Laura fosse de encontro ao policial.

—Ele me machucou -Disse quase em lágrimas e esfregando o braço dolorido. 

Tomas ameaçou atirar e Ed apertou o revólver em um ato de reflexo. Os tiros não vieram só de um local. Laura pegava um revólver da cintura dele e atirava. Fizeram isso até que os dedos ficassem doloridos. Caiu no chão frio. 

Ed aproximou-se para averiguar o corpo. Tomas parecia morto demais. A visão o fez ter calafrios. Observou cautelosamente franzindo as sobrancelhas. Os tecidos da pele já deveriam ter iniciado uma reconstrução. 

—Acho que ele não está bem.

—Como assim? Ele deve voltar daqui a pouco.

—Não sei, Laura. Está demorando.

—Mas enfim, vou voltar para a zona neutra. E esse episódio acabou rápido demais –Disse franzindo as sobrancelhas e retirando-se com a arma na mão.

Ed permaneceu ali. Acariciou a face ensanguentada de Tomas. Cacos de vidro e lembrancinhas estavam espalhadas pelo chão. Arrumou um espaço limpo no chão e aguardou até que o outro indivíduo desse sinais de vida.

Ele começou a se preocupar. Emoções ruins e negativas que eram novas para ele vieram a tona. Tinha vontade de gritar até que alguém viesse ajuda-lo. Estava fazendo isso quando Tomas retornou. O céu estava acinzentado a muito tempo.

—Isso são lágrimas? Awwnt que fofo. 

Ed riu e o ajudou a levantar e ambos foram a zona neutra. Ele continuava com uma expressão dolorida.

—Tomas? 

—Oi? 

—Eu acho que tem algo de errado com esse lugar. 

—Jura?!

—Primeiro a Laura se defendeu. Ela não devia ser a moça em perigo? Pegou a arma e atirou em você. Segundo, eles não censuraram os palavrões dela. Terceiro, você demonstrou medo quando eu atirei de raspão na sua cabeça, o que não é comum, e ainda demorou para se regenerar. O que você acha que está acontecendo? 

Ele fez uma expressão muito séria. 

—Essa não! O mundo está acabando. Só há uma alternativa. Precisamos foder agora! Antes que tudo se acabe.

—Palhaço! -Riu e empurrou seu ombro. 

Passado o momento de descontração, voltou a ficar pensativo. 

—Mas falando sério -Chegou falando no ouvido de Ed. -Se isso vai realmente acabar eu quero passar os últimos momentos com você, mesmo que uma parte de mim ainda queira te matar. 

—Acho que penso o mesmo. Aonde você quer ir antes que tudo se acabe? 

Era uma sensação estranha. Ed e Tomas começaram a se encarar. Tudo aconteceu tão rápido. Os episódios começaram e no início era ódio. Depois aquilo se dissolveu em amor, cada um amando do seu jeito. Tomas com suas perversões e Ed preocupado e atencioso, mesmo que fosse uma relação cercada de violência. 

—Acho que aqui mesmo -Respondeu Tomas enquanto cacos de um material estranho caiam sobre suas cabeças. O céu sobre eles agora estava rachando e mostrava um brilho estranho que invadia todos os buracos da camada. 

—Você não se importa se todos virem? 

—Não. Acho que esse é o último episódio de Ed & Tomas. Vamos fechar com chave de ouro.

Beijaram-se com todas as luzes e flashes e personagens correndo de um lado para o outro tentando entender o que estava acontecendo. Aquela realidade rompeu-se numa explosão branca, transformando tudo em poeira e vapor. 

Jornal Diário

Dupla letal tem seu fim

Ed Jones e Tomas Cesar, mais conhecidos como Ed&Tomas, acabaram mortos em uma explosão quando estavam cercados pela polícia. Eles entraram em uma fábrica abandonada e explodiram o local. A refém Laura Eduarda passa bem. Em seu depoimento, disse que além de ambos ouvirem ela dizer coisas mesmo sem pronunciar uma única palavra, Ed constantemente incentivava-a a machucar o parceiro e dava armas pra ela como facas e revólveres. As outras vítimas não o machucavam por medo do que pudesse acontecer, até a última quarta-feira quando efetuou disparos contra este e saiu correndo. Eles estavam em um pequeno mercado no meio da estrada. Por sorte Ed não fez nada dessa vez. Sempre a pegava quando tentava fugir. A refém também disse que logo depois de brigar faziam as pazes, além de que Tomas falava muitos palavrões enquanto Ed era mais "comportado" em comparação ao outro. Não se sabe se Tomas morreu antes ou depois da explosão, pois estava muito ferido quando Laura fugiu. Ambos saíram do mercado e foram até a fábrica que ficava em um local próximo. Com receio de se aproximar, pois estes sempre estavam armados de algo, a policial efetuou tiros no teto da fábrica e a imprensa tentava obter alguma imagem através das luzes vindas do helicóptero. Antes que estes dessem resultado, aconteceu a explosão.

A refém anterior foi achada nos trilhos de um trem à alguns quilômetros da fábrica. O corpo da vítima estava dilacerado e esquartejado pelo trem. As vítimas anteriores tinham em comum o nome Laura e o tipo físico (mulher jovem, pele parda, cabelo e olhos castanhos). A polícia achou-os após um trabalho de intensa investigação. Traremos mais informações assim que possível.


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