Almas Perdidas escrita por ShadowAlexandre
"O Homem reza para obter o mal, como também reza para alcançar o bem.
O Homem está sempre com demasiada pressa."
—Corão
17:20 - Proteção
Após refletir por alguns segundos, Luke se virou para Alex.
— Nós não podemos deixá-la aqui nesses corredores. É algo desumano. Vamos levá-la para nosso local.
Alex cruzou os braços e sorriu para Luke.
— É uma decisão muito nobre, Luke!
Luke se virou para Larissa.
— Muito bem, garota... Você vai vir com a gente. Temos um lugar onde você pode ficar até decidirmos o que fazer.
Como se não tivesse escolha, Larissa concordou.
— Tudo... Tudo bem, mas... Quem são vocês?
— Meu nome é Luke Ventura. Eu tenho 27 anos e esse aqui é meu amigo, Alex. Nós éramos colegas de classe desde a época da escola.
Alex olhou para Larissa e sorriu.
— É um prazer conhecê-la.
— Ãh... Eu... Também fico feliz em conhecê-los...
Luke se virou para o túnel de onde ele e Alex haviam chegado.
— Por enquanto vamos voltar, Alex. Levamos Larissa para nosso lugar, e depois decidimos outra estratégia.
— De acordo! Os ventos mudaram nosso destino agora que Larissa se uniu ao nosso grupo! – Disse Alex.
Larissa parecia confusa com a forma como Alex falava. Luke se virou para ela e sorriu.
— Não se preocupe, Larissa! Você está em boas mãos.
17:43 - Luke
Ricardo estava sentado em uma pedra enquanto olhava para um bloco de notas. Assim que ergueu seus olhos, avistou o grupo se aproximando.
— Ei... Vocês voltaram? – Disse Ricardo.
Os três se aproximaram. Larissa parecia de certa forma assustada.
— Sim, estamos de volta... Encontramos essa garota no caminho. Ela é uma das crianças que se perdeu na caverna. – Disse Luke.
Ricardo olhou para Larissa, espantado.
— Sério?! E onde estão as outras?
— Eu... Me perdi deles... – Disse Larissa.
Luke interrompeu.
— Larissa, agora você está com a gente, tudo bem? Esse é meu irmão mais velho, Ricardo. Pode confiar nele também.
No fundo, Ricardo ainda tinha mais perguntas. Mas por enquanto, apenas sorriu e acenou com a cabeça para Larissa.
— O... Obrigada... Mas... O que vocês estão fazendo aqui?
Essa pergunta era difícil. Luke sabia que se disesse a verdade poderia assustar a garota. Mas ao mesmo tempo, sentia que seria complicado esconder a verdade dela. Ainda mais devido ao fato de que haviam policiais naquela caverna.
— ...Larissa... Sente-se. Eu vou contar tudo pra você. – Disse Luke.
Alex e Ricardo se entreolharam. Larissa sentou-se em uma pedra. Luke caminhou até uma das paredes.
— Tudo começou dez anos atrás... Eu tinha 17 anos e estava no meu último ano de escola. Eu era um jovem que adorava sair com amigos, se divertir e dar risada com eles. Mas eu não sabia que tudo isso estava com os dias contados.
Larissa se assustou.
— O... O que aconteceu?
— Apesar de viver uma vida feliz, minha família sempre teve muita dificuldade, e... Bem, o meu pai passou a se envolver em algo complicado para conseguir dinheiro. Ele se juntou à um certo grupo.
Larissa parecia pensativa.
— Um... Grupo?
— Sim. E em uma certa noite, ele e esse grupo inventaram de assaltar um banco.
Larissa se espantou.
— Naquela noite, a polícia foi acionada. Quando os policiais chegaram lá, eles viram meu pai perto de um cliente que acidentalmente estava no local errado e na hora errada, e... Um dos policiais não pensou duas vezes e atirou contra ele. Meu pai morreu sem ter a menor chance de se defender.
Larissa baixou a cabeça.
— Mas o pior não foi isso... O bastardo que atirou no meu pai passou a ser considerado um "herói" na cidade. Ele deu entrevistas em programas de TV, foi ovacionado pela mídia, elogiado pelos jornalistas por ter supostamente salvo um cidadão... Mas o que a população não sabe é que naquele momento a minha família foi destruída. Minha mãe passou a viver à base de anti-depressivos. Eu passei a ser humilhado na escola. Nós só sobrevivemos porque o Ricardo conseguiu um emprego. Caso contrário, eu não sei o que teria acontecido.
Larissa contiuava ouvindo tudo de cabeça baixa.
— E... O que você vai fazer?
— Eu não quero vingança. Eu não quero sequer ver a cara daquele monstro que atirou no meu pai. Mas eu quero deixar a minha marca nessa cidade antes que minha vida acabe. Alex ali conseguiu comprar explosivos, e eu pretendo causar um certo "caos" na delegacia da cidade. E quando isso acontecer, vão saber o meu nome.
Larissa olhou para Luke.
— Você... Realmente não liga mais para sua vida?
Luke baixou a cabeça.
— Não.
— Isso é triste... Eu não consigo imaginar alguém que possa se desapegar do milagre de estar vivo.
Luke sentiu um arrepio em sua espinha. Larissa falava como se estivesse enxergando dentro dele.
— Larissa... Eu...
— Você sabe que todas as pessoas estão vivas por algum motivo. Se você não der importância para isso... Vai perder a chance de alcançar muitas coisas boas.
Luke ficou em silêncio.
— Eu sinto o mesmo que Luke... Mas ao mesmo tempo eu ainda me preocupo com ele. Ele é parte da minha família afinal. – Disse Ricardo.
— Eu também estou muito feliz de ter você ao meu lado, Ricardo... Mas eu não posso perdoar a atitude de tirarem a vida do nosso pai! É por isso que eu vou até o fim dessa missão, custe o que custar.
Alex estava encostado em uma das paredes com os braços cruzados e seu lenço até parte do seu nariz, apenas ouvindo. Aparentemente ele não queria entrar em assuntos de família.
— Eu consigo entender... Às vezes, nossas almas não conseguem encontrar a paz enquanto algo não é resolvido. – Disse Larissa.
Depois dessa frase de Larissa, um momento de silêncio se seguiu. Até que Alex resolveu falar.
— Pessoal... Eu não quero interromper esse momento, mas... Nós ainda temos que decidir o que fazer. Os policiais estão rondando a caverna, não é?
Luke acenou positivamente.
— Está certo... Temos que bolar uma estratégia.
18:00 - Plano B
O grupo se reuniu em um círculo, enquanto Ricardo estava com seu bloco de notas.
— Então... Nós ainda não temos certeza se a rota que usamos da entrada da caverna até esse local é segura, certo? – Perguntou Ricardo.
— Sim... E o policial que eu encontrei antes estava exatamente nesse trajeto. – Disse Luke.
Alex pensou.
— Não podemos nos arriscar a tentar outra rota. Se nos perdermos, estará tudo acabado.
— Isso é verdade... A não ser que...
Ricardo desenhou um pequeno mapa no bloco de notas.
— Podemos tentar checar o túnel até algum local que consideramos seguro. Eu notei alguns cruzamentos no caminho. Se algo surgir em nosso campo de visão, podemos nos esconder em outro túnel.
— Mas não seria perigoso se os policiais tiverem se dividido pelo caminho? – Perguntou Luke.
— Você disse que nocauteou um deles, certo? Eu não acho que eles se arriscariam a andarem sozinhos. – Disse Alex.
— Bem, isso é verdade, mas... Nós precisamos mesmo sair daqui antes que os policiais nos encontrem. E será pior ainda se trouxerem reforços.
Naquele instante, surpreendentemente, Larissa interrompeu.
— Hum... Eu... Tenho uma ideia...
Todos olharam espantados para ela.
— A última vez que eu vi o meu irmão, ele e o nosso amigo estavam correndo até o final do túnel em que nós estamos... Talvez valha a pena checar...
— Você está sugerindo seguirmos o caminho oposto daquele que usamos para chegar até aqui? – Perguntou Alex.
— Mas não tem garantia de esse caminho leva até a saída. – Disse Luke.
Larissa baixou a cabeça.
— Não, não é isso... É que eu... Eu estou muito preocupada com eles, e pensei que... Desculpem...
Luke entendeu.
— Você quer que procuremos por eles...?
Larissa ficou em silêncio. Alex cobriu sua boca com o lenço.
— Uma missão secundária... O que vocês acham?
— Eu... Eu não sei... Não viemos aqui com o objetivo de salvar alguém, mas... – Disse Ricardo.
Luke refletiu por alguns instantes.
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