O Verdadeiro Mundo Pokémon escrita por Ersiro


Capítulo 9
Capítulo Bônus — A amarga rejeição


Notas iniciais do capítulo

Como viram no título, é um capítulo bônus e este será sobre Benjamin Runner, ou somente Ben.
Este cap. foi feito com vários flashbacks. Cada ‘subtítulo’ tem um número e este equivale à idade que Ben tinha na época.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/723181/chapter/9

QUATRO

 

— EU NÃO AGUENTO MAIS esse menino chorando no meu ouvido, pedindo comida! - gritou a mãe, tapando os ouvidos.

— Ora essa! Que eu saiba, desde sempre, foi você quem deixou que ele comesse tanto, então agora trate de tirar essa gula dele! - respondeu o pai, ríspido.

— Mas não consigo mais reverter isso, eu simplesmente dou, para ele parar de chorar... - confessou a mãe, esperando uma solução de seu esposo.

— Ah, então dê! Dê tudo que tiver na despensa para ele explodir de tanto comer! - esbravejou o pai. - Eu é que não aguento mais isso! - e saiu batendo a porta que levava ao quintal.

— Amor... não... espere! - suplicou a mãe indo atrás do marido.

Vendo que ficou, novamente, sozinho, Benjamin parou de chorar.

— Mamãe? Eu tô com fome... - murmurou cabisbaixo.

Seus olhos pararam no pote cheio de rosquinhas em cima da geladeira. Rápido no raciocínio, Ben pegou a cadeira e a encostou na porta da geladeira. Se imaginou como um equilibrista, subindo no assento acolchoado e ficando nas pontas dos dedos do pé, esticando o braço na tentativa de alcançar o pote.

Alguém pegou com firmeza sua mão. Benjamin sentiu seu sangue gelar; se assustou e desequilibrou-se, mas conseguiu se manter de pé na cadeira. Olhou para a pessoa que segurava sua mão e com um sorriso, deu as boas vindas para ela.

— Vovó! - exclamou Ben, abraçando sua avó pelo pescoço.

— Oi meu Desenho preferido! Vim fazer uma visitinha - disse ela, retribuindo o abraço. Depois afastou o garoto e olhou em seus olhos, pronta para dar o sermão: - É perigoso subir em uma cadeira e ainda ficar na ponta do pé. Você poderia ter caído.

Ben não conseguiu fitar por muito tempo os olhos de sua avó e murmurou um "tá bem, vovó".

Johanna - assim se chamava a avó do garoto - olhou para Ben e sorriu. Não conseguia ser severa com ele. Desceu-o da cadeira e ela mesma pegou o pote de rosquinhas.

— Ei, que tal assistirmos mais um episódio incrível de Pokémon Mundo Misterioso* enquanto comemos essas rosquinhas deliciosas?! – estimulou.

— Sim! Sim! – respondeu Ben, aos pulos.

Johanna suspirou. Uma pena que os pais fossem tão jovens e ainda não soubessem como cuidar de uma criança. Duas crianças tendo uma criança. Ah, que coisa... Agora era ela quem tinha que voltar a ser mãe de alguém tão pequeno. Para ela, ser avó era também ser novamente uma mãe.

— É, meu querido... não era para você ter caído na família dos corredores – murmurou Johanna, tristemente.

 

~×~

 

SETE

 

— VÓ...? - CHAMOU A ATENÇÃO da avó, puxando a barra de sua saia.

Dona Johanna em seu apogeu de idade, demorou a entender que o pequeno neto a chamava. Lentamente, baixou a cabeça para mirar Benjamin. O garotinho não passava de sete anos e diferente de tudo o que se imaginava de um Runner, tinha um corpo roliço, as bochechas rechonchudas e avermelhadas. Parecia um desses personagens de desenhos animados. E era assim que o chamava: Desenho. Um apelido mais que carinhoso.

Era o neto de quem ela mais gostava; o promissor de toda uma geração de cabeças duras. Inteligente, rápido de pensamento e várias outras qualidades que o faziam ser diferente de todos os outros que só se preocupavam com seus bíceps, tríceps, e os outros inúmeros ceps.

— Oi, meu Desenho... Pode falar - disse ela, pausadamente.

— É que... - ele parecia envergonhado de continuar.

— Não precisa se sentir envergonhado, meu querido. Ande, fale...

Benjamin tomou fôlego e coragem.

— Por que eu sou gordo e não como todo mundo? - perguntou ele, os olhos em pura expectativa e apreensão. Precisava saber urgentemente a resposta.

Johanna demorou a responder. Olhava o neto com compaixão. Cortava-lhe o coração ver que até mesmo ele acabava caindo na armadilha do físico perfeito. De qualquer forma, entendia que era uma criança e somente com a educação certa poderia futuramente tirar essas ideias da cabeça. E quem iria dar esse ensinamento a ele? Nem os próprios pais pareciam se importar com o garoto que preferia exercitar a mente com um jogo de xadrez ao invés de exercitar o corpo. A única que podia dar essa educação era ela, e era isso mesmo que andava fazendo nos últimos tempos. Percebeu que era a única que podia ajudar o garoto.

— Não é porque você é diferente que é incapacitado de fazer algo. Assim como qualquer um, você pode realizar várias tarefas e se ainda se esforçar, pode fazer ainda melhor!

Pensativo, Benjamin baixou a cabeça e ficou olhando para os pés.

— Não sei do que você está reclamando - sorriu Johanna, levantando a cabeça do menino para olhá-lo nos olhos. - Nenhum deles sabe jogar xadrez tão bem quanto você. Quer dizer, nem sabem jogar xadrez.

Com isso, ela finalmente conseguiu arrancar um sorriso de Ben. Seus olhos brilharam ao entender o quanto sua avó era inteligente e sempre conseguia deixá-lo mais feliz.

Ele abriu ainda mais o sorriso, em um agradecimento silencioso e saiu correndo.

Johanna viu seu neto sumir em um dos corredores da enorme casa. Com tristeza entendeu que não seria para sempre que estaria ali para instruir o garoto. Estava plantando a semente e esperava com todas as forças de sua fé que ela germinasse.

 

*

 

TINHA MEDO DE SEU AVÔ. O temido Sr. Runner. E ali estava o velho, diante dele.

— Ora essa, menino, olhe o tamanho de seu corpo. Você não tem vergonha?

Ben não respondeu e então o Sr. Runner continuou com os insultos:

— Olhe para as outras crianças à sua volta - e segurou a nuca de Ben para controlar a cabeça do menino. Impondo força, fez Benjamin olhar para os seus primos que estavam em volta, rindo dele. Todos já com seus portes atléticos. - Nenhum deles é como você! Tome vergonha na cara e comece a emagrecer. –terminou friamente.

Runner pegou o garoto pelos ombros e o chacoalhou, vendo que o menino não reagia.

— Está entendendo? - esbravejou. Benjamin fez que sim com a cabeça. - Então por que não me responde?!

Gotas de saliva caíram no rosto de Ben. Ele estava aterrorizado com aquilo e as tantas outras vezes que já sofrera quando seu avô o pegava para atormentá-lo só por conta de seu corpo. Fez um esforço enorme para não chorar e isso produziu uma dor na garganta, mas ainda assim não chorou.

Ouvia o riso das outras crianças e sentiu vergonha por estar passando aquela situação. Mas foi por pouco tempo, pois a raiva tomou lugar e estava querendo ser extravasada, enlouquecida para sair da corrente que a prendia. A vontade de torcer o pescoço de cada um era gigantesca.

Você é diferente de todos. Não se esqueça disso. Riem de você por não serem capazes de fazerem juntos tudo aquilo que você faz sozinho, a voz de sua avó tomou sua mente. Refletiu de novo em tudo o que ela já havia lhe dito e aos poucos se acalmou.

Olhou para seu avô que ainda o segurava pelos ombros e sorriu para o Sr. Runner. Um sorriso mais do que sarcástico. O olhar de Runner se transformou em algo mais que furioso.

Ben jurou que ele iria lhe dar um tapa se não fosse pela voz da tia que chamava a todos, anunciando que o almoço em família estava pronto.

 

~×~

 

OITO

 

SEU CORAÇÃO PALPITAVA dentro do peito. Benjamin estava parado no umbral da porta, não conseguia dar mais nem um passo. O pai o incentivava a continuar indo em frente, pois os outros também queriam entrar. Com as pernas rígidas, foi dando passos lentos até aquele caixote branco e ornamentado, sustentado por uma ferragem reluzente.

Parou no meio do caminho. Suas pernas negavam a continuar aquele trabalho e estancaram. As outras pessoas da família passaram por ele e se ajuntaram em volta do caixote, os semblantes mais que pesados por conta de tanta tristeza.

Um espaço criado entre duas das pessoas que se ajuntaram ali na frente foi criado e Benjamin pôde ver aquele nariz recurvado para cima que se projetava; o nariz da pessoa que estava deitada ali no caixão. E sabia muito bem a quem pertencia.

Por suas pernas começarem a tremer ligeiramente, encostou-se à parede para não cair e sentou na cadeira mais próxima.

Olhava para o nada à sua frente. Tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu, afinal era conhecido por mostrar demais suas emoções.

Sua querida avó havia falecido.

 

ESTAVAM FECHANDO O CAIXÃO e agora era tarde demais. Durante todo aquele tempo não tivera coragem de ir ver pela última vez sua avó.

Quando se deu conta de que não poderia mais dar o último adeus, olhou para ela e os soluços fizeram com que seu corpo ficasse incontrolável.

Alguns começaram a fazer escândalo. Ben olhou para eles, incrédulo. Não davam a mínima para a vó Johanna e agora faziam todo aquele alvoroço. Em vida, era ignorada por todos, pois criticava os costumes e hábitos fanáticos que todos tinham pelo próprio corpo – menos a Benjamin, claro.

Diante de toda aquela gritaria, os que levavam a tampa, se entreolharam e recuaram um passo, decididos a adiar durante o último minuto a despedida.

Benjamin entendeu a deixa e tentou se levantar, mas seu corpo não respondeu. Começou a suar frio. É agora ou nunca, idiota! Levante!

Em um ímpeto correu, sabia que era sua última chance. Quando parou ao lado da urna, ficou sem reação e assustado quando viu o corpo de sua avó. Se não fosse pelo caixão e as pequenas flores que cobriam seu seu corpo, poderia ter a certeza que estava simplesmente dormindo. Seus cabelos ondulados e prateados foram mantidos soltos e pousavam sobre seu colo.

Uma mão tocou o ombro de Ben. Ele olhou e entendeu que era hora de lacrar o caixão. Benjamin olhou desesperado para sua avó e baixou a cabeça, dando um último beijo em sua testa. O toque frio confirmou, com uma agrura aterradora, como a morte já havia se instalado; que não havia chances para a possibilidade de Johanne estar dormindo.

Viu a tampa fechar e com ela o corpo de sua avó que não voltaria nunca mais.

Do lado de fora, os guarda-chuvas negros foram abertos e o caixão posto em um carro funerário. O dia estava chuvoso. Todos seguiram numa marcha lenta e silenciosa, trilhando o caminho para o jazigo da família Runner.

Repentinamente, a chuva parou de cair e aos poucos o sol começou a aparecer por entre as nuvens. Cético, Benjamin olhou para o céu. Não podia ser... não acreditava naquilo! Sua avó acabara de falecer e o céu ao invés de continuar triste e chorando, arreganhava seu sorriso com aquele sol que se mostrava aos poucos.

Ben se sentiu traído. Sem poder controlar-se, voltou correndo pelo caminho que vieram.

 

SEUS PÉS DOÍAM e as pernas não aguentaram: acabaram se atrapalhando entre elas mesmas e desabaram. Caiu, com a respiração pesada. O cheiro da grama molhada que também pinicava seu rosto, despertou Ben de seu torpor. Virou o corpo de modo que ficou de costas para o solo macio, coberto de gramínea verde, com o rosto podendo ver tudo à volta. Ao longe se via um punhado de árvores e depois delas Granluz. Ben pensou um pouco e conseguiu se localizar: Estava nas colinas perto da cidade. De certa forma, sentia um alívio por ver que não estava perdido.

Algo saiu de uma árvore próxima e se aproximava, batendo suas asas. A coisa pairou acima de Ben e ficou ali olhando para o garoto. Era uma borboleta de asas brancas e com num negro que pegava somente as extremidades. Seus olhos eram avermelhados e curiosos; olhavam atentamente Ben largado na grama.

— Que foi?! – esbravejou Benjamin. – Vai rir de mim também?! – e seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.

Butterfree inclinou a cabeça um pouco para o lado, pensativo. Por fim, soltou um pó cintilante e azulado. O intuito do Pokémon era acalmar o garoto.

Quando Ben respirou aquele pó, sentiu um peso enorme nas pálpebras. O sono vinha a todo vapor.

Algumas gotas voltaram a cair do céu. A chuva começava a cair de novo.

Sonolento, Benjamin olhou confuso para o céu.

— É... assim está bem... melhor. – e adormeceu.

 

~×~

 

DOZE

 

— BEN, SEU AVÔ CHEGOU, trate-o bem, ouviu? – disse seu pai aparecendo na porta e a fechando logo após concluir o que tinha para dizer.

— Aaaaah! – rosnou Benjamin, tacando o livro que estava lendo na parede. – Que saco! O que esse velho quer agora?!

Ben ainda estava chateado com a última vez que tinha visto seu avô. Na verdade, guardava rancor de todas as vezes que encontrou com seu avô.

O dia estava quente, ainda assim colocou uma larga blusa de moletom, para que conseguisse esconder as dobras de seu corpo. Não precisava aguentar mais uma vez seu avô falando mal dele. Desceu as escadas com pouca vontade. O velho estava sentado no sofá, assistindo à TV – coisa rara... talvez só estivesse olhando para ela, sem estar prestando atenção, enquanto esperava o neto. Mesmo com sua idade, era evidente seu vigor físico. Não se via nenhuma pele caída debaixo do braço, a postura impecável e até mesmo dava para ver alguns de seus músculos proeminentes.

— Oi, vô – cumprimentou Ben, secamente e com má vontade.

— Olá, Benjamin! – respondeu Sr. Runner, com uma alegria que pegou Ben de surpresa. – Venha, sente-se aqui – disse, apontando para o assento ao seu lado.

Benjamin se sentou desconfiado e ficou olhando para o avô, esperando que ele falasse logo o que queria.

— Eu te trouxe um presente - disse estendendo o braço, segurando uma pequena caixa nas mãos.

Um presente? Desde quando ele se importa comigo?, pensou Ben, ainda mais hesitante que antes. Ele pegou a caixa, murmurando um fraco "obrigado" e a abriu.

— Uma... Pokébola? - surpreendeu-se Ben.

— Sim e com um Pokémon dentro. Vamos lance ela!

Benjamin lançou a Pokébola, vacilante. De dentro saiu um Machop que olhou para ele, tentando entender se era aquele menino seu novo treinador.

O garoto olhou para o avô ainda não entendendo nada. O velho sabia que ele não queria sair em uma jornada.

— Hum... Obrigado... Mas eu não quero sair em uma jornada agora.

— Não, não... Ele não é para sua jornada. Mandei capturá-lo na intenção dele crescer junto com você.

— Hã? - disse Ben, cerrando os olhos.

— É, as próximas evoluções do Machop são supermusculosas, então eu pensei que ele poderia ser como um personal trainer para você, e quando ele atingir seu estagio final, você também estará mais delgado e musculoso, assim como ele! - exclamou Sr. Runner.

Benjamin olhou incrédulo para seu avô. Não era possível. Quando ele finalmente dava seu ar legal, estragava tudo e voltava à estaca zero.

— Eu... Eu não acredito nisso! - esbravejou Ben, se levantando e indo em direção à porta que dava para o quintal. - Alguém tire esse homem da casa, por favor! - gritou para terminar, antes de sair e a fechar a porta com força.

Assustada, a mãe de Benjamin desceu as escadas correndo. Quando chegou à sala de estar, só viu o Sr. Runner recolhendo Machop de volta à Pokébola e se levantando para sair.

— Oh, espere sogro! Antes o senhor não quer... Hã... Um copo de refrigerante? - ofereceu, sorridente.

Runner lançou um olhar cortante para a nora e respondeu ríspido:

— Nenhum Runner toma esse tipo de porcaria! Por isso que seu filho está tão enorme! - colocou a mão na cabeça, fazendo um gesto de negação. Deu um muxoxo e terminou, duramente: - O maior erro do meu filho foi ter te conhecido.

 

~×~

 

QUINZE

 

DEPOIS QUE SEU AVÔ faleceu, há dois anos, para Ben, sua vida parecia só ter piorado. Falando em seu avô, Benjamin se culpa um pouquinho pelo fato de não ter tido vontade de chorar quando soube da notícia da morte. Por mais que tentasse não afirmar, foi como se um décimo de sua liberdade estivesse sendo devolvida. Não pensar em mais atormentações por parte do Sr. Runner era uma coisa boa, mas ao mesmo tempo ruim, por essa parte boa significar a morte do avô.

Tudo que o Sr. Runner tinha sido, seu pai estava agora duas vezes pior. Corria em maratonas com uma frequência alarmante e exigia que o filho seguisse o exemplo. A mãe, uma pobre coitada, com fixação aos afazeres domésticos e esquecida do mundo à sua volta, não se importava se pessoas importunavam seu filho; enquanto não tirassem suas obrigações, estava tudo bem para ela.

Parecia que quanto mais o tempo se passava, mais insuportável ficava a vida e um tanto mais difícil. Mas tudo bem, já tinha falado com a Professora Petalia e acertaram tudo.

Agora Ben estava arrumando sua mochila, colocando ali dentro tudo o que precisaria para a sua jornada. Não aguentava mais ficar ali no meio daquele bando de loucos. Precisava de mais espaço para ele mesmo, para pensar, para poder viver sua vida em paz.

Colocou uma das alças da mochila nos ombros e saiu da casa vazia. Estavam todos na Maratona de Atletismo 24 Horas, uma maratona de corrida que contava com o vigor dos participantes durante um dia inteiro.  Seus pais nem se importaram - como sempre - em deixar Benjamin sozinho na casa. Eles não iriam atrás dele, isso tinha certeza, mas ainda assim, deixou um bilhetinho na mesa de jantar, explicando sua decisão.

Era madrugada e por algum motivo, talvez para aumentar as chances de não ser reconhecido por alguém, colocou seu capuz e saiu.

Ao fechar a porta atrás de si, sentiu um incômodo na região abdominal. Medo? Talvez não estivesse pronto para sair de casa. Hesitou por um momento, mas finalmente deu o primeiro passo para a rua, em direção à sua liberdade.

Em meio aos turbilhões de coisas que se passavam na sua mente, perdido em seus pensamentos, foi cruzando as esquinas sem se dar conta de para onde realmente estava indo.

Puxa, e como podia prestar atenção no caminho que tomava?! Finalmente tinha fugido de casa! Uma nova vida estava prestes a acontecer e...

O encontrão que deu em alguém, o fez cair para trás com o susto. O capuz escorregou de sua cabeça. Ben olhou para a outra pessoa caída e rapidamente se levantou para ajudar ela a se levantar.

— D-desculpe - gaguejou ele.

— Tudo bem, eu estou bem - respondeu ela sorridente. - Você é bem pesado, viu?

Ben sorriu, mais por nervosismo. Não tinha gostado do ultimo comentário. Ela riu e algo naquilo desconcertou Benjamin. Conseguiu perceber que o comentário não fora sarcástico... não fora uma zombaria... muito menos algo intencional.

— Eu sou Lucy, prazer - apresentou-se a garota loira. Vendo que ele não se apresentava, Lucy incentivou: - E você é...?

— Ah, sim! E-eu sou Benjamin. Não, quer dizer, pode me chamar de Ben.

Lucy riu de novo e dessa vez Ben a seguiu, e riu também. Foram para uma sorveteria e conversaram até amanhecer. Foi uma conversa distraída e gostosa, daquelas que quando menos percebemos, já se passaram horas.

Lucy era diferente, foi a única que não o julgou precipitadamente só por conta das proporções de seu corpo. Na verdade nem chegou a mencionar o assunto.

Estranho... Já até conversavam como amigos que se conheciam há muito.

A garota é uma verdadeira tagarela, muitas das coisas ele não ouve por entrar e sair repetidas vezes de suas divagações. De qualquer forma é bom que ela fale tanto, pois dá a oportunidade para ele refletir e pensar no que está por vir; nas consequências daquilo que escolheu para sua vida.

Mesmo agora, não consegue acreditar que finalmente estava ali, finalmente tinha posto em ação tudo aquilo que o levaria para uma vida... talvez... mais feliz?

Para ter certeza, só lhe restava esperar para ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* ou Pokémon Mystery Dungeon.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Verdadeiro Mundo Pokémon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.