Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 25
Quebrando as regras




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Menos de cinco minutos depois de Bonnie sumir, aquela coisa de madeixas cor de fogo apareceu. Se perguntasse, Damon não saberia responder a razão de ainda estarem na clareira, Matt havia sentado numa pedra grande olhando para o ponto onde Bonnie desapareceu como se esperasse por seu retorno. Alaric se recostou a uma árvore e perguntou se tinham alguma teoria sobre como Vicki sumiu no ar sem deixar rastros. Então, quando aquela coisa apareceu, a reação dos três homens na mata foi se levantar olhando ao redor esperando talvez ver Bonnie e/ou Vicki, mas tudo o que viram foi a ruiva estranha usando um vestido marrom que podia ter saído de um filme de época.

— Cadê a Bennett? – perguntou para Matt.

— Ainda não voltou – disse ele um tanto hesitante.

— Voltou de onde? – os olhos verde-inumanos da ruiva parecia vasculharem a floresta toda, dali – Ela não está nos limites da cidade... Ela não esta em lugar nenhum.

Damon ficou em alerta. Bonnie disse a mesma coisa sobre a Vicki, ela não está em lugar nenhum, mas Matt se adiantou a ele e explicou que a bruxa tinha ido procurar sua irmã que estava desaparecida do outro lado do país. Pela expressão da ruiva, Damon concluiu que sua busca ia um pouco mais além que a América do Norte, algo em torno do mundo inteiro.

— Ela levou o livro?

— Grande e dourado de página preta? – Damon arriscou – Levou sim, por quê?

— Três motivos. O livro é meu. Ela não devia usar os feitiços dele e o mais importante, o livro não me deixa encontra-la e isso é muito ruim.

— Ruim quanto? – Alaric se apressou em perguntar.

— Digamos que a razão de estar com a Bonnie é que ninguém podia acha-lo. Se ela o leu em voz alta, alguém além de mim pode tê-lo sentido.

— Mas se o livro é seu e não consegue acha-lo, por que outra pessoa faria isso?

A ruiva esquisita se virou para Damon com uma expressão carrancuda, como se a presença do vampiro a enjoasse, irritasse, ferisse os olhos e causasse dor de estômago tudo ao mesmo tempo.

— Se eu o quisesse mal, Fext, o meio mais rápido seria ataca-lo aqui diante de seus amigos que possivelmente tentariam socorrê-lo. Contudo, eu podia atraí-lo para longe onde estaria vulnerável.

— Fizeram uma armadilha – concluiu Matt soando apavorado – Pegaram a Vicki para chegarem até a Bonnie.

— Enzo não...

— Faria sim – Alaric interrompeu o vampiro – Suponha que sua única chance de salvar a Elena fosse arriscar a vida Bonnie, você agiria do mesmo modo que o Enzo.

Não! Ele nunca faria isso com a Bonnie. Nunca a colocaria em perigo, nem mesmo pela Elena. Não o faria, não é?

— Descubram onde ela esta e me chamem – disse a ruiva começando a pegar fogo, literalmente – Pergunte para Estevão como.

— Estevão?

— Acho que ela quis dizer Stefan – explicou Damon incerto – Espere! O que há com esse livro que Bonnie precisou escondê-lo? E que a coloca em perigo?

A ruiva pegava fogo os pés a cabeça e nem parecia se incomodar respondeu com gravidade.

— Isso é assunto entre mim e a Bennett e quando ela me devolvê-lo será apenas problema meu.

Aquilo resolvia metade das questões, pensou Damon, pelo menos no que se referia á Bonnie. Então a coisa que com certeza não era humana, sumiu no fogo deixando só cinzas das folhas secas onde pisara antes.

Tentando se convencer de que Alaric estava errado, de que Enzo não tramaria contra Bonnie, ele ligou para o amigo e pediu o endereço de onde estavam. Pediu que Stefan chamasse a bruxa-ruiva e a mandasse para onde os outros estavam.

— Não importa quem te implore nem como implore, só diga para aquela coisa ruiva a localização de Bonnie.

— Por quê? – o mais novo quis saber – Talvez eu possa ajudar.

— Fique aqui e mantenha os outros bem.

Stefan acatou o pedido á contragosto, Damon sabia que Stefan estava passando por algum problema no relacionamento com Elena, e conseguia entender ele querer dar um tempo. Matt já tinha contado aos outros, o que tinha acontecido com sua irmã e já tinham se disposto a ajudar, menos Klaus que confiava na capacidade de Bonnie em resolver os problemas alheios – não que alguém tivesse pedido a ajuda dele.

Damon ficou ligeiramente incomodado quando chegou ao hotel e achou Bonnie e Enzo sozinhos no quarto. A dupla repassou tudo o que tinha acontecido nos dias anteriores até o momento. Como alguém podia simplesmente desaparecer? Considerando que esse alguém não era sobrenatural.

— A faça ir comer alguma coisa – disse Enzo á Damon – Acho que já bebeu uns dez litros de chá e nada mais desde que chegou aqui.

— Bonnie o que achar de irmos almoçar?

— Peça serviço de quarto e Enzo mantenha sua presa longe do pulso dos funcionários do hotel.

O vampiro revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente para Damon que compreendeu o gesto. Pedir comida para ela era perda de tempo. Por isso Damon insistiu até vencer por cansaço. O apetite de Bonnie surgiu assim que pisaram na cantina alemã há uma quadra do hotel, por alguns minutos o Salvatore distraiu o namorado e a amiga da desaparecida falando sobre a culinária alemã, a maioria era mentira e o resto era lendas e superstições. Pelo menos ele conseguiu distraí-los do fato de não terem noticias de Vicki.

— Lorenzo! – uma estonteante morena de imensos olhos pretos se aproximou deles sorrindo, ela tinha um sotaque forte, brasileira talvez.

— Elisa – o cumprimento de Enzo soou pesaroso, triste.

— Que houve? Parece-me... Como diz? Melancólico? Cadê a Victória?

Enzo não respondeu, em vez disso secou o copo de uísque. Depois de um constrangedor silêncio, Bonnie perguntou:

— Viu ela por ai? Estamos procurando por ela.

A morena balançou a cabeça, fazendo os cabelos longos e cacheados se moverem de um lado para o outro, seus olhos fixos em Damon.

— Não a vi. Mas se eu souber dela como posso entrar em contato com você? – perguntou para ele, especificamente.

Sério?— os lábios de Bonnie apenas se moveram, fazendo Damon sorrir internamente. O vampiro passou seu numero para Elisa que sorriu contente, passando a mão pelo rosto dele enquanto saia.

— Boa sorte em sua busca por Victória, Lorenzo – disse ela – Ligo para você mais tarde, Damon.

Bonnie tinha parado de comer e o olhava com um misto de raiva e... raiva homicida.

— O que eu fiz?

— Sério?

— Ela só esta querendo ajudar – disse inocente.

— Sei bem o que ela quer.

— Com ciúmes?

Ela comprimiu os lábios até eles se tornarem uma linha, Damon estava se divertindo com o olhar furioso da bruxa e esperou para contar á ela que o numero que deu para Elisa era aleatório, talvez nem existisse. Enzo se afastou ligeiramente, arrastando a cadeira para longe do amigo, como se não quisesse ser atingido por um garfo ou um aneurisma. De repente Bonnie mudou de expressão, ficou ereta e olhou para os lados como se procurasse algo.

— O que foi? – perguntaram os vampiros juntos.

— Nada.

Os vampiros trocaram um olhar desconfiado.

— Respondeu rápido demais – resmungou Damon ao mesmo tempo em que Enzo questionava:

— É sobre Vicki?

— Estamos sendo observados – ela sussurrou inclinando-se na direção deles.

— Estamos cercados por umas trinta pessoas e mais algumas câmeras de segurança – Enzo informou com ironia – Ser observados não é uma opção.

— Por acaso você a Vicki estavam sendo seguidos? – ela perguntou ignorando o comentário do amigo e olhando para o outro lado da rua.

Enzo ia dizer que não, então se lembrou de algo que aconteceu no começo da noite anterior ao sumiço de Vicki.

— Seguidos eu não posso afirmar, mas tinha um homem que aparecia em vários lugares que nós.

— Que homem?

— Era só um turista grego seguindo o roteiro indicado por um site qualquer que prometia diversão.

— Consegue descrever esse cara?

— A única coisa que o diferenciava dos outros eram os cabelos loiros muito compridos e os olhos que parecia roxo, mas devia ser uma daquelas lentes medonhas.

— Sentia frio perto dele ou muito calor?

— Não. Conhece alguém assim? Bonnie?

Ela olhava novamente para o outro lado da rua, os olhos fixos em um ponto só. Os vampiros não viam nada ali e pela expressão de Bonnie que estreitava os olhos, ela também não via ninguém. Ela se levantou sem se explicar e seguiu para o outro lado da cantina, olhando para todas as direções como que esperando alguém se materializar.

— Perdi ele – ela disse chutando uma pedrinha solta na calçada – Droga!

— Perdeu quem? – Damon perguntou ao seu lado.

— A pessoa que estava aqui, nos observando.

— Não tinha ninguém aqui, Bonnie.

Ela fez o celular de Damon explodir, não tinha idéia de que era capaz de fazer aquilo, só que depois da terceira ligação de Elena para saber como todos estavam e se tinham noticias de Vicki, a bruxa desejou que o celular explodisse, assim, quando o aparelho tocou pela quarta vez no curto período de seis horas, ele explodiu.

— Melhor assim – ela murmurou para si mesma voltando a se concentrar no mapa em sua frente.

Já tinha feito aquilo dezenas de vezes e não estava tendo sorte nenhuma. Enzo e Damon ainda olhavam os restos queimados do celular tentando compreender o que aconteceu, defeito de fábrica, sugeriu a bruxa desinteressada e se esforçando para não rir. Alguém bateu na porta e os três se olharam, não tinham pedido nada e Enzo tinha hipnotizado todos os funcionários para não bater na porta deles – não queriam correr o risco de alguém entrar e ver o que não devia. Bonnie pegou o lançador de estaca que estava usando para localizar Vicki e o apontou para a porta enquanto Enzo mandava que a pessoa entrasse.

— Vai atirar em mim? – a ruiva perguntou parada sob o batente da porta.

— Talvez – respondeu a bruxa baixando a arma.

— Posso saber a razão de ter quebrado outra regra, Bennett?

Bonnie revirou os olhos.

— Estou ficando cansada de suas regras. E me disse em nossa última conversa que usar sua magia para ir de um lugar para o outro não era errado.

— Também disse para nunca ler essa coisa – ela apontou para a gaveta do criado mudo – Em voz alta.

— Não vou pedir desculpas por fazer o que é certo.

— Não quero suas desculpas, quero meu livro de volta.

— Achei que ele era meu.

— Bennett você está me dando dor de cabeça. Eu preciso voltar para minha casa e resolver problemas que eu desconfio que não existiria se você não quebrasse as regras. Me dê logo aquela coisa.

— Preciso dele para achar a Vicki, mande seu sei-lá-o-que ficar por perto, quando eu acha-la entrego o livro para ele e ele te entrega.

Mina fitou a bruxa-humana com uma expressão preocupada.

— Meu quem?

— O homem que estava nos seguindo esta tarde. Eu não o vi, mas tenho certeza que era um homem.

— Não mandei ninguém seguir você, acabo de falar com Stevan e vim para cá.

— Ele tinha sua energia, só que diferente, de um modo ruim.

Bonnie não sentia mais a presença estranha que a fez perder o apetite, mas recordava bem da energia perigosa que aquele espaço do outro lado da rua da cantina alemã, a fez sentir. Uma vontade imensa por violência, queria causar medo nas pessoas e ouvi-las gritar de pavor até o último suspiro. Uma sensação horrível. Que tipo de criatura podia se alimentar do medo alheio?

— Tem certeza disso Bennett? Como eu?

— Sim.

Mina franziu o cenho e se virou para Enzo.

— Viu alguém como eu recentemente?

— Ruiva? Deslocada?

— Diferente de todo resto sobrenatural que já viu.

— Não. Sim. Mas não sei se ele era sobrenatural.

E Enzo descreveu o homem que pensou estar á segui-lo.

— Maldição! – Mina reclamou.

— Quem é esse? – perguntaram os três.

— Alguém que não deve chegar perto desse livro para o nosso bem, Bennett. Eu não acredito que não percebi isso, todas aquelas viagens e nunca estava em alcance de ninguém como se sumisse no... Oh! Volto num segundo.

Literalmente, Mina desapareceu e retornou no segundo seguinte acompanhada de uma Vicki muito confusa que percebeu onde estava, se voltou a ruiva com um empurrão e correu para junto de Enzo.

— Vicki – o vampiro a virava de um lado para o outro – Você está bem?

— Estou, claro. O que aconteceu? Por que vocês estão aqui?

Bonnie olhou para Mina que deu de ombros e respondeu, olhando para o criado mudo.

— Tirei ela da cama e a trouxe para cá. Tenho que ir, vou devorar o coração de um traidor – e abriu um sorriso cheio de dentes serrilhados.

Nenhum deles teve duvida que ela fosse mesmo querer comer alguém, com aquele sorriso espectral.

— O livro – disse Bonnie quando Mina começou a se desintegrar.

Ela olhou para o criado mudo e disse num tom de ordem:

— Destrua-o.

Tão logo a visitante virou cinzas, se viraram para conversar com Vicki, exigindo uma explicação.

— Não sei o que aconteceu. Eu estava discutindo com Enzo quando aquela louca apareceu. Acho que pisquei, não sei, eu estava lá e agora aqui. O que está acontecendo?

— Alguma coisa envolvendo aquele turista loiro que nos seguia, com um livro de Bonnie e aquela bruxa esquisita. Onde foi que ela te levou? O que ela te fez?

— Nada. Eu já disse, ela me tirou da cama e me colocou ali, em pé.

— Quatro dias – Bonnie tentou explicar – Eu não sei o que ela fez ou por que, mas já passou quatro dias do segundo em que você estava ali deitada e agora.

— Tá brincado – Vicki riu.

Mas não era brincadeira, fosse lá o que estava acontecendo, Mina arrastou Vicki no tempo.

— Depois eu quem quebro as regras – resmungou indo pegar o livro dourado.

O problema Vicki estava finalmente resolvido, Bonnie deu á ela um amuleto de proteção para evitar futuros transtornos relacionada com o povo de Mina ou qualquer outro sobrenatural. Agora só precisava destruir o livro, era fácil. Era só joga-lo na água. E ela estava encarando a pia cheia de água fazia mais de uma hora com o livro dourado nas mãos o segurando contra o peito. Não tinha coragem de fazer aquilo, destruir algo tão incrível...

— Estou virando o Gollum – disse apertando mais o livro nos braços.

Mina ia surtar se soubesse que ela não tinha destruído o livro. Mas a culpa era de Mina, quem mandou não tê-lo destruído quando teve milhares de chances?


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