Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 10
Voo 180




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/723015/chapter/10

Acordou sentindo fome, muita fome. Ao abrir os olhos notou duas coisas, a primeira é que estava no quarto de Damon deitada em sua cama confortável e espaçosa, a segunda coisa que notou foi o fato de quem estava deitado ao seu lado não era o moreno de olhos azuis. Pelos cabelos castanhos esparramados pelo travesseiro só podia ser uma pessoa.

— Elena. Acorda Elena – ela chamou.

Era dia, considerando a luz que atravessava a janela. Ao seu lado Elena resmungou e remexeu antes de finalmente acordar.

— Bonnie, é sábado – disse a humana cobrindo o rosto.

— O que aconteceu ontem? – arriscou a bruxa, dizer que era sábado era indefinível.

Elena resmungou, mas acabou por se sentar esfregando os olhos para espantar o sono.

— Você é uma bruxa, Damon e Stefan contaram. Por que não me contou?

— Por que eu estava em coma e depois que acordei mal tive tempo para respirar?

Elena estreitou os olhos, depois deu de ombros. Bonnie tinha créditos com ela e no fim seus segredos sempre acabavam se revelando por que ou a estudante contava para Caroline que contava para Elena ou ela mesma pedia conselhos e acabava expondo tudo o que guarda.

— Você desmaiou depois de destruir o colar. Stefan matou Ben e Damon aquela vampira que era amiga de Jeremy, pelo menos agora não preciso mais me preocupar com isso. Eles enterraram o corpo na floresta, eu acho. Depois que nos deixaram aqui eles foram cuidar do problema.

— Damon e Stefan unidos? Achei que fosse demorar mais que um sequestro para isso acontecer.

— Eu também não acreditei quando os ouvi conversando sobre o que fazer, sem tons alterados e sem sarcasmo, como dois irmãos.

Bonnie revirou os olhos e se levantou. Era sábado e ela estava bem. O dia depois de mudar uma coisa e se sentia bem. Por que estava com a sensação de que algo ruim ia acontecer? Talvez estivesse apenas projetando. Tomou um banho demorado na banheira de Damon, esquecendo que ainda não tinham intimidade para aquilo. Ela relaxou e se desligou do mundo lá fora.

Damon e Stefan se livraram dos corpos de Anna e do garçom, voltaram para a pensão onde tinham deixado as garotas. Sem perguntar a opinião de ninguém, ele colocou a bruxa desmaiada em sua cama e mandou que Elena cuidasse dela, para desgosto de Stefan que não queria o irmão dando ordens para sua namorada. Elas dormiam em sua cama e ele foi para um dos muitos quartos existentes na casa. Quando acordou, poucas horas depois, Elena estava na cozinha em companhia de Stefan que preparava seu café da manhã.

— E a Bonnie? – foi a primeira coisa que disse

— Bom dia também – reclamou Stefan fazendo cara feia – Eu já agradeci a Elena por ter passado a noite cuidando de Bonnie e pedi desculpas por vocês dois provocarem o rapto dela.

O mais velho revirou os olhos e bocejou. Ele não ia se desculpar e nem agradecer.

— E a Bonnie? – perguntou novamente

— Ela estava na cama ainda quando sai, mas está bem. Só estava pensando em... coisas da Bonnie.

Como a resposta de Elena não foi útil, ele decidiu ir conferir com os próprios olhos. A porta estava destrancada e o som que podia ser chamado de música que vinha do banheiro indicava que a bruxinha estava bem. Caminhou até a porta do banheiro e ficou observando-a totalmente imersa na banheira, apenas a cabeça para fora da água.

— Espiar é feio – ela disse se virando para ele

— Está na minha banheira, no meu quarto, na minha casa. Acho que isso me dá o direito de olhar.

Bonnie sorriu e Damon foi empurrado para fora, a porta bateu se trancando.

— Doeu! – gritou e foi se deitar em sua cama esperando que a bruxa saísse do banho.

Estava deitado de braços abertos quando ela saiu do banho, vestida. Ele ainda expressou seu desapontamento por ela não estar como na tarde anterior quando foi á sua casa e ela vestia apenas lingerie, por baixo da toalha. A bruxa ignorou o comentário informando que ia embora. Damon insistiu para que tomasse café com ele, aproveitando que era Stefan quem estava cozinhando.

Quando se juntaram ao outro casal na cozinha, Elena fizera perguntas sobre magia, sobre os vampiros da tumba e por que Bonnie não os libertou.

— Eu não queria. Não quero ter que lidar com vampiros revoltados ou acha que depois de ficarem mais de cem anos trancados eles sairiam de lá vegetarianos bem humorados e pacifistas?

Stefan concordou com Bonnie de que ela fizera o certo e Damon não tinha nada á comentar, a única pessoa por quem ele esperou durante décadas não precisava ser esperada. Depois de se recusar a continuar falando do assunto, Elena mudou para amenidades juvenis que distraiu a bruxa parcialmente. Damon observava as duas, um lado seu ainda comparava Elena á Katherine, a humana era dinâmica, ingênua, apaixonável enquanto Katherine era sedutora e dominadora. Bonnie divergia das duas, era racional e sentimental, forte em comparação á Elena e frágil em comparação á Katherine.

O celular da bruxa tocou quando Elena contava algo sobre a infância delas, Bonnie fez uma careta ao ver o nome no visor do aparelho:

— Pai?! – a mistura de preocupada com curiosa fez os três a olharem.

Damon e Stefan ouviram o pai de Bonnie dizendo:

“Bonnie onde você está?”

— Estou com a Elena da casa de Stefan Salvatore.

Damon ergueu a sobrancelha ofendido por não ter sido mencionado.

“Preciso que venha até Whitmore”.

— Por que. O que aconteceu?

“Bonnie, ouve um acidente nesta madrugada no campus do Whitmore College e Sheila... Sua avó foi hospitalizada”.

A expressão da bruxa assumiu todos os tons de pânico existentes.

— Eu... Estou indo.

Antes mesmo que ela mencionasse alguma coisa, Damon já estava ao seu lado com a chave do carro em mãos informando que a levaria. Bonnie apenas assentiu, estava apavorada demais para discutir.

 ♀

Era essa a falha. Sua avó morreria quando abrissem a tumba, mas ela destruiu qualquer possibilidade disso acontecer então o tempo corrigiu a anomalia causada por ela. Sheila morria, independente do que fizesse, ia perder a avó.

— Mais rápido – pediu á Damon que já estava muito acima da velocidade.

— Estou em velocidade máxima, Bonnie, respire e se acalme. Ela vai ficar bem.

— Eu sei, não vou deixa-la morrer – garantiu Bonnie, sabia o feitiço e ia trazê-la mesmo contra sua vontade.

Quando chegaram ao hospital horas depois, soube que a avó estava em cirurgia devido á uma hemorragia pós-operatória. Seu pai lhe disse que um grupo de estudante estava fazendo algum tipo de experiência com explosivo e os estilhaços destruiu parte do laboratório de pesquisa abalando a estrutura do prédio, incluindo o auditório onde Sheila dava sua aula. E de repente, o teto desabou. Dentre mortos e feridos, sobreviveram poucos e esses poucos ficariam com graves sequelas.

Bonnie sinceramente não se importava em estar tendo pensamentos mesquinhos e egoístas, mas não estava se importando nem um pouco para os outros e suas famílias que estavam sofrendo, ela queria apenas que sua avó sobrevivesse. Inconscientemente sabia e aceitava que era sua culpa, Mina dissera algo sobre linhas do tempo á ser restaurada, o que significava que as pessoas que os vampiros libertos da tumba matariam, morreram. Um pensamento bobo que fez sorrir enquanto olhava seu reflexo na porta de vidro que levava para algum lugar onde só os funcionários e pacientes podiam ir. Ela era aquele garoto daquele filme, ela tinha salvado a vida de pessoas que deviam morrer e agora a Morte viera reclamá-los.

Atrás dela ouvia seu pai conversando com Damon, um tom ligeiramente desconfiado. Captou poucas palavras, estava concentrada em uma espécie de oração-mantra-feitiço para que sua avó vivesse. Então ela surgiu do outro lado da porta de vidro á qual atravessou como se fosse uma cortina de água. O coração da bruxa se apertou e ela começou a chorar. Sheila se despediu dela e pediu que fosse forte.

Não me traga de volta, eu já vivi o que tinha que viver. Viva sua vida, Bonnie. Quase a mesma coisa que dissera da outra vez. Bonnie não queria se despedir, não queria que a avó morresse outra vez. Mas não era sua a decisão de mantê-la entre os vivos, se Sheila queria partir... Bonnie se afastou da porta e foi sentar em uma das muitas cadeiras brancas desconfortáveis da sala de espera. Por que ela não tinha coragem de impedir? Ressuscitar a avó? Por que parecia tão certo deixa-la partir quando sabia que traria muitos outros á vida? Então se deu conta que é por que Sheila tinha aceitado seu fim e olhando para a porta de vidro, viu a bruxa mais velha acenar e sorrir antes de desaparecer. No segundo seguinte a porta se abriu e uma médica que Bonnie deveria conhecer só em alguns anos, veio na direção de seu pai.

— Dra. Laughlin?! – o pai de Bonnie deu um passo à frente, esperando as notícias.

Dra. Jô informou sobre a morte da Sheila e se retirou. Damon sentou ao lado da morena que olhava para os pés.

— Sinto muito – disse sincero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os vampiros que se mordam 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.