Bill compareceu à audiência como testemunha e foi um dos momentos de sua vida que ele gostaria muito de esquecer. Ver Tom entrando algemado, com aquelas roupas cinzas, os cabelos compridos de mais libertos das tranças e a expressão abatida fez o coração de Bill reduzir à metade do tamanho,pelo visto Simone tinha poupado muitos detalhes sobre a aparência dele. Estranhamente, ou talvez nem tão estranhamente assim, quando viu Bill a expressão de Tom se tornou um tanto mais serena e seu rosto formou um quase sorriso para o irmão. Diante dessa cena Bill considerou perturbadora, teve uma súbita vontade de abraçar o irmão e esquecer todas as magoas, infelizmente era impossível.

Foram ouvidos Tom, Bill, Sra. Jones, Georg e o medico de Mike, a seção durou toda a tarde e o juiz levou cerca de uma hora para anunciar a sentença. Tom foi condenado a seis meses de reclusão em uma sela especial por agressão, o juiz entendeu que foi um acontecimento isolado e que não houve intenção de matar por parte de Tom, o juiz considerou ainda que 4 meses em que esteve detido seriam abatidos da sentença, então dentro de dois meses tom estaria livre. Ainda que não fosse favorável poderia ter sido pior e de alguma forma Bill, Tom e Simone estavam aliviados.

Após a audiência a família recebeu permissão para se reunir em uma sala por trinta minutos, Simone e Bill estavam sentados no sofá em uma sala de espera quando Tom entrou acompanhado por um policial, este retirou as algemas e deixou a sala em seguida. Assim que pôde Simone abraçou o filho com toda a força e com os olhos cheios de lagrimas.

Simone: Ah Tom, olha pra você...

Tom: Eu to bem mãe.

Simone: Não vejo a hora desse pesadelo acabar...

Tom: Ta tudo bem mãe, eu to legal.

Simone soltou o filho e enxugou as lagrimas com as costas das mãos, olhou pra Bill que continuava imóvel olhando pro irmão com uma expressão indecifrável.

Simone: Por favor, vocês dois, será que poderiam esquecer essa besteira hoje? Bill de um abraço no seu irmão por favor.

O tom de suplica na voz da mãe foi apenas a cereja do bolo de emoções que estavam rodopiando no peito na cabeça de Bill. Lentamente se levantou e se aproximou de Tom, encarou o irmão por alguns momentos antes de envolvê-lo em um abraço inicialmente tímido mais que foi se tornado cada vez mais apertado.

Tom daria tudo pra saber o que o irmão estava pensando naquele momento mais Bill, como sempre, ou melhor, como de costume nos últimos dois anos, tinha uma expressão que não demonstrava qualquer sentimento em relação Tom, a não ser naquele ultimo instante antes do abraço em que um brilho estranho passou por seu olhar. Quando se separaram Bill deu dois grandes passos pra traz e cruzou os braços sobre o peito e encarou o irmão por mais alguns minutos. Alguma coisa tinha mudado, alguma coisa diminuiu, ainda que apenas alguns centímetros a distancia entre eles.

Bill: Seu cabelo está horrível.

Tom: Eu sei,ele cresceu e eu não consigo fazer as transas sozinho.

Bill: Eu posso fazer isso pra você no dia de visitas.

Tom: Não. Eu posso amarrar até ser solto.

Bill revirou os olhos, algumas coisas nunca mudariam entre eles.

Tom: Mamãe contou que a escola têm sido difícil pra você, eu sinto muito.

Bill: Não se preocupe, vai ser bem pior pra você quando voltar.

Tom sorriu ao pensar que os problemas na escola era o que menos o aborrecia nisso tudo.

Bill: Eu sinto muito... por estar passando por isso.

Tom: Não é culpa sua,

Bill: É minha culpa também, eu poderia ter te contado quando ele me convidou e nada disso...

Tom: Bill, não é culpa sua. Ele sabia como me provocar e eu perdi a cabeça.

A porta da sela se abriu e o policial que acompanhou Tom surgiu por traz dela.

Policial: Sinto muito Tom mais temos que ir agora.

Tom: Você disse trinta minutos.

Policial: Eu sei mais ordens são ordens.

O policial passou as algemas pelos pulsos do Tom outra vez e esperou com a porta aberta. Simone deu um ultimo abraço no filho e se afastou chorando, Tom olhou brevemente para Bill antes de sair.

Tom: Vejo você em dois meses.

Bill: Tudo bem.