A Quinta Estação escrita por Luk


Capítulo 6
A Quinta Estação - Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Sim, aqui está o final, não poderia deixar essa história sem um, espero ter satisfeito as expectativas de qualquer um que venha a ler tudo, coração e alma foram postos aqui.



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Era uma tarde tranquila e silenciosa no Rancho Kent. Jon se aproximava com seu carro da casinha de madeira onde seus pais estavam. Era bom ver uma amostra de velhos tempos naquela velha e empoeirada plantação de milho, as fábricas industriais de seu tempo ainda não substituem os bons e velhos frutos da mãe natureza.

Lá estavam eles. Resolveu parar o carro e ir encontrar eles da maneira antiga, não tinha ninguém vendo mesmo. Ajustando o controle automático, o carro guiou-se para a cabana, e Jon voou até o lado deles, dando um forte abraço em cada um.

— Como andam as coisas em Metrópolis? - Seu Pai perguntou, o guiando para dentro

— Tranquilas… Têm sido tempos bem tranquilos.

— E o serviço? - Sua mãe já replicou em seguida

— Qual deles? Hehe

— Os dois.

— Bom… Eu tive uma tranquila revisão de ameaças com o Terry mais cedo hoje, e sobre a arqueologia, eu ainda estou tentando arrumar mais alguma coisa, principalmente em Marte.

— Você não consegue falar com o J’onn…?

— Lois… Ele não pode. - O pai respondeu

— Ser arqueólogo hoje em dia é uma profissão difícil, Clark, ele precisa de qualquer ajuda que conseguir.

— Eu ainda quero manter minha identidade secreta, mãe.

— Uhm. - Ela parecia raivosa de ser contrariada - Achei que era você que falava sobre confiança e união.

— Eu?! - Clark levantou as mãos depois que ela apontou para ele - Nada é tudo preto no branco assim, Lois, você sabe disso.

— Lembro de quando era…

— De quando era? - Jon estava curioso, e olhou para o pai em busca de respostas.

— Ah, aquela vez.

— Vocês tão falando de qual história?

— Acho que não chegamos a contar pra você, filho.

— Sério? Porque?

Foi nessa hora que Clark pareceu olhar para o horizonte enquanto olha nos olhos de seu filho, sonhando acordado. Lois conhecia bem aquele olhar, e sentou do lado dele, o chamando para a realidade ao segurar seu braço. Ele olhou para ela, e sorriu. Ela sorriu de volta.

— Digamos que ela já é contada para todas as crianças… Tecnicamente. - Clark respondeu, para confusão do filho. - É a história do movimento humano.

— Ah… Essa história. O que tem de tão especial sobre ela, foi o dia que…

— É, todos sabem o básico - Lois respondeu, de pé atrás de Clark, que estava sentado à mesa com Jon - Mas os livros de história não descrevem exatamente a magnitude de tudo o que aconteceu…

— … Bom. - Jon levantou uma sobrancelha, curioso - O que exatamente aconteceu, então?

***

Essa parte todo mundo já conhece, a tecnologia nova do Luthor que CLARAMENTE era de origem alienígena, o conflito com o Metallo que antecedeu minha captura por dias numa versão alterada do Edifício Luthor. Mas como exatamente isso é diferente do que ensinam nas escolas? Paciência, Jon. É aqui onde eu queria chegar, depois que Olsen e o seu esquadrão de elite me resgatou, nota que eu não fazia ideia que ele tinha contatos militares… Além do relógio que você deu pra ele, no caso. Haha, é, além do relógio. Acontece que ela havia descoberto o segredo muito antes da estourada da revolta.

Quando eu vi o campo de refugiados no subterrâneo da cidade que, agora eu sabia, era Metrópolis, a história de Olsen começou a fazer sentido. Você já sabe, a mente alienígena que controlava a tecnologia canibalizada do fragmento de seu corpo que ela enviou para a Terra. Depois de ter sumido por cinco meses, eu já estava começando a me preocupar, até descobrir que na verdade o alien não havia tomado o mundo… Não ainda.

Saber que a Liga estava no caso me deixava um pouco aliviado, o planeta não estava perdido, mas Metrópolis… Bom. Só tinha mais uma coisa na minha mente, no caso três. A mamãe, o vovô e a vovó. Sim, então você deve imaginar meu alívio quando eu vi ela na mesma tenda do Olsen. Só estávamos nós três, então nós afogamos nossas preocupações em um beijo. Ainda assim, o problema persistia… Éramos uma cidade sitiada, uma invasão alienígena estava acontecendo, e o pior de tudo… Os soldados eram nós, nossas famílias, amigos e compatriotas.

As máquinas do Luthor, certo? É… Mas como você bem sabe, nem tanto dele. Lex era um joguete nessa história assim como todos nós. Quando finalmente houve uma reunião de resistência depois do meu resgate, lá estava ele, trabalhando com Olsen. Me diz… O que falam nas escolas a respeito da infiltração? Bom… Uma mente alienígena se infiltrou na tecnologia da LexCorp e se disseminou até tomar posse das mentes de todos os usuários, o que era 70% da população dos EUA. Como eu imaginava… Na verdade, Lex havia se apropriado ilegalmente da tecnologia através de um contato interno no Cadmus. Ela já havia sido categorizada como perigosa, mas Luthor nunca ligou muito pra medidas de segurança, e acabou botando as mãos nela.

E o que era a tecnologia? Uma super CPU, certo? Nada tão corriqueiro. Era uma folha de um material de origem alienígena, uma liga metálica impossível de analisar com até os equipamentos super avançados do Cadmus, mas com propriedades bem fascinantes, como estabilidade de temperatura, o tornando o material condutor mais perfeito, uma vez que ele não super aquecia. Foi com uma fração desse material que cada artigo do infâme L-Gadget foi criado. Mas Luthor não conta com a genialidade de Mocheg. Mocheg? A mente alienígena, não falam o nome dela? Não. Bom… Agora você sabe, deve ser informação secreta ou qualquer coisa assim, sabe como são os burocratas. O que mais me marcou nesse dia não foi mais um plano maquiavélico do Luthor dando errado, o que mais me preocupava naquela situação toda nem era o fato de MAIS UMA invasão alienígena ter acontecido, e sim o fato da população estar combativa, não contra a invasão, mas contra si mesmos.

Eu lembro como se tivesse sido ontem, um dos soldados de Olsen com sua arma apontada para um homem com um pacote de macarrão instantâneo tentando usar um microondas. Tive de entrar na frente dos dois, o homem quase havia baleado o outro. “Vocês estão malucos?!” eu gritei. “Ele deveria saber que Mocheg pode detectar emissões de microondas, temos um horário da noite pra fazer isso!” O soldado respondeu, para qual eu disse “Você quase MATOU ELE por causa disso”. “Você não sabe pelas coisas que passamos nos últimos meses, acabou de acordar e já quer ditar as regras?!”. Aquilo pesou comigo, o que levaria um homem a considerar tal atitude. “Me diga, então.” Eu pedi, cruzando os braços. “Está vendo essa arma? Bem aqui… É o meu celular. Literalmente a única coisa que eu consegui levar de casa antes dos infectados tomarem meu prédio.”

“E isso é motivo para matar um homem?” Eu questionei, calmo. “Não, é o sacrifício que eu tive que fazer! Esse celular era o único contato que eu tinha com a minha mulher e a minha filha. Todas as fotos delas, todas as mensagens de carinho, eu tive que sacrificar tudo que eu havia conseguido levar da nossa casa por causa de uma arma… Olsen disse que toda arma que quisesse ter um pouco de efetividade contra a monstruosidade mecânica teria que ter algo com memória digital acoplado, e eu só tinha meu celular…” Nada é preto no branco, hein? É… Infelizmente eu vi o ponto do homem, mas ele ainda estava errado ao recorrer à violência daquela maneira. Em tempos de crise, todos temos de fazer sacrifícios, o soldado fez o dele, o homem que queria comer precisava esperar anoitecer para comer. Parece que esse foi o principal estopim de atitudes que permitiu a propagação tão acelerada de Mocheg na face da Terra. Você sabe sobre a nuvem de nanites que foi liberada na face da Terra depois de todos os usuários de L-Gadget terem sido tomados de seu livre arbítrio.

Muitas pessoas negaram, se recusaram a acreditar em cientistas ou até mesmo na liga, por devoção completa ao Luthor, na época, que depois de se entregar aos fatos irrefutáveis, deixando de ser sua desculpa, mas não mudando suas atitudes. Era uma época de guerra contra Mocheg e contra uns aos outros. Eu imaginava o que Mamãe e Papai diriam numa situação dessas… Eu usei minha visão de calor e um pouco de água pra aquecer o macarrão instantâneo do homem e sentei com sua mãe pra conversar sobre isso. Lembra disso, Lois? Sim… Eu precisava dar um jeito de unir o povo da Terra sobre um propósito único, limpar da mente toda a ignorância e toda dúvida, a estratégia de dividir e conquistar convinha para a grande mente alienígena.

Mas você conseguiu. Isso é o duro de você saber spoilers da história, hahaha. Mas não foi uma tarefa fácil. Ficamos dias atacando os postos de controle de Mocheg por Metrópolis em um padrão completamente errático para os cálculos avançados da máquina não ficarem à nossa frente. Até que chegou o tempo, a última semana… No começo só faltavam três postos de controle em pontos quase que equidistantes de Metrópolis, um fazendo divisa com Gotham, um na zona sul e outro na zona norte. Estávamos reconsiderando qual ia ser nosso padrão de ataque, porque não tinha como despistar a previsão de Mocheg, iríamos enfrentá-lo em potência total três últimas vezes, e ele era particularmente inteligente em como nos disseminar, não sabíamos o que nos aguardava.

“Nós precisamos liberar Gotham primeiro!” Lex gritava, “Com a ajuda do poderio dos Meta-Humanos de lá, conseguimos atacar as outras duas simultaneamente”. Mas sua mãe já estava cansada de avisar que a comunicação subterrânea já havia informado diversas vezes que o povo de Gotham, em grande parte, não estava mais lá, incluindo Batman. Apesar de saber que não teria nenhum efeito prático, eu sugeri atacar a torre da divisa, dali nos separaríamos em duas forças iguais, uma pra cada torre. Nós tínhamos nossos planos traçados, daqui pra frente, eram respirações profundas e torcer pra dar certo.

A noite que veio antes desse momento foi sombria, e tenho quase certeza que as escolas não falam dos detalhes menores e mais feios, de todo o conflito interno… Durante nossa última vigília noturna, na verdade, estávamos muito tensos e nossas forças não pareciam muito animadas pra cair de cabeça num massacre, se é que me entende. “A noite mais densa” Hal sempre chama, a parte mais obscura e tenebrosa de um combate, a calmaria e tensão antes dele. Havia muito o que precisávamos aprender com o código dos Lanternas naquele dia, pois famílias começaram a se desesperar, crianças choravam ao pé de soldados para que seus pais não fossem soldados também, foi algo de partir o coração. Algumas das pessoas que iam ficar nos campos começaram a se tornar bem agressivas, e você sabe como eu agia nessas situações, normalmente eu pensava o que sua mãe me diria pra fazer, mas graças a Deus, ela estava lá pra me falar quando entrar na situação, o que foi pouco antes de tudo sair do controle.

Acho que você já consegue adivinhar o que aconteceu depois. O Discurso? O Discurso. Não falam o que você disse nele. É em respeito a quem ouviu, mas quem sabe um dia eu te digo… Eu sei que eu nunca havia recebido uma declaração de amor tão bonita da sua mãe depois do discurso. Só perde pros votos de casamento, haha. E o dia havia chegado, nós simplesmente decidimos na moeda quais torres escolheríamos, e acabou de Lex foi pra da divisa mesmo, ironicamente. Já estava na hora de eu e sua mãe nos separarmos, ela foi com Jimmy, e eu fui liderar um esquadrão menor. A hora tinha chegado. A primeira torre foi… Um amaciante. Vários soldados avançaram numa linha de frente, conseguimos abrir uma entrada bem sólida, apesar dos drones terem… Tirado 10 dos nossos soldados só nessa entrada. Não importa o quanto você viva, se você tem um mínimo de empatia… Ver pessoas sendo mortas na sua frente nunca é fácil… Tá tudo bem, Lois.

Enfim… Havia uma surpresa dentro da torre. O Exterior sempre aparentou ser uma grande monstruosidade metálica, mas o interior… Era de cristal. Eu já havia visto aquilo antes, e temi muito pela vida das pessoas que estavam comigo. Quando o último soldado entrou, era muito tarde, estávamos dentro de um fragmento de um Bzarflokonyskein. O Parasita Planetário? Sim, ele era uma das entidades que havia composto Mocheg. Logo, não demorou para ele nos dominar e nos obrigar a jogar seus jogos. Aquela foi uma sessão horrorosa, chegou um momento que um dos soldados estava sendo obrigado a escolher entre a vida de outros dois, um deles sendo alguém com quem tinha uma rixa pessoal. Eu o lembrei do valor que temos de dar aos nossos irmãos, aos sacrifícios, os que verdadeiramente precisamos fazer. Estar nas garras de Bzarflokonyskein novamente não foi nada bonito, tive que gritar através das paredes abafadas da torre, o suor corria através do meu traje e eu pude sentir o maquinário se mexendo vagarosamente ao passo que todos nós estamos prestes a sermos jogados em um triturador, o soldado não havia sacrificado a vida de ninguém, o que nos tornou descartáveis como amostra de teste.

Foi preciso um enorme trabalho em equipe para nos soltarmos, mas com um enorme golpe de sorte, nós nos desprendemos das garras e nos libertamos da torre. Apenas plantamos um explosivo de alto raio em sua base, a primeira torre havia sido destruída. Logo após isso, esperamos o outro grupo da torre da divisa. Estávamos tensos, já tínhamos perdido muito do nosso pessoal, não havia como saber quem poderia voltar vivo, e esperávamos o pior. Mas quase todo mundo voltou, certo? Incluindo mamãe e o Lex. Sim, acontece que, naquela altura do campeonato, eu já estava com suspeitas de quem Mocheg realmente era, quando eles voltaram tendo perdido um pouco menos de homens do que nós, as suspeitas foram confirmadas. Lex conversou sobre como a torre que eles escaparam era orgânica por dentro e produzia substâncias químicas que alteravam a composição do ambiente. Isso, em particular me lembrava muito minha expedição para Fows II, um planeta artificial criado pelos Bersex, originários, sim, de Fows, mas que construíram um planeta artificial no local de onde outro planeta orgânico, e vivo, estava se formando. Um pouco mais de comparação de dados e soubemos que era o que o planeta vizinho havia se tornado, o irmão de Fows II, se tornando uma coisa completamente diferente, e maligna.

Nós não fazíamos ideia do que esperar da próxima, mas muito do meu passado estava voltando pra me assombrar. Seria esse o preço de ser o Super-Homem por todo esse tempo? Só o tempo diria o que poderia acontecer a seguir.

***

— O preço de ser o Super-Homem? - John parecia confuso com o que o pai disse.

— Sim, John. Tudo tem um preço, e eu não estou falando de dinheiro, ou de uma troca justa, às vezes é exatamente o contrário. Tudo o que fazemos, decidimos e realizamos tem um certo preço a se pagar, uma consequência, por assim dizer, e como vivemos num mundo injusto, muitas vezes essa consequência é negativa.

— Naquele dia, nós estávamos prestes a aprender o que ações boas e corretas podem ter consequências negativas - Completou Lois

— Eu nunca me arrependi de nada, de vidas que eu já salvei, de civilizações que ajudei, de amigos fiz e inimigos que derrotei, mas o que aconteceu em Metrópolis naquele dia beirava o absurdo.

Clark pegou sua xícara de café e deu um longo gole, John fez o mesmo. Lois se levantou da mesa e colocou sua mão no ombro do marido. Ele retornou o gesto com um olhar gentil, colocando a xícara na mesa. Ela tomou a xícara dele e de John e foi para a cozinha. O filho observava o semblante nostálgico do pai com curiosidade, esperando o fim da história. Ele se levantou e disse:

— John, vem comigo, quero fazer uma coisa que eu gostava de fazer com o meu pai.

Os dois foram para perto da cerca que rodeava o milharal de sua família. John não havia percebido que Clark havia pegado duas garrafas de cerveja rapidamente, e entregou uma para o filho.

— Seu avô sempre admirou as estrelas. - Clark olhava para o céu estrelado, abrindo a garrafa

— Qual deles?

— Os três. - Clark Riu - Mas eu falo do Johnatan, o que eu dei seu nome. Sempre me trazia aqui para a cerca e observava as estrelas comigo. Depois que ele me contou quem eu era antes deles me conhecerem, sempre perguntava: “De qual delas você acha que veio, filho?”

— Você consegue me falar qual que é?

— Aquela… - Kal apontou para o horizonte

— Ela nem parece vermelha.

— É claro, não é visível aos olhos humanos, sua mãe não consegue ver.

— Entendo.

— Já imaginou quantos e quais tipos de vida existem, John? Digo, nós não conhecemos nem metade dos setores do universo, a todo tipo de gente por aí…

— Nós ainda somos muito jovens, não é? De maneiras que não podemos nem compreender.

— Sim…

— Você acha que algum dia nós viveremos todos em paz?

— Não tem como dizer…

— Eu posso dizer que eu acredito nisso…

— É para o que eu te ensinei a acreditar. Mas saiba… Não há como dizer se alguma raça só existe para o mal, então tenha cuidado, e escute bem.

***

Já estava anoitecendo, e a última torre brilhava em tons de neon, era até bonito se não significasse algo horrendo. Algo singular aconteceu quando chegamos perto do ponto de interceptação, Mocheg não só sabia que estávamos lá, como nos pediu para nos aproximarmos. Um drone projetou um holograma de um alienígena ciborgue, mais máquina que qualquer coisa, grande capa, mandíbula de aço. Parecia falar nossa língua, convidou para que entrássemos na torre e resolvéssemos isso como raças avançadas. Claro que sabíamos que era uma armadilha, mas não tínhamos muita escolha, jogamos o jogo dele até quando nos fosse conveniente. Quando entramos na torre, tudo o que encontramos foi um grande galpão, bem amplo, com apenas várias cadeiras, todas contadas para cada um de nós.

É claro, deveríamos nos sentar, mas ainda faltava uma. Uma para mim. Mocheg sabia que eu ia entrar por último, porque ele me capturou num enorme fragmento do meteoro de Kriptonita que havia caído na Terra tempos atrás, ele de fato estava fuçando na Torre de Vigilância. Eu não conseguia ver o que estava acontecendo do lado de fora, mas eu ouvia a comoção. Quem havia se sentado, tinha sido envelopado por algum tipo de máquina que se conectava com o cérebro. Eu estava trabalhando pra sair do fragmento quando Lex tentava deduzir o que era tudo aquilo. Jimmy disse que teve de trabalhar com Luthor pra ter acesso ao único terminar de informações que eles haviam encontrado do outro lado da torre. Aparentemente, aquela raça foi o cataclisma de tudo isso, Mocheg só nos atraiu para dentro utilizando a face deles como isca. Uma raça altamente avançada com a capacidade de prever com alta precisão eventos futuros através da coleção de dados e de uma grande máquina lógica contendo a capacidade mental de todas suas grandes mentes.

Depois deles calcularem a Terra, a minha simples existência aqui mudou o curso de toda sua civilização. Eu nunca havia conhecido eles, mas eles me conheciam. Tentaram viver no planeta irmão de Fows II, até que… O Parasita Planetário veio atrás deles. Foi uma catástrofe de proporções que nem eles poderiam prever. Mocheg surgiu das cinzas do planeta, uma entidade nova completamente desprovida de toda a riqueza de alma desses três seres, mas completamente munida de sua inteligência e arsenal. Ele estava assimilando mundos inteiros através da extrapolação simbiótica que criou, violenta e invasiva, desmembrando um planeta em seus pontos chave para que pudesse conquistar a absorção do universo por partes. Aparentemente, aquele era o firewall final. Ele abria todas as defesas dele para o povo invadido, mas o povo invadido também estaria vulnerável… E então? Então todas as pessoas que desafiassem seu poder se conectariam diretamente num campo de batalha mental comandado por Mocheg, e ele simularia a pior das batalhas, o mais terrível dos momentos que todas aquelas pessoas passariam juntos… E se eles sobrevivessem, se achassem sua solução, estariam abertas para um desligamento total de Mocheg. No caso, ele se auto-desligaria.

Ah… A resiliência e boa vontade da raça humana seria a chave para derrotar ele. Como estamos vivos? Hahaha. Essa é uma ótima pergunta, na verdade, filho. Lex pensava assim, e foi aos poucos que ele foi colocando cada um deles em seus assentos, seja por convencendo eles ou forçando. Em pouco tempo, quase todos estavam sentados no Complexador Mental de Mocheg. Luthor acreditava que poderia contornar a mente de todos e sobressair o sistema mental do invasor alienígena. Ele conseguiu? Não… Na verdade, quando menos eu esperava, todos estavam lá, e não vou mentir, a situação estava feia. O silêncio era ensurdecedor. Eu basicamente batalhei meu caminho pra fora, mais determinado e preocupado do que qualquer armadilha de Kriptonita na qual eu fui capturado. Quando eu encontrei meu caminho pra fora, estava a beira de um desmaio, havia perdido muito sangue e estava no chão. Com um último esforço de minhas energias, eu usei minha visão laser para abrir um grande buraco no teto. Eu não precisava de muito, só precisava de um pouco de luz da lua, e para minha sorte, era Lua cheia. Um verdadeiro lobisomem, hein. John! Hahaha. Enfim, eu consegui me levantar, meus ferimentos se fechando lentamente, e tudo oq eu conseguia ver, logo a frente das muitas cadeiras em que eles se encontravam, era uma grande projeção holográfica, em uma velocidade super rápida até para nossa visão de Kriptoniano.

Eram anos de vida sendo transmitidas em questão de segundos na mente deles. Foi nesse momento que eu percebi, eles estavam falhando, e precisavam de um esforço final, eu precisava ajudá-los a sair dessa situação, e eu fiz isso da melhor maneira que eu pude… Dando outro discurso. Como você sabe? Eu te conheço, não é preciso ser um gênio. Gosto de chamar de segunda parte do meu discurso de antes. A visão do que aconteceu logo depois foi de que me orgulho até hoje. Homens, mulheres e tudo o que tem no meio, todos saindo como pessoas livres, todos começando a tomar as decisões corretas, todos derramando lágrimas de emoção e alívio. A torre começou a se desmanchar, e eu levei todos para fora pela abertura do teto. Aquela tinha se tornado uma noite bonita, de repente. Lembro-me de todos juntos, caminhando de volta ao subsolo, homens e mulheres chorando de alívio, crianças correndo aos braços de seus pais, irmãos e amigos. Claro, havia aqueles que tinham dado a vida por essa vitória… Mas tudo o que fizemos depois disso, foi em memória deles. Foi o início dos meus últimos anos como Super-Homem, pois você nasceu um ano depois, e eu sabia que em breve meu tempo assim deixaria de existir. Mas você tinha que ver, John… Cada tijolo que recolocamos, cada casa que reconstruímos, cada negócio que restauramos, cada amizade que fizemos, cada conexão que realizamos, foi algo lindo, pela primeira vez em meus muitos anos, em meus muitos planetas, eu vi algo com que eu apenas sonhava se realizando… Não durou tanto quanto eu gostaria, mas eu sei que em algum lugar, as pessoas que perdemos durante essas batalhas observam orgulhosas a obra feita em nome delas e de Deus.

***

— E aquela foi a única vez que tudo, como sua mãe diz, foi preto no branco, tudo era simples e tínhamos todos um só objetivo. As vidas de todas as pessoas do mundo pararam para reconstruir uma sociedade, um povo e um planeta só, unido. Nunca mais aconteceu nada parecido.

— Você acha que pode acontecer algum dia de novo?

— … Só o tempo dirá, filho. Não deveríamos precisar de outro Mocheg na nossa vida pra isso acontecer. Isso depende de homens com esse poder. De homens como eu e você… Por isso nós precisamos continuar tentando. Por isso precisamos de um Super-Homem por aí

John observou as estrelas novamente, com um novo olhar. Todas as palavras que borbulhavam com seus sentimentos naquele momento estavam criando pressão para sair quando ele olhou para o rosto do seu pai. O rosto de Kal-El já dizia tudo. Eles sorriram um pro outro, Kal levou seu filho para dentro, passando seu braço em torno do pescoço dele. Clark acordou Lois, que em meio a protestos, cedeu para o marido, e todos os três foram ao sótão.

— Você não lembra onde está, Lois?

— Ah, não vou lembrar exatamente. Minha memória não é a mesma da época, né.

— O que exatamente vocês querem me mostrar? - John Perguntou

— A única datilografia do meu discurso completo, pela sua mãe. Nunca saiu desta casa.

— Acho que eu achei - Lois chamou os dois para que se aproximassem

Na mão dela, uma velha folha envelhecida, as palavras escritas na letra cursiva de seus dias de repórter. Ela entregou a folha para o filho. Ele olhou para o pai, que acenou com a cabeça para que lesse. Em voz alta, pontuou também. John limpou a garganta e começou a lê-lo.

 

“Eu gostaria que todos vocês entendessem uma coisa só, uma navalha de esperança minha que nunca irá morrer. Todas suas vidas estão conectadas por uma série de eventos tão pequenos e singulares, mas tão importantes e vitais na vida de cada um de nós! Escutem ao som da voz do seu irmão, saibam quando lutar e quando dizer, e sejam gentis uns com os outros. Há uma grande batalha a ser lutada lá fora, hoje e pelo resto de todos os dias de nossas vidas, sejam gentis com os outros que essa gentileza será recompensada de volta para vocês! Nunca duvide da capacidade do pior mas também nunca duvide da capacidade do melhor! Somos todos humanos. Não… Somos todos pessoas. Somos seres falhos, tentamos fazer o melhor por nós, mas façamos nosso melhor ser o melhor de todos também.

“Nunca duvidei de cada um no planeta, jamais acreditei que vocês são apenas feitos de falhas. Escutem minha voz e entendam: A força que todos nós temos dentro de nossos corações pode transcender barreiras, pode mudar a história, e pode fazer parasitas se desfazerem ao poder da nossa união. Saibam, aprendam e pratiquem, a união é a salvação de toda a humanidade da escuridão que pode arrasar todas as nossas almas. Eu acredito em vocês, eu acredito em nós. Nós somos mais fortes juntos”


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