Sabrina

Desde que cheguei ao Brasil não consegui ter uma conversa decente com o Marcos. Sei que ele deve estar mega chateado por eu não ter dito nada pra ele, mas eu não podia. Como eu ia explicar pra ele que a minha volta ao Brasil se dava ao fato do Ramon ter atentado contra a própria vida na frente dos meus pais?
Tudo bem que foi algo bem superficial, nem chegou a ser grave, mas meus pais já estão com a idade avançada para terem surpresas desse tipo.

Eu ainda estou em choque com o que ele foi capaz de fazer. Tentar tirar a própria vida é um ato de uma pessoa completamente fora de si, mesmo que o que ele tenha feito tenha sido pra chamar minha atenção.
Logo depois minha mãe explicou ao médico o que havia acontecido. Dele não se conformar com o término do nosso relacionamento, as coisas ficaram um pouco mais claras.

O médico os explicou que Ele não teve nenhum ferimento que pudesse causar algum mal a ele, nenhum mesmo e eu não quero saber o que ele tenteou, mas que a intenção de chamar a atenção de alguém por meio deste ato é muito comum em pessoas que se sentem rejeitadas por parceiros, pela família, e que ele deveria procurar ajuda psicológica.

Saber que eu sou a causadora disso me deixou péssima. As circunstâncias em que ocorreram nosso término não foi nada propício para a saúde mental dele.
Me ver junto ao Marcos foi pior ainda.

Droga, O Marcos! Ele deve estar me odiando.
Resolvo ligar, a essa hora ele já deve ter chegado de viagem. Queria ter ido encontrar com ele, mas não daria. Estou um pouco mais próxima do Ramon para que ele não tente algo novamente, a pedido dos seus pais.
O telefone chama inúmeras vezes até cair na caixa postal.
Encaminho uma mensagem.

"Amor, você já chegou né? Queria ter ido te encontrar. Quando você puder conversar, me liga."

Deixo o celular sobre a mesa do meu quarto achando que não viria uma resposta, mas imediatamente ele toca.

"Cheguei sim. Obrigado por perguntar e obrigado por me informar sobre o que aconteceu. Fiquei
Sabendo pela mídia."

Ah não! Ele está chateado! Mas claro que está! Eu devia ter dito pra ele, mas não podia. Eu não sabia a gravidade da situação.

"Eu disse que te contaria quando chegasse. Não queria preocupar você."

"Claro que não. Só fiz papel de idiota. Estou cansado. Depois nos falamos."

Ah meu Deus! Mais um problema! Como se não bastasse a situação em que eu me encontrava.