You belong with me. escrita por Isa


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Oie Gleeks ♥
Essa é uma one-shot de um dos meus OTP’s de Glee, o ship mais injustiçado, mas amado por muitos: Faberry.
É minha primeira história sobre elas e eu espero realmente ter conseguido fazer isso direito, porque amo demais esse "casal".
Enfim, sweeties, a história se passa no mesmo universo alternativo de outra one-shot minha sobre o Kurt e o Sam (https://fanfiction.com.br/historia/722342/Just_the_way_you_are/capitulo/1/). Não é necessário lê-la para entender essa aqui, mas eu recomendo fortemente porque está muito fofa, mesmo para quem não shippa. :3
E há menção de um beijo entre os dois aqui.
Só mais uma coisa... Finchel shippers e fãs do Finn, recomendo que fiquem bem longe dessa one-shot. Porque não somente o seu OTP será destruído, como eu demonstrei todo o meu "amor" pelo falso herói de Glee.



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Status é como dinheiro. Quando sua conta está cheia, você pode fazer – praticamente – qualquer coisa.  Quinn Fabray sabia disso como ninguém e estava desfrutando dos benefícios que estar de volta às Cheerios, tomando de Santana a liderança da equipe, trazia. O ano anterior havia sido difícil, com toda a história da gravidez e seus supostos amigos populares sendo frios e cruéis como foram.  Felizmente, teve o Clube Glee para se apoiar e isso tornou a coisa toda muito mais fácil.

Dessa vez, a loira aproveitaria sua segunda chance para fazer dar certo. Usaria de sua recém-reconstruída reputação de HBIC¹ para conseguir sua tão sonhada coroa de Rainha do Baile, se dedicaria ao máximo nos estudos e permaneceria solteira, mesmo que isso pudesse prejudicá-la em sua campanha. Concorrer sem um Rei seria difícil... Mas daria um jeito!

Após o nascimento de Beth, o fim de seja lá o que tivesse com Puck e levar um fora de Finn ao final da semana da Britney (quando nem ao menos o queria e estava apenas fazendo um favor para a namorada dele), não foi muito difícil concluir que talvez devesse dar um tempo de namoricos colegiais.

Bem, tinha esse garoto novo, o Sam, que era um fofo – apesar de fazer aquela coisa estranha de elogiá-la em Na’vi, a língua de Avatar – e fazia parte tanto do time de futebol quanto do Clube Glee, o que o fazia o partido perfeito, contudo, estava certa de que um garoto não era o que ela precisava.

Suas necessidades incluíam encontrar uma maneira de fazer Santana deixá-la em paz e descobrir novas formas de torturar Rachel Berry...

Rachel.

De longe, a pessoa no coral que mais lhe despertava sentimentos contraditórios. E olha que o grupo contava com a presença ilustre de sua “animiga”, Santana Lopez.

Embora ela se esforçasse muito para fazer parecer que sim, Finn não era o que a instigava a agir como agia com a pequena judia.  É claro, a combinação “Finchel” a desagrava profundamente, mas não pela razão que todos imaginavam. O problema não era seu ex-namorado.

Era tudo sobre a Berry! Fora desde o começo e continuava sendo. Vê-los juntos a enfurecia, todavia, não porque sentia ciúmes do Finn, ou qualquer besteira dessas. Ela não o queria para si novamente. Fabray não desejava mais voltar com o ex-quarterback. E a culpada disso era a morena.

Quinn já a perturbava bem antes do Sr. Schue assumir o Clube Glee, postando comentários ofensivos em sua página do MySpace e fazendo desenhos pornográficos da mesma nas paredes do banheiro feminino.  Tudo isso quando Finn Hudson nem ao menos estava no “radar” de Rachel. 

E por quê?

Porque Quinn a odiava! Odiava seu péssimo senso de moda e a maneira como era arrogante, sua personalidade forte e ambiciosa e seu maldito talento. Odiava a insistência da judia em querer ser sua amiga e a maneira como ela era capaz de fazê-la se sentir. Odiava não conseguir parar de observá-la e admirá-la à distância, em segredo. Odiava ouvi-la cantar, porque isso a cativava de uma forma que não conseguiria pôr em palavras, por mais que tentasse. E, mais do que todas as outras coisas, odiava saber que todas as canções de amor eram dedicadas a Finn e que jamais seriam para ela.

Quinn odiava estar apaixonada por aquela anã petulante e insuportável e não conseguir se livrar desse sentimento.

Ninguém sabia. Nem mesmo Britt, Santana, ou Kurt, que seriam capazes de entendê-la. Era somente ela, brigando sozinha contra algo que não fazia ideia de como solucionar.

Ela havia evoluído muito – graças ao Clube Glee – a desconstruir alguns preconceitos provenientes de sua criação conservadora, porém, isso não significava que ela se sentia emocionalmente preparada para admitir que, talvez, pudesse gostar de garotas. Muito menos fazer um anúncio público de sua paixão pela co-capitã do Novas Direções. Mas se nem Santana, que consumava seu amor por Brittany, estava, ninguém podia culpá-la.

Considerando sua história, sair do armário antes do fim do Ensino Médio jamais seria uma opção viável. Não se tratava apenas de sua reputação... Bem, até que sim, no entanto, seria estupidez arriscar algo que se esforçava tanto para manter, por algo que nem ao menos aconteceria. Doía admitir, mas era verdade. Finchel estava ali, sendo um casal apaixonado, que fazia questão de reafirmar isso sempre, em seus insuportáveis duetos semanais.

Mal podia esperar para saber como os dois encontrariam uma forma nova de fazê-la querer vomitar na tarefa daquela semana do Clube Glee, que era justamente sobre isso... Duetos. Cada dupla deveria fazer sua apresentação e, no fim, todos votariam e os vitoriosos ganhariam um jantar com tudo pago no Breadstix.

Se fosse escolha do Sr. Schue, eles com certeza ganhariam. Eram como os “queridinhos” do professor, até certo ponto. Porém, a decisão final seria do grupo. E um dueto entre os dois não traria nenhuma novidade, ou seria minimamente impressionante. Todo mundo os ouvia cantar em conjunto o tempo inteiro.

Mesmo que a voz de Rachel fosse extraordinária, a de Finn não se comparava e era isso que tornava suas parcerias musicais tão maçantes e previsíveis. Infelizmente, Will Schuester não pensava assim...

Já Quinn, sequer se apresentaria àquela semana. Graças ao imbecil do Puckerman ter tido a ideia “genial” de roubar um caixa e acabando por ser preso, o número de integrantes do coral ficava ímpar, logo, alguém não teria com quem formar dupla. Neste caso específico, havia sido ela.

— Você não pode estar falando sério! – a Fabray parou de andar ao ouvir a voz exaltada de Finn exclamar.

Então, uma Rachel Berry caminhando a passos largos e apressados – como sempre fazia quando algo a irritava ou a deixava extremamente determinada – passou por ela, sendo seguida pelo ex-quarterback.

— Me deixa em paz, Finn. – a morena requisitou.

— Qual é, Rach, você não tem por que ficar brava comigo. – ele pôs as mãos no bolso e suspirou. – Você mesma disse que nós precisamos do Sam se quisermos vencer as Nacionais. Como espera que façamos isso, se ele for obrigado a sair do Clube Glee? Porque é o que vai acontecer, quando o Karofsky e os outros souberem que ele foi até o final com essa história de cantar com o Kurt.

— Não tente mascarar a sua homofobia de preocupação com a equipe! – Rachel bradou, parecendo mesmo irritada. – Nós precisamos que o Sam continue na equipe, sim, mas a melhor forma de fazermos isso é mostrando que lá aceitamos uns aos outros por quem somos e você está mostrando exatamente o contrário.

— Ei! Eu não sou homofóbrico. – Finn se opôs.

— Se diz “homofóbico”. Sem o “r”. – a judia o corrigiu e ele franziu o cenho, claramente confuso. – Tanto faz. Olha, se você diz isso, ótimo, significa que sabe que é errado e já é meio caminho andado. Mas se você não é, pare de agir como um.

— Isso é inacreditável. Todo mundo fica o tempo todo me pressionando para ser um líder e quando eu faço algo em prol da equipe, agem como se eu fosse o vilão da história! Até a minha namorada, que deveria me apoiar! – ele esbravejou. – É assim que quer fazer, Rachel? Ótimo. Mas saiba que se perdermos as Nacionais, será sua culpa!

“Que imbecil!” pensou Quinn, voltando a seguir seu caminho, cansada daquela cena asquerosa. Não sabia ao certo o que ele havia feito com Sam e Kurt, mas não era novidade para ninguém que Finn tinha alguns problemas com a sexualidade do futuro irmão. E, não somente se negar a aceitar o erro, como tentar justificá-lo como sendo a atitude de um líder, o fazia soar patético, na opinião da líder de torcida.

***

As vozes de Mercedes e Santana cantando River Deep, Mountain High ecoavam pela sala do coral, impressionando – e invejando – os membros do Novas Direções. Quinn “dançava” balançando os ombros, sorrindo empolgada com o desempenho das colegas. Ao fim da apresentação, uma salva de palmas foi ouvida, juntamente de uma série de elogios das demais duplas e assim que as garotas voltaram aos seus devidos lugares, Will Schuester se levantou. Porém, antes mesmo que ele pudesse dizer qualquer coisa, foi interrompido:

— Sr. Schue! – era Rachel, com a mão direita levantada e determinação transbordando em seu olhar. – Eu tenho um anúncio a fazer.

— Ninguém se importa, Berry. – ralhou Santana, revirando os olhos.

— Santana! – o professor a repreendeu, fazendo com que a Fabray deixasse um riso baixo escapar. – Vá em frente, Rachel.

Quinn acompanhou a judia com o olhar, até que ela ficasse à frente do professor e começasse a falar:

 – Como todos sabem, eu tinha um parceiro de dueto. Mas após eu ficar sabendo que ele passou os últimos dias importunando o nosso novo membro, Sam, para que ele não cantasse com o Kurt, porque prejudicaria a sua reputação, não pude conter a minha decepção. Tendo dois pais, esse é o tipo de coisa que eu não posso aceitar! Então estou me retirando da competição.

A loira arqueou a sobrancelha, em um misto de surpresa e entendimento. Então fora essa a razão da discussão de seu casal “favorito”. Não podia dizer que esperava menos, o Finn realmente era um idiota. Mas... Rachel desistir de uma disputa? Isso sim era inesperado.

— Você não pode fazer isso. Não tem graça ganhar sem ganhar de você! – Mercedes exteriorizou.

— Mas eu não posso cantar com o Finn, não seria certo. – a baixinha murmurinhou. – Sr. Schue? – olhou para o professor. – Eu posso participar cantando sozinha?

— É claro que não. – Santana respondeu pelo professor, indignada. – É uma competição de duetos, Berry. Como você pode fazer um dueto sozinha? É como uma masturbação vocal.

— Com quem eu cantaria então, Santana? – perguntou. – Todos já têm dupla.

E Quinn não pensou duas vezes antes de agarrar-se à oportunidade que lhe foi dada:

— Nem todos. Eu canto com você, Berry.

— Isso é sério? – Os olhos castanhos recaíram sobre ela e a Fabray precisou se esforçar muito para não esboçar um sorriso. Já fazia um tempo que queria cantar com a futura diva da Broadway e estava apenas esperando por um momento que não parecesse tão estranho. Claro que ela não diria isso, no entanto. Por isso, somente deu de ombros. – Por que você faria isso?

— Eu quero participar e também quero aquele jantar no Breadstix. E... Bem, já que você não vai cantar com o Finn, achei que seria uma boa oportunidade. Você é completamente insuportável, mas não posso negar que é talentosa. – Quinn se explicou, dizendo a primeira coisa que lhe veio à mente.

Quando Rachel sorriu, o coração da HBIC falhou uma batida. “Tão malditamente linda...” era tudo o que conseguia pensar.

***

Dizer que a loira estava nervosa seria um eufemismo. Iria, pela primeira vez, à casa dos Berry, para que ela e Rachel escolhessem o que cantariam e começassem a ensaiar, o que exigiria muito de seu autocontrole. Mesmo na escola, estar perto da morena era difícil. Como na vez em que, algumas semanas atrás, ela decidiu aparecer no McKinley fantasiada de Britney em “Hit Me Baby One More Time”. Uma excelente forma de, mesmo que não propositalmente, enlouquecer a Fabray.

Assim que desceu do carro, contou mentalmente de zero a dez antes de tocar a campainha. Quando a porta foi aberta, viu uma Rachel Berry sorridente. A maneira como a judia estava lidando com a ideia de fazerem um dueto juntas era estranha, mas boa. Era quase como se ela quisesse cantar com a Cheerio, tanto quanto a mesma queria cantar com ela...

— Olá, Quinn! – Berry saudou, abrindo espaço para que ela entrasse. – Como vai?

Oi. – a Fabray evitou demonstrar emoção, porém, não foi ríspida ou indiferente, como sempre se esforçava para ser. – Bem e você?

— Bem também. – sorriu. – Vamos subir?

Quinn assentiu, seguindo-a. Olhava ao redor, procurando pelos pais de Rachel e não os vendo em parte alguma.

— Seus pais saíram? – se viu perguntando.

— Sim, foram resolver algumas coisas, mas logo estarão de volta. – a morena explicou. – Eles são incríveis. Você vai amá-los, tenho certeza. Mesmo que não goste muito de mim...

Ver a expressão triste que lhe foi direcionada fez Quinn se sentir péssima. Ela sabia como conseguia ser uma verdadeira megera com a garota a sua frente, mas ouvi-la dizendo tais palavras, tão dolorosamente, partiu seu coração. E, antes que pudesse pensar sobre, se viu dizendo:

— Isso não é verdade, eu gosto de você.

— G-Gosta? – Rachel se virou, com os olhos cheios de expectativa.

— Sim, eu gosto. – Quinn não conseguiu não sorrir. – Você é legal, quando não está tendo um dos seus ataques de diva, é claro.

Rachel devolveu o seu sorriso e pareceu tão contente com aquilo, que o peito da Fabray se encheu de alegria e orgulho. “Sua” garota não estava sorrindo por causa de Finn, ou de ter ganhado outro solo no Clube Glee, mas sim porque ela a tinha feito sorrir.

— Agora vamos logo com isso, eu não tenho a noite toda. – a líder de torcida falou, cortando o momento.

Berry então a levou até o seu quarto, que era exatamente como a loira havia imaginado. Cheio de pôsteres da Broadway e fotos do Clube Glee reunido e de Finn. O que lhe chamou atenção foi a grande estrela dourada colada na parede, representando bem a personalidade da garota.

— Então... O que vamos cantar? – Rachel questionou, quando se sentaram na cama, lado-a-lado.

— Eu achei que você pensaria nisso. – Quinn alegou e a morena murmurou um “sinto muito”. – Está tudo bem. O que você e o Finn iriam cantar?

— Don’t Go Breaking My Heart, do Elton John.

Uh, okay. – “Previsível” foi o que quis dizer, no entanto. – Uma canção de amor.

— É. – Rachel riu, nervosamente.

— Não seria muito estranho?

— Por quê? – a judia interpelou, com a maior naturalidade do mundo. – As melhores músicas são sobre isso. E River Deep, Mountain High também é, mas não impediu que a Santana e a Mercedes cantassem.

— É, acho que você tem razão. – Quinn assentiu, mesmo que ainda um pouco incerta. A ideia de cantar uma música romântica com Rachel era – muito – tentadora, mas ela temia deixar seus sentimentos transparecerem. Porém, a chance de poder, mesmo que indiretamente, expressá-los acabou a convencendo. – Tudo bem, Rach, podemos fazer um dueto romântico, mas não com essa música.

— Oh, claro que não com essa! – Rachel se levantou, repentinamente. – Precisamos de algo que fique perfeito em duas vozes femininas e... Você me chamou de “Rach”?

— É... – Quinn riu, coçando a nuca, tímida. – Sinto muito.

— Sem problemas, Quinnie! – Berry disse, soando bastante empolgada. – Vamos escolher a música...

— Claro.

As duas então engataram uma conversa, tentando decidir o que cantariam. Entre inúmeras sugestões e risadas, Rachel se calou, repentinamente, observando-a com... Admiração?

— O que foi? – a Cheerio quis saber, ruborizando com a intensidade que a pequena diva a encarava.

— Nada, eu só estava pensando... – Berry respondeu, sorrindo. – Em tudo o que aconteceu conosco no ano passado e como as coisas mudaram. E agora... Somos meio que amigas, ‘né?

Meio. – a loira sorriu de volta, feliz por finalmente terem se resolvido e disposta a tentar uma amizade, mas também um pouco apreensiva quanto a isso. Afinal, ser amiga de Rachel não era bem o que ela queria...

A morena continuou olhando-a por mais alguns segundos, até que ouviram a versão de Don’t Rain On My Parede que ela havia performado nas Seccionais do ano anterior. Quinn gargalhou alto ao vê-la atender o celular. Era tão a cara de Rachel por a si mesma cantando como toque... No entanto, a alegria da Fabray durou pouco, pois a ouviu murmurar “Finn”, antes de sair do quarto, provavelmente em busca de privacidade.

Rachel levou cerca de dez minutos para retornar e, durante esse tempo, a loira pôde ouvi-la gritando coisas que não conseguiu entender bem e preocupada, Quinn não pôde deixar de perguntar:

— O que ele queria?  

— Conversar. – a líder de torcida ergueu as sobrancelhas ironicamente, como se dissesse: “Jura?”. – Fazer as pazes. – a judia consertou. – Mas acho que está bem na cara que não deu certo.

— E por que não?

— Porque ele é um idiota! – Rachel exclamou, esmorecida. – Insiste nessa história ridícula de que fez o que fez pelo bem do time, em vez de demonstrar algum arrependimento...

— Não posso mentir e dizer que estou surpresa. – a Cheerio reconheceu, passando os braços ao redor dos ombros da garota que voltava a se sentar, em uma tentativa de reconforta-la. – Rach, seja sincera... Você realmente acredita que o Finn seja o amor da sua vida?

— E-Eu... Não sei. – a baixinha se permitiu confessar. – Quando eu o vi no primeiro ensaio do Clube Glee, foi como se eu o pusesse em um pedestal e desde então eu passei a querê-lo tanto, que mesmo quando ele partia o meu coração, continuava sendo especial. Depois, veio o Jesse e eu pude, por um curto período de tempo, experimentar o romance épico que eu sempre quis. Mas assim como eu sempre estava por perto quando vocês dois namoravam, o Finn não desistiu...

— É, eu me lembro dele cantando Jessie’s Girl. – Quinn comentou.

— Sim! Mas a questão é... Eu nunca realmente o superei. E quando o Jesse e eu terminamos, ele estava lá e... Eu não sei, acho que acabei pondo mais uma vez todas as minhas expectativas nisso. – Rachel prosseguiu. Então, ela baixou o tom de voz, como se o que dissesse fosse um segredo inconfessável: – Mas eu estou começando a ver que, talvez, ele não seja quem eu pensei que fosse.

Quinn suspirou longamente, sem saber o que falar.

— Eu sei que você não entende. – a morena afirmou, sem olhá-la. – Você nunca o amou de verdade, afinal de contas.

— Não, eu não amei. Não como você o ama. – Quinn corroborou. – Mas... Independente do quão forte seja isso que você sente, eu não acho que ele seja o certo ‘pra você.

— Não é como se eu tivesse muitas opções...

— Está vendo? – Quinn interpelou, se levantando. – Esse é o problema. Ele te faz sentir como se ele fosse o único capaz de te amar, de te fazer sentir especial. Mas, bem lá no fundo, você sabe que não é verdade. Você é sempre tão ambiciosa, Rach, não pode ficar com alguém que te faça sentir mal e depois, resolva tudo cantando ou dizendo palavras bonitas.

— Eu não sou você, Q. – exprimiu, agora olhando diretamente para a garota a sua frente. – Eu não sou tão bonita, ou tenho todos os garotos do colégio aos meus pés, ou...

— Pare. – a Fabray cortou. – Não se compare comigo, ou com qualquer pessoa. Eu... Eu sei que já te diminuí muitas vezes, que já fui uma idiota, mas... Os apelidos, os comentários cruéis na sua página do MySpace... Nada disso era verdade! – voltou a se sentar, tocando a mão direita de Rachel com a sua. – Você é incrível. Eu te admiro. Sua ambição, sua coragem... Por favor, não deixe um garoto te definir.

— Q-Quinn... – um brilho passou pelo olhar de Rachel. – Você realmente me admira?

— Sim. – a Cheerio asseverou, entrelaçando seus dedos. – Mais do que imagina...

— O que isso quer dizer?

Quinn engoliu em seco. Sabia que não deveria, mas precisava tentar. Ao menos uma vez... O que tinha a perder, afinal? Berry não contaria a ninguém, ela não a exporia dessa forma – embora tivesse contato a Finn sobre a paternidade de Beth, eram situações completamente diferentes – e, se a rejeitasse, não deixaria de querer ser sua amiga. Com isso em mente, ela avançou se aproximando lentamente da judia, como se quisesse dar a ela o tempo necessário para se afastar ou fugir. Não aconteceu. Rachel permaneceu ali, onde estava e acariciou as costas da mão da loira com o polegar, enrubescendo quando os rostos estavam próximos o suficiente para que suas respirações se misturassem.

No momento em que seus lábios se tocaram, foi como se o seu coração gritasse “finalmente!” e, a melhor parte era que sentia como se o da outra garota fizesse o mesmo. O beijo mesclava urgência e delicadeza, em suas perfeitas medidas. Era a primeira experiência de ambas com o mesmo sexo, mas estava sendo, de longe a melhor. Sem Finn, Puck, Jesse ou qualquer outro garoto. Apenas as duas, ali, se beijando intensamente como se nada – ou ninguém – mais importasse.

Porém, nada é perfeito e os pensamentos culposos não tardaram a invadir os pensamentos de Rachel Berry...

— Oh, meu Deus! – ela exclamou, afastando-se da Fabray abruptamente. – O que acabamos de fazer? O que eu acabei de fazer? Como eu vou esconder isso do Finn? E se ele descobrir? Ele vai me odiar, ele...

Antes que ela pudesse finalizar sua última sentença, Quinn a puxou pela cintura, capturando seus lábios mais uma vez, no intuito de calá-la. E funcionou. Como se o seu “surto” nunca tivesse acontecido, Berry correspondeu ao novo beijo, com uma necessidade que até então desconhecia.

Longos e maravilhosos minutos se passaram com as duas se beijando, até que Quinn separou-se dela, dando-lhe vários selinhos no processo.

— Mais calma agora? – a Cheerio perguntou, em tom divertido. Rachel apenas assentiu. – Nossa, Berry, quem diria? Quinn Fabray te deixou sem palavras... – disse, provocativa.

— Como consegue estar tão calma? – Rachel perguntou.

— “Calma”? Não. Eu estou surtando, Rach. – Quinn riu.  – Mas também estou muito feliz, porque eu estive esperando por isso a um longo tempo...

— Esteve? – Rachel se surpreendeu com a confissão. A Fabray murmurou um “uhum”. – Isso significa que você gosta de mim?

— Talvez. – a loira mordeu de leve o lábio inferior e viu o olhar da menor se fixar ali. – Acha que eu gosto de você, Berry?

— Você admitiu mais cedo, Fabray. – a judia devolveu no mesmo tom. – Só não imaginei que fosse nesse sentido.

Quinn sorriu com ternura e disse:

— Você não faz ideia do quanto eu gosto de você, Rach.

— E-Eu... – Rachel corou, desviando o olhar. – Acho que gosto de você também.

— Acha? – Quinn perguntou, pondo uma das mãos no rosto de Berry, fazendo com que ela a olhasse e a deixando mais vermelha do que já estava, se é que isso era possível. – O que você sente?

— Não faço ideia. – Rachel reconheceu. – Eu sempre te admirei, mesmo com toda a nossa “rivalidade”. – fez aspas com os dedos. – Você é a garota mais bonita que eu conheço, Quinn, mas também é muito mais do que isso e... Não teria como eu não me sentir atraída. Mas depois disso...

— Ei, está tudo bem. Você não precisa saber, ainda. – a Fabray disse, na intenção de tranquilizá-la. – E... Você ainda tem o Finn, afinal de contas.

— Droga. O Finn. – a morena se jogou na cama, suspirando. – Eu tinha me esquecido dele por um minuto.

Quinn quis rir, mas em respeito à confusão emocional da outra não o fez. Em vez disso, afirmou:

— Eu não me importo de esperar pela sua resposta. Tome o tempo que precisar... – fez uma pausa, analisando a expressão de alívio da outra. Se fosse Finn em seu lugar, ele a teria pressionado, deixando-a ainda mais confusa. – Mas eu acho que tenho a música perfeita para o nosso dueto.

***

Quinn assistia às investidas de Finn para com Rachel com uma única palavra em mente: “patético”. Ele deveria, pelo menos, perceber que ela precisava de um pouco de espaço. Ao mesmo tempo, isso também a preocupava um pouco, porque tamanha insistência poderia acabar influenciando a garota a tomar uma decisão precipitada... Claro que, se ela escolhesse permanecer com o ex-quarterback, Quinn respeitaria, por mais que doesse. No entanto, como dizia a música que cantariam naquele dia, o lugar de Rach era com ela.  

— Novas Direções! – Willian Schuester entrou na sala, saudando-os. – Hoje teremos uma parceria inusitada aqui no Clube Glee, huh? Quinn e Rachel, venham aqui. – elas o fizeram. – Estou muito empolgado em vê-las deixando as diferenças de lado e trabalhando em equipe, finalmente, meninas!

— Também estamos muito felizes com isso, Sr. Schue. – afirmou Rachel, olhando a mais alta com certa... Adoração. – Podemos ser as primeiras a nos apresentar?

— Claro! – o professor disse, indo se sentar ao lado de Mercedes.

Rachel mandou a banda começar a tocar e o ritmo country pop se espalhou pela sala do coral. Santana, que logo de cara reconheceu a música, olhou para Quinn inquisitiva, mas a Fabray apenas a ignorou e começou a cantar.

Quinn:

You're on the phone with your boyfriend, he's upset

He's going off about something that you said

'Cause he doesn't get your humor like I do

Ela olhou para Rachel e a garota a observava se mover pela sala, em passos lentos. Prosseguiu:

I'm in my room, it's a typical tuesday night

I'm listening to the kind of music he doesn't like

And he'll never know your story like I do

Berry “correu” para o lado dela e deu início a sua parte.

Rachel:

But she wears short skirts, I wear t-shirts

She's cheer captain and I'm on the bleachers

Quinn sorriu para ela e a acompanhou.

Quinn:

Dreaming about the day when you wake up and find

That what you're looking for has been here the whole time

As duas então deram as mãos e nesse ponto a atenção de todos ali pareceu se focar naquele simples gesto.

Quinn & Rachel:

If you could see that I'm the one who understands you

Been here all along, so why can't you see me?

You belong with me

You belong with me

Rachel:

Walk in the streets with you and your worn out jeans

I can't help thinking this is how it ought to be

Laughing on a park bench thinking to myself

“Hey, isn't this easy?”

Quinn percebeu o olhar confuso de Finn sobre elas e aparentemente Rachel fez o mesmo, pois soltou sua mão no mesmo instante. A Fabray suspirou, desapontada.

Quinn:

And you've got a smile that could light up this whole town

I haven't seen it in a while since he brought you down

You say you're fine, I know you better than that

Hey, what are you doing with a boy like that?

Rachel:

She wears high heels, I wear sneakers

She's cheer captain and I'm on the bleachers

Quinn: Dreaming about the day when you wake up and find

That what you're looking for has been here the whole time

Quinn & Rachel:

If you could see that I'm the one who understands you

Been here all along, so why can't you see?

You belong with me

Quando a morena se afastou, Quinn foi atrás dela, olhando-a nos olhos enquanto cantava.

Quinn:

Standing by and waiting at your backdoor

All this time how could you not know, baby?

Quinn & Rachel:

You belong with me

You belong with me

Elas estavam cada vez mais próximas e Rachel ruborizou, sentindo a intensidade do olhar de Quinn.

Rachel:

Oh, I remember you driving to my house

In the middle of the night

Quinn:

I'm the one who makes you laugh

When you know you're 'bout to cry

Rachel:

And I know your favorite songs

And you tell me about your dreams

Quinn:

I think I know where you belong

I think I know it's with me

Quinn & Rachel:

Can't you see that I'm the one who understands you?

Been here all along, so why can't you see?

You belong with me

Quinn se pôs atrás de Rachel, pegando em sua mão direita e fazendo com que ela “rodopiasse” em torno de si mesma. Sorriam como nunca antes e se sentiam de volta ao quarto da morena, onde haviam tido os melhores beijos de suas vidas.

Standing by and waiting at your backdoor

All this time how could you not know, baby?

You belong with me

You belong with me

You belong with me

Have you ever thought just maybe

You belong with me

You belong with me

— Uau, meninas! – o Sr. Schue se levantou, aplaudindo-as. – Vocês foram fantásticas. Quem diria que tinham tamanha química musical?

— É, vocês foram muito bem. – elogiou Finn, sorrindo para elas. – Mas é claro que teria sido melhor se fosse um dueto meu e da Rach, ‘né? – olhou ao redor, sendo ignorado pelos colegas e Quinn não pôde evitar rir, sendo repreendida por Rachel.

Lady Hummel, eu lamento informar, mas a sua nova amizade acaba de perder o posto de coisa mais gay dessa sala. – Santana debochou, fazendo referência a amizade de Kurt e Sam.

— Cala a boca, Santana! – bradou Quinn. – Rach e eu só cantamos essa música porque ela já ia cantar uma música romântica com o Finn e nós só mudamos para uma em que duas vozes femininas fizesse sentido. – ela mentiu.

— “Rach”, né? – a latina insistiu da provocação, se frustrando quando a Fabray não respondeu.

A Cheerio e a judia seguiram para seus respectivos acentos, recebendo mais alguns elogios.

— Sr. Schue! – Kurt ergueu uma das mãos.

— Sim, Kurt? – o professor perguntou.

— Sam e eu podemos fazer o nosso dueto agora?

***

Ao fim da semana dos duetos, os vencedores foram Kurt e Sam, que cantaram maravilhosamente bem Just The Way You Are, do Bruno Mars. Se Quinn dissesse que estava surpresa, seria mentira. Embora ela e Rachel tivessem se saído tão bem quanto eles, o beijo entre os dois acabou dando um toque especial ao momento e, mesmo que não intencionalmente, o fator chocante lhes angariou votos.

E ela estava feliz pelos dois, de verdade.  Mas não tanto por ter perdido o jantar pago pelo Sr. Schue no Breadstix. Seria a desculpa perfeita para levar Rachel a um encontro e mostrar a ela que podia ser muito melhor que o Finnbecil, como Santana o vinha chamando recentemente. Entretanto, a judia parecia ter feito sua escolha ao permanecer com Finn na sala do coral para “ensaiar”, após a reunião do Clube Glee.

Só de pensar na ideia de ver os dois juntos mais uma vez, como se nada do que acontecera entre ela e Berry tivesse significado alguma coisa, se enfureceu, batendo com violência a porta do armário, ao fechá-lo.

— Nossa... – ouviu a voz de Rachel atrás de si. – Posso saber o que houve para estar tão irritada?

— Não foi nada, Berry. – foi fria e indiferente, provocando na judia um olhar confuso. – O que está fazendo aqui? Não estava ensaiando com o Finn?

Ah, é isso. – Rachel riu baixinho. – Sim, eu estava com ele. Mas não estávamos ensaiando.

— Me poupe dos detalhes. – pediu Quinn, enojada, começando a caminhar na direção oposta à garota.

— Não, você não entendeu. – a morena a segurou, alcançando sua mão e fazendo com que parasse de andar. – Nós não ensaiamos, porque eu terminei com ele.

— O quê? – o sorriso que a Fabray abriu não poderia ser maior. – Eu ouvi direito?

— Sim. – Rachel assentiu. – Você tinha razão, não é porque ele é o meu primeiro amor, que eu deva ficar acorrentada a ele pelo resto da minha vida. E, sendo honesta, eu ainda não tenho certeza do que é que sinto por você, mas... Eu quero tentar!

— De verdade? – ela precisou de uma confirmação e Rachel balançou a cabeça positivamente. – Eu estou tão feliz!

Então, rodeou a cintura da pequena diva com seus braços e a abraçou, carinhosamente. Rachel retribuiu o gesto e assim ficaram, abraçadas, por um tempo indeterminado.

— Que horas você me busca para irmos ao Breadstix? – Berry questionou, de repente, quando já tinham se separado.

— Rach, nós perdemos a competição, lembra?

— E daí? – Rachel disse, com sua típica determinação. – Isso não significa que não possamos jantar lá.

— Vai ser tipo um encontro? – a loira quis saber, com a sobrancelha arqueada.

— Não. – Berry negou, sorrindo amplamente. – Será exatamente um encontro.

É, quem diria que uma semana que começara como qualquer outra, traria uma mudança tão significativa para a vida de Quinn Fabray? Lá estava ela, no corredor principal do McKinley, não desfilando com seu uniforme das Cheerios, mas frente à frente com a garota que gostava, combinando os detalhes de seu primeiro encontro...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Bom? Ruim?



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