50 Tons de Mentiras escrita por Carolina Muniz


Capítulo 32
Capítulo 31




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⚠️Gatilho⚠️

••
Por que você está se machucando? Você vai me machucar.

— Desconhecido.

●●●

Ana não deixou o celular tocar mais que cinco segundos, e então deslizou o ícone verde na tela.

— Amiiga - era a voz de Mia, e o coração de Ana voltou ao normal.

— Oi, Mia - saudou, tentando disfarçar a decepção, levantando-se da cama, logo seguindo para o banheiro anexado no quarto.

— Está tudo bem? Você está com uma voz estranha...

— Eu acabei de acordar, estou meio dormindo ainda - enrolou.

— Tudo bem. Então, você esta vindo para cá? Vamos nos arrumar juntas.

Ana nao se preocupou em fechar a porta do banheiro, apenas seguiu para o box e ligou o chuveiro para dar tempo da água esquentar e "fritar" sua pele como Kate dizia.

— Desculpe, Mia, Linc já preparou o barco para a virada, acabou de me dizer.

— Ah, qual é? Vem para cá, sua mãe vai vir.

— É serio, não da, eu vou amanha, ta? Nós podemos ver um filme ou alguma coisa.

— Entendi... tudo bem. Nós fazemos uma tarde das garotas amanha.

Ana colocou o celular no viva voz e começou a se despir.

— Isso. Mas então, por que exatamente você está com o celular do Christian? - questionou.

— Ele deixou de bobeira e eu peguei. Vocês não mandam mensagem um para o outro nunca, mas tem um monte de ligações, hein - falou a outra, fazendo Ana arregalar os olhos.

— Hey! Para de invadir a privacidade do seu irmão desse jeito.

— Faço mesmo, tenho que saber o tipo de coisa que ele anda fazendo por aí. Se vocês já deram algum passo...

Enquanto Mia tagarelava Ana percebeu que não havia contado nada a garota, nada do primeiro beijo, do segundo, do terceiro... da noite em que passou no apartamento do outro, do motivo de ela ser tao na defensiva com ele, sobre as conversas... Ela nunca contava nada para Mia, e mesmo assim a garota lhe dizia tudo, era sempre prestativa e nunca se irritava.

Ana voltou a escutar a garota com atenção quando a mesma falou sobre o quanto Ana precisava se atirar, precisava se jogar em cima do irmão porque o mesmo não tomava uma atitude.

— Mia, Mia - Ana a interrompeu. - Eu entendo que você tem esse fetiche de querer que eu e seu irmão fiquemos juntos, mas precisa parar de se meter assim, vai acontecer o que tiver que acontecer, na hora que tiver que acontecer. Sem contar que não é a hora, eu estou cheia de coisa...

— Espera, voce não negou! Ah, voce sempre nega, sempre diz que nunca vai acontecer.

Ana revirou os olhos e bufou. Encarou a si mesma nua no espelho e balançou a cabeça.

— Preciso tomar banho, Mia, tchau - declarou.

— Não, você não vai...

A frase da garota fora cortada pela atitude concretizada de Ana.

— Eu te adoro, amiga, mas tem hora que você passa dos limites - a morena sussurrou para o nada.

— Falando sozinha? - dessa vez era a voz de Elena, entrando no banheiro.

Ana se virou rapidamente, pegando uma toalha em cima do balcão e tampando seu corpo.

— Não bate mais na porta? - Ana ralhou.

— O que poderia estar fazendo que eu não posso ver? Eu queria saber se precisa de ajuda - a loira falou.

Ana bufou.

— Só preciso que saia para eu poder tomar banho - resmungou a garota.

— Tudo bem - a loira levantou as mãos em rendição. - Eu vou esperar no quarto. Comprei-lhe uma roupa - falou enquanto ja caminhava para fora do banheiro, encostando a porta atras de si.

Ana expirou fundo e então se voltou para o banheiro. Dia cheio demais para uma pessoa só.

Ela nao se demorou no banho, lavou o cabelo rapidamente, se secou com a toalha e amarrou outra nos fios molhados. Tomou seus remedios do horario e seguiu para o quarto, perdendo as esperanças ao encontrar Elena sentada em sua cama.

A mulher havia colocado uma saia e uma blusa body sobre o colchao, tambem colocara scarpins brancos e um blazer da mesma cor.

— Espero que goste, acho que é o seu estilo. Sua amiga Katherine me ajudou. Um pouco a contra gosto - riu sem humor a loira. - Ela te conhece muito mellhor do que eu.

Kate?

— Uhum, é linda - disse Ana, engolindo em seco em seguida. - Mas eu tenho roupas, nao era preciso comprar nada para mim.

— Eu quis agradar, por favor, pode apenas aceitar e usar essa noite?

Ana levantou uma das sobrancelhas enquanto retirava a toalha amarrada no cabelo.

— Achei que fosse ficar com os Grey hoje - falou.

Sinceramente, ela havia gostado da ideia de nao ter Elena aquela noite. Ela amava os fogos da chegada de um novo ano, nao queria ser  incomodada pela sensação ruim que lhe tomava toda vez que tinha a mulher por perto.

— Não irei com vocês, mas isso não quer dizer que eu não queira que use um presente meu.

Ana não respondeu, apenas se voltou para o espelho, logo começando a secar seu cabelo. Não demorou para Elena se levantar e sair do quarto após alguns minutos lhe encarando.

A morena nao tinha mais nada para dizer, era isso.

Logo Ana fez sua maquiagem, escovou seu cabelo e colocou a bendita roupa de Elena.

Era mesmo bonita, Kate era a melhor. Não demorou muito para que descesse as escadas e encontrasse a loira já arrumada, com a cara emburrada e os braços cruzados. A garota nao queria ir com Ana passar a virada na marina, tinha batido o pé dizendo que ficaria em casa, que nao iria atrapalhar o momento dela com o pai. Ana esqueceu de como ser gentil e simplesmente explodiu para cima da garota sobre o fato de que ela nunca atrapalharia nada em sua vida.

Kate era o seu pontinho de acesso para uma vida mais suportável.

Ana teve bastante tempo para lidar com suas próprias consequências de vida, seus próprios demônios e passado conturbado. Ela teve tempo. Mas nunca quis usá-lo de verdade. Ela sempre usava um escape, fosse a bulimia, a raiva pela mae ou Kate. Ana sempre foi de momento. Ela colocava tudo no fim da sua mente, todas as questões, todas as escolhas que tinha que fazer, ela as colocava no fundo do baú e esquecia que existiam. Vivia o momento. Ela tinha tempo. Até não ter mais. De qualquer forma, por mais egoísta que fosse, não estava pronta para deixar seu escape.

Como ela havia parado naquele lugar não sabia.

O ano chegou, coisas novas chegaram... uma bateria de exames, problemas em se relacionar com os remédios porque aparentemente seu corpo recusava todos eles... Um novo chegou, coisas novas chegaram.

Sabe quando dizem que o tempo é majestoso?

— Ele vai precisar de alguns dias de repouso apenas, não precisa se preocupar - Kate falava, repetindo o que os médicos disseram a Ana.

Veja só, como se ela estivesse preocupada.

— Tá' - ela resmungou.

Ela nao estava preocupada, apenas era muita coisa para pouca pessoa. Christian ainda precisava ficar de repouso, ele só havia ido para casa há dois dias. Os médicos disseram que ele ao menos deveria sair, mas não tinham escolha. Ana precisava que o transplante fosse realizado.

A morena estava deitada em sua cama, em seu quarto, numa clínica especializada em casos como o seu, em Seattle mesmo. Estavam há cinco meses do casamento de Mia com Ethan, Kate estava oficialmente namorando com Elliot (desde o dia anterior na verdade) - pelo menos foi o que ele havia dito e a loira negado, mas enfim. E Ana estava ali, os médicos dando um tiro no escuro ao que ela parou completamente de responder aos remédios.

Christian havia passado por um cirurgia ha poucos dias e novamente teria um corpo estranho em contato com o seu, era sim preocupante. Grace havia garantido que estavam tomando todo o cuidado possível, que Christian havia sido veemente em concordar com todo o procedimento.

Estranhamente, Ana adquiriu uma certa sensibilidade as substâncias, mesmo que não fosse alérgica antes, de repente, agora, ela era alérgica a um milhão de coisas que compunhavam os remédios que ela precisava. Com mais urgência do que antes, ela precisava do transplante imediatamente antes que mais orgãos parassem.

Então ela estava ali, dia dois de janeiro, após um choque anafilático, tendo Kate lhe distraindo enquanto ela só conseguia pensar no fato de ao menos ter podido falar com Christian antes.

O que ela iria dizer, afinal?

Nem sabia.

Não tinha ideia.

Houve uma pausa ali. Foi estranho e ao mesmo tempo necessária. Era como se os dias começassem a passar muito depressa, mas as horas muito devagar. Como se um momento durasse a eternidade, mas os meses se passassem voando.

Foi tudo rápido e lento...

Todo aquele processo cansativo.

•••

Suja.

Era a palavra exata.

Ela se sentia suja.

Era só o que ela conseguia pensar, era tudo o que inundava sua mente enquanto ela colocava o dedo indicador bem fundo na garganta, sentindo aquela familiar e dolorosa sensação de ânsia, as comida mastigada voltando com tudo de forma nojenta e forçada. Era tão sujo. O cheiro, a cor, a sensação que tomava seu corpo, a dor no estômago automaticamente. Tudo. Tudo era totalmente sujo. Suas mãos tremiam, seu corpo inteiro tremia enquanto os jatos saíam de sua boca cada vez mais rápido, ela havia começado e era impossível parar. Não havia essa de "apenas um pouquinho". Era tudo ou nada.

Sempre fora. E ela sempre queria tirar tudo.

Ela estava evitando por semanas. Ela nem se lembrava de quando passou tanto tempo vomitar, sem forçar a comida para fora de seu corpo minutos depois dela ser digerida. Mas ela havia conseguido. Cinco semanas inteiras.

Ela dizia para si mesma que estava honrando sua promessa à Kate, e então sua promessa à Mia sobre estar perfeitamente bem para ir ao casamento da mesma. Quando percebeu que não era suficiente, se convenceu de que precisava honrar o que Christian havia feito por si. Os últimos três meses foram intensos e muito desgastante.

Ele não apenas doou parte da medula óssea para Ana, ele doou o sangue também, diversas vezes. Mais vezes do que era permitido, mais vezes do que os médicos achavam sensato. Mas ele não se importava, assinou tantos papéis sobre autorização, sobre tirar a culpa do hospital em qualquer circunstância. Apenas porque ele era mais fácil, muito mais fácil do que esperar o sangue de outra pessoa chegar para que Ana pudesse receber uma transfusão depois de uma inevitável hemorragia.

Foi um dia pior que o outro, até que finalmente um dia ficou melhor do que o outro.

Pareceu uma eternidade, mas foram apenas semanas.

Há cinco semanas inteiras Ana não vomitava.

Ela havia ganhado dois quilos em duas semanas, e mais 500g em mais uma semana. A garota tentava não pensar sobre aquelas coisas, tentava se concentrar no sorriso de todos aqueles ao seu redor quando informavam que ela  ficava mais gorda a cada dia, que o soro havia entupido seu corpo de kilos a mais, que a comida que ela ingeria mesmo que de hospital ou então regrada, a fazia aumentar mais ainda.

Ela jurava que se concentrava em sua família. No sorriso de Mia e seus pulinhos de alegria, no olhar orgulhoso de Grace como se estivesse bem consigo mesma ao cuidar de Ana, nos abraços apertados de Kate, no alívio de Christian...

Foi uma coisa estúpida, claro. Não fora intencional, não nada proposital, ela sabia. Mas foi inevitável. Como as hemorragias, como todas as merdas que aconteciam em sua vida.

As lágrimas desciam por seu rosto antes mesmo que a ânsia de vômito parasse. Ana se sentia tão nojenta, que ao menos tentou tirar o cabelo do caminho. Tudo estava sujo. Ela principalmente.

A porta do quarto se abriu e Ana não processou aquilo.

Ela estava na clínica. Ela tinha que ir duas vezes por semana, tomava remédios direto na veia e fazia exames. Seu quarto até que era legal, era sempre o mesmo, ela nunca aceitava outro.

Seu coração batia a mil por minuto, sua respiração estava ofegante, seu estômago e sua garganta doíam como o inferno e o cheiro fazia sua mente ficar preta por alguns instantes de segundos.

— Ana - alguém chamou.

A morena demorou alguns milésimos para processar que o dono da voz era Christian.

Ah sim.

Ele estava ali para doar mais sangue. Não era muito, não eram litros e litros. Ana não podia ter contato algum com alguma coisa que continha no DND do RH positivo do sangue, que apenas os O- não tinham. Mas aparentemente era difícil encontrar os negativos por aí.

Então Ana precisava de Christian. A ironia do destino era tanta que a garota apenas nem pensava mais sobre. Ela precisava e estava okay com aquilo porque Christian estava okay também. Ele era tão prestativo, nunca dizia não, nunca ao menos se queixava por ser furado tantas vezes, ou então ter que sair do trabalho para ter que ir até a clínica. Ele não importava em ajudar Ana.

E olha para ela naquele momento! O que ela fazia com a ajuda dele? Vomitava tudo. Sendo egoísta do jeito que ela sempre foi. Como a bela e mimada Anastasia Linconl.

— Está tudo bem? - ela escutou a voz dele novamente.

Sua garganta realmente doía, como se fosse rasgar.

— Eu vou entrar, okay? - ele falou, logo abrindo a porta do banheiro devagar.

Ana não se virou para encara-lo.

Naquele momento, se ela fosse ela mesma, ela teria um monte de coisas para dizer, um monte de palavras afiadas para qualquer frase que ele dissesse. Mas ela já não era mais ela há tanto tempo...

Sério.

Quem era ela?

Desviando o olhar para baixo, as lágrimas tão silenciosas não parando um segundo, Ana pôde ver os resquícios de sangue. Havia machucado a própria garganta ou o estômago. Talvez os dois.

E ela estava com vergonha também.

Muita.

Era tão fraca.

Se fazia de durona, de forte, a que não se importa, mas a verdade era que ela não aguentava mais. Ela não SE aguentava mais. Era sempre a mesma coisa, a mesma rotina, o mesmo disco.

Se odiava. Era isso.

— Droga, Ana - Christian murmurou baixinho antes de se aproximar dela.

A morena esticou o braço e apertou o botão de descarga, engolindo em seco, reprimindo o gemido de dor que sentiu ao fazê-lo.

Ana não sabia o que era pior: Christian presenciar aquela cena, Christian tão perto dela, ou a droga do curativo no braço indicando que ele havia acabado de tirar sangue.

Ele estava ali para ajudá-la, porque ha anos Ana estava acabando com o próprio corpo. Mas ela estava ali, continuando a destruir tudo.

— Desculpa - ela sussurrou com dificuldade.

Christian se ajoelhou ao seu lado, pegando suas mãos, e as puxando para si, e então seu corpo, levando a morena devagar, não parecendo se importar com o cheiro de vômito ou com o corpo de Ana que banhava em suor.

— Vem cá - ele chamou, mesmo sem dar opções, apenas a levantando e guiando para o boxer do banheiro.

— Você pode ir embora daqui? - Ana pediu, parando de fazer o que ele queria.

Christian forçou seu corpo, praticamente a carregando nos braços e colocando-a no boxer.

— Não, para com isso. Vai embora. Eu faço sozinha.

— Cala a boca - ele falou, mas foi uma forma tão gentil, que Ana apenas calou mesmo. - Eu não vou te deixar.

— Isso é nojento - ela murmurou, fungando em seguida.

Seu cabelo grudava em sua testa e seu pescoço, o rabo de cabelo totalmente desgrenhado e alguns fios soltos com respingos do seu café da manhã vomitado. Ela havia vomitado tanto, provavelmente a comida da semana toda.

Como ela pôde ter feito aquilo novamente? Consigo mesma? Como? Como pode ter feito aquilo com todas as pessoas que amavam?

— Eu estou suja. Eu sou tão suja...

Nem mesmo a dor em seu estômago e sua garganta a distraiam daquele fato.

Christian passou um dos braços por sua cintura, trazendo-a totalmente para perto, passou o outro braço por cabeça, pressionando seu corpo contra o dele num abraço apertado, mas totalmente cuidadoso.

— Não, não é - ele disse.

— Eu sabia que eu ia fazer isso. Eu sempre faço. Eu nunca vou conseguir parar...

— Claro que vai. Todo mundo tem recaídas - ele falou.

— Mas eu estou cansada - declarou. - Eu estou tão cansada.

Christian a apertou mais, uma mão agora contra seu cabelo, pressionando sua cabeça, ignorando a garota molhada de suor.

— Eu sei que eu não deveria, que você está me ajudando, mas eu só... Não consegui. E eu não consigo mais - ela se forçou contra ele, inclinando a cabeça para trás e o encarando nos olhos.

— Eu sei que parece o fim do mundo agora, mas você tem vinte e dois anos, tem muita, muita coisa para você viver.

— São vinte e dois anos vivendo coisas que eu não queria viver, nao sei se quero saber o que depois.

— Sinto muito. Eu nunca, nunca vou me perdoar por ter te magoado, por de alguma forma ter feito parte de cada coisa ruim que aconteceu com você. Mas eu... eu preciso de voce. Eu sou egoísta o suficiente para dizer isso em voz alta e diretamente para voce. Preciso que aguente mais um pouco, eu sei que é difícil, mas vai ficar tudo bem - ele falou numa sentença, num suspiro, soltando um braço de si para ligar o chuveiro.

A água quente caiu longe dos dois, mas Christian fez Ana dar um passo para trás, mantendo o corpo da garota deixado da agua, tentando manter o próprio longe. Estranhamente Ana sentiu falta dos braços dele em volta de si.

Desviando o olhar, com vergonha do que havia acabado de constatar, olhou para p chão, vendo a água com os resquícios, vendo sua blusa suja, mesmo que agora molhada.

Christian se aproximou o suficiente para se manter longe da agua, mas conseguiu tirar o elástico de seu cabelo, soltando-o, e então tocou a barra de sua blusa, pedindo permissão com o olhar para poder retira-la de seu corpo.

Ana levantou os braços, ajudando, e ela mesma levou as mãos para os botões da calça jeans e os abriu depois de retirar os tênis e as meias com os próprios pés.

Ana já havia transado com vários caras diferentes. Houve época, na adolescência, nos seus dezessete, dezoito anos, que ela havia literalmente se tornado uma vadia. Sua primeira vez ela ao menos se lembra, estava tão bêbada que não sabe como não vomitou em cima do cara. E ela também ja transou em lugares inusitados, com pessoas inusitadas, de dia, de noite, de madrugada, de manhã... Mas eram sempre caras que ela ao menos se lembrava o nome no dia seguinte, caras que ela não se importava se eles estavam achando seu corpo bonito ou se ela estava magra o suficiente.

Eles não importavam.

Ela nunca havia tirado a roupa para alguém que importavam.

Nunca teve um momento tão íntimo com alguém, quanto aquele momento com Christian.

Não havia de sexual no clima, a tensão era até leve se comparar com o momento, não havia luxúria ou tesão no ar. Mas era a coisa mais íntima que Ana já havia feito em sua vida.

O silêncio prevaleceu, nenhum dos dois disse nada, nem mesmo quando Ana retirou o sutiã, quando retirou a calcinha, quando pegou o sabonete líquido no canto do boxer.

Christian apenas ficou parado em sua frente, olhando em seus olhos mais azuis do que o normal por conta das lágrimas que escorreram, admirando suas bochechas vermelhas pelo mesmo motivo, encarando sua boca que tremia com certeza ainda pela sensação de ansiedade.

Eles não ficaram próximos, não se beijaram, nem nada do tipo. Mas era como um acordo, era tão palpável mesmo que silencioso. De repente, eles tinham um ao outro, sabe.

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Notas finais do capítulo

Um minuto de silêncio para essa atualização pq eu tô orgulhosa de mim. SE CUIDEM, SE PROTEJAM, FIQUEM EM CASA LENDO FANFIC!!! Amo vocês... no próximo capítulo vai ter mais diálogo, esse cap foi realmente para explicar o tempo e tudo mais, e como está sendo esse momento.



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