Kyle não acreditava no que aquele homem estava fazendo, até cogitou ter entrado sem querer no meio da produção de um filme, mas não seria possível entrar na produção de um filme tão facilmente. Então olhou para o pé dele e viu que estava cheio de uma gosma branca que ele não saberia dizer o que é, e que provavelmente estava permitindo-o a ficar em pé na asa do avião. Ele então olhou para Kyle e fez um sinal de silêncio. Após isso, ele levantou o seu braço e do mesmo começou a sair a mesma gosma branca que estava em seus pés, mesmo estando de luva. Kyle ainda não tinha entendido o que estava acontecendo, mas foi aí que ele viu a direção em que a gosma estava indo: em direção a turbina.

     - Espera, ele vai...- Pensou Kyle, mas seus pensamentos foram interrompidos por um barulho de explosão e gritos. - Ele fez, ele explodiu a turbina lá atrás - ele parou por um segundo-  lá atrás? - Então levantou de seu assento e virou bruscamente para trás- Droga, Jake!!

     Ele não conseguia ver muita coisa, mas percebeu que destroços da turbina tinham se chocado com o avião, quebrando algumas janelas e fazendo alguns buracos. De repente máscaras caíram do teto do avião por causa da despressurização, Kyle colocou a sua rapidamente e continuou a olhar para trás. Ele viu algumas pessoas desmaiando por causa da falta de oxigênio e quis ajuda-las, mas se tirasse a máscara acabaria ficando inconsciente antes de chegar nelas. Mas o pior com certeza foi ver pessoas sendo jogadas para fora do avião e umas sendo até mesmo destroçadas pela turbina coberta de fogo. Ele já tinha visto uma cena mais ou menos igual em um filme de terror, mas não sabia como era assustador presenciar algo assim, e com o pressentimento de estar tendo a última visão da sua vida. Foi aí que ele olhou um pouco para o lado e viu,   de canto de olho, alguém colocando sua máscara de oxigênio, cujo rosto não deu para ver, mas deu para perceber, por uma fração de segundos, um sorriso em sua boca. Kyle quase viu quem era, mas foi puxado pelo passageiro ao seu lado e acabou sentando.

     -Por que você me puxou?- Perguntou Kyle, um pouco irritado por ter sido interrompido e com a voz um pouco abafada por causa da máscara de oxigênio. Como uma resposta a sua pergunta, um picador de gelo veio voando sugado para fora do avião e quase acertou sua cabeça, passando a centímetros do cabo da máscara de oxigênio.

     -Cara, você precisa se proteger, poderia ter voado ou alguma coisa assim!! Se têm alguém com quem está preocupado, sinto muito, mas você não pode fazer nada!!

     -Ok, ok!- Ele se acalmou, mas ainda com raiva da pessoa um pouco atrás dele e que estava alegre com alguma coisa. Como alguém poderia ficar feliz em meio a um desastre tão grande? Kyle olhou para a janela novamente, e o causador da explosão havia sumido. Para onde ele foi? Eram muitas perguntas, mas antes de ele raciocinar o avião se chocou com o chão e tudo ficou escuro.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

     Os seus olhos abriram bruscamente e se encheram de surpresa: Ele estava vivo, e, pela dor que sentia por todo o corpo, sabia que não tinha ficado paraplégico ou nada do gênero. Um verdadeiro milagre. Kyle tentou se levantar, mas a parte inferior do seu corpo estava pressionada contra o chão pelo seu assento e ele não tinha força para sair do lugar. Pelo o que dava para ver o avião tinha caído em uma espécie de cânion, e tinha percorrido uma boa distância, batendo em algumas pedras e ganhando mais alguns buracos, inclusive o que Kyle tinha atravessado para estar com a parte superior para fora do avião. Ao olhar para a esquerda deu para ver que a parte da metade para a frente do avião tinha quebrado e virado, fazendo todo o avião virar algo similar a um L. Tinha sido um desastre grande. De repente ele ouviu passos e depois apareceu um homem rastejando a alguns metros dali. Logo o dono dos passos apareceu: uma figura sombria que dava passos curtos em direção ao homem. Sua aparência era um mistério naquela escuridão. O homem caído começou a gritar e chorar

     -Para!! Por favor!! Eu não te fiz nada, nem te conheço! Não precisa fazer nada assim!!!

     -Desculpa, cara. Mas eu sou tipo uma criança comprando um jogo novo: Não espero a hora de testar.

     De repente, o homem caído começou a flutuar e depois começou a se retorcer como se estivesse levando vários socos. Por último, com um forte estrondo e uma distorção no ar, ele voo vários metros e foi atravessado por partes de metal pontiagudas na parte da frente do avião. Kyle pensou ter delirado, mas não importava quantas vezes ele piscava, o corpo continuava lá. Infelizmente, ele foi descoberto pelo homem:

     -Pelo visto tenho um espectador indesejado. Pena que não posso ver seu rosto, muito menos o estrago que vou fazer nele. - Enquanto a figura ia rindo e andando em sua direção, Kyle começou a ver uma criatura atrás dele e que deveria ser o que fez o outro homem voar daquele jeito. Mas, porque agora ele conseguia enxerga-la? Mesmo se mexendo ele não conseguia sair do lugar, e a situação estava preocupante: Ele viu o estrago que foi feito ao homem anterior e sabia que o mesmo destino o aguardava. Em meio a tanto desespero, uma voz ecoo na cabeça de Kyle:

                              -THE NEXT DOOR ARE UNLOCKED-

      Então a criatura levantou o braço e lançou um soco em sua direção, mas outro braço apareceu e desviou o soco dele. Surgiu mais um braço e o mesmo ia dar soco no homem, mas a criatura perto dele levantou o braço para impedir o caminho do soco. Porém, a mão que ia dar o soco sumiu e reapareceu no lado da cabeça dele e o acertou.

—Há! Parabéns! Essa foi boa, muito boa! A culpa foi minha de não conhecer seu stand antes de ataca-lo! Bom, eu não quero começar uma briga assim tão cedo, e quando um não quer, dois não brigam, não é mesmo? Bom, até um outro dia. – E o homem sumiu nas sombras

     Kyle estava confuso, mas um pouco aliviado por não ter sido morto por ‘‘seja lá o que era aquilo’’. Tudo começou a ficar embaçado e ele desmaiou novamente

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

     Ele começou a abrir os olhos, tinha desmaiado de novo, mas dessa vez ele não estava em meio a vários destroços, e sim em um quarto. Ele era mais ou menos grande e sua cama era do lado dá porta. Do seu lado direito, a uma certa distância, tinha uma divisória, e do outro lado da divisória tinha outra cama e a janela. No espaço entre as camas tinha um banheiro e ao lado da entrada do mesmo tinha uma mesa com um relógio e outras coisas. Ele queria ver as horas, mas a sua visão estava muito embaçada e ele estava muito cansado para levantar e ir até a mesa. Kyle esticou o braço como um esforço inútil de pegar o relógio, mas ele começou a sentir como se estivesse segurando o objeto, e, quando ele aproximou a sua mão ao seu rosto, ele REALMENTE estava segurando-o. Então ele olhou para cima da divisória e tinha alguém lá, que parecia ser um homem, mas com características de um gato. Ele pulou e ficou em pé ao lado da cama.

— Q-quem é você? – Perguntou Kyle, com medo.

—Eu? Sou seu stand.

—Meu...    stand?