A Essência do Amor escrita por RakBlack


Capítulo 1
Amor


Notas iniciais do capítulo

O que acontece quando eu fico sem internet? Não, eu não tenho inspiração e escrevo coisas bonitinhas, eu fico organizando meu notebook que é sempre uma bagunça kkkkkkkk E foi nessa organização que eu achei esse conto (isso é um conto? Sempre fui péssima quando á classificação literária... Que seja, é uma história) jogado em uma pasta aleatória. Escrevi para um projeto, eu acho. Ou para um concurso, não me lembro.
Decidi postar pq achei ele bonitinho ^^ Logo eu arrumo uma capa legal pra ele.

Bom, mas sem enrolação... Boa leitura!!



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Alguns podem achar estranho imaginar um mundo pós-apocalíptico sem pensar em destruição, caos e terror por todas as partes, mas essa é a minha visão nesse momento.

Eu sabia que, com tanta barbárie acontecendo no mundo humano, meu Pai não conseguiria manter-se afastado, á espera de mudanças naturais. Ele interferiria mais uma vez, mas não como das outras. Os humanos precisavam crer em um amor maior, então para que um apocalipse com dor e tormenta? Não... Os planos Dele foram diferentes dessa vez. Nada de água ou fogo dizimando a vida, apenas uma cálida transformação em cada alma terrena, fazendo-as precisar uns dos outros, cuidar uns dos outros e do planeta.

Muitos dos nossos – arcanjos, anjos e querubins – se puseram contra essa ideia. Dar poder para alguns homens apenas tornariam as coisas ainda mais caóticas. Mas Ele foi irredutível e, aos que não aceitaram de bom grado a mudança, foi dada uma missão não muito feliz: acompanhar de perto aqueles que não achassem dignos de ter mais essa grande chance.

Nunca me arrependi tanto de ter o defeito da arrogância correndo por minha alma.

— Já disse que você não deveria ficar tanto tempo em silêncio... Eu posso achar que você morreu e acabar querendo experimentar a carne de uma fadinha. – uma voz, rouca e carregada de sarcasmo, invadiu meus sentidos e quase me fez revirar os olhos, mas apenas respirei fundo e olhei para o ser que me encarava tão de perto.

Ombros largos, pele morena, e olhos pequenos e muito negros. Garou era um homem inegavelmente bonito e que tivera em suas mãos corações de várias pessoas antes de tudo acontecer. Sua beleza, fama e fortuna foram os detalhes que me fizeram temer o poder que meu Pai daria a ele. Mas, afinal, os mortais estavam certos em algo: Ele escreve certo por linhas tortas.

Garou era um lobisomem. Dentre todas as formas que sua alma poderia tomar, o homem mesquinho, arrogante e que preferia estar sempre sozinho tornou-se uma criatura que, sozinha, era mais frágil e vulnerável. Aquele que antes atraía olhares por suas roupas e por seu comportamento requintado, agora não se preocupava muito com os trapos que cobriam seu corpo na maior parte do tempo e nem com o fato de comer com as mãos.

Na verdade, a única coisa que parecia incomodar o lobo solitário era a minha presença.

— Eu estava pensando, coisa que você deveria fazer com mais frequência, sabe? Faz bem. - me levanto do tronco caído em meio á grande floresta tropical onde minha missão já se desenrolava há meses – E eu já disse mais vezes do que o suficiente para o seu pequeno cérebro entender, que sou um arcanjo e não uma fada.

O vi se levantar do chão de terra batida e vir de encontro a mim. Suas vestes e seu comportamento poderiam estar mais selvagens, mas ele continuava altivo e determinado em todas as suas ações.

— Eu sei o que você é. Não precisa ficar repetindo como se fosse a coisa mais importante do mundo. Você não é Deus. Então não aja como se fosse. – suas palavras foram firmes e afiadas como navalhas, ferindo meu orgulho e me fazendo apertar os punhos.

Eu não poderia sentir coisas como o ódio ou a raiva, isso me deixaria doente, mas estava sendo quase incontrolável não deixar esses sentimentos tomarem conta de mim estando há tanto tempo em companhia dele.

— Não sou Deus, nunca disse ou me comportei como se tivesse presunção suficiente para pensar isso. Diferente de você, que sempre agiu como se o fosse. - falo por entre meus dentes, fincando as unhas nas palmas de minhas mãos – É por culpa sua que eu estou aqui em baixo. Eu não confiaria nada á você, muito menos os poderes que você conquistou. – vi a íris de seus olhos passando do negro para o verde em segundos e, na mesma velocidade, meu corpo ser arremessado contra uma árvore com força suficiente para quebrar todos os meus ossos, caso eu fosse um humano.

Levantei-me em um salto, caminhando duramente até o lobisomem, com ganas de arrancar sua cabeça com minhas mãos, mas algo me impediu no meio do caminho. Minha vista escureceu e meus joelhos dobraram sem aviso prévio, levando meu corpo ao chão. Não estava inconsciente, mas nenhum de meus sentidos parecia funcionar em sua totalidade.

Eu deveria saber. A raiva não é um sentimento aceitável para o arcanjo chefe dos cupidos. Sentimentos como esse tornam minha aura densa e podem me machucar de verdade. Não entendo como meu Pai poderia me deixar em um ambiente e em companhia de quem eu poderia ser tão vulnerável á essas coisas. Será que eu era tão descartável assim? Minha teimosia teria gerado ira em Deus á ponto Dele me querer machucado?

E foi só então que eu entendi tudo...

— Ei! Anjo... Eu não te matei, não é verdade? – a voz agora era uma mistura de ironia e preocupação – Anjo! Só me faltava essa. Vou ser transformado em pó por Deus por ter matado uma mocinha dele...

— Anael... – sussurrei, abrindo os olhos lentamente.

— Anel? Que anel? – o homem pareceu procurar por todos os lados, até parar e me encarar com uma expressão confusa. – Você não está delirando, está?

Apoiei o peso de meu corpo com um braço, respirando lentamente.

— Eu disse: Anael. Esse é meu nome. E não sou uma “mocinha”. – estreitei meus olhos, encarando-o – Eu sei que nada tem sido muito normal e divertido entre nós dois esses últimos meses, mas eu não posso sentir algo tão mundano e sujo quanto a raiva ou o ódio...

Garou revirou os olhos e riu, sarcástico.

— Claro, você está muito acima das emoções humanas e tudo mais o que você vem falando durante todo esse tempo. – seus olhos faiscaram de raiva mais uma vez e, ao contrário das anteriores, eu apenas me encolhi. – Ah, agora está se fazendo de vítima? Passou os últimos meses infernizando a minha cabeça, me dizendo o quanto eu era fraco, medíocre, indigno, e agora eu sou o monstro da história? Poupe-me! Por que não me deixa em paz? Por que não volta lá para o lado do seu “papaizinho” e diz o quão mau esse humano aqui é? Ou melhor, ex-humano. Já que Ele esqueceu, mais uma vez, o que “livre arbítrio” significa e decidiu fazer as coisas do jeito Dele.

Fechei meus olhos e pedi, em pensamentos, que minha aura pudesse apaziguar toda a dor e lástima que corriam pelo corpo do ser em minha frente. Não foi fácil, pois ele não tinha crença nenhuma em mim. Mas, por fim, senti-o se acalmar e soluçar, me olhando confuso ao me ver levantar e caminhar confiante até ele.

— Que tipo de anjo é você? – a pergunta saiu desajeitada, em meio ás lágrimas.

— Eu sou o arcanjo do amor. Chefe dos cupidos e patrono do amor humano. – olho-o, pela primeira vez de forma cálida e sem ressentimentos por tudo o que me levara até ali. – Não estava querendo te transformar no vilão, apenas disse a verdade. Só tenho dito a verdade desde que pisei aqui.

O lobisomem segou as lágrimas, diante da gargalhada que o acometeu.

— Suas verdades, você quer dizer, certo? – a pergunta veio carregada de deboche. – Você deveria saber que nem sempre o que você pensa é o certo, anjo... Já disse que você não é Deus. Parece que não entende.

Permaneci em silêncio. A paz que tínhamos conseguido instantes antes tinha sido destruída, mas não completamente dissolvida, então preferi me manter calado para não cair nas provocações dele mais uma vez.

E assim o tempo passou. Um ano e meio para ser mais exato.

Quem pensa que nossa convivência melhorou nesse tempo, bem... Está completamente enganado. Não voltamos a nos agredir fisicamente ou trocar insultos, mas nossos diálogos eram sempre recheados de farpas de ambas as partes. Queríamos sempre ser o último a ter a palavra, a estar correto sobre um assunto. Era uma verdadeira guerra interna entre nossos egos.

— Mas você tem que admitir. Que tipo de ser humano pode ter se transformado em unicórnios? Com certeza pessoas de classe baixíssima e sem nenhuma educação. – enfatizava ele, após eu evitar que ele matasse uma dessas criaturas durante uma lua cheia realmente perturbadora. Ele era permitido comer animais, não outros seres.

— Unicórnios são puros e de grande poder, sabia? São melhores do que criaturas selvagens e brutas como os trolls ou... Ou os lobisomens. – sorrio, vitorioso, podendo voltar minha atenção para os limites do que Garou chamava de “território” (que consistia em menos de alguns pares de metros de floresta, incluindo uma parte de um rio). – Você não deveria se preocupar tanto com o que comer tendo... Ei! O que pensa que...

Tanto minha frase quanto minha pergunta foram silenciadas. A primeira por um rosnado de Garou, que soltou o que comia e puxou meu pulso com violência para baixo, me fazendo abaixar até sua altura. Já a segunda foi por suas mãos cobrindo meus lábios, sem muito cuidado.

— Shh... Quietinho aí, anjo. Acho que temos companhia. – ele farejou o ar e se colocou em minha frente, em pé, transformado em uma criatura que lembrava muito um lobo andando sobre patas traseiras muito maiores que o normal para um animal. Garou podia se transformar parcialmente fora da lua cheia, mas nunca havia precisado.

— Não me trate como uma garotinha indefesa. – levantei, irritado, sendo empurrado para o chão mais uma vez. Não poderia ferir ninguém, mas ainda podia me defender e ele sabia disso. Não entendia o porquê dele estar me tratando daquele jeito. – O que há com você?

O lobo uivou, me olhando como se quisesse me intimidar, voltando a farejar o ar e rosnar, nada contente quando uma alcateia se aproximava, quebrando alguns galhos e fazendo zona por onde passava. Não pareceram temer Garou, na verdade riram muito ao perceberem que ele era um lobo solitário e não parte de um bando. Lobos são mais fracos quando estão sozinhos.

Eles queriam aquela parte da floresta, deixaram claro que não o machucariam se ele fosse embora sem reclamar, mas tudo mudou quando um deles viu o que Garou escondia com tanto afinco em sua sombra.

— Ora, ora. Se não é um dos arcanjos desobedientes... – riu-se, uma garota, tentando uma aproximação e ganhando cortes em seu rosto, feitos pelas garras de Garou. – O que pensa que está fazendo? Como pode defender essa escória? Ele te disse o motivo de estar aqui? Disse por que é a sua babá? Ele queria a exterminação da nossa raça, irmão! Ele não aceitou o que Deus planejou para nós e teve um castigo. Ele deve morrer como os outros... Ele deveria estar no inferno!

Vi a transformação de Garou esmaecer até ele voltar a ter a forma de um homem. Seu olhar era duro quando olhou pra mim e eu só pude fechar meus olhos para fugir de seu julgamento. Um ano e meio antes eu realmente pensava como aquela garota falava, porém, com o passar do tempo pude perceber que muitos seres humanos mereciam mesmo outra chance. Recomeçar pode ser mais difícil do que partir do zero, mas concertar torna tudo mais precioso do que jogar fora e adquirir outro.

Divaguei por um instante e, no seguinte, vi sangue jorrando por todos os lugares. Garou partiu para cima de dois dos cinco lobisomens e os derrubou sem muita dificuldade. Não os matou, mas os deixou bem feridos.

— Não me importo como ele pensa. Ele é um idiota! – me senti profundamente ofendido, mas não tive tempo de retrucar – Mas ainda é parte do meu bando. Vocês são os intrusos aqui. – ele prendeu a garota pelo pescoço em uma árvore – E eu não sou seu irmão. – soltou-a no chão e viu a alcateia sumir com a mesma velocidade que tinha surgido. Eles viram algo que me passara despercebido: os olhos de Garou faiscavam, mas não em verde, e sim em um cinza claro e tempestuoso. Ele passara do posto de ômega, um lobo solitário, para um Alfa.

Permaneci em silêncio por muito tempo, observando a calma se instalar na floresta mais uma vez. Vendo Garou montar a fogueira e preparar uma boa refeição quando a noite caiu. Apenas quando as brasas estavam quase apagando que ele olhou diretamente para mim e perguntou, um toque de desapontamento cruzando sua voz.

— Você é mesmo um bastardo imundo, como aquela fedelha disse? – perguntou, sentando-se em minha frente, como se para ter certeza de que eu seria sincero – Por isso que me odeia tanto? Você acha que eu deveria estar morto?

 Abaixei minha cabeça, sentindo meu rosto esquentar como nunca antes. Eu estava corado e me sentia mal pela primeira vez em tanto tempo. Eu me preparei para responder sua pergunta, mas tudo o que saiu de meus lábios foi:

— Você falou sério quando disse que sou parte do seu bando? – levantei meu rosto, vendo-o cruzar os braços e endurecer a expressão.

— Você é o meu bando. – disse, convicto. – Mas isso não responde a minha pergunta.

Sai de onde estava, ficando de pé e de costas para o maior.

— Sim. O que ela disse é verdade. – fechei meus olhos com força, esperando algum ataque de fúria, mas recebi apenas o silêncio, podendo continuar. – Ou pelo menos era verdade até eu vir para cá. Eu realmente acreditava que vocês, seres humanos, não mereciam todas as chances que o meu Pai dava a vocês, mas... Eu descobri que estava errado. – doía dizer aquelas palavras. – Eu conheci criaturas realmente boas e com corações grandes. Conheci aquelas que preferiram se afastar para não machucar os outros, vi todas as belezas naturais do mundo se restaurarem em tão pouco tempo... E eu conheci você. – me voltei para o outro, ainda sentado de costas para mim. – Um ser humano mesquinho e desprezível que mudou de maneira tão irreal que, se eu não estivesse presente em todos os momentos, não poderia acreditar. – sorri, sem jeito, coçando minha nuca. – Eu me sinto muito honrado de pertencer ao seu bando. Significa muito para mim.

Ele se voltou para mim e sorriu. Um sorriso que me deixou bastante desconcertado e sem saber se eu deveria sorrir de volta ou desviar o olhar.

Naquela noite não houve farpas trocadas, não houve discussões bobas e nem carrancas antes de dormir.

E foi só então que tudo mudou.

Depois desse dia era comum sentarmos sem preocupação e conversarmos por horas a fio sobre assuntos que interessavam aos dois. Era estranho, para mim, admitir que Garou não era mais aquele por quem eu criei tamanha antipatia. Ele era uma pessoa muito interessante e fácil de lidar, desde que não tocassem em seu orgulho. Outro assunto que não tinha muito espaço em nosso dia-a-dia era seu passado. Ele costumava ficar evasivo e distante cada vez que eu tentava entender como ele poderia ser tão arrogante e pensar apenas em si mesmo.

— Tudo isso é culpa sua, sabia? – um dia ele se interpôs em minha caminhada, me fazendo arquear as sobrancelhas. – O meu jeito de ser antes de tudo isso... É culpa sua.

— Como poderia ser culpa minha? – franzi o cenho, sem entender. – Você nem me conhecia antes de se tornar um lobisomem. Não coloque as suas responsabilidades nos...

— Você disse que é o arcanjo do amor, certo? Então a culpa é sua, sim! – continuou, enfático, sem me deixar completar meu raciocínio. – Eu amei alguém, amei tanto que teria feito de tudo por essa pessoa. Teria largado minha fortuna, carreira... Eu teria feito tudo isso se um de seus malditos cupidos não tivesse feito eu me apaixonar justamente pela única pessoa que nunca ficaria comigo. – ele fechou as mãos em punhos e socou a árvore ao seu lado. – Eu me tornei naquele homem pra ser notado, pra ser amado! E tudo o que eu consegui foi desprezo e desdenho. A pessoa que eu amei usou o que eu sentia pra tentar me destruir perante todos e então eu tive que me fechar. “Nada de amor” eu disse para mim. Mas agora você fica jogando na minha cara o quão horrível eu era, quando o maior culpado foi você! Por que, Anael? Por que me fazer me apaixonar justo pelo meu melhor amigo?

Minha garganta secou e eu não sabia para onde fugir. Não era exatamente minha culpa que ele não tivera uma história de amor fácil. Na maioria das vezes eu apenas seguia ordens e, se parasse para pensar, nunca me preocupei com o que um coração partido podia levar o ser humano a fazer com a própria vida.

Respirei fundo, pronto para retrucar. Defender-me, mesmo que parte da culpa realmente fosse minha. Mas sua frase seguinte me deixou estático.

— Por que me fazer amar você? – a pergunta veio carregada, mas Garou não olhava para mim. Parecia muito mais interessado em mirar o chão.

Meu coração se aqueceu, mas eu não sabia como reagir. Aquilo era uma declaração? Eu não conseguia compreender o que fazer com tamanho sentimento e responsabilidade jogados para mim. Estaria ele se brincando? Tentando se vingar de alguma forma por causa de seu primeiro amor não correspondido?

Não pude olhar para o homem em minha frente, as perguntas eram demais, os sentimentos eram demais, então me vi fugindo em meio às matas até chegar ao rio que cruzava a floresta. Sentei-me em uma grande pedra em sua margem e olhei para o céu e iniciei uma prece, a procura de ajuda.

“Pai,

Eu sei que fui um tolo por ter duvidado de seu julgamento. Sei que me mandou para cá para me curar de meus defeitos, para entender os seres humanos, mas eu já não sei mais o que pensar e o que sentir.

O que é isso em meu peito? O que é essa... Dor? Garou está me machucando? Eu... Eu preciso de sua ajuda. Preciso de um sinal.

Eu preciso saber o que faço aqui de verdade. Quero saber o que sinto”.

Durante minha oração, não notei Garou se aproximar cautelosamente e sentar-se ao meu lado. Agradeci mentalmente por sempre orar em silêncio, pois já me sentia constrangido o suficiente com o que ele dissera.

— Desculpe ter te assustado. E por ter te culpado também. – sua voz soou baixa e rouca enquanto ele olhava para qualquer lado que não fosse meu rosto. – Você é um arcanjo, um ser superior, e eu sei que não deveria ter me apaixonado. Também sei que nunca vou ser correspondido, então a gente pode esquecer e continuarmos como amigos?

Olhei para a pedra onde estávamos sentados tão perto e percebi que nossas mãos quase se tocavam. Sorri e coloquei a minha sobre a sua, vendo o contraste bonito que nossas peles faziam. Eu, excessivamente alvo e ele, moreno.

— Eu não sei o que estou sentindo. Eu nunca senti nada disso antes. – fui sincero, olhando-o de lado e vendo-o sorrir para as águas do rio. – Ei, não ria de mim. – disse, afastando minha mão e logo a tendo agarrada pela sua novamente.

— Me desculpa. Não estava rindo de você, só dessa situação maluca que o seu Pai nos meteu. – ele me encarou, sem desmanchar o sorriso. – Você é o arcanjo do amor humano, mas não entende nada de amor. Há meses atrás nós estávamos a ponto de nos matar e hoje eu só consigo pensar em como eu nunca percebi que você é tão lindo. – sua mão livre foi de encontro ao meu rosto, em um carinho leve.

— Eu estava pedindo ajuda dele. Eu não sei o que estou sentindo, não sei o que fazer. E se eu te machucar? E se você voltar a ser o que era? E se eu precisar ir embora um dia? – todas as minhas dúvidas fluíram e a única resposta que eu tive foi seus lábios colados nos meus de forma delicada e, ao mesmo tempo, urgente. Como se ele tivesse esperado tempo demais para que isso acontecesse.

— “E se, e se, e se...”. Não se apegue a todas essas coisas, meu anjo. Faça como os humanos: viva um dia de cada vez. – seus dedos brincavam com os cachos de meus cabelos.

— Mas... Eu não sei nada sobre... O amor. – confessei, constrangido.

— Vou me sentir honrado em te ensinar tudo o que eu sei. E o resto nós aprendemos juntos, o que acha?

Não pude esconder meu sorriso e nem me afastar do beijo que se seguiu.

Atrás de nós algo que há muito não existia no mundo humano apareceu. Um sinal divino? Uma coincidência? Não sei ao certo, mas aquele arco-íris apenas deixou tudo mais bonito e me deixou com mais certeza de minhas escolhas.


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Notas finais do capítulo

E é isso. Espero que tenham gostado e não, eu tbm não sei o que eu fumei pra criar uma história de amor entre um anjo e um lobsomen. Não tentem entender meu cérebro, eu já desisti há tempos kkkkkkkkkk

Bjs *-*



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