P.O.V Katniss

...e então eu peguei uma detenção.

Tá bom, vamos voltar que eu sei que você não está entendendo nada: meu nome é Katniss Everdeen, tenho 15 anos, moro em Manhattan com meu irmão Cato, já que minha mãe e meu pai morreram em um acidente de carro quando éramos pequenos, e estudo na Panem High School.

Meu dia começou horrível. Segunda-feira sempre é horrível, mas isso não vem ao caso. Acordei atrasada para a escola, pois o despertador não tocou, então quem me acordou foi meu adorável irmão Cato, berrando em meu ouvido.

Comi uma maçã e saímos de casa cinco minutos depois. Enquanto caminhávamos para a escola um carro passou e espirrou água em mim.

—Eita, Kat! – Cato falou rindo e lhe lancei um olhar mortal. – Bem que você estava precisando de um banhinho.

—Olha quem fala, seu porco – retruquei, mas acabei rindo.

Dez minutos depois chegamos na escola e Cato, que é um ano mais velho que eu (ele tem dezesseis anos) foi para a sala dele e entrei na minha, sentando atrás de Clove, uma amiga minha (gótica perigosa), que estava fazendo seu tema de última hora.

—Oi, Clo – a cumprimentei e ela disse:

—Oi, agora shh! Eu preciso terminar logo essa bagaça.

Nesse momento a porta da sala se abriu bruscamente e uma menina de cabelos pretos lisos compridos, uma blusa branca escrito CryBaby e uma calça jeans preta entrou com uma cara de taxo.

Johanna Mason se sentou ao nosso lado, tirando da mochila dois todinhos, um sanduíche, cereal e três barras de chocolate, colocando tudo em cima da carteira e começando a comer.

—Oi, Joh – falei e ela terminou de mastigar o cereal que estava em sua boca e então respondeu:

—Não deu tempo de tomar café hoje.

—Ah, eu também não consegui comer direito – comentei, lançando um olhar para as barras de chocolate.

—Que pena – ela disse, me encarando e afastou o lanche de mim.

Clove escrevia freneticamente em minha frente e a Johanna pareceu notar:

—O que ela tem? – pediu ela.

—Esqueci de fazer o tema de Matemática – Clove explicou e Joh arregalou os olhos, dando uma mordida no sanduíche.

—TINHA TEMA DE MATEMÁTICA?! – berrou ela e Clove assentiu. - Ixe. Tô ferrada.

E então, continuou a comer.

Um minuto depois a porta foi escancarada novamente e dois garotos entraram correndo para dentro da sala, indo em nossa direção com caras amedrontadas.

—Nos escondam – implorou Peeta Mellark.

—Por quê? - pediu Johanna.

—A professora Fitz está atrás de nós – Finnick disse rapidamente.

—Tá – Clove falou com uma cara concentrada. – Então a raiz quadrada de quinhentos e vinte e nove é vinte e três – a encaramos e ela deu de ombros: - O quê foi?

—Precisamos de ajuda! – Peeta exclamou e Clove pareceu não ouvir, voltando ao exercício.

—Hã... – falei.

—Sei lá – falou a Joh, comendo o cereal – Acho que o Peeta cabe naquele armário – ela indicou o armário no fundo da sala.

—E eu? – pediu Finnick enquanto Peeta se dirigia ao armário. Johanna apenas revirou os olhos e disse, simplesmente:

—Você é muito gordo para entrar lá.

—Não sou não! – Finnick protestou.

—Então boa sorte – disse a Joh, no momento em que a professora Fitz entrava na sala. Finnick tentou correr, mas ele já havia sido visto. Clove tentou guardar os cadernos, mas a Sra. Fitz já notara que ela estava fazendo o tema. Eu apenas fiquei parada vendo Johanna comer e ouvindo os passos da professora indo em nossa direção.

—Senhor Odair e senhoras Mason e Kentwell, vocês estão de detenção. Ah, e você também, senhora Everdeen.

—Mas por que? – pedi incrédula e ela apenas disse:

—Por andar com más influências – Clove fez uma cara indignada.

—Eu sou uma ótima influência – falou.

—Estou vendo, sra. Kentwell. Quero vocês aqui às seis da tarde para filmarem os testes de talentos dos alunos. E, sr. Odair, avise ao seu amigo Mellark que ele vai junto – falou a sra. Fitz e assim saiu da sala, nos fazendo bufar.

—Peeta! – berrei e ele abriu uma fresta da porta do armário, olhando ao redor freneticamente. – Ela já foi – Peeta fez uma cara aliviada e veio em nossa direção -, mas você está de detenção conosco.

—Aah – disse ele. – Qual é a sentença?

—Filmar todas as apresentações dos alunos para o show de talentos – Finnick informou e fizemos caras desanimadas, enfiando os rostos nas carteiras. E então eu tomei uma detenção.

***

No intervalo eu, Clove, Johanna, Peeta e Finnick saímos da sala e fomos até nossos armários, que ficam perto uns dos outros. Lá, encontramos Cato e eu tive que contar os fatídicos acontecimentos da manhã. Confira abaixo:

—E aí, maninho? – o cumprimentei, passando um braço por seu pescoço. Eu tinha que dar um jeito de ele não pirar comigo. – Então, teve uma boa aula?

—Não? – ele afirmou, mas pareceu mais uma pergunta. – O que você fez, Katniss?

—Eumeioqueleveiumadetenção – disse e Cato me olhou estranho.

—Quê? – ele pediu.

—Nós pegamos detenção – explicou a Joh com uma cara de tédio enquanto comia outra barra de chocolate. Ela já estava acostumada.

—VOCÊS O QUE, KATNISS? – berrou Cato.

—Nós – falei lentamente, apontando para eu e meus amigos – pegamos – fiz contato visual com meu irmão - detenção – Clove ajudou na representação e passou a mão pelo pescoço, simulando decapitação. Cato então pareceu entender.

—COMO VOCÊ FOI PEGAR DETENÇÃO, ABENÇOADA? – perguntou e dei de ombros.

—A sra. Fitz falou que eu ando com más companhias.

—COM QUEM VOCÊ ESTÁ ANDANDO?

—Com a Clove e a Joh – expliquei.

—Ata – ele compreendeu. – Mas que droga.

Cato então bateu a porta de seu armário com tudo e a sra.Fitz apareceu em nossa frente do além.

—Senhor Everdeen, você está de detenção – disse para Cato.

Nos entreolhamos e Cato faz uma expressão apavorada:

—É O QUE?

—Hoje às seis horas da tarde quero vocês seis aqui na escola – falou a professora e Cato abriu a boca para protestar, mas ela o interrompeu: - E sem chorumelas!

Ele abaixou a cabeça e a sra. Fitz foi embora.

—Já vai tarde – observou Clove.

—É, parece que estamos ferrados – comentou Finnick e Johanna o olhou com uma expressão irritada.

—Parece? – ela pediu incrédula e balançou a cabeça. – Vou preparar o estoque de comida.

—Alguém tem câmera? – perguntei e eles me olharam com expressões confusas. – Para filmarmos os testes e depois entregá-los à sra. Fitz.

—Eu tenho – Finnick falou.

—Sabe usá-la? – Clove pediu com um sorriso maldoso na cara.

—Claro que eu sei – ele revirou os olhos.

—Eu posso te ajudar, sei mexer nessas coisas aí – Peeta sugeriu e Finnick concordou.

—Ok – falei. – Então vamos nos encontrar aqui hoje às seis horas.

***

P.O.V Clove

Como o combinado estávamos todos na frente dos armários às seis horas. Peeta e Finnick trouxeram os equipamentos de filmagem para a escola e fomos para o auditório, onde as apresentações iriam ocorrer, para eles instalarem ali o equipamento.

Logo os participantes foram chegando e se preparando para se apresentarem. Eu, Joh e Kat nos sentamos na mesa onde geralmente ficavam os jurados para assistir enquanto Cato, Finnick e Peeta ficaram em pé, prontos para filmar.

—Samantha Pack, pode vir – Johanna falou enquanto comia pipoca e os meninos começaram a filmagem.

Uma menina de 11 anos apareceu no palco e falou:

—Eu vou dar uma estrelhinha.

Então a Samantha deu uma estrelhinha, se levantou e ficou olhando para nós com um sorriso na cara.

—É isso? – pediu Katniss e a menina assentiu. – Ok, então.

Começamos a bater palmas desanimadamente enquanto ela deixava o palco.

—Christopher sei lá do que, venha aqui – Joh anunciou e um garoto de 13 anos entrou no palco e berrou:

—Vejam como eu coço o meu nariz! – e então ele incrivelmente começou a coçar seu nariz.

—Tá bom! Tá bom! – Cato berrou, colocando as mãos sobre os olhos e Christopher saiu do palco, nos deixando com expressões de nojo.

—Será que todos vão ser ruins assim? – perguntou Peeta enquanto Johanna chamava o próximo nome:

—Sara Williams.

—Eu vou tocar violão enquanto ando de skate – anunciou a garotinha e nos concentramos, vendo ela subir no skate, posicionar o violão e começar a andar e tocar ao mesmo tempo, perfeitamente. Batemos palmas.

—Isso sim que é talento! – berra Finnick depois que Sara saiu do palco.

—O que acham de anotarmos os que achamos mais impressionantes? – Kat sugeriu e concordamos prontamente.

—Joe Solomon – anunciou Johanna e um menino apareceu no palco com um arco e flecha na mão. Ele tinha uma expressão focada enquanto mirava em nossa direção. Quando ele disparou a flecha todos nós nos abaixamos e olhamos então para trás, vendo que a flecha atingira um alvo atrás de nós.

—VOCÊ É UM PEQUENO DELINQUENTE! – berrei e Joh se levantou radiante.

—Gostei de você, pirralho! – exclamou ela e então vimos Katniss subir ao palco, pedindo o arco emprestado ao garoto, que deu para ela.

Katniss se concentrou e mirou.

—Se escondam! – berrou Peeta, indo para debaixo da mesa. Todos seguimos seu exemplo e vimos Katniss atirar. Um segundo depois, a flecha atingiu o centro do alvo. Então Peeta se levanta e diz aliviado: - Eu sabia que você não iria me decepcionar!

—Obrigada pela consideração – disse ela e desceu do palco enquanto Joe saía.

—Louis Wood.

—Eu vou fazer um rap – anunciou ele com suas calças largas. Peguei um pouco da pipoca enquanto Finnick resmungava:

—Ah, não. Rap não.

Então Louis começou a fazer o pior rap da minha vida. Resolvi aproveitar minha pipoca e coloquei uma em cada ouvido, para protegê-lo. Depois que o garoto foi embora eu tirei as pipocas e Cato disse:

—Clo, vai entrar sal no seu canal auditivo!

E assim, continuamos os testes até o final.