Avante Invocadora! escrita por Himle


Capítulo 17
Escadas para um abismo e criando calos nos pezinhos


Notas iniciais do capítulo

Não importava o quanto eu escrevia, parecia que esse capitulo nunca acabaria. De todo jeito, fiquei feliz com o resultado. Revisei varias vezes e não encontrei erros, mas eu vou revisar de novo logo logo(como eu faço com todos os meus capitulos) e vou encontrar um monte de erros T.T Bom, aqui estamos nós :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722501/chapter/17

 

Era noite. Sara estava confortável em sua cama tendo mais uma noite tranquila e confortável de sono. Ela também estava animada. Graves havia prometido que a levaria na Ponte de Valsa. Finalmente, ela iria conhecer um pouco de Zaum. A jovem havia passado boa parte da tarde liberando espaço na memória do celular para poder tirar o máximo possível de fotos. As únicas fotos que ela manteve foram as que tirou com os dois campeões, com as amigas e uma foto panorâmica da cidade. Se tudo desse certo, ela teria mais várias outras fotos legais com o pai na noite seguinte.

O som da porta do quarto sendo arrombada fez Sara acordar bruscamente. Ela se sentou na cama em um salto, sentindo o coração querer sair pela boca. Twisted Fate entrou apressado. Ele deu alguns passos para dentro, pegou a mochila que ficava próxima a porta e jogou na cama. A pobrezinha quase levou uma mochila na cara, por não conseguir levantar os braços a tempo de proteger o rosto. Pouco antes de conseguir pensar em qualquer coisa, o mago a pegou no colo com cobertores e tudo mais. Tão rápido quanto entrou, ele saiu do quarto praticamente correndo.

Sara só conseguiu compreender o que estava acontecendo quando Twisted Fate já havia descido pelo menos dois lances de escadas. Por algum motivo ele havia a tirado do apartamento o mais rápido que conseguiu. Isso só podia significar uma coisa: problemas.

— O livro da Sophia ficou debaixo do travesseiro. – Ela se lembrou preocupada.

Twisted Fate continuou descendo as escadas, como se Sara não tivesse falado nada. Algo sério havia acontecido, de outra forma ele não teria entrado no quarto dela no meio da noite, sabendo que ela estava usando só a camisola de algodão. Mesmo assim, eles tinham que voltar e pegar o livro. Aquilo era algo importante e útil, tanto que a jovem vinha o estudando todas as noites antes de dormir. Era rapidinho.

— Eu preciso voltar e pegar o livro.

Ignorada, de novo. Ela já conhecia o mago o suficiente para saber que ele não daria ouvidos. Claro que ele não se importava com o livro de Sophia. O importante era ter certeza de que a filha do melhor amigo estava a salvo, e ponto final. Vendo que não tinha outro jeito, Sara começou a se debater no colo do mago, fazendo ele quase perder o equilíbrio. Quando ela achou que havia encontrado uma abertura para escapar dos braços dele, o som de algo explodindo preenche o ambiente.

Twisted Fate deu as costas ao lance de escadas que havia acabado de descer o mais rápido que conseguiu, apertando Sara nos braços. Mesmo assim, ela conseguiu sentir um pouco do impacto da explosão no rosto. Os cabelos dela voaram como se uma onda de som tivesse a atingido, assim como ela sentiu poeira e pequenas pedrinhas indo de encontro a toda a pele que estava a mostra. Quando tudo ficou quieto de novo, Sara se atreveu a olhar por cima do ombro do mago. Haviam pedaços de parede, ferro retorcido e madeira em chamas alguns poucos degraus acima.

O coração de Sara se partiu em um milhão de pedaços. Tudo naquele andar havia sido destruído. Talvez, até nos andares mais próximos. Se eles tivessem demorado mais um segundo... Ela não queria nem pensar sobre isso. Já doía de mais saber que o lugar que ela havia chamado de lar nas últimas semanas não existia mais. Todas as roupas caras que as amigas haviam escolhido para ela, todos os brinquedos tecnológicos que só eram encontrados em Piltover, todos os livros que ela havia comprado e até as garrafas de absinto que Twisted Fate havia ganhado, tudo havia sido destruído.

Sem dizer nada, TF voltou a descer as escadas, dessa vez mais devagar. Sara passou os braços envolta do pescoço dele, na esperança de que aquilo trouxesse algum conforto. Teria sido muito bom se ele tivesse pelo menos dito alguma coisa, mas ele não parecia se importar o suficiente para isso. E daí que ela havia perdido tudo? Aquilo era comum para ele. Ficar em um único lugar nunca havia sido uma opção, Sara só precisava aprender a não se apegar a pequenas coisas.

— Você me deve mais uma. – Twisted Fate informou, assim que eles chegaram ao final da escadaria.

Ele a colocou no chão, e deu as costas para ela. Sara não respondeu. O tamanho da dívida que ela tinha com o mago parecia cresce a cada dia. A jovem estava descalça, vestindo uma camisola de algodão branca que mais parecia uma camiseta longa, batendo um palmo acima do joelho. As botas haviam ficado no quarto, assim como todos os outros sapatos. Sara apertou o cobertor envolta de si mesma, enquanto o mago desaparecia em pleno ar. Aquela era para ser mais uma noite normal em que ela dormia sozinha em casa. De todo coração, ela desejava que fosse só um pesadelo.

Menos de um momento depois, TF reapareceu vindo do corredor que levava a saída do prédio. Os dois saíram o mais sorrateiramente que conseguiram e andaram rapidamente até a estação do bonde. Não havia ninguém ali, então Sara achou que eles pegariam o transporte, mas estava errada. Twisted Fate apontou para a beirada da plataforma de embarque, onde Sara pode perceber uma escada vertical. Sara nunca havia chegado tão perto daquele abismo. Dava para ver Zaum coberta pelas sombras da noite dali de cima. Ela sentiu a cabeça rodar. A descida seria longa e principalmente perigosa.

Mesmo assim, os dois desceram. Ventava muito e o medo por estar tão acima do chão apertava. O gelo do metal e os pés descalços também não ajudavam. Ela havia sido obrigada a jogar o coberto fora, então se não fosse o sobretudo emprestado de TF, também estaria tremendo. Nunca antes na vida Sara havia estado tão feliz em poder tocar a pontinha do pé no que parecia ser metal congelado. Mesmo sentindo o frio queimar, ela quis se ditar no chão e dar um beijo nele quando finalmente chegaram em Zaum. As mãos e os braços dela tremiam por causa da força excessiva com que ela segurava as barras da escada para não cair. Mesmo sentindo que o ar ali era mais denso e por isso mais difícil de respirar, o corpo dela sentia o contrário.

Zaum era diferente de tudo que Sara já havia visto. O chão era de ferro temperado e ,em muitos lugares, em padrões artísticos em vez de uma placa de metal plana. Fumaça branca cobria o chão como se fosse nevoa, o que quase fez Sara virar o pé mais de uma vez. Haviam encanamentos por todos os lados, alguns sendo verdadeiramente enormes, e era comum ouvir o som de alguma válvula de pressão soltando vapor sabe-se lá de que. A iluminação ali era horrível, porém não precisava de muito para saber que absolutamente tudo ali era feito de ferro e vidro. O titulo de Zaum realmente fazia jus a realidade.

Quando eles chegaram no que pareciam ser uma praça, Twisted Fate parou. Eles não haviam trocado nem mesmo uma palavra, visto que o mago parecia muito concentrado no seu arredor e Sara não queria atrapalhar. Tudo que ele precisou fazer foi levar o dedo indicador aos lábios para ela entender que alguém havia os notado. A jovem se encolheu na parede atrás dele e prendeu a respiração. Passos pesados puderam ser ouvidos se aproximando.

Um uivo preencheu o ar, fazendo os passos pararem. O som de laminas afiadas batendo contra o metal do chão, como se fossem garras, surgiu logo em seguida e se aproximava. Outro uivo, e a pessoa com as pesadas botas resolveu correr para a direção contraria a que Twisted Fate e Sara estavam. Aquilo não era nada bom.

— Merda! – TF xingou baixo. – Que hora para descobrir que o Terror Uivante é real!

— Vamos sair daqui. – Sara aconselhou em um sussurro.

— Tire o casaco. – TF ordenou.

— Não dá tempo!

Sara se virou para voltar pelo caminho pelo qual havia chegado ali. O mago segurou o braço dela, a impedindo de sair do lugar.

— Se metade do que falam dessa coisa for real, você não vai sobreviver nem cinco minutos.

— Então vamos correr!

Ela tentou sair andando de novo, mas ele não a soltou.

— Tire o casaco! – Ele ordenou de novo. – Eu consigo fugir, você não.

— Você vai me deixar para morrer? – Sara perguntou, com medo da resposta.

Tobias pareceu extremante ofendido ao ouvir aquilo. Ele soltou o braço de Sara e esbravejou:

— Vou arriscar meu pescoço para conseguir tempo de você fugir!

Sara se sentiu... envergonhada. Por um momento ela realmente havia pensado que ele pretendia abandona-la. Nunca passaria pela cabeça dela que ele tentaria distrair O Terror Uivante. Até porque era loucura.

— Eu não vou deixar você fazer isso!

— Que outra escolha nós temos? Se você usar seu poder, não conseguiremos sair da cidade.

— É só dar um alvo que esteja sangrando para o Warwick. Ele nem vai se lembrar que nós existimos. Sangue deixa ele louco.

Twisted Fate pensou em perguntar como ela sabia o nome daquele monstro, mas logo concluiu ser uma das muitas coisas que ela sabia por ser uma invocadora ou por estar no tal League of Legends. Assim que a ouviu, ele tirou uma carta da manga e a arremessou em direção ao caçador de recompensas que já estava há alguns metros de distância. Por estar longe, ele não conseguiu fazer um ferimento grande no homem, mas com toda certeza havia aberto um corte nele. Com sorte seria o suficiente.

Assim que Twisted Fate lançou a carta, uma criatura enorme em forma de lobisomem pulou no meio da praça. Sara pode ver quando os tubos de materiais químicos se ejetaram na carne das costas dele. As garras de ferro pareceram se transformar em metal liquido, enquanto que todos os músculos daquela criatura incharam e pareciam querer se rasgar. Ele soltou um uivo terrível de dor, rasgando com as garras o metal do chão onde havia caído. Tudo que Sara conseguiu sentir foi medo. Os olhos vermelhos daquele lobo atravessaram a alma dela, famintos. Não havia nada de humano ou de bom naqueles olhos, só a fera sanguinária. Ele rosnou alto, fazendo o ar abandonar os pulmões de Sara. Ela sentiu Twisted Fate dar um passo para trás, se colocando mais a frente dela ao mesmo tempo que pode ver o brilho dourado da carta que ele havia acabado de tirar da manga. Sara apertou a tecido da manga da camisa dele em resposta. Aquele era o fim.

Mesmo obviamente tendo os visto, o lobo deu as costas e se pôs a correr sobre as quatro patas pelo caminho oposto. Sara suspirou aliviada. Havia dado certo. O cheiro de sangue era tudo em que ele conseguiria pensar.

Vendo-se sozinhos de novo, Twisted Fate voltar a andar. Sara o seguiu até o outro lado da praça meio cambaleante. Pelo visto havia a entrada de um bar logo abaixo da praça. Na placa podia-se ler “Bar brilhante” naquelas letras esquisitas que lembravam muito as medievais.

O lugar se parecia muito com o lado de fora, mas tinha tubos verdes fluorescentes no teto, o que iluminava o lugar todo. Aquele bar estava cheio de gente mal-encarada, sendo que a maioria eram homens com algum tipo de melhoria hextec no corpo. O ar ali era tão pesado quando o do lado de fora, mas também tinha cheiro de fumo. Risadas altas e conversas animadas preenchiam o ambiente, fazendo daquele lugar bem menos desconfortável do que parecia ao olhar.

Sara e Twisted Fate seguiram para os fundos do bar, sem que ninguém se desse ao trabalho de os notar passando. Havia um elevador escondido ali, um grande o suficiente para caber pelo menos 9 barris. Mesmo obviamente aquilo sendo para carga, os dois entraram ali, para logo depois o elevador começar a subir. A subida foi longa e demorada. O elevado era lento, tanto que era até difícil ouvir o maquinário trabalhando. Se aquilo fosse algo mais do que uma plataforma sem paredes, Sara teria cochilado tamanha foi a demora. Pelo menos ela teve tempo de dar um pouco de atenção aos próprios pés descalços.

Quando o elevador parou e a portinha se abriu, Sara teve uma surpresa. Já era dia. Eles estavam em uma espécie de quarto de hospedaria, mais um bem luxuoso. Haviam sedas, veludos e rendas por todos os lados. Chegava a ser um tanto quanto apelativo. Twisted Fate se apressou a fechar as cortinas e a mandar o elevador para baixo de novo. Pelo jeito com que ele conferiu a janela e o quarto, aquele lugar ainda estava longe de ser seguro.

— Fate...- A voz sonolenta de uma mulher soou na porta.

Sara se virou, um pouco assustada. Ela viu uma mulher bonita que já havia passado da meia idade. Pelas roupas, ela era uma cortesã, e por julgar pela voz e pelo rosto amassado, havia acabado de acordar. Bom, finalmente aquela decoração fazia sentido. Aquele elevador dava em um bordel.

— O que eu disse sobre usar o meu elevador? – A mulher reclamou, ainda com a voz arrastada. – Já é difícil o suficiente mantê-lo para carga. Vou ser obrigada a fechar se descobrirem.

— Bom dia para você também Eleonor. – TF respondeu ironicamente.

— O que aconteceu para você aparecer por aqui desse jeito? O pai da moça pegou você no quarto dela?

O mago parou o que estava fazendo e se virou para a cortesão com um enorme sorriso malicioso no rosto, para logo depois retrucar em tom de flerte:

— Noto ciúmes no seu tom de voz?

Sara levou uma das mãos ao rosto, decepcionada. Ele não perdia uma única oportunidade de se gabar. A jovem começava a ter serias dúvidas sobre Draven ser a pessoa mais egocêntrica de Runeterra.

Para a alegria da jovem, Graves apareceu antes que Twisted Fate pudesse abrir a boca para falar qualquer outra coisa. Ele atravessou o quarto rapidamente em direção a Sara e deu nela um demorado beijo na testa. O atirador havia ficado preocupado.

— Você está atrasado. – Twisted Fate alfinetou.

— Aquele desgraçado resolveu cobrar mais caro.

— Temos 30 minutos de vantagem, talvez 40.

— Só precisamos de 10. Madame Eleonor...isso é pelo teto.

Twisted Fate puxou Sara para trás, no mesmo momento em que o atirador colocava algumas moedas de prata na mão da cortesã. Assim que ela viu o atirador apontar Nova Destino para pouco acima de onde ela estava há pouco, ela entendeu o que aconteceria. Por sorte, a ação de TF havia dado tempo de ela proteger o rosto com o braço. Graves puxou o gatilho, fazendo um enorme buraco redondo aparecer no teto. O som da arma disparando fez os ouvidos de Sara começarem a zumbir e a cabeça dela rodou. Por um momento ela achou que perderia o equilíbrio, mas no outro Graves estava a suspendendo pela cintura para que Twisted Fate a pegasse já no andar de cima.

Eles estavam no porto, mais especificamente perto da praça mercado onde Sara sempre passava a tarde com as amigas. O sol começava a se erguer, mas ainda não havia ninguém por ali. Sara achou que eles fossem para as docas pegar algum navio, mas em vez disso começaram a subir o porto. Logo eles estavam na movimentada plataforma que era o aeroporto de dirigíveis. Pessoas corriam de um lado para o outro, alguma carregando cargas, outra simplesmente para chegar a outro lugar. Aquele lugar era menor, mas tão movimentado quanto as docas abaixo. Era fácil perceber que mesmo tendo menor fluxo de carga, tudo ali era mais urgente.

O dirigível que estava atracado mais próximo das escadas já recolhia a plataforma de embarque, mas parou imediatamente quando viu o trio se aproximar. Graves entregou três cadernetas para a mulher que preparava a aeronave para partir. Depois de conferir o que quer que fosse aquilo, a mulher assinou cada uma das cadernetas e as entregou de volta. Ela abriu um enorme sorriso e os guiou para dentro, até uma cabine aparentemente luxuosa. Dentro do dirigível, os dois campeões se jogaram no sofá parecendo aliviados. Aquilo só podia significar que eles finalmente estavam seguros.

Sara se sentou em uma poltrona próxima a janela e se colocou a massagear os pés. Logo calos e roxos apareceriam. Depois dessa, ela se lembraria de colocar um par de sapatinhos na mochila. Por sorte haviam chinelos de pano na cabine, assim como uma garrafa de vinho, uma caixinha de chocolates e uma cesta repleta das mais diversas frutas. Também havia um banheiro no final do corredor, onde foi possível lavar os pés e trocar de roupa. Quando Sara voltou a cabine, encontrou as camas já montadas e os dois campeões deitados. O sofá se transformou em um beliche e um colchão havia deslizado de debaixo dele. A cama de cima havia sido deixada para ela, mas ela não tinha vontade nenhuma de dormir.

Para que os campeões tivessem o descanso que tanto precisavam, Sara foi fechar as cortinas. O dirigível começava a se afastar da cidade, o que deu um certo pesar. Talvez aquela era a última vez que veria Piltover. A dor de ter perdido um lar ainda não havia desaparecido, mas saber que não restava nada naquela cidade fazia mais fácil continuar. Runeterra não se resumia a uma única cidade. Estava mais do que na hora de voltar para a estrada. Valoran não se exploraria sozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Graves sendo o Graves, Twisted Fate sendo o Twisted Fate e Sara sem saber o que fazer. Agora resta a duvida: eu avanço a historia ou o romance? O que vocês preferem? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Avante Invocadora!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.