A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 7
Capítulo 7 - Um sonho


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas. Dominic vai ceder primeiro? Será? kkkkkk



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Quando a noite chegou, Dominic não se sentia mais tranquilo, nem menos irritado. Passara a maior parte do dia fugindo da mãe, evitando o primo, e caminhando de um lado para o outro sem sossego. E o movimento estabelecido na casa em função da reunião noturna promovida pela marquesa não ajudava em nada. Mabel sumira, não a vira depois da conversa tensa na cavalariça. Mas, o falatório continuava tão intenso quanto no principio.

Em alguns momentos ele não saiba se acreditava em Mabel ou se dava ouvidos à sua mente agitada que de todas as formas queria lhe provar que a garota era uma mentirosa. Ele conhecia muitas mulheres diferentes, a maioria delas o procurava por causa do título, outras para mero prazer, mas, escapar das ardilosas casamenteiras que apenas queriam sua posição era seu maior objetivo de vida.

Casar definitivamente não estava em seus planos. Se uma das irmãs lhe oferecesse um sobrinho do sexo masculino ficaria mais do que satisfeito em lhe passar o título e se livrar do problema de ter esposa, filhos, e acabar morrendo antes que estes tivessem atingido idade suficiente para se virarem sozinhos.

No final da tarde a mãe mandou seu criado pessoal lhe informar que não abriria mão da presença do marquês durante a atividade daquela noite. Dava a hora certa para o começo e sugeria que o filho passasse no mínimo duas horas entre as moças. Ela realizara uma lista com número par, e a ausência dele estava atrapalhando tudo. Além do mais, sir Duff se aproveitava da ausência do dono da casa para assediar sua irmã mais velha.

— Duff! – falou alto jogando o bilhete longe – Ele que não espere misericórdia! Vou fazer dele um exemplo para quem pensa que Sophie não tem quem a proteja.

Pelo bem da irmã teria de ir ao pequeno encontro montado por sua mãe, bancar o cortês com todos, provavelmente dançar, e no final, ter uma séria e longa conversa com sir Duff. Involuntariamente seus pensamentos tomaram a direção de outro assunto, mais especificamente de outra pessoa. Mabel. Eles voltariam a se encontrar durante o tempo que ele fosse obrigado a permanecer no jardim. Como ela reagiria a sua presença? Deveria ainda estar irritada. Ou será que a irritação que a menina demonstrara era falsa?

Já não sabia mais o que pensar, e a cabeça começava a doer.

Mabel terminou de se arrumar e saiu do quarto, sua colega ainda estava concluindo a amarração da fita com a ajuda da criada e logo em seguida a seguiria. O que ela mais queria naquele momento era ficar sozinha. Desde a conversa com Dominic que sua mente não sossegava lembrando que quase se denunciara quando ele mencionara a possibilidade de o boato ter sido difundido por ela com a intenção de agarrá-lo. Quase dissera que estava comprometida com outra pessoa e que nunca lhe daria qualquer tipo de atenção. Desceu lentamente as escadas imaginado a cara dele diante da informação de que ela preferia um futuro visconde a um marquês.

O hall estava vazio, a garota ajeitou o vestido com a mão e tomou a direção do jardim onde já havia luzes e burburinho de vozes. Quando finalmente saiu no espaço altamente organizado, viu de longe e primeiramente alguém que não esperava ver. Parado formalmente junto à marquesa e as irmãs, Dominic a encarou de forma direta. Ele estava bem, aprumado e sério como sempre, mas sem o vinco entre os olhos. Talvez estivesse mais calmo. Será que aceitara sua sugestão de fingir que nada acontecia? Se perguntou dando um passo lento para a frente. Se tivesse aceitado jamais confessaria, era egocêntrico demais para isso.

Sophie a viu e logo lhe chamou.

Tudo o que Mabel não queria era ficar mais tempo perto de Dominic, mas não havia outro jeito, que desculpa poderia oferecer para não se juntar ao grupo se sempre estava próxima das irmãs Deeping? Com a cabeça erguida seguiu em direção ao chamado e avistou Elliot num círculo onde havia muitas moças. Ele lhe lançou um olhar carinhoso, ela sorriu de leve discretamente garantindo que lembrava a promessa de que o rapaz pretendia dançar com ela assim que possível.

— Você está linda! – Sophie comentou segurando as mãos da amiga quando esta se aproximou – Não é mesmo Dominic? Veja! Mabel está linda não está?

Ele a olhou de cima, sem mudar de expressão. Mas, logo liberou aquele maldito arremedo de sorriso que Mabel detestava antes de falar:

— Muito!

Claramente ele dissera aquilo apenas para agradar a irmã, Mabel concluiu gesticulando brevemente antes de falar.

— Obrigada! – o agradecimento completava a pantomima. E todos ficaram satisfeitos. Inclusive a marquesa ao considerar seu filho um cavalheiro.

Seus olhos se dirigiram para as amigas que tinham muito a contar sobre os planos para aquela noite e não percebeu a expressão no rosto do marquês. O modo como ele a examinou metodicamente. Dos cabelos castanhos escuros amarrados num coque alto, ao pescoço fino, o corpo esbelto, delicado, até as mãos, as mesmas mãos que se agarraram a sua lapela ainda naquela manhã. Engoliu em seco percebendo que apesar de ter concordado da boca para fora com a irmã, Sophie tinha razão, Mabel estava linda. Irradiava algo que ele não saiba definir, mas que a tornava com certeza a moça mais bela do lugar, depois de suas irmãs é claro.

Num movimento agitado Dominic pediu licença e se afastou do grupo.

— Ele está inquieto. – Lilly falou baixo sem querer que a mãe a ouvisse.

— Não descobriram nada? – Mabel perguntou se sentindo cada vez mais culpada por mentir para as amigas.

— Nada! Acho que essa história vai acabar se dissipando como tantas outras que ouvimos por aí.

Mabel sorriu levemente enquanto afagava o braço desejando que a amiga estivesse profetizando os próximos acontecimentos.

Em poucos minutos o pequeno grupo de violoncelistas começou a tocar, os casais conversavam em torno, mas pareciam desinteressados em dançar. A marquesa então recorreu ao filho e ao sobrinho, obrigando-os a tomar a frente na atividade. Elliot sorriu ao receber a incumbência, estava esperando apenas isso para convidar Mabel para a primeira dança, porém, quando se voltou para a garota, esta já seguia para o tablado sendo guiada por Dominic.

Não podia acreditar no que via. Mabel aceitando dançar com o marquês quando sempre afirmava com convicção que não gostava dele. Que preferia evita-lo a qualquer custo. Por isso raramente ia à casa da marquesa ver as amigas quando Dominic estava na residência. E quando lá estava o evitava o máximo que podia. Agora, era a segunda vez que os via dançando. O que afinal estava acontecendo ali?

Segurando o braço de Dominic, Mabel caminhava angustiada em direção à pista, quase não acreditando que Frances a obrigara a dançar com seu filho. Era claro que o marquês não poderia bailar com as irmãs, não em um evento como aquele, mas certamente havia um número gigantesco de garotas que adorariam estar no lugar dela. Era só escolher qualquer uma delas.

Ele parou atraindo a atenção dela segurou-lhe a mão e a acomodou diante de si. Seus olhos se encontraram. Instintivamente as bochechas femininas coraram. Ele a encarava como sempre, entretanto havia algo naqueles olhos, algo de diferente que provocava o agitar nervoso da pulsação e, uma quase falta de ar.

A fileira de casais aumentava consideravelmente, mas o marquês parecia não dar importância para isso, continuava a observar sua parceira com olhar firme e determinado.

— O que o senhor está fazendo? – ela perguntou muito baixo desejando não ser ouvida.

— O que a senhorita me sugeriu. – ele estava admitindo que seguiria os conselhos dela?

— Comigo?

— A sugestão partiu de minha mãe.

Ela ouvira, estava lá quando Frances falou: “Dominic, por favor dê o exemplo! Os outros o seguirão. Dance com Mabel...” e se voltando em sua direção completara: “ Querida, dance com Dominic...” e ela não pudera recusar, assim como o marquês também não recusara.

Dominic guardou para si o sorriso pelo comportamento da garota, ela estava zangada em ter de dançar com ele. Talvez isso fosse uma prova de que estava errado quanto a fofoca. Se Mabel fosse a autora do disse me disse estaria radiante ali, dançando com ele. E isso não deixava de alegrá-lo. Em parte porque estava, de certa forma, se vigando pelo que ouvira naquela tarde, mas especialmente porque... seu julgamento sobre ela estava errado.

A música soou no espaço amplo em ritmo agitado. Eles se moveram com a certeza dos passos a serem executados segurando as mãos e trocando de parceiros. E quando o último acorde tocou estavam quase tão agitados quanto a melodia fora. Não havia necessidade de continuarem dançando já que os pares aumentavam, mas o marquês não deu sinal de que se afastaria ou de que pretendia leva-la para a lateral novamente.

— Está comprometida com a próxima dança? – ele perguntou vendo os olhos dela se moverem ao redor como se procurasse por alguém.

— Não! – Mabel respondeu com mais rapidez do que desejava – Apenas acreditei que uma dança fosse suficiente para atrair outros pares para a pista...

— Então, se não há empecilhos. Podemos nos atrever a dançar mais uma? – era nítida a provocação naquele rosto sério. – A senhorita não se importa?

— Absolutamente sir Deeping. O senhor é o dono da casa, será um prazer atendê-lo.

A introdução da próxima música o calou momentaneamente. E ela não era como a anterior, eles precisariam se tocar com mais frequência, se aproximar muito, e rodopiar. Mabel podia sentir os olhos de todos sobre ela. Talvez já imaginando que ela era a moça do jardim. O que na verdade era verdade. Entretanto, quando a melodia acabou e ele se inclinou agradecendo estava tão sério e tão sisudo quanto sempre antes de falar.

— Acredito que agora devo escolher outra parceira para evitar que a considerem a única com quem sou capaz de dançar.  Se me der licença senhorita Nagle... – ela se inclinou também e ele rapidamente se afastou tomando a direção de um grupo feminino, em busca daquilo que mencionara.

— Mabel... – alguém falou muito perto dela, e a garota logo reconheceu a voz, era Elliot. Se voltou rapidamente e viu um rosto bonito e fechado diante de si.

Ele estava pensando bobagem.

— Está livre para a próxima dança ou Dominic vai torna-la sua parceira exclusiva?

— Ele está querendo acabar com os falatórios... – comentou distraidamente tentando acabar com o mau entendido – Acho que vai dançar com o maior número de moças que possa.

— E você tinha que ser a primeira?

— A marquesa praticamente exigiu que dançasse com o filho para atrair outros pares.

— Você poderia ter recusado. – Elliot completou ficando ereto.

— Você recusaria a um pedido da marquesa? Mesmo ela sendo sua tia e tendo intimidade com ela?

Elliot desviou o olhar, mas não se deu por vencido.

— De qualquer forma esperava mais de você!

— Esperava o quê? – ela perguntou irritada. – Você passa a maior parte do tempo com outras moças, satisfazendo sua mãe. Aos olhos de todos não tenho pretendentes, estou livre para dançar com quem quiser. – completou zangada antes de produzir uma breve reverência e se afastar. – E com licença sir Chowes.

Sophie conversava com sir Duff quando Dominic se aproximou dos dois, cumprimentou o casal de maneira alegre, surpreendendo a irmã, e quase que imediatamente convidou o futuro barão para uma conversa mais intima no escritório. Ao ouvir o comentário Sophie praticamente congelou, mas não pode recusar. Pois o pretendente estava justamente a espera desta oportunidade para concluir seus planos.

Enquanto a dupla se afastava em passos longos em direção a casa, Sophie viu Mabel vindo em sua direção e imediatamente a chamou para perto. Precisava de um ombro amigo naquele momento em que toda a sua expectativa de futuro estava em jogo.

O escritório, que estava em total silêncio, logo se tornou um ambiente pouco agradável quando Dominic interpelou Duff sobre o real motivo de cortejar sua irmã.

— Sua irmã é linda. De boa linhagem. – o homem explicara sorrindo enquanto se acomodava na cadeira de espaldar alto. – Educada. Inteligente. Que outros motivos eu teria para querê-la?

— O dote dela... eu sei que está atolado em dívidas de jogo e seu pai não está disposto a continuar pagando por seus excessos. – Dominic foi direto encarando o outro de frente. Os olhos escuros de Duff o fuzilaram por alguns instantes antes que retrucasse.

— Está enganado Deeping! Já quitei minhas dívidas. – era mentira, por isso o marquês não demonstrou qualquer emoção diante da informação e o futuro barão continuou: - Sua irmã é uma mulher especial que faria qualquer homem feliz...

— Qualquer homem, menos você!

— Você não pode falar desta forma comigo!

— Posso porque está em questão a felicidade de minha irmã. E com você, ela será muito infeliz... conheço seus vícios Duff: jogos, lutas, noitadas regadas a bebida e mulheres.

Sir Duff se ajeitou na cadeira pronto para retrucar, mas Dominic ainda não concluíra o que pretendia falar:

— Tenho uma proposta para você... se considerar vantajosa aceite, se não, continue a cortejar minha irmã. Mas, vou lhe avisar, a partir desse dia vai ter o marquês de Deeping como seu inimigo declarado. Não lhe darei sossego um único momento.

Duff apertou os lábios.  

— Que proposta? – ali estava, escancarado diante dele, todo o amor que Duff garantia sentir por Sophie.

Dominic sorriu seu sorriso mais sarcástico antes de pronunciar a tal proposta:

— Em palavras muito diretas farei o seguinte: vou quitar todas as suas dívidas, e com isso passo a ser o seu credor. Mas, não as cobrarei se você se mantiver longe de Sophie. Caso resolva me enganar, o coloco na prisão...

Os dois se encararam firme, Dominic chegou a acreditar que o outro se recusaria a aceitar. Porém, o futuro barão logo ficou em pé e estendeu a mão para o oponente falando:

— Temos um acordo.

Sem se erguer Dominic segurou a mão e a apertou o suficiente para que o outro interiorizasse a ameaça como real.

— Se por acaso souber que você está me enganando, acabo com você! – talvez o outro imaginasse que conseguiria manter um relacionamento em segredo, afinal era especialista nisso, mas Dominic tinha maneiras de saber a verdade.

Um breve sorriso confirmou ao marquês que sir Duff não era digno de confiança. Talvez voltassem a se enfrentar num futuro próximo, mas, naquele momento, ele lhe ofereceria a oportunidade de fazer a coisa certa.

Quando Duff saiu do escritório estava exatamente igual ao momento em que entrou, sem qualquer sentimento de pesar pelo trato que fizera e imediatamente foi seguido pelo marquês. Dominic precisava ter certeza de que o rapaz cumpriria com o prometido. E, ao vê-lo tomar a direção oposta ao grupo onde Sophie se encontrava, teve quase certeza de que estava no caminho certo. Agora era só observar a irmã e talvez... usar Mabel como informante. Era fato que as duas tinham uma amizade muito estreita, sua irmã deveria contar tudo à outra. Ele só precisava obter a mesma confiança da senhorita Nagle e pronto. Estaria a par de tudo o que acontecia com Sphie.

A noite acabou melhor do que todos supunham. Dominic se divertiu mais do que esperava. A marquesa estava radiante com o claro afastamento de Duff, com o tanto de moças que seu filho tivera a oportunidade de dançar sem reclamar e com a tristeza declarada de Sophie, o que queria dizer que o marquês provavelmente conseguira resolver a questão.

Já em seu quarto, Dominic sentou perto da janela vendo as folhas da árvore se moverem lentamente sob o impulso do vento e não desejou se deitar. Incrivelmente não tinha vontade de dormir. Estava agitado, tenso, com uma sensação de angustia na boca do estômago. Isso provavelmente se devia ao encontro com sir Duff. Mas, porque era a imagem de outra pessoa que não lhe saía da cabeça?

Dos cabelos castanhos ao sorriso que ela insistia em mostrar apenas para suas irmãs. Mabel era uma daquelas mulheres que ele consideraria como inadequada. Não tinha linhagem, não tinha dote, não era realmente... ficou em pé, seria melhor deixar esse assunto para lá. Pois estava desprovido de fundamento.

Rápido se enfiou debaixo dos lençóis passando os braços longos sob a cabeça e continuou a mirar o mover das folhas das árvores do lado de fora. E permaneceu na mesma posição até que sentiu as mãos de alguém a abrirem o laço de sua ceroula. Mãos frias que imediatamente o acordaram. Assim que abriu os olhos ele se sentou assustado diante da visão inusitada.

Era Mabel que subia lentamente em suas pernas e mantinha as mãos sobre a ceroula branca sem demonstrar qualquer tipo de timidez.

— O que está fazendo aqui? – perguntou ainda sonolento. – Se alguém souber não vamos...

Ela moveu a cabeça negativamente se achegando.

— Não tem importância... – a voz feminina sussurrou bem próxima de seu rosto e ele sentiu os cabelos lisos e longos baterem contra seu abdômen provocando arrepios que nada tinham de medo ou frio.

Ela usava uma simples camisola fina, mas ele não conseguia visualizar o corpo feminino. Entretanto, vencido pelas três simples palavras Dominic ergueu uma mão e passou os dedos pela pele delicada e branca de Mabel. Ela jogou a cabeça para o lado e lhe sorriu, do mesmo jeito que sorria para Sophie e Lily enquanto ele a puxava para perto. Para tomar-lhe os lábios.

Mas, antes que as bocas tivessem se tocado as mãos femininas se espalmaram sobre seu peito nu, massageando a pele firme provocando a reação involuntária de seu corpo. Rápido, ele concluiu o que desejava fazer e quando o beijo se aprofundou...

Acordou.

A cama estava vazia. O corpo suado. Os lençóis amarrotados. E ele estava insatisfeito e confuso.


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Notas finais do capítulo

Como ele vai agir depois dessa? E sir Duff vai desistir? Elliot está perdendo Mabel? E Mabel, como se sente com relação ao marquês? Muitas perguntas. prometo responder todas no decorrer da fic. BJJJJJJJJJJJ para as meninas que comentam, vcs me ajudam a escrever. OBRIGADA e até o próximo