Você já teve uma ideia maluca que ninguém consegue tirar da sua cabeça? Como se de repente você se perguntasse como ninguém teve essa ideia antes? Isso parece incrível, não é? Bom, o único problema com esse plano é que ele é meio suicida, então ninguém concordou.

—Eu já disse não Soluço, por que ainda está insistindo? – E mais uma vez o chefe da tribo, meu pai, veta um dos meus melhores planos.

—Porque eu tenho certeza que eu vou conseguir saber tudo o que está acontecendo no navio do Ryker, ou melhor ainda vou saber tudo sobre os planos do Viggo.

—Não vou mandar ninguém para lá, principalmente se esse alguém for o meu único filho. Eu já permiti que você e os cavaleiros ultrapasassem as fronteiras, se estalassem em uma ilha desconhecida e caçassem o louco do Dagur, agora você quer que eu permita, e pior que eu apoie a sua morte? – Às vezes meu pai é um pouco dramático.

—Pai não estou pedindo que aprove a minha morte, estou pedindo que me apoie em um plano para prender os caçadores de dragão. Eu quero proteger os dragões e quero proteger Berk, por isso já tenho tudo bolado, cada parte do plano se encaixa perfeitamente.- eu sorri esperançoso com a ideia de que ele fosse aceitar.

—Entenda, como chefe e como pai, eu estou zelando por toda a segurança. Você já pensou nas consequências caso o seu plano de errado? – Ele me olhou de forma séria, e eu não pude deixar de desviar o olhar como se respondesse que não – É claro que não – ele suspirou de forma pesada – você nunca pensa. Caso seja capturado eles podem te matar, e se não te matarem de imediato eles te usarão para chantagear Berk, e sabe que eu não hesitaria em fazer tudo o que eles quiserem sabendo que sua vida está em jogo. Então por favor não insista com esse assunto Soluço. Já perdi sua mãe, não aguentaria perder meu filho também – ele se levantou de onde estava sentado e se dirigiu a porta – me desculpe, mas eu estou zelando pela sua segurança. – Ele saiu de casa e me deixou sozinho com milhões de pensamentos.

Poxa o meu plano era tão simples, tão objetivo, tão...como eu posso dizer? Tão fácil. Eu iria me disfarçar e me infiltrar no meio da tripulação do Ryker, depois iria ganhar sua confiança para que ele me levasse ao Viggo. Já “conquistei” ele uma vez com minhas conversas, conquistar outra não seria tão difícil, afinal Viggo gosta de jogar, então não seria tão difícil  descobrir o que ele está fazendo, já que faz mais de um mês desde seu último ataque. Mas meu pai é teimoso e não aceita que eu esteja crescendo e que queira tomar minhas próprias decisões. Sai chutando tudo dentro de casa, estava nervoso e com raiva, não suportaria ver o Viggo ganhar essa guerra, não suportaria ver dragões sendo mortos pelo simples capricho do ouro e do poder, nesse momento olhei para Banguela que me encarava esperando uma resposta sobre meus atos, acho que em meio a minha descarga de raiva eu devo o ter acordado.

—Desculpa amigão não queria te acordar – me aproximei dele e fiz carinho em sua cabeça – Por que meu pai nunca concorda comigo? Por que ele não pode simplesmente aceitar que eu me arrisque para salvar tudo o que é importante? – O dragão me olhou e depois esfregou a cabeça em meu braço como se dissesse que estava me apoiando – obrigado por me apoiar Banguela – olhei para ele e sorri.

Apoiar, quem poderia me apoiar em uma loucura suicida dessas?

— JÁ SEI !!! – eu quase gritei de felicidade fazendo Banguela dar um pulo do meu lado – É claro como eu não pensei nessa pessoa antes, tenho certeza que ela sempre vai me apoiar, por mais louco que seja o plano.

—--------------------------------------------------------

Você é louco é claro que eu não vou te ajudar.

—Mas Astrid você é minha última esperança, preciso da sua ajuda.

—Nem pensar Soluço, – A loira estava de braços cruzados e com um semblante sério a minha frente – eu concordo com o seu pai, esse plano é loucura, é muito arriscado, você pode acabar morto.

—Somos vikings é um risco ocupacional.

—Eu sei, somos vikings e não suicidas, a uma grande diferença.

—Perder os dragões é um preço que eu não estou disposto a pagar – virei de costas para ela escondendo minha cara de bravo.

—Eu sei, também é um preço que eu não estou disposta a pagar, mas te perder é um risco que eu não estou disposta a correr. – ela apoiou sua mão em meu ombro apertando de leve, e eu me virei para encara-la - Fica calmo vamos dar um jeito, sempre damos.

—Mas e se não dermos Astrid, e se tudo der errado, e se o Viggo conseguir passar a nossa frente?

—Soluço – ela levantou um pouco a voz com o intuito de chamar minha atenção – para com esses pensamentos pessimistas, esse não é você. Fica calmo que nós vamos resolver tudo sem a necessidade desses seus planos suicidas, então pelo amor de Thor desiste dessa ideia louca.

—Desculpe – eu suspirei e comecei a encarar o nada – você tem razão, talvez eu realmente esteja pirando e não estou conseguindo raciocinar direito. Prometo que vou tentar esquecer esse plano. – Eu sorri e ela sorriu de volta de forma amorosa.

—Esse é o Soluço que eu conheço, – ela me abraçou dando todo o conforto que talvez eu precisasse naquela hora – vem vamos voltar a procurar pistas no olho de dragão.

Sabe é incrível o poder que a Astrid tem sobre mim, não que ela consiga sempre me manipular a fazer as vontades dela, mas ela consegue me fazer pensar do jeito que ela está pensando naquele momento, consegue me fazer raciocinar de outra forma, ver outros lados da história que geralmente me levam a fazer a melhor escolha possível.

—--------------------------------------------------------     

    Já se passaram 3 dias desde que meu pai e a Astrid repudiaram a minha ideia de me infiltrar no meio dos caçadores de dragão. E também já fazem 3 dias que eu não sei o que é dormir, eu fico acordando no meio da noite e fico observando os céus de Berk. Isso está me deixando louco, não ter uma ação do Viggo está me deixando louco. É como se ele estivesse me testando, esperando a minha vez de jogar, esperando os meus movimentos para depois fazer a sua jogada. E a cada passo em vão é uma perda, seja um dragão, um viking ou uma pista.

         Não conseguia ficar nem mais um segundo se quer em minha cama, e como o Banguela dormia tranquilamente decidi sair para caminhar um pouco. Vesti uma roupa quente, já que mesmo com o frio que faz em Berk adquiri a mania de dormir sem camisa, depois desci ouvindo os roncos altos de meu pai, sinceramente ele é tão barulhento quando está em casa que é impossível não perceber sua presença. Sai caminhando pelas as ruas de Berk, sem rumo, com a esperança que os deuses me enviassem uma resposta. Ao chegar ao porto decidi ficar sentado lá por um tempo pensando no que iria fazer. Sinceramente acredito ter ficados algumas horas ali parado olhando para o nada, mas quando me levantei já tinha uma decisão tomada e dessa vez eu iria segui-la sem me importar com a opinião alheia.

         Eu irei proteger os dragões e irei proteger Berk, e nada nem ninguém irá me impedir de realizar esse meu plano louco de me infiltrar e destruir Viggo ou qualquer um que se mostrar uma ameaça.